Mulheres quase perfeitas

Ninguém vai acreditar em mim, mas eu já fui o queridinho das mulheres por aqui.

Aconteceu há alguns anos. Eu fiz um post de uma linha, a Tata viu e me pediu para desenvolver o tema para que ela publicasse em seu blog.

O texto já estava nas suas mãos em menos de meia hora. Era só uma daquelas verdades que eu considero universais: mulheres perfeitas demais são pouco atraentes. Eu não gosto de mulheres de revista, aquelas mulheres que não parecem ter um só defeito ao qual você possa se apegar e reconhecer como a sua marca de singularidade neste mundo. Nunca gostei, nunca vou gostar.

Ele deve ter apelado às mulheres que têm celulite demais, estrias demais, peitos grandes, pequenos ou caídos demais, pernas grossas ou finas demais para os seus próprios padrões — algo em torno de 99,999% da parcela feminina da humanidade. Deve ser o texto deste blog mais republicado por aí.

Deve ter feito tanto sucesso porque podia ser lido como um elogio a elas, porque mulheres e homens gostam de ser elogiados pelos seus defeitos.

Foi um idílio bom que durou até o dia em que eu resolvi falar de adolescentes de 30 anos. Falava de uma amiga, que mesmo agora que se aproxima dos 40 como eu continua mais ou menos da mesma forma, ainda esperando o príncipe encantado e dispensando o que aparece porque além da esquina pode vir algo melhor.

Publiquei o post pela primeira vez quando ninguém lia este blog, e ele passou em branco, claro. Republiquei novamente quando o blog era razoavelmente lido — e o resultado foi uma avalanche de mulheres dizendo que não, que eu era um porco chauvinista e que elas não eram assim, que o meu problema era que eu não comia ninguém, e que isso era bem feito. (Que eu não comia era verdade, como continua sendo; mas precisava dizer que era bem feito?)

Carapuças são vestidas inadvertidamente por gente demais neste mundo; mas felizmente apenas uma parcela bem menor, a menos favorecida por Atena, se ergue nas patas traseiras e manifesta o seu desagrado com zurros altos demais.

A impressão que tenho às vezes é que mulheres demais acharam que o primeiro post era uma declaração de amor a elas, ou ao que julgam representar; mas isso não é verdade; assim como não é verdade que o post sobre adolescentes de 30 anos é uma declaração de guerra a mulheres que se julgam enquadrar na categoria.

Lembrei dos velhos tempos porque o blog Mulheres Impossíveis republicou o texto dia desses. É um bom texto. Continuo assinando embaixo. Continuo não gostando de mulheres perfeitas, ou aparentemente perfeitas. Gosto dos pequenos defeitos. Mas de lá para cá passei a ser mais cauteloso quando falo de mulheres.

Até porque há mais adolescentes de 30 do que mulheres perfeitas por aí.

15 thoughts on “Mulheres quase perfeitas

  1. Somente mulheres e gays gostam de mulheres perfeitas. A atração do homem pela mulher não se dá pela métrica, mas sim pela noção sensorial do que é atraente.
    Homens também; vêem outro homem e não o acham bonito, enquanto um mulher, ou gay, vêem beleza neste homem, beleza essa que está além das medidas. Estão ai Antonio Fagundes, José Mayer, etc. para comprovar.

  2. Entendo pq se tornou cauteloso….
    …se aproxima dos 40 e ainda não consegue comer ninguém….
    Já era hora de mudar, né?

  3. Acho que comecei a falar com vc depois do post sobre as adolescentes balzaquianas. Complicado isso, mas é verdade, vai, vamos assumir isso. Quem nunca conviveu com alguém assim?
    Não é machismo, é realidade. Uma merda que não precisa ser generalizada…não são todas as mulheres, mas uma parcela significativa.
    Agora insistir nesse papo( de novo!!!) é outra história….sei lá…chamariz de leitores? ;0)
    Bom, vale tudo, né?
    Até requentar “polêmicas”
    bj.

  4. off topic: bicho, que bom que eu vim ver o template novo. aquele marrom era provavelmente um padrão do WP, e como eu não conheço, pensei que tu tinha perdido completamente o tesão do blogar como um todo – além do juízo estético. ufa! 😀 ficou muito massa. abraço!

