Holística

Ateu, zoófobo, troglodita, direitista, ignorante, guru, macho alfa, quase-lindo, tio Sukita, paraíba, viado, medíocre, putanheiro, mineiro, maria-vai-com-as-outras, burro, americanófilo, gênio, gordo, pornógrafo, broxa, doce, chato, teimoso, bocó, amassadinho, velho, punheteiro, ditador, feio, donzelão, xenófobo, misógino, culto, carioca, grosso, esquerdista, indecente.

E pensar que houve tempo em que tudo o que diziam é que eu tinha cara de menino mimado criado por vó.

Caridade

Via Neto Cury:

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Uns anarquistas de tempos idos

Quando indicaram a Zelia Gattai para uma vaga na Academia Brasileira de Letras, eu fiquei com aqueles que achavam que ela não deveria estar ali, mas que tudo bem, aquele era um bom prêmio de consolação pela morte do marido. E que no meio de tanta gente esquisita, ela não era um corpo estranho de verdade.

Nas últimas semanas li, aos pedacinhos, “Anarquistas Graças a Deus”.

Eu não consigo lembrar se tinha lido o livro antes; enquanto lia, me veio a impressão de que sim. Mas com certeza vi a minissérie da Globo baseada nele, e por isso Ernesto vai ter sempre a cara de Ney Latorraca, enquanto dona Angelina é igualzinha à Débora Duarte.

Nesses dias, me certifiquei de uma coisa: a imortalidade da Zélia Gattai é mais do que merecida.

Entre os 40 membros da Academia estão nomes fundamentais para a nossa cultura como Evanildo Bechara, João de Scantimburgo e Padre Fernando Bastos de Ávila. Gente que, independente de seu valor individual, não parece ter exercido um impacto grande ou duradouro na cultura brasileira. Eu não sei quem eles são. Nunca ouvi falar deles, que me perdoem a ignorância.

Em compensação, Zélia Gattai escreveu uma das mais deliciosas memórias que um brasileiro já escreveu. Certo, seu estilo deixa a desejar, e em algumas partes mostra uma contaminação excessiva pelo estilo de Jorge Amado sem o seu talento rítmico, o que é perfeitamente natural. Mas são a simplicidade e a verdade que deixa transparecer, além de um retrato extremamente acurado de uma São Paulo que não existe mais, e que paradoxalmente teve seu testamento escrito por Antonio de Alcântara Machado — que pensava estar escrevendo a crônica de seu auge –, que fazem de “Anarquistas Graças a Deus” um livro de verdade, na melhor acepção do termo.

“Anarquistas Graças a Deus” é um livro que, da primeira à última página, mostra uma verdade absoluta. É simples, sim; dificilmente poderia ser considerado grande literatura. Mas é uma delícia.

Não interessam os motivos de sua eleição. Que seja por sentimentalismo, por respeito à memória de Jorge Amado, por simples reconhecimento de seus dotes literários. Em meio a tantos ilustres desconhecidos, em meio a tantas nulidades, Zélia Gattai na ABL representa uma vitória da verdadeira cultura deste povo.

O pior surdo

Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava “A Força do Destino”, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar, mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita… E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez “A Força do Destino”, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio…

Eu só tenho uma coisa a dizer: esse cachaceiro sem intuição mereceu toda a miséria, toda a falta de sorte, toda a pindaíba por que passou, e merece viver a sofrer enquanto é apedrejado pelas ruas, e que ao morrer na sua campa nenhuma inscrição.

É preciso ser muito burro para cantar “A Força do Destino” pela segunda vez. A Tosca lhe dava sorte. “A Força do Destino”, não. Bem feito. O pudim de cachaça viu o que acontece quando não se ouve os recados dados pelas musas.

