Post para o Idelber

Caro Idelber,

Uma das coisas que me interessam, ultimamente, é a evolução da religiosidade dos afro-americanos. Na verdade, não sei nada sobre isso. A impressão que eu tenho é que, ao contrário do Brasil, aí em riba os negros foram quase totalmente aculturados, se tornando evangélicos ou muçulmanos (o que não teve chance de acontecer aqui por causa da revolta dos malês em 1835).

Mas isso pode se dever a tantos fatores diferentes que não dá nem para começar: origem dos escravos americanos, fatores sociais na América (exemplo: ao contrário do Brasil, parece que aí os senhores incentivavam a formação de famílias, porque a importação era mais cara), essas coisas.

A Louisiana, além daquela coisa cajun que, daqui de baixo, me interessa pouco ou nada, é também sempre mostrada como o lugar onde o vodu se estabeleceu mais fortemente nos EUA. “Coração Satânico”, essas coisas.

Isso tem conseqüências diretas na forma de combate ao racismo; por exemplo, tlavez se possa afirmar, a partir da análise de características diversas — uma das quais as manifestações religiosas aí em cima –, que a ação afirmativa americana talvez não tenha espaço no Brasil.

Se desse para você fazer uns postzinhos sobre isso eu ficaria muito feliz, sabe? Ou mesmo em comentários. Ou e-mail. Você escolhe, se puder.

Agradecido,

Rafael

As alegrias que o Google me dá (XX)

barrio bela vista en porto alegre
Os argentinos estão chegando! Os argentinos estão chegando! Crianças, mulheres e rafaéis primeiro!

blogs que mostram e falam em sacanagens e sexo
Este blog não fala isso. São os sujeitos que nem você, que vagam por esta internet sem lei afora tentando saciar seus apetites inconfessáveis, que acabam com a fama do pobrezinho.

ver video de pornô sem precisar de dinheiro e cartões e cheque gratis
Quase. Aqui precisa de tique. Tique refeição. Se não tiver, serve vale-transporte.

fotos e vida dos esquimos na atlantida
Rapaz, eu passei dias tentando escrever algo que valesse a pena. Escrevi uma dezena de historinhas. Meti até Platão no meio. Mas fiquei com medo de estragar a beleza dessa frase, a idéia de juntar esquimós e Atlântida. Algumas coisas já nascem prontas.

peitos peitinhos peitoes
Bundas, bundinhas, bundões; bobos, bobinhos, bobões. Posso ficar nisso até amanhã, deitado na rede, coçando o bicho-de-pé no dedão com uma expressão de idiota feliz.

meu canarinho vai deixar a gaiola
Compre um periquito.

como cara casado resolver quando descobre que é homosexual (Via LLL)
Vamos por partes. Em primeiro lugar, você não descobriu, não é? Esse é o discurso que você quer jogar em cima de sua mulher, mas sabe que não é bem assim. Você apenas aceitou, finalmente, o que tinha medo de aceitar. Mas isso não vem ao caso. Depois de muito pensar, acho que a melhor solução é você perguntar para sua mulher se não quer viver em um adorável ménage a trois, você, ela e o guapo rapaz pelo qual você se apaixonar. Ela continua com o marido que ama, e de lambuja ainda ganha um outro amor. Dois pelo preço de um. É um bom negócio. Se eu fosse mulher, aceitava na hora. Isso, claro, se sua mulher for um bagulho. Mas se ela for uma gata, daquelas de arrebatar coração de bombeiro, ô, cumpadi, desocupa a moita aí.

posiçoes pra quem penis pequeno
De cabeça baixa, envergonhado?

himen adulta foto
Tá vendo, minha filha? Ficou regulando mixaria, regulando mixaria, e quando viu ficou velha e no caritó. Bem feito.

paris hilton e seu namorado
Qual deles? O que filmou a saliência, a menina com a boca cheia, ou o que encheu a cara dela de porrada, a menina com a boca quebrada? Não interessa. A moça tem uma capacidade incrível de namorar cafajeste.

como resolver quem tem pinto pequeno
Este blog tem realizado reiteradas tentativas de ajudar, sabe? A gente dá conselhos, oferece o ombro, diz palavras de encorajamento. Mas nem sempre adianta. Não tem psicanalista freudiano lacaniano junguiano que dê jeito.

