Aos homens de pouca fé

O deputado João Fontes foi eleito pelo PT, foi expulso em 2003 junto com Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro e fundou o P-SOL. No entanto, preocupado com o fato de o novo partido não lhe garantir legenda para a reeleição em 2006, passou para o PDT — embora em entrevista recente Heloísa Helena tenha se referido a Fontes como militante do P-SOL.

Agora João Fontes está processando o jornalista sergipano Luiz Eduardo Costa, por causa desse artigo:

JOÃO FONTES VOA, É A HORA DAS MARIPOSAS

As grandes crises políticas como essa que atravessamos, trazendo à luz as mais horripilantes e pustulentas feridas morais da Nação, podem se transformar no momento propício no esvoaçar das mariposas. Aquela luz à qual metaforicamente aludimos, nessa era midiática em que vivemos, se confunde com a luz real, ofuscante, dos holofotes e dos flashes. Através do avassalador processo da comunicação de massa, as crises ganham repercussão, se agigantam, dominam as conversas, transformam-se no grande e quase exclusivo assunto nacional. Cenário perfeito, luminoso, atraente, para o voejar das mariposas, aquelas criaturas ególatras, que precisam aparecer, dardejar em torno das luzes, sem ligar para o risco iminente das queimaduras, fatídica interrupção do borboletear desvairado.
O desatino verbal, a ânsia de estar sob os holofotes, fazem do deputado João Fontes uma dessas trêfegas mariposas que se lançam frenéticas em direção à exposição das luzes, ao instante de glória luminosa que logo se esvai em cinzas.
O deputado João Mariposa fez da busca dos holofotes o frenesi da torturada existência, a razão única da sua desarrazoada trajetória política.
Para João Mariposa, a meta única, exclusiva, são os holofotes, os flashes, agora mais do que nunca acompanhando a cena política.
Para João Mariposa não existem códigos morais, preceitos éticos, normas de comportamento, regras de civilidade, até mesmo as mínimas noções de elegância ou decência pessoal, que ele não venha a transgredir, a espezinhar, porque tudo desaparece tragado pela avidez enorme do seu desmesurado ego.
João Fontes realiza o seu destino de mariposa, não importa que tenha caluniado, agredido, levianamente acusado, desrespeitado, ultrapassado os limites da dignidade, do respeito humano e do bom senso. O João Mariposa dardeja feliz, realizado, sob as luzes da exposição pública, e isso para ele justifica tudo.
Esse comportamento trêfego faz de João Mariposa, em primeiro lugar, um inconseqüente, e em segundo um hipócrita.
Sabem quanto o João, mariposa moralista que almeja ser exemplo de ética, declarou como gastos de campanha ao TER? Magérrimos quarenta mil reais. Lembram da campanha suntuosa que ele fez?
João, o mariposa, saía das reuniões dos idealistas que compõem o CONAL, o conselho de leigos da Igreja Católica, e ia comprar votos, fazer exatamente aquilo que dizia condenar.
A campanha eleitoral de João, que lhe rendeu escassos 28 mil votos, (foi o menos votado, elegendo-se na esteira dos votos de Heleno Silva e Jackson Barreto, que formaram expressiva legenda) não custou, segundo observadores, menos de um milhão de reais.
Onde ele conseguiu o dinheiro? Quem o financiou?
Mesmo com toda a desfaçatez, toda a hipocrisia do mundo, ninguém acreditará se João disser que gastou apenas quarenta mil reais, ou que tirou um milhão do próprio bolso.
As dobradinhas que João Fontes fez com candidatos a deputado estadual em Laranjeiras, Aquidabã, Itabaiana e em Capela, onde exorbitou em gastos, não foram concretizadas apenas com base em simpatias mútuas.
A hipocrisia fica evidente, o moralismo se transforma em mero disfarce para iludir bem intencionadas e desavisadas pessoas.
O jornalista e digno integrante do CONAL, Rosalvo Nogueira, um dos cabos eleitorais mais entusiasmados de João Fontes, se declara agora decepcionado, indignado mesmo, com o João Mariposa.
Num momento equivocado o honrado senador Valadares, então governador de Sergipe, fez João Fontes presidente da ENERGIPE, talvez como homenagem ao seu pai, o honrado e exemplar homem público Benjamin Fontes, que fora antes eficiente presidente da estatal.
Quem se dedicar ao trabalho de remexer os relatórios do DENAE, órgão que controlava as estatais de energia e de água, verificará que a gestão de João Fontes foi temerária, desastrada e irresponsável. Com a idéia fixa de ser candidato a Prefeito de Aracaju, ele fez da ENERGIPE um comitê eleitoral. Elevou desmesuradamente a folha de pagamentos da empresa, nomeou gente em excesso, inverteu prioridades, e enquanto Aracaju estava sob ameaça de blecaute por falta de sub-estações, dedicou-se ao projeto desnecessário e megalomaníaco da construção do suntuoso Palácio das Luzes, idéia desatinada que o governador Valadares logo mandou arquivar. A ENERGIPE tornou-se, segundo os relatórios, uma empresa pouco confiável, que perdeu créditos e investimentos, até ser recuperada nas gestões que se sucederam.
Era João Fontes ensaiando o bater de asas, e transformando-se no João Mariposa.

São óbvios os pontos sobre os quais o processo de João Fontes foi construído. Mas depois de ler esse artigo, cheguei à conclusão que o problema de Luiz Eduardo Costa é falta de fé.

Ele não acredita — assim como a maioria do povo sergipano — que o deputado tenha sido eleito depois de uma campanha de apenas 10 mil dólares. As pessoas sabem que uma eleição para deputado federal custa mais que isso, em condições normais. A eleição de João Fontes é um caso único no mundo, e por isso pessoas materialistas como Luiz eduardo Costa não conseguem ver o que há de divino em tudo isso.

Se ele prestasse atenção, veria que — ainda mais lembrando-se que foi um candidato apoiado pela Igreja — João Fontes está no lugar errado: seu lugar é o panteão de santos da Igreja Católica, e não um ninho de cobras venais como o Congresso Nacional.

Porque ele nada mais deve ter feito do que a multiplicação dos peixes.

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