O dia seguinte ao assassinato de Lennon foi diferente dos tantos outros domingos do verão de 1980/1981. 32 anos depois e ainda lembro dele como um dia escuro, o que quer dizer que deve ter chovido em Salvador; ao menos nublado. A TV exibiu o Let it Be — acho que a única vez em que esse filme chatíssimo foi exibido na TV brasileira. Alguém foi lá para casa, e lembro de entreouvir sem nenhum interesse conversas estupefatas e tristes sobre Lennon. É essa a sensação que ficou desse dia: não era a morte de um parente, de um amigo próximo, mas era a morte de alguém que de alguma forma tinha sido importante e querido. Era tudo tão inesperado, todo mundo estava realmente chocado com aquilo.
Menos eu. Eu estava de saco cheio. Eu queria era ver desenho.
Com 21 anos, eu estava na turma dos chocados. A violência sempre me chocou e Lennon era paz e amor, bicho. Nestes últimos 32 anos os chapmans da vida se multiplicaram e tenho a impressão de que vencerão a batalha.
dos beatles pós-beatles, lennon muito provavelmente era o mais chato. eu acho que até ringo era menos estrelinha do que ele (não que ele pudesse exigir ser tratado como grã-coisa, mas…).
Falei com eles, gravei alguns comentários. De fato, eu me lembro de uma mulher que estava rodeada por um grupo que cantava Give Peace a Chance. Ela me disse que a morte de Lennon significava um duro golpe para ela. Um chute no estômago, nas suas palavras.