Sobre o Bolsa Família

É curioso que as pessoas digam que o governo Lula deveria dar emprego aos pobres, e não assistência. Conceito tão bonito, e aparentemente tão correto, que eu até poderia assinar embaixo, caso essas pessoas conseguissem responder uma pergunta simples. Se entre os leitores houver um empresário talvez ele possa responder.

O senhor daria um emprego a um sujeito analfabeto, que nunca teve um emprego regular na vida, que mora no fim do mundo?

A resposta sincera é não. Ele provavelmente responderá que sua empresa não é filantrópica, que isso cabe ao, bem, governo.

São as contradições que fazem a delícia do pensamento de direita brasileiro, se é que se pode chamar a isso pensamento.

O problema é que é justamente esse público que o Bolsa Família atende. Ainda que fosse meramente assistencialista, como eles teimam em dizer que é, seria necessário. Na Noruega, por exemplo, o governo oferece bolsas do tipo, durante o inverno, quando parte da população fica impossibilitada de sair de casa. Por isso, querer que o Brasil não realize um programa desses é mais que imbecilidade, é canalhice. E expõe bem o ideário neo-liberal em relação a problemas sociais graves como os brasileiros. São as mesmas pessoas que chamavam Franklin Roosevelt de comunista durante o New Deal.

Em vez de simplesmente reconhecer a validade do Bolsa Família, o que a oposição tem feito — e as pessoas repetem sem saber direito do que se trata — é distorcer e minimizar o programa.

Primeiro, reduzem o Bolsa Família a um projeto eleitoreiro. Falam dos “nordestinos que estão votando em Lula porque recebem o benefício”, como se fossem um bando de idiotas. É a forma tucana de evitar dizer o básico: eles estão votando porque agora estão comendo, o que não acontecia durante o seu governo. Mas comer, mas para eles, é apenas um detalhe dentro de um processo macro-econômico.

Quando concedem em admitir a necessidade de programas de assistência social, primeiro tentam argumentar que projetos semelhantes existiram durante o governo Fernando Henrique. Bobagem. Na verdade, projetos assistencialistas existiram em todos os governos brasileiros da história. O governo FHC, pelo contrário, freou os investimentos nesse setor. Como disse Lula, a neo-UDN entende mesmo é de vender barato o que não lhe pertence. FHC fez menos do que devia. E o pouco que fez, fez mal feito.

Há uma diferença grande entre o Bolsa Escola tucano, por exemplo, e o Bolsa Família. O Bolsa Escola era dado a crianças que freqüentassem a escola, ponto. O benefício era suspenso quando ele completasse 14 anos, independente de sua situação. Resultado: não resolvia o problema, e muitas às vezes até agravava, porque acabava diminuindo a renda de famílias inteiras. Isso, sim, era esmola.

Quando os tucanos falam que o Bolsa Família aprofunda a miséria, é porque partem do exemplo do projeto pífio que conseguiram realizar. Se baseiam na própria incompetência para julgar a competência dos outros. O Bolsa Escola é só o que eles sabem fazer, e só o que conhecem. E não concebem que alguém possa fazer algo melhor.

Apenas para informar: o que faz a diferença entre o Bolsa-Família e outros projetos sociais de governos anteriores pode ser resumido em uma palavra.

Condicionalidade.

Para que uma família se habilite a receber o Bolsa Família, ela precisa cumprir algumas condições, além da óbvia que é estar comendo o pão que o diabo amassou com o rabo. Condições simples, como manter os filhos na escola, seguir o calendário de saúde, e participar dos programas de capacitação profissional e geração de renda. Ou seja: em vez da esmola que o PSDB dava a uns meninos por aí, o Bolsa Família é um processo amplo e conseqüente de inclusão social.

Além disso, o Bolsa Escola é dado às famílias, não a indivíduos. Às mães, preferencialmente, por serem elas as cabeças da maior parte das famílias pobres e porque, quando há um chefe masculino, ele não é exatamente confiável. Curiosamente, isso acaba modificando bastante as relações de gênero (ah, se as pseudo-feministas, que não sabem nada da realidade brasileira, soubessem pelo menos disso…). E não tem prazo de validade. É dado enquanto as famílias precisem delas, e suspenso definitivamente apenas quando sua faixa de renda muda. Ou seja: quando melhoram de vida.

