Quis fazer uma listinha com os 10 livros que de uma maneira ou outra mudaram a minha vida, mas não consegui imaginar um só que tenha-me feito dar uma guinada no meu modo de ver o mundo. Por mais que eu goste deles, um livro é só um livro. Devo ter lido, por exemplo, “O Apanhador no Campo de Centeio” tarde demais, rápido demais, porque nunca achei que tivesse nada em comum com Holden Caulfield, ou que o sujeito fosse um modelo que eu deveria seguir.
Em vez disso fiz a lista dos livros que foram importantes em algum momento. Não são os que mais gostei ou admirei — muitos estão longe disso. Mesmo assim não chegam a 10, não que eu lembre. E fiquei envergonhado ao ver que não posso dizer que “A Montanha Mágica” ou “No Caminho de Swann” me influenciaram. Cada um recebe o que merece.
As Aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain — Durante um tempo — fim da década de 70, começo da de 80 — eu queria ser Tom Sawyer e viver numa cidadezinha quase rural, às margens de um rio onde pudesse brincar de pirata.
O Cobrador, Rubem Fonseca — A linguagem do conto que dá título ao livro foi uma porrada. Durante anos fui alucinado pelo Fonseca. E ele conseguiu me surpreender mais uma vez, com “Lúcia McCartney”. Não é todo escritor que consegue isso.
Beleza Negra, Anna Sewell — Não sei se o meu fascínio por cavalos veio antes ou depois de ler este livro; provavelmente antes. Mas ele foi fundamental para me dar uma visão humanista da relação homem-cavalo. Obviamente, essa visão foi pras picas no dia que o primeiro cavalo tentou me derrubar e eu me vi obrigado a mostrar quem mandava naquela bodega.
Como Era Verde Meu Vale, Richard Llewellyn — Já falei sobre ele, mas é sempre bom lembrar: a linguagem do livro é divina.
O Relatório Hite, Shere Hite — Ah, eu recomendo que todo adolescente do sexo masculino leia esse livro. Vai lhe poupar muitos erros na vida. E que ele nunca esqueça que a meta é superar o conhecimento inestimável contido ali.
Minha Vida, Meus Amores, Frank Harris — Autobiografia de um sujeito que marcou época como editor de uma revista na virada do século XIX para o XX, com uma mistura interessante de sacanagem, literatura e muita mentira. Eis ali um sujeito que soube viver. E que me mostrou o valor da persistência.
Brás, Bexiga e Barra Funda, Antônio de Alcântara Machado — Outro daqueles livros que trazem uma linguagem fantástica. Eu fiquei fascinado pela rapidez quase telegráfica, pela concisão do sujeito. É um pequeno grande livro.
A Experiência Burguesa – Da Rainha Vitória a Freud, Peter Gay — Livro do autor de uma excelente biografia de Freud, que me fez entrar em contato com o básico do pensamento freudiano. É algo próximo ao que chamam de psico-história e é fascinante e erudito. Para um pseudo-marxista ignorante como eu, era uma visão de mundo completamente diferente. São cinco livros, ao todo, e cada um deles vale a pena.
Pranto por Ignacio Sanchez Mejías, Federico García Lorca — Foi o livro que me ensinou a gostar de poesia.
Rafael, seu filho da… — Não é bem um livro, foi um telefonema. Ainda penso que poderia ter seguido tantos caminhos diferentes na vida, não fosse por essa reação mal-educada a uma opinião boba, de somenos importância. É incrível como as pessoas não sabem perdoar.
rafa , desses dai eu só li o relattório hite e bras bexiga e barra funda, que alias comprei há duas semanas por 3 reais num supermercado.O relatorio hite tem seu valor, mas tem um distanciamento cientifico q eu acho pouco aplicavel na hora do vamo vê! nada como a tal sensibilidade e sutileza, mas isso é outra discussao… quem sabe eu decida ler algo disso aí se eu me mudar pro litoral.. aqui, por enquanto, to lendo susan sontag e rilke, mas na verdade mesmo, meus neuronios mal suportam qualquer conteudo a mais do q as tirinhas de jornal… essa coisa de fazer luzes ainda acaba comigo!