Macacas de auditório e outros bichos

Ontem um evento desagradável com a Mônica sobre Cauby Peixoto.

A Mônica é autora de um dos meus blogs preferidos, é inteligente como poucas pessoas. Escrevendo, ela vai a lugares onde nunca ponho os pés.

Ela só tem um problema: por alguma dessas loucuras em que as pessoas às vezes condescendem, prefere Chico Buarque cantando “Bastidores” a Cauby Peixoto. Diz a mulher que Cauby estraga a canção com seu exagero.

Ah, Mônica… Mas é justamente isso que faz da interpretação de Cauby algo primoroso e único…

Preste atenção à letra. Ela é desbragadamente viada, escancarada, é música que só poderia ser interpretada por Cauby. É para ser over, mesmo. Over como o bolerão de puteiro que é. De que outro jeito se pode transmitir a idéia de que “tomei um calmante, um excitante, um bocado de gim”, porque está tão atordoado e magoado que procura soluções disparatadas e imediatas que nunca aparecerão? Fale a verdade: você consegue imaginar Chico Buarque se despedaçando porque uma mulher o abandonou? Ah, não. Nunca. Ele simplesmente beberia outra dose — de uísque, não de gim.

“Bastidores” mostra um cantor se dilacerando no palco, rasgando sua alma porque foi abandonado; é alguém que jamais terá vergonha de mostrar suas emoções, mas que as sublima cantando.

Ninguém mais poderia cantar essa música, Mônica. Ninguém além de Cauby, kitsch, brega, desavergonhado. Porque só Cauby consegue encontrar consolo nos bêbados febris se rasgando por ele.

A sensibilidade da Mônica é muito refinada para que ela perceba a verdade que há na breguice desvairada de Cauby.

Até vós, brutas?

A notícia está no Daily Telegraph de hoje: prostitutas quenianas foram instruídas, por ativistas dessas ONGs de direitos humanos, a mentir sobre a origem de seus filhos com oficiais ingleses, dizendo que foram estupradas por eles.

Tem algo de muito errado no ar. A única vantagem de relacionamentos com prostitutas, teoricamente, era a pressuposição de que tudo terminava quando o dinheiro trocasse de mãos. Era garantia de sigilo e lisura comercial. Não se tinha que esperá-las decidir ir embora. Não se tinha que jurar um amor inexistente. Não se tinha que fingir que sexo é amor suado e gemido.

Mas agora, quando tudo que é sólido desmancha no ar e todos os valores esboroam-se em pó, nem nas velhas e confiáveis putas, repositórios morais d’antanho e salvaguardas da virtude das meninas de família, pode-se acreditar.

Este mundo está perdido.

A Grande Suruba de Zhuhai

Confesso que nunca tive japoneses especificamente em grande conta. Pela crueldade que às vezes parece inerente à casta dos samurais, pelos sons guturais da língua, pela mania de organização, pelo machismo desvairado e a leve tendência ao sadismo sexual. A história recente do Japão tampouco aumenta minha simpatia por eles.

Mas agora eles demonstraram que devo me despir de meus preconceitos e admirar o belo, venha de onde vier. Os 400 japoneses que foram para uma orgia monumental em Zhuhai, na China, ao lado (e em cima, e embaixo, e de ponta-cabeça…) de 500 prostitutas chinesas mostram que a Terra do Sol Nascente é capaz de atos criativamente maravilhosos.

A “Grande Suruba de Zhuhai”, como esse grandioso evento deverá ser conhecido no futuro, quando pais e filhos se reunirem ao cair da tarde para contar histórias e louvar os grandes feitos do passado, foi o primeiro evento do terceiro milênio a honrar a memória de grandes líderes como Calígula e Alexandre Bórgia. E só por isso aqueles 400 japoneses e aquelas 500 chinesas, pioneiros de um mundo hedonista e selvagem, merecem ser elevados à condição de guias espirituais da Humanidade.