Finalmente, o Bolsa Família movimenta a economia. As pessoas compram em suas comunidades. Fortalecemo comércio, que sabe que vai receber no dia certo.

Ou seja: é um programa completo, que vai muito além do meramente “assistencialista”, como gostariam os tucanos olhando com saudade para o seu Bolsa Escola, que para outros é apenas a prova de sua incompetência na área social. E por isso a crítica a ele é feita ou por ignorância ou por má fé.

Depois eles ficam se perguntando por que Lula está com 61% das intenções de votos válidos, e o Chuchu com 39. Uma pista talvez seja o fato de que o povo brasileiro não gosta de cuspir no prato em que, finalmente, comeu.

35 thoughts on “Sobre o Bolsa Família

  1. O mais difícil não é ver que pessoas pobres votam no Lula porque ele está finalmente colocando comida em suas mesas. O mais difícil é ver gente que teve a oportunidade de estudar e comer bem, explicando o porquê votam no PSDB e não no PT. Eles dizem que é porque o Lula foi corrupto ou qualquer coisa do tipo. Eu não acredito, sinceramente, que essas pessoas votem na pessoa por adjetivos e não em partidos e propostas. Podiam pelo menos fazer como meus avós e dizer que votam no Alckimin porque ele seria melhor pra família, favorecerá nossa classe e etc. Ah sim, muito altruísta e admiravel..

    Mas pelo menos eles estão dizendo a verdade e não procurando justificativas. Votam no Alckimin porque a maioria da minha família é médica e eles querem melhorar (ainda mais) de vida.

  2. Caro Rafael
    Novamente aqui estou servindo de contraparte para tão polêmicas questões. Já te disse, rapaz, não me leva tão a sério!
    Uma curtição, nos últimos dias, tem sido frequentar blogues tucanos e petistas para malhar, respectivamente, legumes e moluscos.
    Em minha defesa, apenas, gostaria de reiterar que votarei NULO. Não que eu ache bonito, longe disso. Mas se ostento alguma bandeira política atualmente, esta é a do voto facultativo, e somente esta.
    Tomara que eu tenha compreendido mal as entrelinhas deste post e do seguinte, se houve alguma insinuação de que eu seja tucana. Ou pseudo-feminista. Aliás, nem feminista eu sou, que dirá pseudo. Sou até bem machista, se quer saber – aliás, você sabe. Mas tucana não, pô!! daqui a pouco vai dizer que sou pró-privatização ou coisa pior!
    O fato do Bolsa-Escola ser ruim não faz do Bolsa-Família nenhuma maravilha. Comparar-nos com um país nórdico também não adianta muito.
    Quando alguém me diz que votará de nariz tapado no Lula, acho até mais fácil de entender, em face da outra porcaria que é o Templário da Daslu, do que ver pessoas brilhantes como você dando esse monte de justificativas e explicações sobre como o Lula é sábio, generoso, inteligente e justo, um semideus, enfim. E ingênuo, coitado!
    De volta ao tema do post, (os programas assistenciais), diria que “de boas intenções o inferno está cheio”, sob o risco agora de parecer uma fascista desalmada. Mas digo-o com a melhor das intenções! Tem razão você ao dizer que para muitas pessoas não há possibilidade de se dar emprego. Mas isso não pode durar para sempre, nem os tais 14 anos do programa adversário.
    A hipocrisia destes programas consiste em preferir dar dinheiro a dar trabalho, porque para o Governo, como para a iniciativa privada, o empregado regular custa muito caro. Já disse alguém, a cavalo dado não se olha os dentes. Então toma lá uma merreca e em compensação você não precisa trabalhar. Ou continue em seu sub-emprego que eu faço vista grossa e tá tudo certo.
    Talvez tivéssemos que rever a legislação trabalhista irreal, antiga e inadequada que temos -afinal, feliz ou infelizmente, não estamos na Dinamarca.
    O que não pode acontecer é esse abismo entre os direitos e encargos dos que trabalham e empregam regularmente e os que vivem de assistência, trabalho escravo ou sub-emprego.
    O que acontece é que não se fez – nem Lula, nem ninguém – porra nenhuma com vistas a um futuro que vá um mínimo além de 4 (ou 8?) anos! Isso é completamente óbvio e irrefutável, e se não é eleitoreiro, não sei o que é. Só que não é exclusividade do Lula, enfim; É o mal do político brasileiro em geral.
    Políticos são uns hipócritas que a essa hora já estão comemorando o loteamento das capitanias hereditárias enquanto nós discutimos! ABAIXO O VOTO OBRIGATÓRIO!!!