Chaos and Creation in the Backyard

Deve ser muito difícil produzir um disco de Paul McCartney. Por três razões. A primeira é o fato de o sujeito ser uma lenda viva, uma das últimas. A segunda, o fato de ele ter produzido, sozinho, alguns dos maiores sucessos dos anos 70 — seus Wings, ao lado do Led Zeppelin, foram talvez a banda de maior sucesso comercial da década. Terceira: se alguém esqueceu, foi ele o sujeito que inventou o estúdio como local de criação em vez de apenas gravação.

Nigel Godrich tem um bom currículo. Produziu o OK Computer, do Radiohead, e foi indicado a McCartney por ninguém menos que George Martin. Teve a coragem de desde o início deixar claro que não iria se abster de fazer suas próprias críticas, que só iria trabalhar nas canções de que gostasse. Nas entrevistas coletivas que vêm dando agora, ele e McCartney falam dos choques que tiveram e de como isso resultou em tensão criativa — mas as fofocas da época davam conta de desentendimentos piores.

Talvez o que Godrich tenha feito de melhor foi se recusar a trilhar os dois caminhos mais óbvios em se tratando de um músico com o porte e a história de McCartney. Podia simplesmente ser um engenheiro de som de luxo, deixando que o ex-beatle fizesse o que quisesse e como quisesse; ou poderia tentar transformar McCartney em algo que ele não é — um jovem com excesso de adrenalina e vontade de revolucionar a música pop.

O que ele fez foi simples: primeiro, não deixou que McCartney alcançasse o nível de auto-complacência que costuma demonstrar quando em uma banda fixa. Obrigou o sujeito a gravar sozinho, tocando todos os instrumentos, e executou um controle de qualidade estrito quanto às canções apresentadas. Parece ter compreendido o que Lennon sempre disse: quando forçado, Paul McCartney é capaz de fazer coisas realmente grandiosas. Em segundo lugar, deu uma roupagem moderna a sua música, como era necessário, mas ao mesmo tempo reforçou todas as melhores características que fizeram dele o artista mais bem sucedido da história da música pop.

Mas há uma pequena diferença entre o McCartney com o baixo Rickenbacker e o de 2005. Driving Rain, seu último disco de estúdio, de 2001, trazia um traço um pouco inusitado na obra de McCartney, sempre o autor de letras leves, bobas e otimistas: pela primeira vez, de maneira consistente, entrevia-se letras pessoais, que sempre foram o traço distintivo de Lennon. Aquele era o primeiro disco de estúdio e com músicas compostas após a morte de Linda McCartney. E o que ele cantava ali era medo, dor, perda, saudade.

Nesse aspecto, o novo disco segue no mesmo caminho. É um disco sombrio em várias de suas letras, e como raras vezes antes consegue-se entrever os sentimentos pessoais de um sujeito que nunca se incomodou em empurrar as letras mais bobas se a melodia fosse boa. Mas Driving Rain tinha também o defeito de, de repente, ter tirado de McCartney sua personalidade. Apesar de algumas grandes gravações, naquele disco ele era como um vehinho de quase 60 anos numa festa de adolescentes. Foi justamente esse erro que Godrich evitou. O resultado é o melhor disco de McCartney em muito tempo. É um disco verdadeiramente novo, dentro dos limites de um sujeito que roda os palcos há quase 50 anos.

Chaos and Creation in the Backyard será lançado amanhã. Está sendo anunciado como o vigésimo disco de estúdio de McCartney. Nas minhas contas é o vigésimo primeiro, mas e daí? Definitivamente, é um grande disco.

Eis uma opinião sobre o disco, faixa por faixa:

Fine Line
O carro-chefe. Uma canção que, em muitos momentos, lembra os Wings, provavelmente o ápice da carreira solo de McCartney. E desde os primeiros acordes já mostra que o instrumento dominante neste disco será o piano. Mostra também que, como aconteceu no álbum anterior, McCartney voltou a abordar o seu contrabaixo como se deve: com a postura esperada do baixista mais influente da música pop.

How Kind of You
É uma canção complexa que poderia estar no Driving Rain, pela pior razão: apresenta um padrão de composição de McCartney que demonstra uma certa perda do brilho melódico que sempre foi sua marca registrada. Isso não faz com que seja uma música ruim, longe disso. É uma canção pungente, verdadeira, e também um dos arranjos mais complexos do disco.