coletivo de palavra
Eu já ouvi uma professora dizer que é frase. Ela deve acreditar que o coletivo de pneu é carro.

comi aquela vagabunda
Ah, foi você, né? Depois fica vindo para cá querendo saber se pus no pênis é sinal de alguma doença.

modelo de um blog de um recem nascido
21 de janeiro de 2005
Buáááááááaááááááá!
22de janeiro de 2005
Buááááááááááááááááááá!
23 de janeiro de 2005
Gu…
24 de janeiro de 2005
Buáááááááaááááááááááá!

quando o ônibus sumir na estrada lagrimas vão rolar nos olhinhos meus
Que fofo. Tão lindo. Fico imaginando a senhora no meio daquela estradinha de terra, olhando para seu filho que vai tentar a vida em Sumpaulo. Mas se eu estiver errado e for o senhor, ah, meu filho, toma vergonha nessa cara e seja macho.

maiores peitos do mundo penis pinto
Ou “o travesti que errou na dose de silicone industrial”.

textos lindos
Aqui, amigo? Justo aqui? Olhe à sua volta. Veja a sacanagem que o Google fez com você.

fotos de homens com bunda grande
São aqueles que têm demais onde menos precisam. A natureza tem umas coisas injustas.

aumentar tamanho penis tecnica gratis
Coloque o minúsculo na tábua de carne. Com um martelo bata como quem bate um bife. Voilá. Você não apenas tem um pinto maior como, além disso, descobriu como fazer render um tiquinho de carne.

apanhado a bater punheta
Ih, rapaz, o português punheteiro se ferrou.

fotos de so peitos muito grandes e brancos
Ah, pobre cego… Em primeiro lugar, para um sujeito que está atrás de uma foto para descascar uma você está muito exigente. Baixe a bola. Segundo: você não sabe as delícias que está deixando passar. A Isabel Fillardis, por exemplo.

resumo historia de sergipe
Colonizado por Cristóvão de Barros, finalmente independente, colonizado de novo pelo Chiclete com Banana, Asa de Águia e quetais.

como cultivar a erva
Ô chincheiro, maconha dá até em pedra. Fique tranqüilo.

como aumentar seu penis sem ter que pagar nada
Método piada de negão: amarre uma pedra bem pesada ao pobrezinho. Ande com ela para cima e para baixo. Se ao fim de duas semanas não tiver aumentado, console-se: pelo menos na cor está igual ao Long Dong Silver.

branca de neve é puta
Dizem que era. Os anões eram os cafetões. Mas aí veio o príncipe e a tirou deste lugar, e a levou para morar consigo, e não interessa o que você vai pensar.

nomes para casas de bobos
Villa Rafael.

foto de torcedor do flamengo
Você está atrás de um neguinho desdentado com um radinho de pilha em um ouvido e a mão na cabeça na geral do Maracanã, enquanto o pessoal da arquibancada joga copos com xixi em suas cabeças, não é? Olha, eu não ligo para o seu preconceito, não. Porque se você for vascaíno, tricolor ou botafoguense, está na mesma lama que a gente. E se for torcedor de qualquer outro time fora do Rio, realmente acha que a gente liga, é?

resumo do filme da queda do muro de berlim o fim dos czares russos
Você exagerou na compressão histórica. 72 anos em um filme só é demais para qualquer um. Aliás, você tem idéia do que está falando?

laico oque é
Cachorro russo, marido da Laika, que vive enchendo a cara de vodca desde que a mulher morreu no espaço. Nunca perdoou a morte de sua esposa. Ela podia ser uma cachorra, e era, mas era sua mulher, diabo. Ele nunca se recuperou, coitado, e depois de um tempo pediu asilo político nos Estados Unidos e se tornou secretário de Henry Kissinger. Mas não deixou a vodca; a diferença é que agora só bebe Wiborowa.

