Eu não liberei o comentário abaixo porque não gosto muito de quem não assina seu nome; tudo o que sei é que quem fez esse comentário trabalha no governo do Paraná e usa o dinheiro do povo para deixar comentários bobos no meu blog:
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Name: Menos Galvão…
Email Address: menos@ig.com.brComment:
Vc têm todos os pré-requisitos para se tornar um ditadorzinho de alguma republica.
Mas, Deus do céu, como fiquei orgulhoso.
Eu vou falar a verdade. Eu adoraria ser um ditador, zinho ou zão, de alguma república, zinha ou zona.
Qualquer república.
Naquelas horas de vigília, quando abri os olhos mas ainda não acordei, quando a mente vaga por um território só dela, quando não sou ainda responsável pelos meus pensamentos, naqueles momentos antes de fumar o primeiro cigarro do dia, eu fico pensando nisso.
É melhor que sonhar que se está voando, melhor que sonhar com a Zeta Jones, melhor até que estar batendo naquele desgraçado que lhe deu um soco na terceira série e a professora lhe impediu de revidar.
Se eu fosse ditadorzinho de uma pequena república eu não usaria uniforme militar, porque sou mais bonito e mais fofo que Fidel Castro. Em vez disso usaria todos aqueles ternos Armani e Zegna que não pude comprar — mas sem gravata, porque não gosto de nada no meu pescoço e a sombra da forca, brandida como ameaça por revoltosos e invejosos que se amontoariam nas ruas batendo panelas e erguendo cartazes dizendo “Menos Galvão, mais comida!”, estaria sempre presente.
Se eu fosse ditador não sei quantos carros teria, porque não me interesso por isso, mas saberia que haveria sempre um motorista à disposição, que me serviria com uma mistura de admiração, inveja e medo por saber que, em caso de qualquer indiscrição, a única coisa democrática na minha ditadura seria o paredão.
Se eu fosse ditador, e tivesse um país aos meus pés, eu casaria com uma vagabunda sem classe mas ambiciosa, desbocada mas com bom remelexo, tirada do puteiro mais baixo, porque sempre gostei de cachorras e não deixaria a fama, a fortuna e o poder mudarem tão bela característica. E apresentaria minha escolhida à sociedade como uma afronta a que me permitiria por ser um ditador e como um exemplo de ascensão social, e me manteria olimpicamente indiferente enquanto os leitores ávidos de revistas de fofocas se deleitassem com os pequenos e grandes escândalos conjugais, com as orgias reais e imaginárias no palácio do governo, encontrando ali justificativa para suas próprias vidas vazias, tão vazias quanto seus bolsos, tão vazias quanto os gritos de “Menos Galvão, mais decência!”.
Seria essa puta que eu vestiria com Chanel, e ordenaria aos meus ministros que chamassem a própria Coco para fazer os vestidos — e ninguém pode imaginar o descaso com que eu ouviria algum mais corajoso dizer que isso era impossível, que a velhota havia morrido há muito, muito tempo, e enquanto nos corredores do Palácio os cochichos fariam alusão à minha ignorância crassa eu riria em segredo, porque eles não teriam entendido nada, não teriam entendido que há apenas um tipo de poder que permite isso, e é exatamente aquele tomado por um ditadorzinho de alguma república.
Se eu fosse ditador de alguma república acordaria todas as tardes com o mordomo me trazendo o café da manhã e os jornais do dia, entre os quais aquele de oposição que eu deixaria circular para dar uma impressão de democracia, mas deixando claro ao editor que ele deveria saber seus limites porque a oposição existiria apenas para dar um verniz de legitimidade ao meu governo.
Mas na minha ditadura não haveria mortes, pelo menos não mais que as estritamente necessárias, porque ainda que ditador eu continuaria baiano, e daria ao povo pão e circo, e eventualmente até consentiria em ouvir, da sacada do meu palácio, os poucos descontentes com coragem suficiente para pedir incentivos à cultura e carregar cartazes de “Menos Galvão, mais empregos!”, e faria isso com um sorriso paternal e a mesma atenção dada aos afghan hounds que decorariam o meu palácio.
Se eu fosse ditadorzinho de alguma república, qualquer república, eu jamais me disfarçaria de pobre para circular pela cidade e ouvir o que o povo dizia de mim, porque eu não estaria interessado em proletários mal-cheirosos e uma das prerrogativas de um ditador é ser poupado de opiniões desagradáveis. Em vez disso colocaria minha beca domingueira — porque embora ditador eu faria questão de lembrar que um dia fui pobre, e usaria essa história para ludibriar uns quatro ou cinco bestas — e iria para longas viagens por Paris, onde poderia me embebedar com putas senegalesas e russas, e dar presentes caros a elas pela simples razão de poder dar, sem que isso fosse motivo para os pobres opositores se revoltarem ainda mais, exatamente aqueles que levantariam o mais alto possível cartazes dizendo “Menos Galvão, mais Deus em nossas vidas”, como se na minha república Deus e Galvão não fossem a mesma coisa.
Quem quer que tenha deixado esse comentário está certo: eu seria um excelente ditadorzinho de alguma república.
Acontece que república talvez seja muito pouco, e como Júlio César eu conspiraria para criar o Império, e seria nomeado Defensor Perpétuo do meu modesto país. Porque ainda que me sinta à vontade no papel de ditadorzinho, eu gostaria também de ser rei, e usaria coroa como revolucionários usam boinas com botões do Che Guevara, e nas solenidades oficiais — que seriam muitas durante o meu reinado — eu usaria um manto de arminho como símbolo do meu poder.