    PS: É verdade mesmo, ora! pagar a dívida é tão ruim quanto dar o calote! E não é?
    O Lula de antigamente não vivia questionando e contestando a dívida?
    O Lula de antigamente não malhava o fato do FHC governar para os bancos?
    O que mudou?

  3. pra mim a coisa é tão simples. como empregar alguém sem qualificação alguma? e como qualificar alguém com fome, em primeiro lugar? se alguém finge não saber disso é porque nunca ensinou em escola pública. se alimentar quem está com fome é populista, então a gente faz o quê? daí vão dizer: “mas não tem que dar comida pra criança, tem que dar emprego pro pai.” cara, o pai é um f*! quem vai querer empregá-lo? então, por onde começar a quebrar esse círculo vicioso? quando a classe mérdia vem com esse discurso de “ensinar a pescar e não dar o peixe” eu tenho vontade de vomitar. é cruel e cínico. gente com fome não fica de pé, ainda que essa verdade incomode os acadêmicos, céticos e pseudo-cientistas políticos de plantão. e por falar nisso, eu não entendo nada mesmo de política.
    (dá vontade de reproduzir esse post e sair entregando pra todo mundo. principalmente umas coleguinhas lá da PUC)

  4. “Tem razão você ao dizer que para muitas pessoas não há possibilidade de se dar emprego. Mas isso não pode durar para sempre, nem os tais 14 anos do programa adversário.”

    É mesmo. Depois de uns 10 anos o melhor é mandar matar essas pessoas que vivem às custas de quem paga impostos!!

    Só rindo mesmo…

  5. O Bolsa Família está invertendo um cálculo cruel que era feito pelas famílias de baixa renda, antes era melhor manter os filhos ajudando na roça, agora é melhor mandá-los a escola para aumentar a renda da família. Junte a maior escolaridade dessa geração, a um melhor acompanhamento de saúde, em alguns anos teremos resultados significativos.

  6. Rafael, não estou gostando nem um pouquinho dos problemas do governo Lula no que diz respeito aos bandidos que transitam ao lado dele, mas devo admitir que tenho que concordar com você em gênero, número e grau.

    É muito fácil dizer isso ou aquilo quando estamos com a barriga cheia e os nossos filhos tomam danoninho. Quero ver é consciência política de estômago vazio.

    Não estou fazendo pouco de quem vota no Lula porque agora come alguma coisa. Muito pelo contrário. Esse governo foi simplesmente maravilhoso nesse quesito. Isso é louvável.

    Muitas dessas pessoas que atacam o assistencialismo dele são exatamente aquelas que cagam e andam para os pobres.

    Vou te contar uma história que bem exemplifica. Faço parte de um grupo de funcionários aposentados do banco onde trabahei e que estão sempre juntos, principalmente no mundo virtual. Pois bem, começamos a ajudar uma comunidade paupérrima que fica lá no fim do mundo no município de Duque de Caxias (RJ). Tenho uma conta-poupança para receber doação em dinheiro para que ao menos no fim do ano todas as famílias cadastradas recebam uma cesta de Natal. Eu praticamente tenho que pedir pelo amor de Deus que as pessoas contribuam com 10,00 por mês e ainda assim tem gente que faz ouvido de mercador.

    Essas mesmas pessoas são aquelas que mandam mensagens falando sobre amor ao próximo e atacando o governo Lula. Difícil de compreender.

    Beijocas
    Yvonne

  7. “Apenas para informar: o que faz a diferença entre o Bolsa-Família e outros projetos sociais de governos anteriores pode ser resumido em uma palavra.

    Condicionalidade.”