tutorial como aumentar o tamanho do meu penis
1 – Arranje um espelho que distorça as imagens. Para mais, claro.
2 – Olhe para o espelho.
3 – Não olhe para o pinto.
4 – Convença-se de que aquilo que você vê no espelho é verdade.
5 – Nunca mais olhe para o seu pinto.
6 – Nunca mais preste atenção ao que dizem.

o que significa afrodita
Significa que você precisa fazer o primeiro grau novamente.

fotos de penis de macho
A última acabou ontem, mas em compensação tenho umas fotos de pênis de fêmea que você precisa ver…

onde achar putas menores
Para combinar com o seu pinto pequeno e sua cabeça de merda, não é, idiota?

histórias da branca de neve mas mas com a historia diferente da que nos conhecemos
aqui. Imprima e, sem ler, ofereça ao seu filhinho de oito anos. Ele vai adorar.

nomes bonitos
Rafael.

claudia ohana pentelho
Pleonasmo não vale.

pequeno burguês o que é
Pobre metido a besta.

paulo francis racista
Lembrei de um momento do Manhattan Connection, quando ele ainda prestava. Aquela sumidade que é o Caio Blinder, o macaco de repetição da Time, perguntou ao Francis qual a sua primeira experiência com o racismo (os dois eram judeus). Francis, que sabia das coisas e que era branco elitista numa terra de mamelucos, respondeu com outra pergunta: “Que eu sofri ou que eu cometi?”. Aí está toda a diferença entre Francis e Blinder.

fotos de penis grande verdadeiro
Por quê? Não é o seu, nunca vai ser o seu, você não pode querer que seja o seu. À parte isso, tens em ti um pequerrucho menor que o de todo mundo.

só me arrependo do que nao fiz
O que quer dizer que você é uma anta que não aprendeu nada com todas aquelas cagadas que fez ao longo da vida.

espero que tenha chegado bem da viaje já estou com saudade devcs
“Chegamos, sim. Nosso primeiro dia na escola foi muito bom, conhecemos novos amiguinhos, e aprendemos que viagem se escreve com G e termina com M, e que o tempo do verbo tem uma tal de concordância que a gente vamos aprender amanhã.”

metodos para crescer o penis gratis
Método bungee jump: amarre uma corda elástica à glande do seu pequeno amigo. Pule da Rio-Niterói. Se não der certo, volte aqui para reclamar.

fotos de homens mostrando o pinto mas que esteja uma mulher supando
Tão linda essa ressalva. Bela condição. E se eu soubesse o que é supar (tornar super?) eu acharia mais bela ainda.

posso ver as fotos do mamonas mortos
Não, não pode. Coma o seu miojo e vá dormir que já está tarde.

faz mal depilar o penis
Isso eu não sei. Mas que me faria gargalhar, ah, faria.

as americanas são chatas
Não, são neuróticas. Chatas são só as bundas delas.

alexandre o grande fotos de roxana
Em seu “Vidas Paralelas”, Plutarco conta o escândalo que abalou a Macedônia quando a esposa de Alexandre mostrou a sua Roxana na PlayWarrior. Alexandre não tolerou ver o repouso do guerreiro disponível para toda a Macedônia. Ele mandou recolher toda a edição das bancas, mas algumas sobreviveram para a posteridade. Com isso, Alexandre teve um desgosto tão grande que encheu a cara e foi chorar suas mágoas nos braços másculos de Hefestion.

gibi brasinha
Fala com o Allan. Eu não era lá muito chegado ao Brasinha. Gostava do Gasparzinho, de um cavalo cujo nome quase esqueci, o Luarino, e era apaixonado pela Luísa.

vaga de ator de filme porno
Meu filho, por que você está procurando mister tão desqualificado? Pornografia era uma profissão digna até uns anos atrás, quando era preciso ser realmente macho para atuar. Mas agora, depois que inventaram o Viagra, qualquer um pode fazer um filme. Não é mais preciso talento. Não é mais preciso brilhantismo. O pornô não é mais o que era antigamente.

como masturbar gnus
Poxa, assim não vale. Deixa eu explicar: o Awstats tem um limite de exibição de 1000 frases. Esse limite é alcançado aí pelo dia 10 de cada mês. Depois disso fica muito mais difícil, porque a ordem das frases que têm uma só citação é aleatória, o que quer dizer que podem aparecer ou não a cada pageview. E eu tenho cada vez menos saco para ficar catando essas migalhas do Awstats. Frases feitas para aparecer aqui só tiram a graça da coisa.

