Mme. Bovary n'est pas moi

Ainda estou maravilhado com os comentários ao post sobre a vingança da Legião de Onan.

Os dois foram escritos para uma mesma pessoa específica, que inclusive sabe disso e deixou comentários.

Ou seja: era um caso real. Mais que uma opinião, era uma observação de um fenômeno que me parece cada vez mais comum. Isso não significa, claro, que se aplique a todo mundo. Mas os comentários me deixaram com uma certa dúvida.

Mesmo que os dois posts tenham deixado claro que era uma generalização e, como tal, absolutamente imprecisa se aplicada à totalidade das mulheres, choveram comentários femininos revoltados. E o conteúdo da maioria deles foi curioso: não negaram que mulheres assim existem. Em vez disso, basicamente, fizeram um esforço para deixar claro que elas não eram assim.

É uma das razões pelo qual o segundo post (que seria republicado de qualquer forma, mas teve sua publicação adiantada porque, como adivinhou o Donizetti, eu não poderia deixar de colocar um pouquinho mais de lenha na fogueira) foi muito menos comentado. As pessoas simplesmente não se reconheceram nele. E no entanto é apenas outra face da mesma moeda. Mas elas não se reconheceram adolescentes, e então o post passou em brancas nuvens.

O fato é que não entendo direito como se pode negar a primeira e não negar a segunda, já que elas são a mesma pessoa.

Fiquei imaginado a mulherada lendo “Madame Bovary”, quando foi publicado, e reclamando: “Nós não somos assim!”, embora secretamente continuasse a sonhar com um Léon e, às vezes, caindo nas garras de um Rodolphe. Ou lendo “Um Estudo de Mulher”, de Balzac, e o acusando de machista e preconceituoso, ou chamando o pobre Bianchon de frustrado.

Por exemplo, a Daniela Silva, que ultimamente tem pulado de caixa de comentário em caixa de comentário em uma cruzada feminista bastante barulhenta, viu nos comentários um arraso completo deste pobre blogueiro, como se uma alcatéia estivesse mordendo meus calcanhares, e me deu condolências pela minha adolescência. Obrigado, mas eu já disse algumas vezes aqui: a minha adolescência foi muito boa. Talvez o fato de ter começado a trabalhar cedo e ser liderança estudantil durante boa parte daqueles anos tenha quebrado um grande galho. Não sei. Isso não está em questão. Mas a vontade de “vingança” das feministas mais agoniadas é tão grande que as pessoas, às vezes, perdem a noção real do texto e se congratulam com quimeras que julgam ver. Porque algumas pessoas se identificaram com o texto, eu teria que me identificar também.

O comentário mais sensato foi o do Ricardo Antunes da Costa, provavelmente pouco interessado em fazer de posts cavalos de batalha em função de crenças, e vendo as coisas com um distanciamento sábio que seria recomendável para todos.

No fim das contas, e explicações desnecessárias à parte, o fato é que raras vezes ri tanto com um conjunto de comentários como ri agora.

E a razão é uma só.

Eu nunca vi tanta gente passando recibo.

(Mas se mesmo assim a revolta continuar grande, a Ninfeta do Demônio está fazendo uma boa promoção.)

***

Ontem este blog começou a veicular anúncios do Google AdSense. A intenção é fazer com que os visitantes via mecanismos de busca, que compõem uma parte expressiva dos visitantes e portanto consomem boa parte da largura de banda disponível, ajudem a pagar os custos de hospedagem.

Por isso, os anúncios só serão veiculados nos arquivos individuais. É uma maneira simples de evitar que os anúncios incomodem os leitores do blog, e dará mais relevância ao que for veiculado.

Excedentes eventuais, nos quais não acredito muito mas que, se aparecerem, serão bem vindos, serão usados para atacar feministas, rir de direitistas, desrespeitar católicos e ofender defensores dos animais.

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Alguém que entenda de Movable Type e de HTML pode me dar uma mãozinha na redefinição dos templates deste blog?

