Índio quer apito

Por favor, alguém demita Mércio Gomes. O governo Lula já tem problemas suficientes para se preocupar com um lunático que não pára de falar o maior amontoado de besteiras que um presidente da FUNAI (órgão não muito famoso por seu brilhantismo) já conseguiu na história da instituição.

O Gomes é o sujeito que justificou o massacre dos garimpeiros dizendo que os índios “estavam defendendo a sua terra”. Sinceramente, raramente vi argumentos mais imbecis do que esse. Por esse raciocínio, fazendeiros podem matar invasores sem-terra. Afinal, eles também vão estar defendendo sua propriedade. Aliás, cá para nós, é uma bobagem que ganha até mais legitimidade na boca da UDR.

Mércio Gomes representa, acima de tudo, uma visão equivocada e perigosa da questão indígena: a idéia de que índios são seres diferentes. O engraçado é que ao ver o cacique Cinta-larga, Pio Cinta-Larga, falando na televisão, não foi essa a impressão que tive. Deve ter sido por causa da camisa Lacoste (provavelmente falsificada) que o índio usava.

Pode ser bonitinho falar em cultura indígena, em modo de vida milenar — mas na prática índios cada vez mais se tornam apenas cidadãos de segunda categoria, que em contrapartida lutam por algumas pequenas regalias.

Logo depois das primeiras palavras bonitinhas do cacique Pio, ele finalmente revelou quais as intenções da tribo: eles querem que o governo legalize o garimpo para que os índios embolsem um trocado. Aquela conversa de valores culturais, de respeito à natureza, todo aquele blá-blá-blá de repente vira a mesma língua que eu e tantos outros “brancos” falamos.

Querer explorar o garimpo é direito deles, claro. Mas mostra que essa abordagem de diferenciação absoluta das tribos indígenas é um equívoco. Nisso, eles estão cada vez mais parecidos com o brasileiro comum. Às vezes, inclusive, mais parecidos com o brasileiro malandro comum: cada vez mais índios vêm se tornando parceiros de contrabandistas de pedras preciosas, de madeireiros — e no fim das contas ficam iguaizinhos àquele político corrupto que, em comícios pela honestidade, enche a boca para falar do dinheiro público.

Índio quer apito e é um direito dele. Mas se é para apitar, que apite igual a todo mundo.

2 thoughts on “Índio quer apito

  1. Não é uma questão muito fácil porque afinal de contas quando supostamente “descobriram” o Brasil ele já era habitado por índios e quem poderia impor regras para eles e obrigá-los, crendo que é o mais justo,a se fixar em uma só região?Então a legislação brasileira os inclue como casos especiais e que de certo modo não são obrigados a respeitar a constituição mas estamos nos mesmo território..fica difícil…como provar que são verdadeiros alguns desses que se dizem índios e que não querem criar problemas?O mesmo acontece com os sem-terra, a imagem deles está um pouco “manchada” pois muitos os veêm como criadores de caos pois com certeza entre eles há baderneiros,como em todos os lugares.Entramos em uma questão de caráter…difícil mesmo…é mais fácil culpar os portugueses!!
    Mas a culpa será de alguém ou de todos nós?

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