    Está correto. O problema é: essas condicionalidades estão sendo cumpridas? Quantas famílias já foram descadastradas do programa porque não mantiveram seus filhos na escola ou pq não os vacinaram? Da última vez que procurei esse número, encontrei o seguinte: ZERO. Agora seja honesto: vc realmente acredita que TODAS as famílias beneficiadas estão cumprindo as condicionalidades à risca? Eu acho mais provável que o governo simplesmente não esteja disposto a tirar o mingau do povo – do ponto de vista eleitoral, é muito pior dar e tirar do que simplesmente não dar. E, claro, sempre se pode acusar o adversário de querer tirar o mingau da Dona Maria… Mas voltando à vaca fria: se as condicionalidades não são cumpridas os hoje “filhos da pobreza “, como diria HH, serão adultos desqualificados, desempregados e, portanto, dependentes de programas assistenciais. Ou seja, da forma como está hoje o Bolsa-Família perpetua a exclusão: alimenta os miseráveis mas os mantém miseráveis. Não é muito diferente do que os ACM’s e assemelhandos sempre fizeram em seus respectivos currais eleitorais, com a diferença que agora a prática foi federalizada.

  8. belo post, rafa.
    já deu pra perceber q lula é o maior politico q surgiu neste país. um presidente atento e q sabe de tudo q acontece a sua volta. quando leio seus posts politicos dá vontade de gritar: “vamos exterminar essa raça de tucanos”! vanos nos unir em torno de lula. tomara q lula escolha delfim neto para ministro da fazenda. e vamos todos gritar juntos: “sarney guerreiro do povo brasileiro”
    abração rafa e saudações petistas

  9. Legal o post. Tenho muitas ressalvas e desapontamentos com tantas coisas desse governo, que ajudei a eleger, mas a decisão de votar de novo no lula passa aí mesmo por essas questões que vc colocou.

  10. Rafa,

    Tomei a liberdade de encaminhar seu post à uns amigos “inocentemente neo-udenistas”, citando a fonte, óbvio!

    Toda argumentação que tu usas nesse post, eu já usei com alguns desses meus amigos, mas é realmente muito difícil fazer entender a quem cresceu comendo danoninho, como disse a Yvonne, a necessidade de um programa como o bolsa família.
    Pior ainda, são os que cursaram o ensino superior graças à bolsa de estudos e tem a cara de pau de criticar Bolsa Família, Pro-Uni, etc…

    Abs

  11. Nem sempre para se dar emprego é preciso um empresário urbano. O emprego poderia chegar até às famílias carentes do nordeste, por exemplo, se o governo usasse os homens destas famílias no recapeamento das estradas nordestinas que estão um caos. Isso poderia se dar a partir de uma determinada época, após a família ter recebido determinado número de Bolsas, pois é claro que trabalhadores mal alimentados não iriam render nada. Respeito a sua opinião, mas o Lula está criando uma nação de dependentes. O pior é que, bem alimentados, esses casais ceertamente vão colocar no mundo mais filhos, que serão uma segunda geração de dependentes. Dependentes não do Lula, mas de mim e de você.
    gd ab

  12. putz! esse luis oliveira tá muito irônico…hehehe
    realmente lula do lado de sarney e de delfim neto é mesmo o fim da picada.
    êta paisinho fulêro

  13. Todos os dias Jacó pedia, ajoelhado na sinagoga: “Deus, faz Jacó ganhar na loteria.” Todos os dias, por anos. Até que, ajoelhado, ouviu: “Tá bom, Jacó, eu faço. Mas joga!!!”
    Pra evitar o constrangimento, jogo toda semana. Se ganhasse uma bolada montaria uma empresa no ramo agro-alimentar que cultivasria, transformasria e venderia diretamente. Os empregados teriam moradia na empresa e seriam formados por mendigos, migrantes e abandonados. Parte do lucro seria utilizado para montar outras empresas em outras cidades.

    Acho que vou me candidatar nas próximas eleições.

  14. Perfeito o raciocínio. Eu não escreveria melhor. Você não imagina o quanto já bati boca com alquimistas imbecis que são contra políticas assistencialistas.