21 thoughts on “Mme. Bovary n'est pas moi

  1. Ô fio, à guisa de explicação: eu não ando em “cruzada feminista bastante barulhenta” em algumas caixas de comentários como você disse. E, correndo o risco de ter meu comentário apagado como aconteceu em duas outras ocasiões, tomo a liberdade de citar aqui eventos acontecidos em outras paragens já que vc abriu o precedente.

    1. Eu não sou a primeira pessoa que chama você de machista (sexista, como queira). Isso já aconteceu
    aqui mesmo em pelo menos mais uma ocasião.

    2. E quando uma mulher que você sequer conhece que te agride e vc a acusa de ser de “mal amada”, “sentir falta de homem”, “tremores no corpo nunca tocado” e padecer porque “ainda não experimentou um jumento” (mesmo vc alegando não haver-se ofendido em absoluto), não espera que eu acredite que você é o porta-estandarte da luta pela igualdade dos sexos, certo?

    3. A caixa de comentários barulhenta que você acompanhou e que na verdade é uma só, foi protagonizada por gente que acha que as mulheres são “fraquinhas” e que, por isso, pode ameaçá-las e permanecer impune.

    E, por último: “O comentário mais sensato foi o do Ricardo Antunes da Costa, provavelmente pouco interessado em fazer de posts cavalos de batalha em função de crenças, e vendo as coisas com um distanciamento sábio que seria recomendável para todos.”

    Os comentários que concordam com você sempre pareceram os mais sensatos *hohoho*

    Abraço 🙂

  2. Ô fio, à guisa de explicação: eu não ando em “cruzada feminista bastante barulhenta”. E, correndo o risco de ter meu comentário apagado como já aconteceu em duas outras ocasiões, tomarei a liberdade de citar eventos acontecidos em outras paragens, já que vc abriu o precedente.

    1. Você já foi chamado de machista (sexista, como queira) em pelo menos mais uma ocasião, por uma outra pessoa e aqui mesmo.

    2. E quando você diz a uma mulher que vc sequer conhece que ela é “mal amada”, sofre de “falta de homem”, “tremores no corpo nunca tocado e travo na boca nunca beijada”, insinua levemente que talvez ela devesse buscar a ajuda de um jumento porque ela te agrediu (apesar de vc jurar não haver-se ofendido), não acredita que eu vá te considerar o porta-estandarte da luta pela igualdade dos sexos, certo?

    3. A caixa de comentários barulhenta que você acompanhou foi protagonizada por quem parece acreditar que nós mulheres somos “fraquinhas” e, por isso, podemos ser ameaçaadas sem maiores conseqüências.

    E, por último: “O comentário mais sensato foi o do Ricardo Antunes da Costa, provavelmente pouco interessado em fazer de posts cavalos de batalha em função de crenças, e vendo as coisas com um distanciamento sábio que seria recomendável para todos.”

    Os comentários que concordam com vc sempre parecerão mais sensatos *hohoho*

    Abraço 🙂

  3. Deviam ter se revoltado mais com a generalização do segundo, porque que as que escolhem *muito* e, no final, só resta cuidar de um cãozinho, são poucas, como eu, mas isso não veio com os 30, já nasci assim.
    Já as vítimas da legião de Onan são a maioria das que “sobraram” aos 30.
    E sobre o comentário óbvio do Ricardo Antunes o que eu tenho a dizer é que, o ser humano não nasce pra ser sozinho. “Um homem sozinho não é nada, nem corno”. As pessoas são MAIS felizes sim quando amam e são amadas, isso é óbvio, só falta a legião de Onan descobrir isso. Ou vai dizer que um homem que não quer se apegar a ninguém na vida também não tem sérios problemas psicológicos?
    Prefiro meu cãozinho, hehehe.

  4. Minha avózinha que deus a tenha no inferno costumava comentavr comigo sobre certas verdades incontestáveis na vida. Seguem abaixo alguns exemplos:

    – Não existe filho de puta chamado Júnior.

