Apple

Eu nunca vi vantagem no Macintosh, pelo menos não para mim.

Já usei Macintosh (pré-iMac, um Performa). Naqueles tempos, o Windows era infinitamente superior. Mais rápido, mais estável, e fazendo absolutamente tudo que o Macintosh fazia (um PC com 32 MB de RAM era mais rápido que o Performa com 80 MB). Foi quando me certifiquei de que a lenda em torno do Macintosh vinha de tempos idos. Grande parte dessa fama vem dos idos tempos em que o IBM-PC rodava sistemas operacionais bisonhos como o CP/M e o MS-DOS. A diferença era realmente descomunal. Mas depois do Windows 95 ela acabou, pelo menos para quem usa computador para aplicativos de escritório ou editoração eletrônica. Internet, então, nem se fala. E em jogos o Macintosh simplesmente não existe. No final a diferença passou a ser só o preço, com um Macintosh custando quase o dobro de uma PC similar.

Depois do MacOS X, as coisas mudaram. O Mac, sobre uma estrutura Unix, melhorou sensivelmente; não tem muita gente que discorde da afirmação de que o MacOS é melhor que o Windows, em que pesem algumas facilidades que temos cá. Mas a questão do preço continua.

Hoje só há duas situações em que um Macintosh é superior a um PC. Em edição de vídeo — a superioridade do Mac é impressionante, tanto em hardware quanto em software — e no quesito beleza. Porque se tem uma coisa que aquele pessoal faz bem é um computador bonito. Eu ainda não vi computador mais bonito que o segundo iMac; e olha que eu achava que depois do Cube eles não conseguiriam fazer nada tão belo.

Cada vez mais fico com a impressão de que as coisas podem mudar. Recentemente a Apple lançou dois novos produtos. Um, o iPod Shuffle, me parece redundante e dispensável. É só mais um flash player, que só existe em função da força da marca Apple.

O outro produto, o Mac Mini, é outra história. Ele está longe de ser o que andam dizendo dele, como computador. É belíssimo, mas por 500 dólares você compra um PC muito mais potente e muito mais completo, com monitor, teclado, mouse, leitor de cartões, etc., e um bocado de espaço para expansão. Só tem duas portas USB — que você ocupa imediatamente com o teclado (e com o mouse, se você usar hardware da Apple) e com a impressora — e uma firewire. É, basicamente, um notebook sem display. Seu preço real (com mais 256 MB de RAM, gravador de DVD e teclado e aquele mouse aleijado da própria Apple) é 732 dólares. Adicione mais 150 de um monitor, e você fica próximo dos 900 dólares.

Vamos lá: como computador, o MacMini é bobagem.

Mas o que se tem aqui é uma possibilidade que a Apple, talvez inadvertidamente, está abrindo para si própria, e com condições de ir bem além do que a Microsoft já conseguiu ir: colocar o seu Mac Mini como um hob digital, agora que a convergência entre TV, música e internet parece cada vez mais próxima. Já estão pipocando iniciativas nesse sentido, partindo daquela legião de fãs incondicionais da Apple.

Levar o computador para a sala de estar é uma mudança revolucionária. Se Steve Jobs conseguir isso, entra em um mercado totalmente novo, e tem chances de voltar a ser líder de mercado.

Pelo menos até que a Microsoft entre e domine o novo mercado, com um produto mais vagabundo, mas aberto e mais barato.

5 thoughts on “Apple

  1. A Apple tem uma vantagem: o sistema operacional amigável e à prova de falhas. Enquanto eles não embarcarem na plataforma PC, a mística por uma maquininha dessas vai continuar. Por outro lado, entrar nessa arena fatalmente diminuiria a estabilidade e/ou compatibilidade do MacOS.

    Eu nunca mexi num Macintosh, apenas num daqueles Apple II antigos, mas confesso que me senti muito tentado a, no futuro, quem sabe comprar esse Mac Mini. Eu dispensaria mais memória e gravador de DVD, e compraria tranqüilamente o modelo mais barato, que tem uma configuração semelhante ao meu PC. Isso tudo, apenas pela vontade de ter um Mac — uma vontade não muito racional, semelhante à adoração não muito racional dos fãs.

  2. Ai, Rafael, eu concordo com tudo q vc disse aih, MAS…
    Eu amo meu Macquinho!
    E eh muito mais do q uma comparacao logica entre ser bom, mais rapido, etc. Eh amor mesmo. 🙂
    Igual vc gostar ou nao de comer jiloh: por mais q falem q jiloh eh saudavel e importante pra sua saude, se vc nao gosta, nao tem jeito!
    Por mais q me digam q o Windows eh mais acessivel, aberto, etc. nao adianta, eu nao gosto dele. Eh pessoal!
    O q seria do mundo se todos gostassem do vermelho, nao eh mesmo?

  3. Eu nunca testei um Mac (a não ser um mísero clique numa loja de informática :P) mas para quem trabalha com mídias como imagem, vídeo e som, realmente é infinitamente melhor.

    Com a popularidade do iPod o Mac está aumento, e como, seu mercado!

    Abraços

  4. É símbolo de consumo. E é verdade, o Mac só levava vantagem na época do DOS 3.3, depois passou a perder feio para o PC em tudo.
    Objeto de consumo, pra mostrar para os amigos quanta grana o cara tem, só isso.

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