O André Setaro é um dos melhores críticos cinematográficos brasileiros, e leitura obrigatória de todo dia. Seu blog é uma verdadeira aula de cinema.
Mas ele ontem fez um post com o qual eu não concordo. Nele, detona a idéia de dublagem.
Eu até entendo o Setaro. Como qualquer pessoa que se arvore dona de algum nível de sofisticação intelectual, eu também prefiro filmes na voz original. Assino embaixo de todos os exemplos dados por ele. Mas daí a odiar toda e qualquer dublagem vai um longo caminho.
Há algum tempo, alguém fez um libelo anti-dublagem num blog por aí. Infelizmente não lembro quem — e não faço questão de lembrar. Li na época e fiquei fascinado pela capacidade que as pessoas têm de ser esnobes e pedantes. Vi também um reflexo do que achei ser um certo sentimento de colonizado, a noção de que tudo em língua de gringo é melhor, não interessa o quê — e é a isso que leva a idéia de que toda e qualquer dublagem é ruim e deletéria.
Mas além do ângulo sociológico, do fato de que se se investe cada vez mais em dublagem é porque há um mercado ávido por isso, que deve ser respeitado, há questões estéticas interessantes.
É até compreensível que cinéfilos não gostem muito de dublagem. O trabalho do ator não pode ser apreciado completamente com ela. Mas além da questão de princípios, há um certo exagero. Porque para um Marlon Brado a dublagem é realmente prejudicial, represents a morte da genialidade de sua atuação. Mas alguém tem certeza de que no caso dos atores de “Hannah Montana” ou da série “Crepúsculo” — se a dublagem for boa, ao menos — isso faria muita diferença? A maioria dos atores de qualquer filme é fraca, fraca, e isso vale até para astros: para mim, pelo menos, a dublagem brasileira da abertura de “Jornada nas Estrelas” (da grande, excelsa, maravilhosa AIC São Paulo) é infinitamente melhor que a vozinha furreca de William Shatner, no original, ao fugir do naturalismo americano e adotar a impostação de voz típica do rádio e TV dos anos 60.
Alguém prefere, de verdade, um documentário daqueles do Discovery cheio de imagens belíssimas em câmera lenta com as legendinhas embaixo? Se você prefere você é um tolo, porque não apenas não ganha nada em termos de “atuação”, como ainda perde boa parte da ação do documentário porque está ocupado lendo as letrinhas.
Resumindo: demonizar a dublagem como algo intrinsecamente ruim é bobagem.
A dublagem possibilitou a milhões de pessoas conhecer e se apaixonar pelo cinema desde muito cedo. E embora seja realmente uma alteração na idéia do filme como obra de arte, o fato é que a dublagem não atrapalha em excesso a compreensão do filme. Sem ela, por exemplo, mesmo esses esnobes (que estão num limbo curioso: não são sofisticados o suficiente a ponto de ver os filmes sem a legenda, mas tampouco admitem a idéia da última vagaba do Lácio nas oiças) não poderiam assistir a desenhos ou filmes quando eram crianças.
Qualquer pessoa que prefira um desenho animado em sua língua original às versões brasileiras tem problemas sérios, na minha opinião. Porque nenhum desenho animado fica melhor no original. Mesmo a versão brasileira do “Rei Leão”, cujo Scar original foi dublado por Jeremy Irons, está à altura do original. Até hoje, quando vejo desenhos animados em inglês, sinto falta das inflexões linguísticas que só um brasileiro pode dar. Eu não me reconheço naquelas vozes, nem acho que isso seja necessário, como seria com um filme em live action.
É por isso, por causa de coisas simples como essas, que não consigo condenar a idéia de dublagem. E talvez minha tolerância venha do fato de que, como quase todo mundo da minha idade, eu seja filho dela.
No início, a dublagem era feita nos próprios estúdios em Hollywood (que além disso eventualmente refilmavam filmes inteiros com atores de um mercado específico, como o México). Era o início da consolidação do studio system e as coisas eram feitas em casa. Mas eles perceberam logo que podiam alcançar melhores resultados se deixassem que a dublagem fosse feita nos países de destino — além de ser mais barato, claro.
E assim surgiram os estúdios de dublagem, como a Herbert Richers e a AIC de São Paulo. Dubladores eram geralmente atores, dos bons. E por causa deles, em algum momento — principalmente entre o fim dos anos 60 e começo dos 70 — a dublagem brasileira alcançou um nível de qualidade invejável. Eu não duvido que em muitos filmes os dubladores fossem melhores que alguns dos atores originais.
