O grande momento de “Júlio César” é a eulogia de Marco Antônio diante do cadáver de César. E logo no começo do seu discurso (Friends, Romans, Countrymen, lend me your ears), preparando a tempestade que vai causar a desgraça de Bruto e de Cássio, ele fala com ironia: For Brutus is an Honourable man / So are they all; all Honourable men.
(Melhor que ler a peça é ver o filme de 1953, com Brando interpretando Marco Antônio; você vai descobrir por que Shakespeare era genial e por que Brando era o maior dos atores.)
Em 1992, Gil Gomes apresentou uma de suas reportagens no Aqui Agora. Contava a história de um assassinato, obviamente. Em determinado momento, diante de depoimentos que diziam que todos os três envolvidos (inclusive o defunto) eram boas pessoas, ele olhou para a câmera em sua camisa de surfista, cara de areia mijada, mão que se mexe como quem alisa um cabeção e voz de Vincent Price:
“Um bom, dois bons, três bons — mas um morreu.”
Gil Gomes é Shakespeare para as massas.
NUNCA tive dúvida!
Cara de areia mijada e mão de quem alisa um cabeção são associações perfeitas, mais até do que Shakespeare/Gil. Sempre que me lembro deste reporter policial é inevitável esta lembrança, e…. morro de rir.
De onde tira tanta criatividade?
Um grande abraço.
Sônia Maria
Alguns personagens têm a capacidade de transitar entre o brega e o cult. Chacrinha, Gil Gomes e Zé do Caixão, são alguns deles. O que pouca gente percebe é a criatividade empregada na construção de tais personagens, o que costuma garantir-lhes uma vida relativamente longa.
Cara de areia mijada é a melhor definição do Gil Gomes.
Ciao.
Hahaha, eu me lembro dessa. Não perdia as “crônicas policiais” do grande GG.