Uma manchete no Estadão semana passada me chamou a atenção e começou a despertar em mim algo que lembra o princípio do pânico, ou no mínimo a sensação de quase paralisia que se tem quando se percebe uma catástrofe inevitável.
75 mil prostitutas brasileiras trabalham na Europa.
Durante muitos anos, vi de longe o terror da sociedade brasileira diante do que chamavam de evasão de cérebros — hoje, cada vez mais anglicizados, acho que chamariam de brain drain. Se referiam ao êxodo de cientistas brasileiros para centros tecnológicos mais desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, mas também vários países europeus. Então se queixavam que a sociedade brasileira não dava o devido valor aos seus cientistas, e que o Estado não cumpria sua obrigação de incentivar o desenvolvimento científico deste país.
Depois, principalmente a partir dos anos 80, foi a vez dos jogadores de futebol, atraídos pelo dinheiro do Oriente Médio, depois da Itália, então da Alemanha e finalmente de qualquer país de segunda que investisse uns tostões no futebol de seu país.
Agora é a vez das nossas alcouceiras abandonarem o Brasil. 75 mil putas brasileiras no além mar. Eu sequer sabia que existiam tantas lúmias neste país — embora esse não seja, em absoluto, um número inacreditável. Muito menos que havia tantas rascoas sobrando, um excedente considerável a ponto de abastecer os pobres europeus deficientes em bunda como somos deficientes em ferro.
Este blog horrorizado se pergunta, com aquela indignação de deputado oposicionista quando encontra o que imagina ser um filão de escândalos no governo: onde estão as autoridades brasileiras que não tomam providências diante de fato tão grave, que transcorre debaixo de nossos narizes sem que façamos alguma coisa?
Não é possível que até agora não se tenha percebido a tragédia que se anuncia. Um país sem putas é um país chato, e um país chato não recebe turistas. Veja só o exemplo da Holanda. Que país agradável, aquele — e ali estão as pituriscas nas vitrines, o mais legítimo produto nacional mostrado com orgulho para os olhos admirados e invejosos do mundo; e quando não dão conta importam messalinas do Leste, que agregam mais ao produto interno bruto do que os tradicionais bares de haxixe.
Sem as cortesãs, o que vai ser do turismo em Fortaleza, e em Natal, e no Rio de Janeiro? Alguém realmente acha que vem turista da Dinamarca ou da Itália só para ver pobre em favela? Que aqueles operários alemães bebedores de cerveja vêm para cá apenas para se esconder de tiroteio no morro, ou ainda contemplar a natureza bucólica da Chapada dos Guimarães em meio a arrotos de cevada e lúpulo?
Precisamos cuidar do que é nosso. Estão fazendo de nós a nova colônia européia. Antes tiravam nosso pau-brasil, nosso ouro, nosso açúcar; agora nos tiram nossas vulgívagas.
Talvez seja culpa do governo. Esse negócio de incentivar a exportação para trazer divisas, em vez de fortalecer o mercado interno e atrair turistas, não podia dar certo. Mas o impacto a ser causado caso nosso plantel de rameiras seja extinto pela migração é muito maior que isso.
Sem as putas, o que vai ser da nossa produção teledramatúrgica? Quem vai aparecer em reality shows dizendo que é modelo e que “tá com um projeto aí”? Quem vai ser assistente de palco de programa ao vivo?
O êxodo das palomas vai levar nossa economia ao colapso. E por isso, preservar nossas putas é dever de todos nós.
A mesma sociedade que se indignava diante da saída dos nossos cientistas agora precisa protestar contra a evasão das nossas zoinas. E aqui cabe a indignação perante uma sociedade hipócrita que finge pavor quando vê cientistas indo para o MIT, mas que não se importa quando galdranas goianas se mudam em massa para a Espanha, para pegar o touro à unha. A sociedade brasileira tem o dever de se manifestar veementemente contra esse crime de lesa-pátria. O Congresso Nacional, em vez de perder tempo com o cupuaçu, precisa regular urgentemente sobre o assunto — quem sabe até estabelecendo cotas, um limite de meretrizes que podem sair legalmente deste país a cada ano, preservando o mercado nacional.