    – Os anõs não morrem.

    – Quem gosta de pau é viado. Mulher gosta é de dinheiro.

    – Tem mulher que não trepa. E se trepa, não goza

    – As mocréias andam em bando.”

    Sábia velhinha!

    Só vou completar com mais uma apropriada ao tema:
    – Mulher encalhada é uma merda!

    PS: Legal mesmo é ver o feminismo indo pras picas ao disputar o primeiro bofe com a mocréia da amiga.

  5. Tudo clareou agora! Por isso que elas são feministas! NÃO APARECE BOFE! hahaahahahaah

  6. Ah Rafa, o que voce não pescou nesse segundo post foi o fato de após termos mandado nosso recado, nada mais havia a ser dito, pois sabíamos, como vc bem provou, que iria começar a fazer troça sobre o tema.
    Mas elas não se reconheceram adolescentes, e então o post passou em brancas nuvens.O fato é que não entendo direito como se pode negar a primeira e não negar a segunda, já que elas são a mesma pessoa.
    Nego inclusive essa sua afirmação, mas prometi não me alongar neste debate porque esse é um dos mistérios femininos que se excluem da sua listinha de códigos todo o seu relacionamento com o sexo oposto é baseado em códigos…depois que descobrem, o jogo acaba. Vira uma brincadeira, em que é necessário dizer apenas a coisa certa na hora certa e que você infelizmente jamais irá entender.

  7. a) Os dois posts são excelentes. Top-notch. E, diversão à parte, não compreendo porque tanto barulho se foi deixado bem clara a “generalização”. E como sabemos, o general é quem dita as regras.

    a.1) Sabe o que me parece? “Eu não sou assim! Eu não sou assim!”, esperneia ela, em frente ao espelho. Heh. Mas, claro, tô generalizando.

    b) Vi ontem o Adsense. Também pensei em fazer o mesmo, só nos individuais – até porque pra quem lê em RSS, atrapalha nada. É muito chato de instalar?

    c) Eu e o Gejfin somos meio tosqueiras com os templates do MT, mas se a gente puder ajudar, ajuda! Gritaê 🙂

  8. Ijadelaputa,

    Só se sua avó for o Olacir de Moraes, o rei da soja. Foi ele quem soltou esse provérbio de viados, paus, mulheres e dinheiro, no programa do Jô. Mas vai ver ele copiou de sua avó ! 🙂

  9. Lucia Villa Real, assino embaixo.

    Eu não me incluo entre “as que sobraram” porque sou casada e tenho filho. Mesmo assim, eu conheço suficiente da vida para saber que há muitas outras alternativas de felicidade, e que as mulheres de 30 não são velhas caquéticas enrugadas. Aliás, eu e minhas contemporâneas ficamos mais bonitas e sensuais nessa fase. Temos grana para comprar as melhores roupas e freqüentar os melhores salões de beleza, somos mais experientes sexualmente e com a libido explodindo. Sabemos a diferença entre um cabernet sauvignon e um merlot. Lemos mais e tivemos mais experiências de vida, temos mais facilidade de nos destacar numa roda de conversa.

    Sinceramente, continuo atraindo homens mais novos e mais velhos. Mesmo num ambiente repressivo à paquera que é uma empresa nos EUA, eu levo cantadas, comentários e olhares tarados de diversos homens. Se eu estivesse solteira ou separada, com certeza estaria com a agenda cheia. Agora, barangas mal cuidadas ou mulheres que dependem apenas da beleza física para atrair alguém, realmente podem encontrar problemas para seduzir alguém, mas isso é em qualquer idade.

