Em uma chamada para um programa sobre Diane Keaton no GNT, um crítico americano de cinema diz que seu papel em “O Poderoso Chefão” é uma espécie de ilha moral em um mundo imoral, ou amoral.
Donde se conclui que o sujeito não entendeu nada sobre a saga de Vito Corleone.
O que Kay representava não era o exemplo de moralidade frente à imoralidade dos Corleone. Era, simplesmente, uma outra visão moral, anglo-saxã e legalista, e que do ponto de vista do imigrante italiano é feita especificamente para impedir sua ascensão social.
Moralidade ou imoralidade são conceitos relativos, na maior parte das vezes. Bigamia é imoral, mas não sob o Islã ou entre os mórmons. Biquíni é algo normal, mas desfile assim no Iêmen e você será apedrejada, o que é recomendado apenas para quem tem vocação para Maria Madalena (embora virar puta seja mais simples e mais prazeroso).
Para Vito Corleone, o que ele fazia era simples: seu dever era cuidar de sua família da melhor forma possível, e vencer um mundo hostil. Seus conceitos de moralidade são sólidos, firmes, baseados em um sistema patriarcal que se impõe, sempre, pela força. São antigos como a própria máfia siciliana. A máfia, do jeito que é retratada no filme, não é imoral. É justamente o contrário, de tão arcaica.
A máxima concessão que se pode fazer à saga dos Corleone é que ela se torna a história da decadência moral da família a partir do segundo episódio, marcada pelo assassinato de Fredo e que condena para sempre Michael Corleone (o assassinato de Carlo Rizzi, ao contrário, é uma reafirmação do código moral dos Corleone). E ainda assim Kay não é exatamente um rochedo moral acossado pela vaga de imoralidade dos Corleone (ainda menos se considerarmos que, embora se recusando a fazer parte daquilo, ela não se exime de viver muito bem com a pensão de Michael). É, no máximo, um contraponto.
E, cá para nós, há algumas horas em que eu bem que gostaria de ter a moralidade dos Corleone.
Assisti, mas não me lembro mais da história.
Kay fora educada sob os padrões americanos da época,onde a mulher teria direito a trabalhar e se sustentar como bem quisesse.A partir daí,qd ela aceita se casar e levar a vida de Amélia,sendo sustentada por Michael e sabendo ou ao menos suspeitando,no início, de onde vem a renda da família,podemos concluir q ela era tão imoral qt os “chefões” da casa.