Jenny Wren
Descrita pelo autor como “irmã mais nova de Blackbird“, poderia ser descrita melhor como a sua irmã feia. Apesar do arranjo, da mesma mensagem otimista, há algo que não decola na música, como se fosse uma tentativa de gravar uma versão levemente diferente da mesma música. Lembra muito mais Distractions, do Flowers in the Dirt (1989). Mas esse é o comentário de alguém que tem Blackbird na cabeça. Talvez, se vista de maneira isolada, ela seja mesmo tudo o que se diz dela.

At The Mercy
Chata, só isso. Para que gastar tempo escrevendo sobre uma música chata?

Friends To Go
Bela canção, com traços de country — dominada pelo violão em um disco que parece ter sido todo composto no piano — e estrutura melódica que lembra os Beatles, aqueles de 1965, entre o Help! e o Rubber Soul, mas principalmente os primeiros anos de sua carreira solo. Uma letra interessante, bem construída, aparentemente despretensiosa mas cheia de pequenas surpresas, e com belas imagens. McCartney disse que esta canção foi feita rapidamente porque não era ele escrevendo: ele sentia que George Harrison estava escrevendo essa música para ele. Então tá. Pode-se mesmo sentir ecos do estilo de Harrison na canção. Mas seja lá de que mundo venha, psicografada ou não, Friends To Go é McCartney em sua melhor forma: pop de altíssima qualidade e um talento melódico excepcional. Ele diz que é uma de suas músicas preferidas no disco; é uma das minhas, também.

English Tea
A linha descendente de acordes no piano lembra, muito vagamente, For No One. Mas isso é tudo. De qualquer forma, pela letra curiosa e pela harmonia e arranjos, extremamente econômicos ao mesmo tempo que evocativos dos anos 60, é uma canção que poderia muito bem estar no Revolver. Elegante e clássica.

Too Much Rain
É talvez a minha faixa preferida no disco, ao lado de Friends to Go. Quando se ouve McCartney cantar “It’s not right, in one life, too much rain” é impossível não pensar nos quatro anos em que viu Linda McCartney perder a batalha contra o câncer, e nos três anos seguintes, quando foi a vez de George Harrison.

Certain Softness
Parece ser a maneira como McCartney entende a música latina. É um grande bolerão, ainda que tenha o seu toque pessoal. É também uma das canções do álbum que revelam a extrema versatilidade e inventividade melódica de McCartney. De certo modo, é como Nat King Cole cantando “Cachito, Cachito, Cachito mio

Riding to Vanity Fair
Uma canção sobre amizade e traição, quase amarga. A pergunta que se faz é a quem é dirigida. Minha aposta: Geoff Baker, o relações públicas que McCartney demitiu recentemente depois de anos juntos, e com quem andou trocando algumas farpas. Outra canção que poderia muito bem ter saído de Driving Rain.

Follow Me
Sem dúvida vai ser umas das canções na turnê de McCartney que começa dia 16; e sem dúvida é uma das mais fracas de todo o disco. Uma balada típica, com bela melodia, é verdade, mas nada que ele não tenha feito antes. É apenas mediana dentro do contexto em que se apresenta. Em um ábum mais fraco talvez não fosse.

Promise To You Girl
Um dos poucos rocks deste disco, uma canção alegre e divertida que chega quase a quebrar o tom melancólico e sombrio do disco. É impossível não bater o pé enquanto se ouve a música. Bela canção.

This Never Happened Before
Boa balada de McCartney, mas em um disco tão bom, e com vários momentos brilhantes, parece ser apenas mais uma balada, com algo de anos 70, quase algo de Barry Manilow. Talvez seja injustiça.

Anyway
Outra balada ao piano típica. Nada demais, e também nada que comprometa o álbum.