Por causa deles a ligação emocional que eu e certamente muita gente temos com a dublagem é enorme. Virtualmente todos os filmes a que eu assistia na TV quando criança eram dublados. Cresci ouvindo dubladores incríveis. Para mim, pelo menos, “Disneylândia” só é “Disneylândia” com a narração do Márcio Seixas. A voz de Isaac Bardavid. Newton da Matta. Helena Samara, a Endora de “A Feiticeira”. E um dos mais fantásticos de todos, o Carlos Vaccari. Todo mundo conhece o Vaccari; pelo menos todo mundo com mais de 30 anos. Vaccari era aquele que anunciava: “Versão brasileira: AIC, São Paulo”. Ou “A Fox Film do Brasil apresenta…”
Aquela foi a era de ouro da dublagem. Obviamente, já faz algumas décadas — e os últimos resquícios dela estão, hoje em dia, no canal pago TCM. Hoje a dublagem é ruim. Muito, muito ruim. Os novos estúdios são de uma mediocridade estonteante. O curioso é que nunca foi tão fácil dublar: hoje cada dublador pode fazer seu trabalho sozinho, de maneira não-linear; antigamente tudo tinha que ser feito ao mesmo tempo. Um erro e todo o trabalho (medido por anéis de filme) era perdido; e não apenas o de uma pessoa.
Há vários sites dedicados à dublagem. E um site específico, o Vídeo Séries, vende seriados antigos com a dublagem original.
15 anos depois e eu ainda me maravilho com essa diversidade da internet. É o que me salva no esnobismo.
O seu exemplo dos documentários é completamente inválido quando se trata de Sir Attenborough.
hahah
eu acho que é uma mera questão de hábito.
te dizer que eu sempre compartilhei a ideia de que a dublagem era legal em desenhos animados. achava estranho alguns desenhos na voz original… até que depois de ver uns 2 ou 3 Simpsons no original, não gosto mais da versão dublada.
A versão original é melhor. A voz de Homer é melhor, ainda mais depois que a versão brasileira dele mudou de dublador. E, além disso, tem piadas que perdem o sentido ao serem traduzidas.
Em toda tradução se perde alguma coisa.
uma dúvida: a dublagem dos desenhos clássicos da disney eram feitas em hollywood ou aqui no brasil?
Marcos,
Não acho. Não estou tratando de fãs, e sim de gente que quer ver e aprender algo, pura e simplesmente. O resto é preciosismo bobo.
jv,
Acho que você tem razão quanto ao hábito. E sempre se perde algo na tradução, é verdade. Um caso recente é “Megamente”, em que inventaram uma tal de “eschola”: a piada só podia ser feita em inglês, com “school”. Mas se for por esse argumento ninguém lê Dostoiévski, né? E quem não fala francês evita Balzac e Proust. Kundera, nem pensar.
Victor,
Eram feitas no Brasil: http://casadadublagem.freevar.com/materias_disney.html
Só um comentário, o meu site Casa da Dublagem mudou de endereço, agora a extensão é besaba.com, e não mais ueuo.com, corrigindo o endereço que o Rafael Galvão escreveu.
Um abraço.
Dois nomes apenas: Dr. Zachary Smith (Perdidos no espaço) e Maxwell Smart (Agente 86). Melhores que os originais, que eram bons.
Rafael, gostaria de agradecer seu comentário e dizer que infelizmente existe um preconceito elitizado contra a dublagem. Com o surgimento dos canais fechados, a legendagem no Brasil ganhou destaque. Obviamente os mais novos não sabem que tudo na TV era dublado. Ninguém questionava ou nem sabia o que era dublagem! Noviça voadora, Tunel do tempo, Terra de Gigantes, Perdidos no Espaço ( a voz do Smith é incomparável!); Mulher Maravilha, Sessões da tarde com todos os filmes do Elvis e Jerry Lewis. Além dos desenhos animados, claro!!
Acho que é uma questão cultural mesmo, pois na Europa é o contrário. Agora que a legendagem está começando a ter seu espaço no mercado! Tudo literalmente é dublado na França, Itália, Espanha, Portugal! Sou tradutora de dublagem, dubladora e professora de “Técnica de tradução para dublagem na PUC=RJ”. Concordo plenamente com vc, quando diz que a qualidade da dublagem piorou com o surgimento das pequenas empresas e da tecnologia que acaba “sujando” o bom trabalho. Tenho o privilégio de conhecer os ícones da dublagem que são meus amigos e colegas de trabalho. Estou fazendo um levantamento histórico da tradução para dublagem no Brasil e juntando material para minha futura tese de mestrado. O brasileiro critica, mas não tem noção do que é o processo da dublagem desde a tradução até o a produção final que vai para o telespectador. Para mim isso é uma ignorância. Para vc fazer uma crítica é preciso ter fundamento contextual!! abraços. Dilma
Aqui na Espanha todos os filmes são dublados(creio que por toda a Europa),raramente encontramos filmes em suas línguas originais.Eu moro em Barcelona e aqui em Catalunya existe um movimento forte de cinema e de uns anos para cá estão dublando também em catalão,para o meu desespero.
