Esta é uma das poucas questões filosóficas que tomam meu tempo. As outras seguem acima.
A minha teoria é bastante simples.
Em primeiro lugar, eles tinham uma dupla de compositores absolutamente fenomenal. Lennon e McCartney eram únicos. Compondo sozinhos (como Yesterday no caso de McCartney ou Strawberry Fields Forever, de Lennon) ou em dupla, eles enchiam cada disco de canções pop com o mais alto nível possível. A competitividade entre os dois faziam com que tentassem se superar constantemente.
A democracia dos Beatles foi um outro fator. Era simples: se qualquer um deles não gostasse de uma música, ela não via a luz do dia.
Eles nunca pararam de tentar inovar, nunca tentaram se ater ao “estilo beatle”. estavam sempre em busca de novas idéias, de novas formas de fazer sua música.
A banda era composta de grandes instrumentistas. McCartney é, certamente, o baixista mais influente da história da música pop, e certamente o mais revolucionário. Os guitarristas, se nao eram fenomenais, funcionavam bem dentro do conjunto da banda. E Ringo era também um dos melhores bateristas do rock and roll. Era uma banda perfeitamente entrosada, em que cada membro conhecia perfeitamente os outros.
E, principalmente, há a devoção absoluta à canção. Não há espaço para exibicionismo; eles fazem estritamente o que a música precisa. Por exemplo, McCartney é o mais melódico baixista de todos os tempos; mas se a música pedisse que ele ficasse fazendo tum-tum-tum no baixo, ele fazia. Quem toca baixo, e tenta tocar uma linha de algumas músicas dos Beatles em que o baixo tem proeminência, sabe o quanto é fácil cair no exagero, no over. A bateria de Ringo não tem os delírios de um John Bonham ou Keith Moon; mas hoje boa parte das músicas do Led Zeppelin ou do The Who soam datadas, enquanto a maioria dos Beatles permanece atual. O mesmo vale para Lennon e Harrison, bons instrumentistas mas que se encaixavam perfeitamente dentro da estrutura da banda.