  5. Eu acho ótimo tocar nesse assunto novamente, até porque as adolescentes de 30 não sumiram do mapa, muito pelo contrário. Assim como os gays, elas nos divertem. Isto não é ter preconceito, é a pura realidade. Está aí pra quem quer enxergar. Mas aqui falo da adolescente de 30, a mullher que veste a roupa da sobrinha de 15 e pensa estar abafando. Um dos lances legais de amadurecer é saber aceitar a idade, os anos que se acumulam e sintonizar o respeito a si mesmo.
    Acho sim que não existe principe e é necessário escolher homens e dispensar se não agrada. Vale a máxima, melhor sozinha do que mal acompanhada. Escolher é não perder tempo com aquilo que não lhe interessa. Beijus

  6. Sabe o que é mais engraçado do que o post da adolescente de 30? Os comentários das adolescentes de 30!!! Vc deu espaço pra um grupão de auto-ajuda.cE dá-lhe depoimento e testemunho “tenho 38 anos e o tempo passou….”

    rsrsrrsrs

    beijos

    ps. adoro o mar, mas eu preferia seus pés. era mais criativo….

  7. E o pior é que elas agora já são adolescentes de 40.
    Aliás, aqui em BSB tem um número aterrador de moças deste tipo. O que me transformou em um importador de mulé. 🙂
    E eu sabia que alguém ia sentir falta do seu pé. A natureza humana não falha! :))
    E concordo com o Tiagón, melhorou muito. Abração!

  8. Aline, os pés não eram do Rafael. Também pensava assim até que ele destruiu os sonhos do podólatra Caio uns meses atrás. De qualquer maneira também gostava mais da imagem anterior…

  9. Oi, Rafael!
    Os dois posts são ótimos…não vejo nehum como agressão, apenas como uma opinião muito clara e sensata.
    Existem muitas mulheres de 30 adolescentes (sinto-me assim muitas vezes e logo depois…perdidamente velha e cansada) e gente perfeita, não existe…ainda bem!!!
    Beijos

  10. Quer voltar a ser popular com as mulheres internautas? Espera pérolas como essa que eu encontrei em um blogue que, por post, recebe pelo menos dez mensagens femininas que eu descreveria como “quase molhadas” :
    “Eu divido a ala masculina em três categorias de atuação emocional: homem-tomate (grudento, que gosta de ser pisado), homem-banana (que zela por uma aparência, escorrega na linguagem e não se entrega) e homem-romã (que se abre inteiro e harmoniosamente).”
    Em outras palavras você precisa se transformar como o autor dessa pérola, algo que eu chamaria de um quarto tipo de homem: o homem abobrinha.

  11. Nossa, eu estava estudando um texto legal do seu blog há semanas para deixar um comentário. Mas cada um que leio, supera o anterior e, por similaridade, eu resolvi me apresentar nesse texto.
    Eu acho incrível como a raça humana consegue ser bela e caótica em questão de minutos. Eu sou uma mulher de 24 anos hoje, mas não deixo de ser contente por isso. Não sou perfeita aos olhos dos fotógrafos de uma Playboy, mas me sinto extremamente em paz com a minha condição hoje. Tenho saúde, fumo um bocado e assim como você vejo gente torcendo o nariz quando sentem o cheirinho do cigarro, mesmo eu sendo politicamente precisa na hora de acender um.
    Fico muito feliz que aos seus olhos as mulheres perfeitas não sejam as que a grande maioria considera perfeita. Chega a ser pavorosa a idéia de que devemos nos encaixar num molde de corpo ideal, vivendo de maçã verde e Marlboro pra sustentar a belezura.
    Eu gosto de ter lugar onde possa ser pegado e não me importo de ser uma adolescente de 40 ou 50, desde que eu saiba aproveitar isso da melhor maneira possível, sem ficar me penitenciando por isso ou aquilo.
    Gostaria de dizer que é uma delícia ler as coisas que você escreve… parece que seus pensamentos são tão claros e muito criativos.
    Vou passar aqui mais vezes, porque é ótimo ter humor de conteúdo e pessoas como você, que não pensam juntamente com uma massa. Que fazem a diferença da maneira que considera melhor. E tem aceitação e faz os que por aqui passam refletir, se divertir e se sentir bem.

    Um grande abraço.

    Lana

  12. venho sendo bastante acusada de intolerância e esse comentário será uma prova cabal dela: não tolero as adolescentes de 30 anos que embirraram com você! 😉

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