A primeira vez que vi Vanusa Spindler

O Ina me pede para falar das cinco capas inesquecíveis da Playboy.

Eu não sou exatamente um leitor da Playboy. E se fosse, preferiria a americana, com uma posição política clara e um certo engajamento social, dentro do contexto americano, que falta à versão nacional, periódico vagabundo que finge ser revista para gente fina quando não passa muito de material para punheteiros.

Cinco capas inesquecíveis, portanto, talvez seja algo que não dê para lembrar. Mas há uma, uma só, que não me sai da cabeça, nunca saiu, uma tão preciosa que mesmo hoje ainda lembro da primeira vez em que a vi. O tempo não parou — são quase 20 anos –, e a lembrança não passou, sequer ficou mais pálida. Epifanias não são algo muito comum na vida da gente.

Ainda lembro da primeira vez que vi Vanusa Spindler. 1989, primeiro semestre — olhar a capa agora me aviva a memória, era junho, aquele mês de luz suave e ar fresco. Eu vinha andando pelo Campo Grande, quase em frente ao teatro Castro Alves, vindo da Vitória e indo em direção ao Forte de São Pedro. Então tive uma visão, numa banca de jornal.

Ela estava lá, de semi-perfil, mas olhando para mim — ou assim queriam que eu acreditasse, e eu acreditei; acreditei em tantas coisas naquela manhã. Vestia um macacão vermelho de corrida de carros — eu lembrava dela com macacão vermelho, e é assim que ela vai permanecer –, aberto o suficiente para deixar seus seios à mostra.

Ver os seios de Vanusa Spindler pela primeira vez é como ver o mar pela primeira vez, é como ver o Rio de Janeiro pela primeira vez, é como ter bebido leite azedo a vida inteira e só então descobrir o mel. É como dar o primeiro beijo, é quase como saber, pela primeira vez, o que é estar dentro de uma mulher.

Com Vanusa Spindler uma geração inteira descobria que a perfeição existe e é possível.

Me apaixonei, perdidamente, irrecuperavelmente. Vanusa — antes um nome tão feio, mas de repente um som angelical que fazia promessas que deveriam ser sempre cumpridas, como aquele sorriso que ela dava para mim. Eu comprei aquela revista. E se a capa era apaixonante, as fotos no miolo eram daquelas que definem uma vida.

Não eram só os seios da Vanusa Spindler. Havia mais, muito mais. A boca, os pêlos — ah, os pêlos –, tudo naquelas fotos evocava dias e noites trancados, isolados do mundo, ela vestida com a sua maior camisa, que nela chegava aos joelhos, e acordando com a cabeça coberta por causa do frio do ar-condicionado; ou sentada na beira do sofá, quase caindo — há tantas imagens que podem ser lembradas agora, depois que 20 anos se passaram. A Vanusa lhe fazia imaginar coisas que você procuraria pelo resto da vida.

Mas isso foi há quase 20 anos. São essas duas décadas que me fazem ter uma certeza: eu não gostaria de ver a Vanusa Spindler novamente. 20 anos, quase, costumam ser cruéis para seios — mas são violentamente sádicos com seios que só existem assim, como quimera, como um ideal platônico inalcançável; é a inveja que o tempo sente de sua beleza arredondada e firme. E quando ele implica com algo como os seios da Vanusa Spindler, supernovas que por definição brilham incomparavelmente por um átimo e se apagam para nunca mais, então o seu trabalho mesquinho é ainda mais perverso. Supernovas cegam, e é essa cegueira que me faz ter certeza de que não, eu não quero ver o que o tempo trouxe para essa mulher, tenha sido ele bom ou malvado.

Tudo isso para não esquecer da primeira vez que vi Vanusa Spindler.

Republicado em 03 de setembro de 2010

19 thoughts on “A primeira vez que vi Vanusa Spindler

  1. a primeira namorada “de verdade” que tive, foi aos 15 …
    seus seios eram lindos, lindos mesmo
    a reencontrei a alguns anos
    jesuis ….

  2. Isso aqui vira e mexe parece o Clube do Bolinha:

    “Au Beau Tétin

    Tétin refait, plus blanc qu´un oeuf,
    Tétin de satin blanc tout neuf,
    Tétin qui fais honte à la rose,
    Tétin plus beau que nulle chose,
    Tétin dur, non pas tétin, voire,
    Mais petite boule d´ivoire,
    Au milieu duquel est assise
    Une fraise ou une cerise,
    Mais je gage qu´il est ainsi.
    Que nul ne voit, ne touche aussi.”

    É por isso que muita gente morre na mão rsrsrsrsr

  3. Bela memória, lindo lindo tudo isso.
    Na Status, hermenauta, ele só teria visto UM seio da Vanusa Spindler; era o que deixava a censura. Fique tranquilo Rafael, com a evolução dos programas de tratamento de imagem nas revistas masculinas, uma nova edição com a Spindler mostraria glândulas mamárias ainda mais solidamente desafiadoras. (depois que vi uma sessão didática de photoshop com fotos de umas moças, perdi totalmente a fé na existência desses seres).

  4. eu, que sou mulher e hetero e que, portanto, nenhum comprometimento tenho com os seios de Vanusa, fico me perguntando: quem diabos seria Vanusa Spindler?? Mas devo reconhecer que, há 20 atrás e sem os milagres recentes do photoshop, botox e silicone, os seios de Vanusa são portentosos, sim 🙂

  5. Bem…Vanusa Spindler trabalha como produtora e continua maravilhosa. (pelo menos até uns dois anos atrás, se não me engano)
    Sempre fui fã também.

  6. Ela é boa para a praia, pois como se diz nao afoga pode fazer o alerta malibu, sem problemas.

  7. Putz, que tesão será pra sempre a Vanusa Spindler. Até hoje me lembro do friozinho na barriga inexplicável e o arrepio que eu senti quando vi esta capa exposta na lateral da banca de revistas, quando eu voltava da escola.

    Ah, Vanusa…

    Bela lembrança. Belo texto.

  8. Eu conheci ela em Petrópolis. Não achei nada demais, muito branca e um pouco gordinha. Digo que mesmo naquela época se usava bantante retoque e efeitos nas fotos.

  9. Valeu ao autor do tópico por ter feito esta lembrança da vanusa spindler, só não concordo com algumas colocações, foi a primeira playboy que comprei, tinha meus 14 anos, e confesso que ela foge do padrão feio de mulher brasileira, simplesmente quando saiu a revista dela eu comprei na hora, não resisti, por que ela é linda demais, agora vamos calcular, se em 1989 ela tinha 18 anos quando ela saiu na PB, então ela deve ter nascido em 1971 ou 1970, estou certo? Vi algumas fotos dela orkut e realmente esta bem diferente 20 anos depois, mas continua linda como sempre foi, parabéns vanusa.

  10. Acho uma visão bem egoísta essa de pensar na deterioração física dela, porque nós, homens, também envelhecemos, de ficar barrigudos a broxas. É a vida. Nós embagulhamos também.

    Dei um Google no nome dela e descobri que ela atuava na novela Pérola Negra, sendo uma jovem personagem morta, por quem a Patricia de Sabrit se passou depois. É do tempo em que assistia algumas novelas. Não teria a reconhecido, nem nesse ano de novela (há mais de dez anos), nem atualmente.

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