It's only rock and roll

Agora que eu já sei quem é o Achcarigudum, eu posso dar um opinião sobre tudo aquilo.

O mais engraçado foi o jeito como deram a alguns — principalmente ao “grupo” que, informalmente, se denomina Blogniks (because this is not writing, this is typewriting) — uma importância que nenhum de nós se dá.

O Achcarigudum fez o blog dele como uma pequena sacanagem, pelo visto, mais ou menos como eu chamo o Bia de viado e o Alex de tarado. Mas toda sacanagem tem um fundo de verdade, assim como o Bia é meio viado e o Alex é meio tarado. O Bia foi quem melhor compreendeu o espírito da coisa: colocou um link no blog dele para o Achcarigudum. O Alex levou na boa; eu, que não sabia direito o que era aquilo e ando correndo de briga, ainda mais quando se está numa posição confortabilíssima como a do Ach, preferi ficar quietinho no meu canto.

Alex era fã do Achcarigudum — e mais fã ainda dos bobos que cismaram que ele era o Ach — porque achava que ele era bom e engraçado. Eu não achava tão bom (é muito fácil detonar qualquer um; quem já tentou fazer um slogan sabe o que é isso), mas era mesmo engraçado, pelo menos quando não era em mim que ele batia. Só não perdôo o sujeito por dizer que Monicômio é um nome ruim. Esse eu não engulo até agora.

Mas ainda mais interessantes que o blog eram os comentários que ele despertou. De repente, o que ele fez como gozação se tornou sério para algumas pessoas. Teve gente que destilou antigas desavenças, outros detonaram alguém por terem conseguido o que tentaram e não ganharam. Eu, que fiz um blog para ser amado, como o Baby da Silva Sauro, acabei descobrindo que é uma delícia ser odiado.

Fora isso, o que mais me chamou a atenção foi a idéia de “linkania incestuosa”. É interessante, até verdadeira. Mas eu confesso: eu linko meus amigos. Eu sou só um paraíba; eu digo sempre, como Michael Corleone (aquele sujeito que o Ismael Grilo, ainda novinho, não consegue compreender em toda a sua grandeza), que tudo é pessoal. E não vejo sentido em linkar quem não gosta de mim. Além disso, esperar que gente que não vai com as minhas fuças ou que não gosta do que escrevo passe a me ler é uma das poucas coisas pretensiosas que eu não faço. É assim que as coisas são. Também acho absolutamente normal elogiar gente que não gosta das mesmas coisas que eu. Por exemplo, a Carol gosta do Pink Floyd, o Marcus, o Guto e a Mônica gostam do Radiohead, a Tata torce pelo Fluminense, o Bruno é vascaíno, a Cipy ensina produção textual, a Lu gosta de tubarões, o Idelber é um trotskista miserável, o Doni gostou do sanduíche do Cervantes. Eu não vejo graça em nada disso. Nem por isso eles deixam de ser grandes blogueiros, na minha opinião. E é esse pessoal que não consegue conviver com diferenças que reclama da gente.

Aliás, opinião é tudo nisso aqui. Só bobos esperam ver em um blog, principalmente notadamente ensaísticos como são quase todos no que o Smart chama de blogoseira, uma verdade absoluta, tipo “a água é molhada”. E mesmo quando reconhecem que isso aqui é apenas uma opinião, ainda acham que ela está aberta a discussão, o que nem sempre é verdade.

Por acaso eu tenho amigos brilhantes. Por acaso, as vezes em que nos encontramos dão relatos engraçados, como este, este e este. A mim isso basta; e ainda que soe elitista, é bom saber que podemos fazer isso em vez de apenas dizer “pô, o encontro bombou!”. É por isso que eu linkaria qualquer dos blogs no blogroll ao lado sem vergonha. No início eles eram linkados porque eram bons; hoje, também porque muitos deles se tornaram meus amigos.

A essa altura, a mim não interessa se a linkania incestuosa, como diz o Ach, é anterior ou posterior ao reconhecimento de amizades. Eu sempre disse que o Carreirasolo era uma das iniciativas mais notáveis no mundo dos blogs — mas agora prefiro conversar bobagem com o Mauro.

Talvez a razão de tudo isso seja muito simples. Talvez todos nós compreendamos uma coisa simples: que isso aqui são só blogs, e que se os levamos a sério — eu, pelo menos, levo; gosto muito de ser lido, mesmo quando não tenho o que dizer –, não perdemos de vista os limites. Não ganhamos a vida com isso. Eu, pelo menos, ainda não peguei mulher com isso (eventuais candidatas: por favor mandem e-mail, um breve currículo de preferências em saliência e fotos de corpo inteiro, se possível de biquíni asa-delta que eu sou um velho saudoso dos anos 80). O que um bocado de gente parece não comprender é que isso aqui é bobagem. But I like it.

20 thoughts on “It's only rock and roll

  1. Eu, que fiz um blog para ser amado como o Baby da Silva Sauro, acabei descobrindo que é uma delícia ser odiado.
    … e eu te amo, Rafa. N só pelo blog.

    Valeu colocar a desblogada aqui junto da turma de grandes blogueiros. Beijos!!!!

    Sim, Monicômio é um nome e tanto. O nome e o blog.

