Diálogos de guerra

Imagine o seguinte diálogo no Salão Oval da Casa Branca:

Bush: “É claro que as pessoas não querem a guerra. Por que um pobre coitado numa fazenda qualquer iria querer arriscar sua vida, quando o máximo que ele pode ganhar com isso é conseguir voltar inteiro à sua fazenda? Naturalmente, as pessoas comuns não querem a guerra. Nem no Iraque, nem na Inglaterra, nem no Irã e, para todos os efeitos, nem mesmo na América. Isso a gente já sabe. Mas, no fim das contas, são os líderes do país que determinam a política a ser seguida, e é sempre uma simples questão de arrebanhar o povo, quer seja em uma democracia, uma ditadura fascista, um parlamento ou uma ditadura comunista.”

Gilbert: “Há uma diferença. Em uma democracia, o povo tem alguma voz na questão através de seus representantes eleitos, e nos Estados Unidos somente o Congresso pode declarar guerras.”

Bush: “Ah, tudo isso é muito bonito, mas, com voz ou sem voz, o povo sempre pode ser levado a apoiar seus líderes. Isso é fácil. Tudo o que você tem a fazer é dizer a eles que estão sendo atacados e denunciar os pacifistas por falta de patriotismo e por expor o país ao perigo. Funciona da mesma maneira em qualquer país.”

Se o diálogo parece bem plausível, é porque ele já foi travado uma vez. Há muito tempo, na verdade. A diferença é que, no lugar de Bush, estava Hermann Göring, fundador da Gestapo. É só substituir Rússia por Iraque, América por Irã, e Alemanha por América. Sieg heil, América.

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