Tudo isso é fundamental, porque por mais ufanistas que possamos ser, a verdade é que há poucas coisas em que somos realmente bons. Fazemos samba melhor que todo mundo. Nossos jogadores de futebol, grosso modo, são os melhores do mundo. Que agora reconhece o talento, disposição e seriedade com que nossas vadias se dedicam ao seu mister.
Que a sociedade brasileira cuide de nossas putas. Que o Estado garanta a todas elas o direito a uma vida sadia e digna e ao mais recompensador exercício de sua profissão. Que não caiam mais no canto da sereia do neo-liberalismo das Oropa ou dos States, porque tudo a que ele nos levou foi a isso, foi à debandada de nossas mulheres de amor.
São essas raparigas, padrão mundial em sua área, que devemos preservar. Herdamos uma longa e bela tradição de putas — e por que agora vamos esquecer tantos séculos de aprimoramento genético e tecnológico, as tantas polacas e madames francesas trazidas para racear nossas marafonas com requinte e elegância? Como brasileiros e, principalmente, como seres humanos temos a obrigação de deixar um país e um mundo melhores para nossos filhos e netos. E não um país que afunda em direção ao oblívio, em meio a uma revoada de periquitas, que avoam para a Europa em busca de ninhos melhores.
Republicado em 03 de outubro de 2010
leio seu blog regularmente e me digno a comentar apenas agora. sempre é ótimo mudar, os layouts velho cansam! Mas venhamos e convenhamos que o anterior era muito mais classudo!
abs,
Jana
Depois de ler esse post não posso resistir a mais um comentário, que pareceria um pouco moralista outro tanto feminista, mas que para mim, desta que soa como uma simples manifestação verbal, ou um dolorido conformismo da opinião publica nacional (diga-se, propagandas de cerveja), qual seja “o produto nacional”.
O dito produto nacional que atrai turistas.
Não se preocupe em pensar que o “produto nacional” a que você se refere, continuará a trair mais e mais turistas gringos e branquelos entufados de euros ao Brasil.
Esses produtos continuarão aqui, a brotar do chão até atingiram a maioridade, ou então conseguir documentos falsificados, para então conhecerem um rufião contrabandista que as recrutará na gringolândia, contribuindo para o aumento dos números de exportação.
Então, os produtos que são usados pelo turismo nacional e que não foram exportados, ou serão estuprados pelos seus familiares, ou quem sabe, por um desses maravilhosos turistas fedendo a euros. Então terão veremos uma nova safra de produtinhos que, aos dez anos estaão prontos para serem vendidos zero km para serem consumidos por mais turistas insuflados de euros, e, Oxalá quem sabe, nessa seara alguém consiga um documento falsificado ou atinja a maioridade sem produzir mais produtinhos. Quem sabe então o produto zarpe para a grigolândia.
Não se preocupe por que os produtos continuarão a ser produzidos neste país agregando os nosso atributos turísticos que atrairão mais gringos e o ciclo segue….
não à privatização da vale! não ao fmi! não à evasão de profissionais dos lupanares!
Nossa, quanto nome pra puta você conhece!!
Garanto que só as filobatas se aventuram pelo mundo; as ocnófilas ficam por aqui.
Ocnófilos e filobatas!
A caixa de comentários de Rafael Galvão também é cultura!
Já os posts são obras primas da cafajestagem pátria. Gostei da sua imagem da revoada de periquitas, mas usei outra figura para descrever o tema que tanto te preocupa, meu caro… 🙂
Pois é… Vão-se, em revoadas, as belas putas, os travecos-chic, e trans-sofisticadas tipo Roberta Close! Por aqui ficam apenas aquelas toscas figuras, bem ao gosto do nosso Ronaldo, o craque “comilão”!!!