  15. Não entendo porque os programas de promoção social não possam ser vários e integrados.
    Isso suscita muitas questões: Custos e ficalização são os principais, e desses problemas nenhum programa está livre. Era a principal falha do Bolsa-Escola, e não sei como estão fazendo (se estão) pra fiscalizar o Bolsa-Família. É o desafio de qualquer programa. Mas se o governo põe o povo – ou presidiários que fossem, a quebrar pedra, colher cana ou asfaltar estrada, ou vai ter que pagar o salário-mínimo de 300, mais os encargos e os “direitos” – isso se não tiver que fazer concurso público – ou vai ser taxado de escravagista ou apadrinhador. Se no entanto, dá cem reais pro sujeito desempregado, não há crime.
    O meio-termo, algo de caráter emergencial, algum mecanismo jurídico que permitisse propostas alternativas de trabalho, vínculos empregatícios mais frouxos, (se pensarmos bem, mais injusto que salário mínimo, só o desemprego)… afinal a situação é de emergência, ora.
    O que este (e outros) governos não fazem é dar incentivos fiscais a pequenas empresas ou pessoas físicas que queiram empregar regularmente. Não é idéia nova, existe na Europa, pelo menos na Itália. Mas o governo não quer abrir mão de arrecadação, nem de votos.
    Cenário 1:
    João fornece emprego a José, paga 300 reais de salário, mas Governo dá a João um desconto de 100 no Imposto.
    João fez uma troca baseada em seu próprio interesse, e terá a chance de se sentir parte ativa na promoção social, mas não necesariamente votará no governo por isso.
    José está empregado, ganhando 300 em vez de 100, consumindo, produzindo, sendo alguém. Mas não necessariamente votando no governo, pois a forma como o Governo atuou para que ele tivesse emprego foi muito “indireta” pra explicar na Propaganda Eleitoral Gratuita.
    Cenário2
    Governo pega os 100 de desconto que daria no Imposto de João, e entrega direto na mão de José, sem que José precise produzir nada.
    José fácil e ingenuamente se tornará eternamente grato a Governo, Governo torna-se Deus e o resto da história todo mundo conhece, até certo ponto.
    (Notem que José, de um modo ou de outro TERIA que matricular o filho na Escola, porque é a lei, não pra ganhar prêmio por fazer o que a lei manda. Senão, pra que lei?)

  16. Em paises como os EUA ja houve gente tao pobre como os pobres do Brasil, e nem por isso eles precisaram de Bolsa Familia para buscar uma vida melhor para seus filhos. Falta no brasuca uma etica de trabalho que definitivamente nao esta sendo estimulada com os bolsas-familia da vida.

  17. Sobre o tema não resisto a reproduzir o post de Santos Passos no Blog Meu Bazar de Idéias (http://santospassos.blogspot.com)

    «Muita gente não entende porque o Lula só cresce, enquanto o Geraldo só desce.
    Fácil: o Geraldo resolveu prometer emprego.
    A turma não quer emprego. Quer salário.
    O Lula entende bem disso.
    E dá-lhe bolsa família.»

  18. Esses são os não-iguais, os que não estão credenciados à existência cívica justamente porque privados de qualificação para o trabalho. São os pobres, figuras clássicas da destituição. Para eles, foi reservado o espaço da assistência social, cujo objetivo não é elevar condições de vida mas minorar a desgraça e ajudar a sobreviver na miséria (…). Esse é o lugar dos não-direitos e da não-cidadania. É o lugar no qual a pobreza vira &quo;carência”, a justiça se transforma em caridade e os direitos, em ajuda que o indivíduo tem acesso não por sua condição de cidadania, mas pela prova de que dela está excluído.

    TELLES, Vera da Silva. Pobreza e cidadania. São Paulo: Ed 34, 2001.

  19. Jorge Blawney, nos EUA ainda existem os pobre a que você se referiu. Lá, a tal “ética do trabalho” tem servido de desculpa para se propor o subemprego como alternativa ao desemprego, que anda grande por lá também. Outra frente de combate ao desemprego é o chamado programa de “tolerância zero”, que pune com prisão pessoas que cometam qualquer delito, mesmo que muito leve. É assim que os EUA, a terra da liberdade, se tornou o país de maior população carcerária do globo (em números absolutos e relativos). E não vamos nos esquecer que os presos são forçados a trabalhar, para o lucro do dono da cadeia, muitas vezes privada. Sem dúvida, não é um modelo a ser seguido, a não ser que queiramos virar um cadeião.

