Segunda-feira, 8 de março, e eu passo por um ato público em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
O orador está reivindicando que a Delegacia da Mulher fique aberta 24 horas por dia, principalmente nos finais de semana, porque é nesses dias que acontece o maior número de agressões.
Me parece lógico. Esses crimes acontecem porque é à noite e nos finais de semana que o sujeito se vira para o lado e vê o entulho com que se casou. A revolta então transborda, e ele desconta sua frustração descendo a porrada nas pobres criaturas. Nos finais de semana a raiva é provavelmente agravada pelo enjôo sistemático da mulher no seu pé do ouvido. “Faça isso, faça aquilo, tá faltando dinheiro pro pão, os meninos precisam disso, bem que a mamãe me avisou”. Eu apóio a revindicação.
Quando passamos pelo ato, a mulher que está comigo pergunta em voz baixa:
— Por que aqui só tem baranga?
E mais uma vez a resposta me parece óbvia. É justamente isso que faz da agressão à mulher — quando é agressão, bem entendido, e não reação — um ato covarde e injustificável: ninguém é maluco de bater em mulher bonita, porque senão ela vai embora.