O André Pessoa e o Edson (cujo comentário é excelente e vale a pena ser lido) discordaram do jeito como me referi às visitas íntimas.
Bem, é assim que funcionam boa parte das delas na maioria, se não em todas, das penitenciárias brasileiras: uma prostituta se cadastra para fazer visitas um preso. Assim, ela tem direito a entrar na penitenciária livremente e ganhar o seu dinheiro suado nos dias de visita com os outros presos. A penitenciária, então, não fica a dever nada à Praça Mauá.
Então até podemos admitir que a visita íntima diminui o número de estupros dentro da prisão. Mas é ingenuidade achar que acaba com eles, porque o estupro é, principalmente, um instrumento de poder, como qualquer feminista sabe. Achar que um sujeito vai deixar de estuprar outro apenas porque pode pegar uma prostituta no fim de semana é não conhecer a realidade das penitenciárias.
A questão é que, em nome de um direito que pode ser considerado duvidoso, permite-se que um aspecto do que se entende por autoridade seja esgarçado. Eu não disse que a visita íntima, principalmente da maneira como ocorre no Brasil, é responsável por essa crise. Mas tem relação, sim, com a falência do sistema prisional, porque os limites ficam mais tênues. É mais um sintoma de um modelo frouxo e incompetente, que contrabalança permissividade com excesso de violência, provavelmente a combinação mais perniciosa possível.
Longe de endossar posições como as dos protofascistas identificados pelo Edson, é preciso também admitir que há um nível mínimo de autoridade e repressão que deve ser atendido. Mas essa é uma discussão mais longa e, em qualquer regime democrático, mais complexa.
Um aspecto que eu achei interessante na blogoseira é que há uma tendência grande a se bater na polícia. Disseram que a ela estava matando presos com tiros na rosto para dificultar a identificação. É interessante, mas quem conhece um pouquinho de armas sabe que isso só é possível com tiro de calibre 12.
Outra coisa: a entrevista do Ferréz que circulou na Internet e foi publicada em vários jornais Brasil afora me lembra um aspecto delicado: de repente tem-se a impressão de que a polícia, em sua reação ou vingança, seja o que for, só matou inocentes. E, sem querer tirar nenhuma conclusão ou iniciar nenhum debate, eu já ando meio de saco cheio ao ver associações de favelados sempre reclamando da polícia e nunca dos traficantes, ou mães chorando a morte de seus filhos trabalhadores e nunca uma mãe admitindo que seu filho é traficante mas que nem por isso merecia ser morto.
E a Carol e uma moça chamada Jaque — esta, por sinal, muito revoltada — me acusaram de partidarismo. Descobriram a pólvora, um segredo que eu tentava esconder a todo custo: o de que este blog é assumidamente governista, embora eu nunca tenha sido petista nem tampouco funcionário do PT. Felizmente, não viram a foto do meu perfil no Orkut. Mas o problema, eu gostaria de lembrar, não é o fato de eu não ter um pingo de imparcialidade neste corpinho que faz a delícia do sexo feminino. O problema é mostrar que eu estou errado ou mentindo, coisa que não fizeram.
E antes que eu me esqueça. A culpa pela situação em São Paulo continua sendo do Alckmin.
a polícia pode não ter matado só inocentes, mas os matou também e só esse fato já é motivo bastante pra revolta, na minha humilde opinião. (também não estou dizendo que eles devem sair por aí matando bandidos, como se estivesem brincando de tiro ao alvo…) é claro que leis existem para serem cumpridas (como você bem disse: “um nível mínimo de autoridade e repressão que deve ser atendido”) e o papel da polícia seria zelar para que isso acontecesse, porém com essa polícia que temos fica difícil. o que também não é culpa só deles, mas isso já é uma outra história.
corrigindo: o comentário anterior não é do paulinho, é meu. distração.
O fato da visita íntima “apenas” diminuir e não acabar com os estupros não depõe contra ela, muito pelo contrário.
A questão a discutir não é o “direito” a ela, que não existe, mas a conveniência. A visita íntima é boa para o ambiente carcerário.
Não vejo por que a existência dela contribui para “esgarçar a autoridade”.
Ai, não fala assim que eu te faço todinho.
a culpa maior é de Lulla, q é o mandatário maior da nação. seria o rafael galvão um liderado do “nosso” dr. delubio soares???
Marcus,
Peraí: você permite que a prostituição seja liberada na prisão e não vê como isso esgarça a autoridade? Se você pode se prostituir na prisão, quem pode ter moral para proibir um celular lá?
É como ir à missa dominical das sete da noite de biquíni, ou entrar no Tribunal de Justiça de shortinho.
Nos EUA as visitas são permitidas, mas de maneira restrita e os visitantes são bem investigados. E não são, em momento nenhum, objeto de chantagem por parte dos presos.
O problema principal é que se chegou a uma situação em que o próprio conceito de autoridade se torna difuso. E aí, o resultado são conjunturas que acabam sendo levando a crises pontuais como invasões de Carandiru e chacina de inocentes.
Quanto à polícia, é claro que ela tem problemas graves. Mas também acho que é preciso partir do princípio que é só através dela que se pode resolver as coisas. No entanto, nessas horas eu só vejo gente botando areia: o Exército não pode entrar aqui porque não está preparado, a polícia é corrupta e mata inocentes, isso e aquilo: solução, mesmo, não aparece. Estou longe de ser um entendido no assunto, mas a impressão que tenho é a de que as pessoas esperam que a situação se resolva sozinha, e espontaneamente.
E, diacho, a culpa por Sumpaulo continua sendo do Alckmin.
Claro que a culpa foi do Chuchu.
E o pobre do Lula, levando a culpa por tudo que acontece no país… putz… dêem 500 anos de governo a ele, e aí sim, metam o pau.
Ô Mauricio…
Você acha que se eu fosse “liderado pelo Delúbio” e tivesse acesso àquela dinheirama toda eu estava aqui, respondendo a um babaca como você?
Pense, menino.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!
Rafael, você tá ligado que não há nada de ilegal ou proibido na prostituição nos presídios (ao contrário do porte de celulares)?
André, até onde eu sei prostituição não é crime em lugar nenhum do país.
Do que se falou aqui não foi do aspecto jurídico, em si, mas de aspectos supra-legais que devem ser levados em consideração.
A propósito, o uso de celular em presídios também não é crime. Uma portaria da Administração Penitenciária de São Paulo define como falta grave — e não crime: é regulamento interno –, só que não existe nenhuma regulamentação sobre o assunto, até onde sei. A criminalização propriamente dita está sendo proposta agora.
A distinção que eu quis apontar é que o uso de celulares é proibido, por um bom motivo (precisa de lei para que se torne falta grave, me parece) e a prostituição não é. Por que ela afronta a autoridade? Por ser imoral? Não entendi.
Seu feed está com algo problema, que eu perdi a discussão posterior.
Queria apenas acrescentar (e não o fiz no comment porque é óbvio) que visita íntima não precisa ser igual a prostituição.
Uma amiga minha trabalhou no sistema penal e o que mais ela via eram filhas e irmãs de presos que começavam a namorar com detentos que conheceram nos dias de visitas.
E deixa de exagero, sô. Essa de ir à missa de biquini foi apelação! =)