Este blog completou um ano e só depois percebi; decidi que não ia deixar o milésimo post passar em branco. Ontem foi o dia.
Ele nasceu como “Pensamentos Mal Passados”, um trocadilho bobo com a atitude de transmitir alguma coisa e a analogia imediata com um bife mal-passado. O primeiro post foi sobre o fim do Netscape, meu companheiro desde os primeiros dias de internet.
Demorou algumas semanas até ele ter uma cara própria. E é esse ainda o seu principal problema. Até hoje não sei direito o que ele é. Sei o que não é: não é um blog jornalístico, não é um blog literário, não é uma coleção de links, não é um diário online.
A única unidade temática que consigo ver nele é o fato de os posts terem sido escritos por mim. É por isso que, cada vez mais, a impressão que ele me dá é a de que é uma versão meio torta de um diário. Por isso a mudança de nome. Como eu já disse antes, o blog nasceu como uma forma de tirar da cabeça um montão de bobagens, para desocupar espaço; e acabou tendo uma dialética própria, me fazendo pensar em mais e mais bobagens.
É um blog um pouco elitista e meio cabotino. Elitista no sentido de se dar ao luxo de emitir as opiniões que bem entende, e até de mudá-las quando acha que deve; cabotino porque talvez, no fundo, ele seja pouco mais que uma tentativa de dizer “olha como o que eu penso é importante”, quando, na verdade, nada é tão importante assim.
Até o começo do ano este blog era lido regularmente por poucas pessoas: Mônica, Daniela, Paulo, Plataformista, Tuzi, Lau e o Humbert Humbert Bia Desses, só o a Mônica, o Bia e o Paulo continua aqui. Os outros, ao que parece, enjoaram. De lá para cá a média diária de visitas únicas mais que decuplicou — primeiro graças a um texto que fiz para o blog da Tata, depois com os elogios do Alexandre Cruz Almeida e do Inagaki, elogios que provavelmente não mereço (mas que faço questão de espalhar, claro, pelo orgulho que me dão).
Hoje os websites que mais trazem visitantes são o Liberal Libertário Libertino, o Pensar Enlouquece e o Tiro e Queda, nessa ordem. A maioria, no entanto, tem o blog em seus bookmarks. Obrigado.
Provavelmente, um dos meus maiores orgulhos hoje em dia é ver que um bocado de gente faz do blog leitura diária. É, provavelmente, o maior elogio que posso receber. E embora a minha pernosticidade não mostre, sou grato por isso. Ainda lembro que no começo eu não fazia questão de incluir comentários, e depois ainda relutei em colocar um medidor; perdoai-me, Senhor, eu não sabia o que fazia.
Não acho que os textos daqui, com raríssimas exceções, caibam em qualquer outra mídia que não esta: um blog. Não é suficientemente profundo para constituir um livro. Não é exatamente jornalístico. De qualquer forma, como acho que deveria entrar em uma Academia Qualquer de Letras e assim, pelo menos, ter um lugar onde cair morto — os imortais têm um mausoléu legal –, eu deveria pensar nisso.
Lembro de poucas coisas que tenham me dado tanto prazer durante tanto tempo quanto este blog. Eu, que normalmente me comporto como uma quenga volúvel e leviana que enjoa rápido das coisas, gosto cada vez mais dele. Talvez seja o fato de não ter nenhuma obrigação de atualizá-lo seja o que me faz postar quase religiosamente. De alguns posts gosto muito, da maioria não; mas gosto do ato de postar.
No fim das contas, de publicitário eu estou virando blogueiro. Não é ruim. Não é, mesmo.