Sempre preferi os filmes em línguas originais e legendados quando vivia no Brasil mas confesso que me acostumei tanto a dublagem que nos permite manter concentração total do que está acontecendo na tela que hoje não troco.
Parabéns por mais esta publicação…..concordo com vc. em gênero número e grau…..
Obs: Já tive a oportunidade de ler outras publicações de sua autoria , e gostei muito….acho que me identifico muito com elas…..mas é a primeira vez que comento…..!!!
Abraço , Roberto.
” a dublagem brasileira da abertura de ‘Jornada nas Estrelas’ (da grande, excelsa, maravilhosa AIC São Paulo) é infinitamente melhor que a vozinha furreca de William Shatner, no original, ao fugir do naturalismo americano e adotar a impostação de voz típica do rádio e TV dos anos 60.”
Mas por que um capitão da década de 60 do Século XXIII-nascido em Iowa, aliás- falaria como um crooner brasileiro da década de 60 do Século XX? “Droga, Jim”, ele é um capitão da Frota Estelar, não um locutor de rádio.
Dilma Machado,
Mas o contrário também acontece, acho. Programas que, por não dependerem tanto da imagem e por terem um público-alvo mais velho (e, presumo, mais escolarizado), poderiam ser legendados, mas acabam dublados. E, de qualquer maneira, em muitos casos, o elitismo-ou seja o que for- não resiste e acaba não sendo ameaça. Não sou muito de ver televisão, mas eu me lembro dos tempos em que o Telecine gabava-se de usar legendas em vez de dublagem (lembro que uma das propagandas usava uma cena de Denzel Washington em Nova Iorque Sitiada). Teve que ceder e continua cedendo. Tudo considerado, eu acho mais provável que os filmes dublados estejam avançando nos espaços mais adequados aos filmes legendados do que o contrário.
Além disso, parece-me injusto-e tão pretensioso quanto os fanáticos da legendagem- cobrar de quem está querendo assistir a filmes, não defender tese, conhecer “o processo da dublagem desde a tradução até o a produção final que vai para o telespectador.” É como exigir um mestrado em Engenharia Mecânica e de Automóveis de quem reclamou dos freios. Ou o produto é bom-ou, pelo menos atende às necessidades do consumidor específico- ou é ruim (ou simplesmente não interessa a um determinado consumidor, talvez interesse a outro). Se as pequenas empresas estragaram a dublagem, outra razão para preferir as legendas (assim como há razões para preferir a dublagem).
Abraços,
Júlio Santos
Leonard McCoy,
Acho que houve um mal-entendido aqui, Eu não me referi a James T. Kirk, capitão da Frota Estelar. Falei de William Shatner, mero ator (dos fuleiros) e provável assassino da esposa.
Sim, mas, salvo engano meu, a ideia é que quem está recitando a icônica abertura é o capitão Kirk (que, coincidentemente, é tão genialmente canastrão quanto Shatner). Foi uma escolha pensada: afinal, não deve ter sido por falta de grana (apesar do orçamento apertado da série original) que não chamaram alguém de fora do elenco para narrar.
Veja por exemplo:
“Ao contrário do que foi feito na versão original em inglês e na dublagem atual da empresa VTI-Rio, nas gravações da AIC não cabia ao capitão Kirk o célebre discurso exibido na abertura da série, mas a um narrador. O sortudo foi Antônio Celso, dublador de voz poderosa, bastante parecida com a de Astrogildo. É a versão gravada com ele que consta de todos os episódios gravados pela AIC.”-http://www.trekbrasilis.org/classico/tos/especiais/vozes.htm
Acho que a questão cultural influi muito. O cidadão analfabeto que vai ao cinema só pode assistir filmes na língua local ou dublados. Na Itália todos os filmes são dublados e as pessoas me olham torto quando conto que no Brasil são legendados. E como sou brasileiro, também prediro filmes em língua original.
🙂
Eu acrescentaria o fato de que quando o filme é em uma língua que não compreendo (iraniano ou mandarim, por exemplo) eu invariavelmente ativo a dublagem. Claro que quando é em inglês, espanhol ou mesmo francês eu prefiro no original.