abrir um sebo?
É, eu pretendo fazer isso quando cansar de rodar bolsinha. Você tem aí o capital para a gente abrir um?

como aumentar o penis tecnica natural gratis
Método Ioga: sente em um tatame, em posição de lótus. Esvazie a sua mente. Murmure “ommmmm” até cansar. Então repita o mantra: “Jai punjab Rajiv” — que significa, em dialeto da Cachemira, “Quero que esta porra inútil cresça”. Se você se concentrar bastante, mas bastante mesmo, sentirá o seu terceiro olho abrir e o miudinho aí crescer. Se não der certo é porque você não conseguiu se concentrar. E se você não consegue nem se concentrar, como é que pode querer ter um pinto maior?

fotos voyeur do cu
Você não pode existir. Você é só uma alucinação causada por excesso de Google. Se eu fechar os olhos, eu sei que você vai sumir. Eu sei.

Os dragões da maldade contra o kinemanacional

O Marcus já deu um dos principais argumentos a favor do kinemanacional feito com dinheiro público: os únicos países cuja produção cinematográfica independe de financiamento estatal são os EUA e a Índia.

Mas não é só isso.

As pessoas reclamam de Bush e seu evangelismo alucinado, mas esquecem que ele é apenas a face mais radical de uma postura que os Estados Unidos sempre adotaram. Eles sempre foram agressivos na defesa de seus interesses e na sua expansão. É conseqüência indissociável do tal “destino manifesto” deles.

Dentro dessa realidade, uma outra ótica é o já velho discurso liberal contra o financiamento estatal, fingindo que o mercado regula tudo. Não regula. Os Estados Unidos, em suas negociações comerciais, costumam bater pé em relação à distribuição de seus filmes. Em sua face mais branda, financiam grandes campanhas contra a pirataria; na mais dura, emperram acordos comerciais como fizeram, por exemplo, na Europa em 1992 para garantir a livre circulação de sua produção em detrimento da produção local.

Fazem isso porque cultura — ou melhor, filmes e música, e agora TV — é uma de suas principais indústrias internas e um dos principais artigos de exportação. É um dos motivos pelos quais o laissez faire cultural de uma parte da dita intelligentzia brasileira é simplesmente idiota. Outro é o esquecimento da montanha de dinheiro que os Estados Unidos investiram em sua indústria cinematográfica ao longo dos tempos, em investimentos diretos e subsídios.

Lembrando disso, não dá para deixar de imaginar que todos parecem esquecer como funciona o mercado cultural. Os EUA têm mais dinheiro, produzem mais filmes, e conseqüentemente produzem mais filmes bons. Mas para subverter as tais leis de mercado que os outros devem obedecer, fazem questão de empurrar o seu lixo. Para uma TV brasileira comprar os direitos de um filme de sucesso, por exemplo, é obrigada a levar de contrapeso um bocado de filmes abaixo do aceitável. Sempre foi assim, sempre será.

É por isso que, queiram nossos queridos direitistas ou não, os projetos de incentivo ao kinemanacional que vêm desde o governo Sarney foram a melhor coisa que aconteceram à cultura nacional, em sua tentativa de equalizar um pouco essa disputa.

Isso não quer dizer que a atual política de audio-visual não precise de ajustes. Precisa, claro. E certamente precisa estabelecer um cronograma de substituição de investimentos estatais, à medida que o mercado vai se fortalecendo. Infelizmente, não vejo nenhuma proposta do tipo em nenhuma das arengas contra a política cultural. Só a repetição ad nauseam da ladainha “o mercado tudo pode… O mercado tudo pode… O mercado tudo pode…”

Essa crítica vazia, baseada em uma concepção ideológica sem nenhum compromisso com a realidade, é apenas cansativa. É herdeira direta daquela que impôs ao kinemanacional nos anos 50 o nome derrogatório de “chanchada”; críticos embasbacados pelos filmes B americanos, às vezes até financiados por eles, desdenhavam a produção nacional em sua melhor fase, não reconheciam gênios como Oscarito e Grande Otelo; muitos até hoje se recusam a ver a beleza única de “O Pagador de Promessas”. E quando juntam a essa xenomania o paulistismo descem a lenha em filmes belíssimos como “Central do Brasil”.