    A idéia subentendida no texto de alguns comentaristas, a de que os desempregados assim estão porque não querem trabalhar, é uma das coisas mais canalhas que já vi alguém formular. Eu, que um dia fui eleitor do PSDB, fico feliz de ter percebido o projeto desumano e mediocrizante que tal partido representa, a tempo de pular para o outro lado. Odiaria estar do mesmo lado que eles, ser confundido com eles. Merecem ser derrotados agora, e merecerão ser continuamente derrotados até que aprendam a se sensibilizar com o sofrimento do povo.

  20. Caro Rafael e amigos,
    Parabéns pela vitória, com esperança sincera de que o Presidente tenha mais juízo e saiba se cercar de gente menos canalha.
    Que ele crie empregos de verdade, e trate de arroxar (nem que seja um mínimo, porque já está pegando mal) os bancos tão cheios de dinheiro e privilégios.
    Que o BNDES pare de emprestar dinheiro a quem já tem.
    Que ele consiga terminar o supletivo e fazer um pouco de psicanálise, amode entender que não ter estudo é ruim pacas e que o mundo não gira em torno do seu imbigo.

    Finalmente, que o Rafa dê uma trégua na política e volte a escrever sobre coisas mais interessantes.

    Abraços!

  21. Rafael, excelente post! Penso que este trecho deveria ter sido em negrito. Aí tô repetindo ele! rsrsrs

    “Para que uma família se habilite a receber o Bolsa Família, ela precisa cumprir algumas condições, além da óbvia que é estar comendo o pão que o diabo amassou com o rabo. Condições simples, como manter os filhos na escola, seguir o calendário de saúde, e participar dos programas de capacitação profissional e geração de renda. Ou seja: em vez da esmola que o PSDB dava a uns meninos por aí, o Bolsa Família é um processo amplo e conseqüente de inclusão social.
    Além disso, o Bolsa Escola é dado às famílias, não a indivíduos. Às mães, preferencialmente, por serem elas as cabeças da maior parte das famílias pobres e porque, quando há um chefe masculino, ele não é exatamente confiável. Curiosamente, isso acaba modificando bastante as relações de gênero (ah, se as pseudo-feministas, que não sabem nada da realidade brasileira, soubessem pelo menos disso…). E não tem prazo de validade. É dado enquanto as famílias precisem delas, e suspenso definitivamente apenas quando sua faixa de renda muda. Ou seja: quando melhoram de vida.”

    É incrível as pessoas não perceberem que é nesse ponto onde está a diferença que provoca uma mudança da mentalidade social! Abraços!!

  22. Oi Rafa!
    confesso que fico preucupada com esses programas assistencialistas do governo federal,porque sei que esse “poço” tem um fim não tão distante. porém, cabe lembrar,que quem está com sede, não olha para o fim do poço, mas para o seu início. beijoca

  23. Desculpe estar tao atrasada neste post mas so agora recebi o convite, o que eu particularmente acho é que a educação progressiva não é educação é simplesmente empurrar o individuo para frente sem dar estudo de fato, bolsa família para matar a fome? de quem? o máximo que uma família recebe são meros R$112,00 quando ainda em extrema pobreza senão é so R$ 54,00. Isso dá para matar a fome de quem, se a maioria ou está desempregado ou vive de trabalho informal, penso que uma política social vai muito além disso.

  24. Caras amigas e amigos,
    A questão é muito complexa. Luiz Inácio Lula da Silva em 2000, era um dos críticos radicais da Bolsa-Família. Dizia: “A bolsa faz o pobre pensar com o estomago e não com a cabeça”. Depois que o PT mudou e adotou a ideologia socioneliberal passou a atacar ferozmente todos que desejam analisar teoricamente, criticamente, praticamente, a bolsa-família. A memória política é muito curta no Brasil e os políticos de esquerda mudam seus argumentos quando fazem alianças com a extrema direita. É claro que a aliança como o coronelato, os Sarneys da vida, não permitem a criação de um Projeto para o Brasil. B olsa família como política compensatória compensa muito pouco. Garapa é um bom documentário. Leiam Vera da Silva Teles e outros que estudam os “inúteis para o mundo” capitalista. No interior do modo de produção e destruição capitalista não há solução. Felipe Luiz Gomes e Silva.

  25. Parabéns,Rafa, adorei seu comentário.. O Bolsa-Familia é sim hoje um projeto de complementação de renda, e só diz que é esmola, aquele que não sabe a diferença que faz recebe-lo. Um exemplo disso são as familias no interior desse imenso Brasil, que antes não tinha como comprar na vendinha do seu “Joaquim” e hoje pode pelo menos comer e sim fazer com que o comércio gire. O grande problema em nosso pais, são os desvios isso sim.