Ah, mas divago, divago…
Quando chegar este dia maravilhoso, em que Dom Rafael Galvão, el Grande, mandar e desmandar, quero ser áulico o suficiente para merecer sinecuras e sinecuras. Pois não há ditador que dispense uma vassalagem humilde, porém sincera! Lideraria passeatas com palavras de ordem: “Ei, Ei, Ei, Galvão é nosso rei!”. Se V.Majestade ainda achar pouco, ordenai e cumprirei.
Na minha república, ditadores tão generosos como Rafa não existiriam. Se eu fosse ditadorzinho de alguma república todos os que usassem tempo e recursos do poder público – especialmente do poder público de um estado bacana como o Paraná – para deixar cuspidinhas anônimas de seu ressentimento no blog alheio seriam, não mortos porque a gente é contra a pena de morte, mas arrastados em praça pública pelos herdeiros do cavalo de Nietzsche, até que que eles ficassem em carne viva, da cor do cabelo do Ademir da Guia. Ah, arrastados assim eles seriam! E eu faria DVDs cheios de travellings lentos e citações de Tarkovski para registrar o castigo.
Essa minha imaginária república teria, com respeito à do Rafa, uma única desvantagem: não geraria posts luminosos como este.
Belo texto! Impecável!!
… n sei se imagino vc de terno Armani ou com um manto de arminho… rsrsrsr
Bjo,
Se o comentario ressentido teve o condão de provocar este post, viva o comentario ressentido!
Que venham mais comentários ressentidos, do Paraná ou qualquer lugar do mundo. Massa, esse post!!!
You are the best and fuck the rest!
😉
Muito lindo isso, Rafael.
Você leu Calígula, do Camus? A história da Coco Chanel tem algo a ver com o desejo do imperador de ser adorado como Vênus, ou mesmo a exigência de que se construísse uma estrada pra Lua.
Vi a peça numa montagem fraca, mas com excelente interpretação de Edson Celulari no papel principal.
eheheeh
Não havia ainda adivinhado sua admiração a Perón.
Mas sei não, esnobar um sonho com Zeta Jones…sei não.
Mais, galvão, mais !
Muito bom, Galvão. Continua assim e, em seis meses, eu ponho um link do teu no meu blog.
rafa, dá uma olhada se é o mesmo ip q o meu??? num fui eu hein? hehehehe
adorei!!!
Rafael, visto que divagando voce fez um retrato de Berlusconi e ao que tudo indica em 2006 a vaga de ditadorzinho da republiqueta da Italiazinha estará vaga, acredito que programa por programa o teu vence porque nao menciona evasao de impostos nem obras impossiveis. Eu so acrescentaria algo: Galvão, santo subito!
mas o ARMANI ia ter que ser GG-extra large e o ARMINHO vindo diretamente de ITU, vai dizer?
Na minha república, eu nomearia o Biajoni como o “Presidente Emérito da Academia de Letras”, e e obrigaria meus súditos a adorarem a Monica Belucci três vezes ao dia aos pés de um abissal pôster da deusa na praça central.
O cara quer tudo…
Além da Igreja Rafaélica,agora uma República!!
Quem sabe não és a Besta do Apocalipse!?…rs
pô, FH, não dá pra ser, tipo, DIRETOR GERAL DE TUDO ao invés de “Presidente Emérito da Academia de Letras”? lá é só chazinho, rugas e rusgas, vai dizer?
Sei não, mas os argentinos vão reclamar destas intenções. (o Idelber reclamou?)
Francamente, voçê é bem pretençiozo hein ? Devia trocar o Armani por um terninho do Dolce e Cabana ou incorajar a produssao local…
Mas que bando de “puxa-saco”…tão tudo querendo uma boquinha na tua republiqueta Rafael!
Ressucita o Burnier e joga tudo no mar!
Ana Lúcia Cruel… 🙂
Mas fizeram esse filme! Era com a Sonia Braga, lembram? E tinha até uma seqüência filmada em Salvador… como era o nome desse filme? O Richard Dreyfuss era chamado porque o ditador morria de atauque do coração, e ele era a cara do homem.
Alguém lembra desse filme?
Dani, era “Luar sobre Parador”.
E eu seria sua Evita Perón, Rafinha, mas nem beijo no pescoço você gosta??? Hehehehe
Imaginei logo vc ditador de Kubanacan (ilha maluca de uma novela das 7), mas o ditador usava uniforme militar e a ilha era meio brega e não combinava com Armani não.
Quando achar essa republica aí, pode me chamar pro papel de Evita.
Hehehehehehe
Te parafraseando: o mundo deveria se ismaelizar, numa corrente de grilocentrismo. Quando isso acontecer e eu for o ser mais venerado do mundo, eu te nomeio ditadorzinha de uma repulblicazinha e o Bia DIRETOR GERAL DE TUDO de outra. Também sou contra a pena de morte, mas trotskismo é IMPERDOÁVEL! Assim, o Idelber só não vai pro paredão se mantiver O Biscoito no nível que tá.
Prezados
estou precisando do email da Sonia Braga para enviar assunto do interesse dela. Quem puder colaborar agradeço desde já.