Se alguém viu Man on Fire, de Tony Scott — o “irmão menos talentoso de Ridley Scott”, como disse o excelente crítico de cinema Ivan Valença — deve ter visto a influência estética que o filme sofreu de “Cidade de Deus” (não tão grande quanto de Traffic, claro), a ponto de contar com dois excelentes atores brasileiros, Charles Paraventi e o magnífico cearense Gero Camilo. Isso só foi possível porque “Cidade de Deus” recebeu verbas estatais. Fosse esperar a famosa iniciativa privada e o filme ainda estaria em uma gaveta do Fernando Meirelles. E mesmo assim Man on Fire, um filme americano típico e mediano, fez mais dinheiro que “Cidade de Deus, garantindo que Tony Scott continue a fazer seus filmes — talvez Top Gun II, quem sabe. É a isso que o mercado leva.

O pessoal que reclama contra os subsídios estatais deveria lembrar para que servem impostos. Eu só não entendo por que reclamam de dinheiro público financiando cinema, e não reclamam de estradas sendo privatizadas, por exemplo.

Entre os defensores da aplicação cega das leis do libérrimo mercado à cultura estão muitos bons escritores inéditos, que usam blogs para veicular sua produção. Eles sabem, mais do que ninguém, que escritores brasileiros iniciantes são as primeiras vítimas do mercado. Eles não são publicados porque as editoras preferem apostar no certo, em direitos de best sellers americanos, ingleses, ou em livros chatos que a crítica européia incensa. Foi assim, por exemplo, que caímos no golpe do nouveau roman francês.

Eu, se fosse editor, publicaria todos esses bloguistas. A razão é simples: prejuízo eles não dariam. Quem duvida que o Alex daria retorno à sua editora? Se ele consegue dinheiro com aqueles anúncios do Submarino, imagine quantas cópias ele não venderia de “Mulher de um Homem Só”. Todos esses bloguistas: se vendessem direto apenas em seus blogs já recuperariam o investimento.

Mas cinema não é literatura e os custos são outros. Em mercados como os EUA é relativamente fácil conseguir investidores. Porque nenhum filme dá prejuízo. Ainda que o filme fracasse miseravelmente nas salas de exibição, há ainda o mercado de DVD e as emissoras de TV de países sub-desenvolvidos, cujos gênios da raça engolem a lenga-lenga do livre mercado e compram esses filmes ruins para serem exibidos nos Supercines da vida.

Balada do Louco

Há alguns meses, depois de ler os comentários a um post sobre uma louca que começa a se tornar lenda em Aracaju, tive a idéia de criar um blog em que as pessoas compartilhariam suas lembranças de loucos.

O blog finalmente está no ar. O endereço é http://baladadolouco.blogspot.com.

A idéia é simples: fazer deste um blog aberto, sem dono, em que todos podem postar. É simples: basta enviar a sua história por e-mail para baladadolouco arroba gmail ponto com.

O Allan e a Sonia, que postaram belas histórias, estão intimados a participar. O Roger, coitado, esse vai ter que escrever várias vezes.

Post do carcereiro

Para o Alexandre.

Monogamia é prisão até o primeiro chifre.

Religião é prisão até o primeiro momento de desespero absoluto.

Verdade é prisão até o momento em que uma mentira complica sua vida.

Heterossexualidade é prisão até a hora em que enfiam no seu rabo.

Medo é prisão até a hora em que um cagaço lhe salva de uma fria.

Aceitação é prisão enquanto você não é aceito.

Realidade é prisão até quando você pira.

Patriotismo é prisão até a hora em que dois aviões matam seu irmão.

Segurança é prisão enquanto você não tem nada.

Preconceito é prisão até a hora em que alguém diferente faz uma sacanagem com você.

Conformismo é prisão enquanto não lhe ferram por você não ser conformista.

Necessidade de sobrevivência é prisão enquanto você não toma coragem de meter uma bala na cabeça.