  26. Olá!
    Parabéns pelo post Rafael! Não voto na Dilma e estou bastante descontente com algumas politicas e principalmente a postura do PT, mas seria um sonho lindo que o debate da campanha 2010 fosse no nível de suas colocações.
    Acredito que existam inúmeras outras variáveis a se considerar para avaliar o programa e acho que essa avaliação deve ser feita pensando nos resultados de longo prazo.
    Agora, está coberto de razão, esse povo precisa de assistência, isso não lhes pode ser negado, mesmo que eu tenha de pagar mais impostos para isso, fico feliz e grande parte dos brasileiros também, embora não me sinta confortável em perceber parte desse dinheiro na cueca de ninguém.
    Independente do que está certo ou errado, do que seria melhor ou pior, o que nesse momento considero importante é a nossa capacidade de entender as diferenças, não só as sociais, mas as de visão.
    Essa foi a pior campanha que já vi na minha vida, pois não discutimos essas diferenças com respeito e de forma produtiva, culpa tanto do PT quanto do PSDB, que aliás se deu muito mal como oposição. A gente não precisa de um Serra, nem de uma Dilma e nem de um Lula, a gente precisa de um Mandela, de alguém que acabe com essa “guerra” de pontos de vista, com baixarias, com subterfúgios maquiavelianos, com o velho discurso malufista que desvia do assunto e essa marketeiragem insana.
    Aqui vale aquela máxima: “quando um não quer dois não brigam”. A culpa é mutua e dizer: “ah! Mas eles são piores” não resolve nada, só aumenta o problema, pois obviamente “força” o outro lado a se defender, ou algum dos lados vai aceitar isso: “Tá, confesso, sou pior e prometo melhorar”?…………..rs
    A gente aprende com o que é diferente, ninguém tem mais a ensinar o PT do que o PSDB, e vice-versa. Basta boa vontade e o fim dessa guerrinha infantil. FHC teve um segundo mandato horrível, não fez inúmeras reformas que eram super importantes (politica, tributária, previdenciária…), o PT também não. Mas FHC é um dos maiores sociologos do mundo e deu contribuições ao país, sem a estabilidade econômica, jamais estaríamos discutindo crescimento.
    Por que é tão dificil para os dois lados aceitar as qualidades do outro? A visão de como fazer é sem dúvida diferente, mas a história de luta é comum, FHC, Serra, Lula, lutaram pelo mesmo ideal e não dá para duvidar da intenção de nenhum deles.
    Acho uma insanidade não tirar o melhor proveito da cada visão, é o maior beneficio da democracia, o debate livre. Direito de escolher? Bobagem, a maioria enquanto não tiver escola de qualidade jamais tomará a melhor decisão que não seja por sorte, o direito ao voto é algo de que buscamos a maturidade, essa maturidade implica em liberdade de voto, isso significa autonomia para escolher, que significa conhecimento, envolvimento, informação e formação para tomar a melhor decisão.
    Acho que esse é verdadeiramente o sonho que os bons petistas e pessedebistas deveriam estar perseguindo: o voto livre, o pensamento livre e o prazer em debater com respeito as diferenças.
    Disso que nascerão os bons projetos e um Brasil melhor.
    Parabéns! Abraço.

  27. pra mim esse negocio de bolsa familia e uma falsidade se fosse presidente ou pudesse acho que se o governo pegasse esse aburdo de dinheiro dado a essas pessoas que na minoria creio eu usam pra cuidar dos filhos que nem creio eu e sorteasse umas cidades po mes e fizesse la firmas do governo que empregassem essas pessoas que tem filhos ou sei la seria muito masi util afinal cade o ditado nao de o peixe mas ensina apescar alais sera que essas pessoas iriam querer trabalhar

  28. um amigo meu ja tinha 4 filhos e amulher dele estava gravida de outro eu disse a ele nossa sua mulher gravida denovo eel simplesmente respondeu nao esquentaa cabeca agente faz e o povo cuida, esse e o quadro que eu vejo da bolsa familia oportunidade para as pessaos se acomodarem ou complementar a renda que ja e altissima

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