***

O disco pode ser comprado, a partir sei lá de quando, no Submarino. Compre por aqui e a comissão vai para uma vítima do Katrina e seu cachorro pederasta, para ver se ele finalmente pára de fazer posts sobre o bicho.

Post para uma amiga

Fui visitar um amigo n’O Globo, no começo de agosto, e aproveitei para dar um beijo na Tata. Quando o sujeito viu que eu a conhecia, começou a falar coisas dela. Muitas coisas.

Mais tarde, diante dos chopes no Devassa, eu percebi algo que nunca tinha visto com clareza:

“Tata, você é a Renata Maneschy!”

Tem umas coisas que a proximidade e a amizade fazem a gente não perceber, ou simplesmente esquecer. O fato de a Tata ser, hoje, a designer de notícias mais premiada do Brasil é uma delas.

Quando ela me disse que estava concorrendo ao último Prêmio Esso, no fnal do ano passado, eu fiquei feliz, e fiz um post comemorando e torcendo. No entanto, quando ela venceu, eu simplesmente não liguei. Entre indicação e premiação eu já tinha visto os concorrentes, e sabia que a Tata ia ganhar. E assim o prêmio mais importante do jornalismo brasileiro foi encarado por mim como algo trivial.

São quatro Prêmios Esso, marca que raríssimos jornalistas, em qualquer área, conseguiram até hoje — se é que conseguiram. O Prêmio Esso é o Pulitzer brasileiro. Além disso há vários prêmios internacionais, dos quais eu só lembro agora de alguns da Society for News Design.

Na casa da Tata vi que alguns desses diplomas estão jogados ao lado do seu computador. Parte desses prêmios vieram se acumulando ao longo do tempo em que eu a conheço, e talvez por isso, por ela ser principalmente a companheira de risadas e de longas conversas, eram como se fossem uma coisa natural. Eu já os tinha visto, mas tinha dado a eles a mesma importância que a Tata parece dar. Só que isso não é natural, não é como um elogio dado por um amigo, não é como este post; é algo que apenas os mais talentosos conseguem.

E a Tata ainda não tem 30 anos.

Como se não bastasse, tem o Vítor. É uma figura, o rapaz. Além de ter dado o post da Tata de que mais gosto, é um dos sujeitinhos mais criativos que eu conheço, e entendo que ela tenha saído da Folha de S. Paulo para ter mais tempo para ele. Se eu tivesse um décimo da capacidade que o faz inventar histórias mirabolantes, misturar fantasia e realidade em uma dose que muitos escritores crescidos não conseguem, eu seria um sujeito mais feliz.

Naquela noite, no Devassa, eu percebi uma coisa que ainda não tinha visto: não importa como ela veja a si mesma. Sob todos os aspectos, a Tata é uma vencedora.

Prioridades

Raymond Boudon, filósofo francês:

Marx insiste muito no fato de que o homem tem necessidade de bens materiais. Tocqueville explica que o homem não tem necessidade apenas de bens econômicos, ele tem muito mais [grifo meu] necessidade de consideração, com o que eu concordo.

Assim diz Boudon, que provavelmente nunca passou fome na vida e come 3 vezes por dia.

Respondendo ao Marmota depois de tanto tempo

Aposto que o Marmota já tinha esquecido disso.

1. Melhores filmes dos últimos anos:
Pulp Fiction, “Sexto Sentido”, “Amnésia”, Mulholland Drive, Sin City.

2. Filme “da vida”:
“Casablanca”. Embora eu ache que não era esse o sentido da pergunta.

3. Atores com “pujança”:
Se pujança for talento, Brando, sempre. Qualquer pessoa que sequer pense em não lhe dar o topo deveria assistir a “O Último Tango em Paris” e “O Poderoso Chefão”. Ambos foram feitos na mesma época. É preciso ser sobre-humano para fazer aquilo, ser duas pessoas tão diferentes, e todas as duas tão gigantescas. Agora, se pujança for pujança, Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Lou Ferrigno, que eu sou um velhinho saudoso dos anos 70.