Preguiça é prisão enquanto você não pode pagar por ela.

Futuro é prisão enquanto o presente não se torna passado.

Furtado e Mainardi

Jorge Furtado é o Amaral Neto do petismo. Faturou 700.000 reais para dirigir um comercial do Banco do Brasil sobre o tema da fraternidade. O comercial faz parte da campanha ufanista “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Na ditadura militar, Amaral Neto exaltava o orgulho nacional mostrando a construção de hidrelétricas. Jorge Furtado, o maior propagandista do lulismo no meio cinematográfico, mostrou a construção de uma quadra de futebol na periferia de Porto Alegre. A quadra custou 120.000. Foi financiada pelo próprio Furtado, com o dinheiro pago pelo Banco do Brasil. Furtado elegeu a si mesmo como exemplo de fraternidade, portanto. E usou o dinheiro do Banco do Brasil com a desenvoltura de um deputado maranhense, que constrói quadras de futebol em seu curral eleitoral, com a verba do Fundef. Não todo o dinheiro, claro: se a quadra de futebol custou 120.000, e outros 130.000 foram gastos em impostos, sobraram 350.000 para Furtado. É assim que funciona a fraternal contabilidade petista.

Furtado já declarou que, em parte por motivos ideológicos, não aceita fazer publicidade em sua produtora de cinema. Exceto publicidade do PT. Ele é o mais requisitado marqueteiro petista do Rio Grande do Sul. Dirigiu as duas campanhas de Tarso Genro à prefeitura de Porto Alegre e as duas campanhas de Olívio Dutra ao governo do estado. Valeu a pena. O governo gaúcho, na administração Olívio Dutra, premiou seu filme O Homem que Copiava com 1,3 milhão de reais. E deu mais 1,1 milhão para seu sócio. Furtado está entre os maiores captadores de recursos públicos para o cinema do país. Leva dinheiro de todos os lados. Só nos últimos tempos, recebeu 250.000 da Petrobras, 380.000 da Ancine, 400.000 do BNDES, 370.000 do Ministério da Cultura, uma ajudinha camarada dos Correios, outra ajudinha camarada da velha prefeitura petista de Porto Alegre.

Não é só com o apoio de estatais que Furtado financia seus filmes. Meu Tio Matou um Cara, atualmente em cartaz, contou também com o patrocínio da Brahma. Furtado diz que não faz publicidade, mas o filme está repleto de merchandising de cerveja. Seus sólidos princípios ideológicos valem tanto quanto os de Lula. Como todo petista, Furtado protestou violentamente contra a privatização das empresas de telefonia. Agora, com a maior naturalidade, passa o pires na Brasil Telecom e na TIM. Quando o PT estava na oposição, Furtado acusava Fernando Henrique Cardoso de representar “décadas de concentração de renda e exclusão social, patrocinadas pela mesma elite que continua no poder: ACM, Sarney, Maluf, Delfim”. Os quatro antigos vilões foram alegremente absorvidos pelo fisiologismo petista, e Furtado deixou de se escandalizar com isso. Afinal, além de patrocinar a concentração de renda e a exclusão social, a tal elite também patrocina seus filmes.

A esquerda, durante a ditadura militar, deu a Amaral Neto o apelido de “Amoral Nato”. Furtado tem uma vantagem: se alguém quiser aplicar-lhe um apelido depreciativo, nem precisa estropiar seu sobrenome.

Diogo Mainardi

Quando li o texto acima no Intelligentsia, fiquei impressionado com a babaquice do Mainardi e a puerilidade dos seus argumentos. Se o tal curta-metragem for o que eu estou pensando — um longo comercial exibido aí pelo Natal –, é a melhor peça publicitária veiculada nos últimos tempos. Um comercial de fazer babar.

Aí eu vi uma peça ainda maior de babaquice, a cartinha do Jorge Furtado no Smart Shade of Blue.

Não mexam no meu lixo

O André Marmota republicou um post do André Kenji descendo a lenha nos desenhos animados dos anos 70 e 80. Quanto aos 80 eu poderia até concordar, mas seria uma visão subjetiva porque foi quando deixei de assistir a desenhos animados e porque eu, como faço questão de lembrar, detesto os anos 80.