Não tenho nem experiência nem conhecimento específicos para impugnar os depoimentos que falam aqui da onipresença da dublagem nas Oropas, mas eu observo que muitos dos europeus em http://www.zompist.com/amercult.html, além do americano e do brasileiro, afirmam ser a legendagem mais comum em seus países do que a dublagem (alguns desses europeus afirmam ser a dublagem restrita a filmes infantis). O que, mesmo se verdade, não prova nada contra a dublagem ou a favor dela, mas a experiência de países que levam a produção artística a sério deve ser pesada com cuidado.
A preguiça, Cid da Era do Gelo, não tem a menor graça sem a dublagem em português, assim como o Hommer, o Bart, ou a Marge Simpson, agora essa campanha ridícula que a Sony, por exemplo está fazendo pressionada pelo sindicato dos dubladores só porque esses vagabundos querem garantir seu empreguinho com essa dublagem horrorosa de ultimamente é que está errado.
Ultimamente está assim: sempre alguma classe de profissionais incompetente querendo garantir seu dinheirinho no tapetão. Coisa dessa esquerda sem vergonha.que se desenvolveu nos últimos anos no Brasil.
A questão é que quem não gosta de dublagem geralmente são cinéfilos, ou no mínimo pessoas que prezam pela qualidade e coerência da obra (como não perder a atuação da voz, e as piadas da própria língua). Mas isso é superfluo para os demais, que se divertem sem observar e analisar filmes e os atores como um intelectual. Acho importante as dublagens pois elas possibilitam um primeiro contato com os filmes para os analfabetos, crianças, e para os surdos. Muitos brasileiros podem aproveitar com a dublagem um Casablanca ou um Guerra nas Estrelas. Eu, por exemplo, assistia muitos filmes dublados (realmente, a dublagem de hoje é pior que a antiga!) e só na adolescência dei preferência para o áudio original.
“A preguiça, Cid da Era do Gelo, não tem a menor graça sem a dublagem em português, assim como o Hommer, o Bart, ou a Marge Simpson”
Mas, com todo respeito, o que isso significa? Que as piadas são intraduzíveis só na legenda? Que os americanos criaram um monte personagens importantes e incrivelmente bem-sucedidos no mundo inteiro (a começar pelos próprios “Isteites”) que só funcionam com texto (ou com interpretação) brazuca? Não sei o que seria mais impressionante, a dificuldade de uma tal façanha ou o fato de ninguém ter reparado que o Hommer não tem graça (desde o começo em vez de a partir da Xª ou da Yª temporada). Mesmo em uma língua que me seja completamente desconhecida, acho que a legendagem, por fornecer a atuação original, dá-me mais informações sobre o que está acontecendo (e, no caso de uma comédia, sobre o que é tão engraçado, afinal de contas) do que a dublagem. Não duvido que algumas dublagens sejam superiores ao origina,l mas isso não justifica a preferência pela dublagem em geral; tendo em vista as observações feitas sobre os defeitos das dublagens mais recentes, é relativamente improvável (tão improvável e raro quanto o tradutor que “conserta” o original; aliás, se o original precisa ser consertado, provavelmente não vale a pena perder tempo com a obra em questão).
Thiago:
Desculpe, na pressa eu escrevi e acentuei de forma totalmente errada esse comentário.
Eu quis dizer que as vozes do dubladores brasileiros citados, principalmente o da preguiça Cid, são muito mais engraçados que as vozes originais em inglês.
Serge,
Não duvido que isso aconteça, mas é o tipo de exceção que, acho eu, não serve para defender a preferência em geral por um método. Em primeiro lugar, mesmo defensores da dublagem estão dizendo que, de uns anos para cá, o nível geral da dublagem caiu muito. Em segundo lugar, como regra geral, parece-me mais acertado apostar no tirocínio e na vontade de acertar de quem planejou o original (e provavelmente teve tempo e outros recursos para encaixar bem os diversos aspectos da obra-áudio, vídeo, etc) do que apostar cegamente na possibilidade da dublagem brasileira melhorar o original (o que é bônus, não o obrigação dela, aliás). Como regra geral, repito: há exceções, claro, e não concordo com o radicalismo de Setaro, que, depreendo pelo texto dele linkado, passa mal só de pensar que algo como dublagem possa existir nesse mundo.
Eu gosto de filme legendado mas fico corrigindo a legenda quando essa não bate com a fala em inglês.