    Por fim, não considero o universo de leitores de determinado blog como uma amostragem real da sociedade, portanto o que está acontecendo na caixa de comentários não reflete exatamente a realidade lá fora. Só lamento que a ala masculina da sua readership não tenha aparecido em defesa das mulheres de 30 anos, deixando a nós o papel de advogar em causa própria. Isso é prova de que todo homem brasileiro gosta de mulheres mais novas ou que é irremediavelmente machista? I don’t think so. Também não acho que o Rafael esteja completamente equivocado ou que seja um chauvinista, eu concordo até com algumas generalizações dele — só acho que devemos deixar claro os pontos em que discordamos. Abraços,

  10. Sinceramente, estou adorando ler os comentários revoltados das mulheres-acima-de-30-que-se-sentem-ofendidas. Juro que não tenho nada contra vocês. Até gosto de mulheres mais velhas. Já me relacionei com uma nessa idade (tudo bem, ela tem 30, mas conta, não conta?), e ela é sensacional, linda, culta, espirituosa, gentil, segura.

    O Rafael queria, acho eu, ironizar e acho que levou esse tópico à um ‘extremo’ não previsto. Os comentários que seguiram o post dele (deveras engraçado, no meu ponto de vista — tá, não sou mulher na casa dos 30, mas tenho direito de opinar, né?) foram o que deram maior graça à discussão.

    Se não fosse por vocês o post não teria um milésimo da graça. Então o que quero é agradecer com sinceridade. Sem ironia ou sarcasmo. Obrigado.

  11. Leila,

    Uma confissão.

    Até mais ou menos os 30, 35 anos eu tinha um negócio mucho loco com mulheres mais velhas. Meu negócio era mulheres com uns 5, 7 anos a mais que eu. Minha primeira esposa era 7 anos mais velha.

    Mas depois dos 40 não mantive a mania: pelo contrário, reverti, e comecei a namorar apenas mulheres mais novas. Vai ver tem algo a ver com instinto paternal, sei lá.

    Rafael, já comprei um camarote lá nos abismos infernais. Posso ir te cumprimentar nos camarins ??? 🙂

  12. Eu acho que esses seus dois textos são sobre: “quem come qualquer coisa vive mastigando”.

    E me parece que, ao seu ver, as mulheres seriam mais felizes se comessem qualquer coisa. O que você esqueceu de adicionar a essa linha de raciocínio é que mulher vive de dieta. 😀

  13. O que eu não entendi com relação ao post sobre a legião de onan é, se o desespero feminino por encontrar um par é sabidamente maior, por que eles ainda são maioria em hotlines, sites de namoro e agências de casamento? Continua valendo a lei da oferta (que finge recusa) e da procura (que não se admite)?

  14. Ola Rafael,
    A verdade da historia, é que mulher é um bicho muito fresco. Juntou mais de quatro entao, fica dificil até para escolher sabor de sorvete. Abordando um assunto desses, vai voar pena mesmo! Mas resumindo isso tudo, passamos a vida correndo atras de um pênis que nos sustente, e vocês de alguem para mante-los sustentados. O resto são detahes.
    So para constar, nao sou lesbica, nem mal-amada, nem adolescente frustrada… sou gladiadora, bem realista.
    Um abraçao

  15. Sim, eu sou uma adolescente que não aprendeu os códigos na hora certz e agora, depois dos trinta, ao perceber a falta de algo – um homem, venho deparando-me com coisas que eu não sabia. Como adolescente tenho sido atraída por homens adolescentes (em idade ou em espírito) que por serem assim acabam despedaçando meus sonhos de um Príncipe encantado e rindo de mim (para isso eles tem maturidade…) Vc disse tudo o que eu sinto depois dos trinta e infelizmente constato que agora é tarde para o príncipe e se conseguir um sapo velho e gordo, já estou no lucro, pq os príncipes estão nas baladas ou casados, cuidando dos seus filhos.Parabéns pelo texto.

  16. O meu namorado acabou de me largar. Tenho 38 anos, sem filhos, falo 3 idiomas.
    Escolha a resposta correta:
    a) me suicidar
    b) sair com 1 amigo e tomar todas e depois fazer sexo
    c) tentar encontrar alquem pela internet , sic !
    d) esquecer tudo e mudar de sexo

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