4. Atrizes de mão cheia:
Fernanda Montenegro. O tempo passa e eu vou ficando cada vez mais impressionado com o talento monstruoso da mulher. Mas, lá no fundo, para mim atriz de mão cheia é a Cicciolina fazendo um favor para o John Holmes, que Deus o tenha em bom lugar.

5. Meu musical:
Como filme, “Cantando na Chuva”. Como música, um filme ruim chamado The Glenn Miller Story. Mas eu gosto tanto de Grease.

6. Realizadores com R grande:
Billy Wilder. Poucos diretores tiveram uma média tão alta quanto a dele (Bia, seu mané, aposto que você pensou que eu ia responder Frank Capra).

Jealous Guy

Jealous Guy é uma das músicas mais bonitas que algum filho da mãe já escreveu até hoje. É quase perfeita: na melodia, na letra, no arranjo extremamente simples.

No entanto, ela foi rejeitada durante dois anos pelos Beatles. Seu título original era Child of Nature, e a letra era essa:

On the road to Rishikesh
I was dreaming more or less
And the dream I had was true
Yes, the dream I had was true

I’m just a child of nature
I don’t need much to set me free
I’m just a child of nature
I’m one of nature’s children

Sunlight shining in your eyes
As I face the desert skies
And my thoughts return to home
Yes, my thoughts return to home

Underneath the mountain ranges
Where the wind that never changes
Touch the windows of my soul
Touch the windows of my soul

Child of Nature foi escrita na Índia e deveria entrar, originalmente, no “Álbum Banco”. Era mais ou menos Mother Nature’s Son (de McCartney e que foi incluída no disco) com um tom mais telúrico, aquele jeito meio Gaia de ser. É uma letra fraca, boba; lhe falta verdade. E basta compará-la com a definitiva para ver que os outros três beatles tinham razão.

Ao que tudo indica, Lennon ouviu os conselhos dos companheiros — ou, mais provavelmente, de Yoko Ono. Refez a letra, fez dela um recado claro para Yoko — e ao mesmo tempo deu um toque de genialidade que a tornou universal. É mais fácil encontrar sujeitos ciumentos que filhos da natureza em comunidades hippies. E então o que poderia ser só mais uma canção boba se transformou em um clássico maravilhoso:

I was dreaming of the past
And my heart was beating fast
I began to lose control
I began to lose control

I didn’t mean to hurt you
I’m sorry that I made you cry
I didn’t want to hurt yo
I’m just a jealous guy

I was feeling insecure
You might not love me anymore
I was shivering inside,
I was shivering inside,

I was trying to catch your eyes
Thought that you were trying to hide
I was swallowing my pain
I was swallowing my pain

Jealous Guy diz muito sobre a maneira como os Beatles trabalhavam.

Para aquelas que chamei de pseudo-feministas

Eu gostaria de pedir desculpas a todas as feministas pelas agressões e barbaridades que andei dizendo ultimamente neste blog.

Eu me desculpo, em parte, lembrando que minha implicância não é contra as feministas, de modo geral. Não contra aquelas que lidam com problemas reais, como discriminação no trabalho ou violência contra a mulher — questões sérias de verdade e que, ao contrário das levantadas pela maior parte daquelas com que eu brigava, são problemas sociais que precisam de uma abordagem dura por parte do Estado e da sociedade. Minha implicância se dirigia basicamente àquelas que eu julgava histéricas, que vêem misoginia em tudo, que adotam aquela militância radical e boba e que fazem uma profissão de fé a partir da vitimização feminina.

Continuo discordando delas. Mas ando correndo de briga, como vivo dizendo neste blog. E acho que está na hora de fazer as pazes.

Por isso estou oferecendo a todas as mulheres que chamei de pseudo-feministas, mesmo achando que o seu discurso é equivocado, um pequeno vídeo que demonstra de maneira bastante didática essas questões, e que me fez pensar bastante no assunto.

O download pode ser feito aqui.

Amigos, agora?