Comentando os comentários

Malavolta,
A narração em off de “Cidade de Deus” (um vício comum no kinemanacional e que normalmente indica insuficiência do roteiro) me incomoda, pelo amadorismo. Mas é realmente muito bom. E é também o filme brasileiro mais influente em termos internacionais nos últimos tempos. É só ver os filmes de Tony Scott.

André,
Comecei a ver “Era Uma Vez no México” semana passada; desliguei para assistir à primeira temporada de “Roma”. Minah primeira impressão foi a de que era uma tentativa de transpor o western spaghetti para o terceiro mundo atual, sem muito sucesso. Uns diriam que isso é o trabalho de um “autor”. Tem algumas similaridades com Sin City, mas este é um trabalho bem concebido e acabado, enquanto o outro é só lixo, mesmo.

Emanuelle,
Eu me sinto realmente feliz ao contribuir para o aumento da produtividade nacional. 🙂

Bia,
É verdade, você já tinha me falado de “O Labirinto do Fauno”. E não é moda dizer que você é exagerado. É uma constatação básica e antiga…

Bruno,
Talvez essa futilidade que você aponta em Almodóvar seja provavelmente a sua grande qualidade. A forma como trabalha isso, esse jogo de aparências, é brilhante. Mudando de assunto, você disse algo de que eu não tinha me tocado até agora: “Fale Com Ela” é realmente o trabalho mais masculino de Almodóvar. Perfeito. E só uma correção: “Magnólia” é de 99, século passado.

Madson,
Spielberg para mim tem um grande filme, “Tubarão”, que eu incluo entre os 100 melhores da história. E tem um filme brilhante, que poderia ser a sua grande obra-prima, mas cujo final ele estraga: “A Lista de Schindler“. Mas normalmente, no minha opinião, falta substância a ele, que tem uma tendência à emoção fácil, mesmo à pieguice. Por exemplo, aí pelo final dos anos 80 dois filmes foram lançados na mesma época.

Victor,
Eu acho que o problema do Shyamalan é mais grave. Diz respeito ao esgotamento da temática que ele escolheu e à falta de capacidade de escrever um bom roteiro dentro dessas amarras que ele criou para si, essa necessidade da reviravolta final, da grande surpresa, dentro de um clima narrativo de fantasia. Porque o grande trunfo de “O Sexto Sentido” é justamente isso, um roteiro brilhante; “A Vila” é um filme que, embora eu tenha achado muito fraco, merece ser revisto dentro da ótica do Bia e do Ina. Mas o resto é ruim com toda a certeza do mundo. “Sinais” é muito fraco, “A Dama na Água” é simplesmente medíocre. No final das contas, talvez Shyamalan fosse apenas um diretor limitado que acertou de primeira e nunca mais conseguiu repetir o seu sucesso.

2 thoughts on “Comentando os comentários

  1. Concordo que há grande apelo emocional em A Lista de Shindler, quase que piegas. Justo.
    E tubarão, blockbuster de 75, apesar de todas as vicissitudes da época, ainda tem um grau peculiar e singular de brilhantismo nele, que nos faz sempre remeter Spielberg ao filme. Mas acho, também, que essa lista poderia ser acrescida por AI: Inteligência Artificial. Digamos que o filme conta com uma singeleza ímpar, que você poderia chamar de pieguice.
    Contudo, a mim me parece que apesar do furo em bilheterias, tenha sido uma retomada Spielberiana ao seu próprio cerne, filmes conflituoso, com uma camada existencial, à exceção de Tubarão, lógico.
    Acho ele talentoso, e, a priori, quando vi sua lista, achei que você fosse daqueles escritores, que apreciam demasiado contos Almodovarianos ou diálogos Tarantineses (rsss), e se esquece do brilho que os filmes de autores renomados também podem ter, apesar do escambo, que se faz, na maioria das vezes entre “o idealismo do diretor” pela ” a lógica e produção de vendas”. No entanto foi justa a sua posição. E eu sou suspeito a falar de Spielberg. Veja você, até com Jurassic Park eu me emociono.

    hushasuha
    Abraços!

  2. Galvão:

    Se você começou ver a serie Roma, e já leu alguma biografia de Julio César, temo que não vá gostar muito da serie pela imprecisão histórica. É irritante.

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