Somente uma pessoa que não conhece a vida acha que ser puta é uma opção
de vida. Não tem graça! Essas mulheres fazem uma espécie de revolução involuntária
contra o sistema social se aproveitando da tara natural de todos os
homens e conseguindo, muitas vezes, ganhar por dia o que uma coitada que
trabalha para uma loja de um idiota, muitas vezes ganancioso e mal intencionado,
ganha por mês. Dito isso, reafirmo: não tem graça ser puta; essas
não são coitadinhas. São uma espécie de bandido, que, ao sabor das
taras masculinas, vão ganhado a vida de uma forma menos sacrificada, porém muito perigosa, do que trabalhar de oito a dez horas por dia numa empresa, ou numa casa de família qualquer. Quando se conhece uma puta, se vê como são frias, apesar de nem sempre profissionais e eficientes, mas muito conscientes do papel que representam na sociedade, procurando e torcendo para que, na primeira oportunidade, tendo ganhado o suficiente, ou se casando com um cliente de posses, abandonar a vida que foram obrigadas a “escolher”.
Falar de putas com tanta erudição. só mesmo aqui! Realmente precisamos de providências urgentes!
Isso realmente deve ser culpa do governo, tentando eliminar a concorrência!
Afinal – sem putas – o “suadouro” fica mais fácil!
A classe política deveria ser a mais preocupada com o problema afinal, com o êxodo das messalinas, pode estar seriamente ameaçados de extinção.
Eu acho que vocês estão muito mal informados. Salvo raras excepções, as prostitutas brasileiras não ganham por aí além. Não é preciso ser “europeu a feder a euro” para recorrer aos serviços de uma. Basta abrir o jornal: os serviços são publicitados a 15/20 euros (6 /8 reais). O preço de um jantar por pessoa num restaurante médio. Se isto é fazer fortuna…
Claro que há as que ganham muito bem, geralmente são do sul do país, da zona de São Paulo. Motivo? Maior nível de escolaridade e uma outra “classe”.
Há uns anos a coisa era diferente: eram poucas, com sabor a tropical e ganhavam muito bem. Mas isso já passou. As da Europa de Leste roubaram-lhe o pódio. As chinesas também estão a entrar no mercado e, diga-se de passagem, a ideia de oriente é mais apelativa. Não há por isso motivo para continuarem a desaguar em Portugal: o mercado está saturado e pouco lucrativo.
A não ser transexuais… esses sim, são bem pagos.
Agora façam justiça às meninas: não as imaginem a ganhar rios de dinheiro na Europa. Por cada 10 que fazem fortuna, deve haver uns 50 a sobreviver com dificuldades.
Bah, vo te contar… Quantos sinônimos para as queridas meretrizes?
Nunca tinha visto disso… Quantos meses de pesquisa?
auh iuah iuah auih aiu ha iuha ia
Concordo com a Flávia. O Texto ficou excelente, como sempre. Mas é mais impressionante pela quantidade de vocabulários que você conhece para não deixar redundante o uso das “putas” (rsrs)
BJO
Quem é que tirava o pau brasil? Até parece que o Brasil não continua a ser o domínio de gentes de origem europeia nessas terras.
Prezado Rafael,
Escreve algo novo, P*RRA!
Grato,
Apoiado!
Não podemos prescindir de nossas quengas malemolentes
o turismo vai acabar sem nossas rampeiras
isso aqui ficaria com muita semgraceza se todas as nossas modelos andorinhassem prázoropas
o que seria dos bares das madrugadas sem as esfusiantes vagabas?
como seria de brasília e do congresso nacional sem as marias-gravatas?
e o nosso futebol jamais ganharia outra copa, se não existissem aqui as marias-chuteiras
o mick jagger jamais mandaria algum para o brasil se não houvessem umas lucianasjimenez da vida?
se ficássemos sem as alegres piranhudas
só sobrariam travestis e garotos de programas
benzódeus, eu me mudaria para amsterdam