  2. Adoro Pink Floyd e Radiohead, mas não imagino como alguém pode se tornar Vascaíno! Falando sério agora… Levo a sério os blogs que escreve e leio, mas apenas no sentindo de poder opinar sobre o que eu quiser e conhecer opiniões diferentes, que sinceramente não mudam minha vida… Durante o processo acabei fazendo grandes e bons amigos, já rendeu!

  3. Hehehe, os fãs do Radiohead estão em maioria!

    Falando sério: belo texto, Rafa. Sempre penso nas “conversas” nos posts e caixas de comentários como não muito diferentes das do mundo “real”. Já pensou, “crítico de conversa de mesa de bar”?

    Foi praticamente isso o que o Achcarigudum (felizmente apenas de brincadeira) quis fazer. Mas muita gente que se acha a última bolacha do pacote faz isso a sério.

    Os blogs que eu visito costumam ser arejados, com postura de diálogo e pauta aberta. Estou cansado de “carão” e narizes torcidos…

  4. Querido Rafael,
    Eu também linkei o Achcarigudum por gostar de gente que adotam esse tipo de posição voluntariamente provocadora – não sei quem foi o autor, mas se foi o Alex Castro, como acredito, acho que é o que ele fez de melhor ! Se não foi ele que pena para ele não ter tido essa idéia genial.
    Também gostava do Achcarigudum porque havia muita, mas muita verdade no que ele dizia.
    Rafael, você escreveu : “E não vejo sentido em linkar quem não gosta de mim” – vê-se tanto que gosto de você ?

  5. Sou nova na blogosfera, levo a sério meu Blog, pelo menos o que quer dizer levar a sério para mim . Pra ninguém se meter a intrometido e vim encher o saco nos meus comentários coloquei o nome do meu Blog de apsiquismo. Portanto critiquem a vontade eu não tenho pretensão de parecer inteligente mesmo. Rafa se seu objetivo é ser amado conseguiu. Eu adoro seu blog.
    Bju.

  6. Não concordo Rafael. Acho que voce gosta de Pink Floyd e Radiohead sim senhor e também de tubarões, além de cursos de produção sexual. Isso tudo você gosta e nunca mais diga que não. Eu estou falando sério como nunca. Aliás eu falo sério sempre, se alguém me interpreta mal, azar. Eu sou sério! Como você.

  7. Esse Galvão se acha! Dizer que eu não entendo o Michael, onde já se viu… O Ach tinha um blog bobo, mas várias vezes era divertido. Aqueles textos que não tinham nada a ver com blogoseira é que matavam. Monicômio é um nome que mostra que há muita inteligência na blogoseira. É brilhante.

    Por fim, um cara que não vê graça em Pink Floyd, Radiohead e Vasco só pode ser MUITO chato! Mas eu continuo te admirando porque vc fala mal de trotsquistas. 😛

  8. Mas ele disse que Monicômio é ruim justamente porque é bárbaro! É sonoro e combina perfeitamente com ela.
    E eu te perdôo por você não gostar de Pink Floyd.

  9. Gosto mais do Radiohead quando era chamado de Nirvaninha (não me apedrejem, por favor, mas enfim, quem se importa.

    Eu gosto bastante do seu blog apesar de cometar pouco, leio todos os dias, não concordo com muita coisa, mas no mínimo quando leio um de seus artigos me divirto bastante.

  10. Sim, o Achcarigudum é um blog de qualidades, e a repercussão que suas críticas tiveram pela blogosfera mostra que ele tinha lá suas razões, principalmente quando tergiversava sobre egos alheios (poucas coisas são tão características do “modus blogandi” quanto a irresistível curiosidade que ataca um blogueiro toda vez que ele detecta, via Technorati, Top Links ou sistema de estatísticas, que foi linkado por alguém).

    Sobre a tal “linkania incestuosa”, o caso é que cada blog é a representação das idiossincrasias de quem o mantém. Há quem opte por linkar apenas os camaradas, há quem seja mais rigoroso, há quem inclua links apenas para os blogs que o linkam em reciprocidade. O critério, em todos os casos, é estritamente pessoal. E aí eu já acho que vira uma questão de “caga-regra” isso de criticar fulana ou sicrano por conta dos links de seu blogroll – cada um que haja de acordo com seu jeito de ser, catzo! Eu, por exemplo, jamais incluo links em meu blog “só” porque determinado blogueiro é meu amigo. Regularmente recebo cobranças por conta disso, mas paciência: amigos, amigos, links à parte.

    No entanto, por mais argutas que fossem certas observações feitas pelo tal “Ted Guimarães”, eu jamais linkaria um blog que desrespeitou amigos meus de maneira injustificadamente virulenta. A partir do momento que o Achcarigudum fez isso, perdeu todo o meu respeito. E ponto final.

  11. E lá vai o Ina botar tudo numa perspectiva séria. Tava todo mundo se divertindo. 🙂

    O Idelber é um flamenguista enrustido. Ele me disse. Fiquei boquiaberto. Como pode alguém gostar tanto de música decente mas ser fRamenguista? Incompreensível.

    Fazer o que né. Até respeito o cara. Mas é difícil, tenho que admitir.

  12. Eu odeio o Rafael Galvão, pois quem inventou o nome foi ele. Odeio, detesto, abomino do fundo do meu coraçãozinho vagabundinho.

  13. Ó só: o Rafa comigo falou de tudo, menos bobagem, não é engraçado? Eu até que preferia ficar só de bobeira mesmo. Quem sabe na próximo Blogunça?

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