Ouvindo All Things Must Pass com atenção pela primeira vez em muito tempo. É o disco que George Harrison lançou logo depois de sair dos Beatles. Antes achava excessivo, achava que a crítica era exagerada e ele daria um bom álbum duplo, ou um álbum simples brilhante. Eu, como acontece mais vezes do que gosto de admitir, estava errado. O disco é genial. É o melhor álbum triplo de todos os tempos. É uma obra prima.
O que me chama atenção é My Sweet Lord. Até agora, eu cantava a música com despreocupação. Preferia rir do fato de ela ser um plágio de He’s so Fine, das Chiffons, e achava aquele monte de “Aleluia” e “Hare Khrishna” bonitinhos. Era uma bela canção, belos violões de Peter Fampton, boa produção de Phil “Shoot Me” Spector, bons solos de Harrison, e só. Ela estava no domínio do pop, e esse é um domínio que, embora o meu preferido, não ultrapassa tantos limites.
Só agora vejo que a música não está na frase “my sweet Lord“. Está em “but it takes so long“. De repente a música adquire uma intensidade angustiada que eu não reconhecia nela.
Alguma coisa aconteceu ao longo de todos esses anos. E tenho a impressão incômoda de que foi comigo.
aleluia… poucos seres humanos percebem a sutileza de certas mudanças.
beijos
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Toda vez que eu começo e me dar importância demais e acho que preciso me colocar no devido lugar, lembro de Harrison. Na minha idade, ele já tinha deixado os Beatles, e estava lançando o álbum em questão. Pronto, lá se foi todo e qualquer resquício de soberba.
Parabéns! Descreveu muito bem o que sempre pensei sobre a música!