O ponto de vista do Kenji vale como um ponto de vista de insider, o ponto de vista de quem olha para desenhos animados como mais que entretenimento. Um artista pode reclamar das limitações que uma época lhe traz. Quanto ao telespectador, eu não tenho tanta certeza.

Por exemplo, os anos 70 foram o inferno astral dos Estúdios Disney, e o auge da linha de montagem da Hanna-Barbera. Mas há uma coisa curiosa em tudo isso. O Kenji esqueceu que a maior parte dos desenhos a que assistíamos nos anos 70 tinham sido produzidos nos anos 60, alguns até mesmo nos anos 50 (Jambo e Ruivão, por exemplo, é de 1957; Dom Pixote do ano seguinte, e por aí vai. O Wingnut tem uma lista desses desenhos com os respectivos anos de produção); para falar a verdade, assistimos a muitos produzidos nos anos 40, como Tom e Jerry e Popeye. Assistíamos à Pantera Cor de Rosa, entre muitos outros. E eu, pessoalmente, conheço poucos desenhos tão brilhantes quanto Gerald McBoing Boing.

Por isso, quando resolvemos criticar os anos 70, é bom lembrar que uma coisa é a crítica americana e outra, totalmente diferente, a brasileira, que assistia a produtos mais antigos (por exemplo, a batmania é de 1966, mas eu assistia ao seriado do Batman 10, 11 anos depois). Ainda não era época de TV a cabo nem de internet, as coisas demoravam até chegar aqui. Claro que, em meio à parte boa, havia a banda podre, e a ela a crítica do André é pertinente. Havia muito lixo, sim. Mas quando vejo os desenhos da Cartoon Network não encontro muita diferença entre eles e o que eu via de relance nos anos 80. Talvez a arte esteja mais estilizada do que naquela época — e ainda assim não chega aos pés dos desvarios do fim dos anos 60, muitas vezes sendo pouco mais que um reparoveitamento daquela estética –, e certamente há tanta agressividade quando nos desenhos mais sádicos do Pica-Pau, mas no fundo é quase a mesma coisa. Sem falar nos desenhos simplesmente ruins.

Outra coisa: a nossa apreciação, por exemplo, das novas versões do Batman são condicionadas, em grande parte, pelo que assistimos quando crianças. E desenhos como Os Simpsons e O Crítico só foram possíveis porque essa geração que agora circunda os 30 anos cresceu vendo todo aquele “lixo” nos anos 70 e 80.

Pedido

O livro foi lançado em 1987, depois de uns dois anos sendo publicado em folhetim n’O Planeta Diário, o jornal que alguns integrantes do Casseta e Planeta editavam antes de perderem totalmente a graça.

Esse mesmo livro eu emprestei no fim daquele ano para uma colega de escola que, canalha, ladra, miserável e vagabunda, não me devolveu antes de sumir, provavelmente em direção ao inferno que merece.

Seu autor é Alexandre Machado, sob o pseudônimo Eleonora V. Vorsky. O sujeito, depois de ganhar um Grand Clio há alguns anos com um comercial para Época e se tornar objeto de minha eterna inveja, escreveu “Os Normais” com sua mulher, a Fernanda Young. Mas nada que ele tenha feito chegou sequer perto do nível de demência daquele livro, com personagens inesquecíveis como Primo Levi, Kowalski e Prima Roshana, e participações especialíssimas de dois ajudantes de cozinha: o escarrador do molho verde e o punheteiro do molho branco. Isso além de frases lindíssimas e românticas como “Chama o meu cu de pastel e enche ele de carne”, da inesquecível prima, que até hoje me traz lágrimas emocionadas aos olhos quando lembro.

O livro se chamou “A Vingança do Bastardo” e foi uma das coisas mais engraçadas que li na minha vida (de vez em quando o Alexandre lembra disso).

É esse livro que o Casseta e Planeta não reedita, preferindo perder tempo com piadas gastas e recauchutadas pela milésima vez.

Por isso, se alguém tiver e puder scannear ou xerocar o livro, eu agradeceria muito.

E prometo rebobinar a fita no final.