Eu odeio filmes dublados, por diversas razões. Acredito também que alguns programas perdem muito quando são dublados, como aqueles cuja estrutura e andamento estão diretamente ligados à personalidade de quem apresenta (soa muito estranho, pra mim, ver Anthony Bourdain com a voz de outra pessoa, por exemplo; é diferente quando é apenas uma narração, como ocorre com muitos documentários). Entretanto, como até comentei no post do André Setaro, entendo a preferência pelo dublado por parte de algumas pessoas: dificuldades de visão, de leitura, ou simples questão de gosto. Acho que há espaço para todos – no caso do cinema, sessões separadas (espero que as sessões legendadas sempre existam, senão infelizmente desistirei de ir ao cinema…); no caso das TVs fechadas, bastaria que adotassem o dual áudio – opção dublada e opção de idioma original com legenda. Para isso pagamos (caro) e não consigo entender porque a preferência de uns tem que se sobrepor à preferência de outros, se a alternativa é possível!
isso da entonação do ator procede bastante também.
por exemplo, no desenho Bee Movie grande parte da graça era a dublagem de Jerry Seinfeld, com os trejeitos de Jerry Seinfeld. O desenho dublado, que foi como passou na maioria das salas brasileiras, perdia totalmente isso.
Lendo o JV falar do Seinfield, me lembrei de uma dublagem que destruiu o filme. Foi no Coração de Dragão, em que o dragão em questão tinha a cara e os trejeitos do Sean Connery e era dublado pelo mesmo e no Brasil foi dublado pelo Miguel Falabella. Vocês podem imaginar a coisa que ficou.
“Eu gosto de filme legendado mas fico corrigindo a legenda quando essa não bate com a fala em inglês.”
O que, aliás, não é uma opção com as dublagens, que, provavelmente, são ainda mais imprecisas do que as legendas.
“e não consigo entender porque a preferência de uns tem que se sobrepor à preferência de outros, se a alternativa é possível!”
Pois é.
Concordo inteiramente com vc, Rafael Galvão! Se o filme é ruim, pouco importa quem está dublando, mas se o o filme, desenho ou série é legal e tem bons dubladores, é muito mais marcante! Amo o trabalho do Guilherme Briggs (Buzz Lightyear de Toy Story, Cosmo de Padrinhos Mágicos, Castores Pirados, Rei Julian de Madagascar). Esse cara é incrível! A versão dublada de Os Simpsons, pra mim, é melhor que a original. Também adoro os dubladores do Chaves e o cara que faz a primeira voz do Flap Jack. Ele é simplesmente impagável e depois que trocaram a voz, o desenho perdeu a graça. Respeito muito os bons dubladores brasileiros!
Talvez o libelo ao qual você se refira, Rafael, seja o de Pablo Villaça: http://www3.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2012/01/19/Os-maleficios-da-dublagem.aspx
O Pablo Villaça tem um maneira bastante incisiva de argumentar e, apesar desse tom, eu confesso que concordo com ele — e também com o Setaro. Claro, como sujeito normal que sou, também concordo com suas concessões: os desenhos não devem ser legendados e, recentemente, assisti Ferris Bueller’s Day Off assim mesmo, no original, e quase peguei desgosto pelo filme.
Mas diante do atropelamento produzido pelo mercado ávido a que você mesmo mencionou, quase excluindo sessões legendadas, condenando à “marginalidade” os apreciadores do áudio original em nome do lucro (sem falar nos programas de televisão), eu me sinto compelido a fazer coro a uma postura menos branda.
Parei de ler quado vc citou Crepusculo como exemplo de atores ruins. Se vc nao sabe o filme e feito para quem gosta, para o publico do filme, que posso te dizer com certeza que amam e acham perfeito a atuacao de todo o elenco. Haters como vc nao fazem a menor diferenca.
É sempre assim, as pessoas mais velhas reclamarem da dublagem de hoje, com aquela frase ” na minha época era melhor “. Vejam a dublagem dos desenhos da Cartoon Network de hoje, e me falem se está ruim. Na minha opinião está perfeita. Há um desenho chamado ” Apenas um show ” na qual um dos protagonistas é dublado pelo próprio criador da serie na versão america, e me diga se está bom, eu achei ruim, mas tudo depende de gosto né. Masbeu concordo que cada um tem seu gosto e deveria ter espaço para os dois, tanto no cinema, quanto na TV, pelo menos tem dual audio noa canais pagos agora.
Os comentários a favor da legenda foram tão bons que fiquei sem palavras… Que bom que agora os canais de tv e alguns cinemas dão a opção para o som original ou a dublagem e assim ficamos todos felizes…