O finado JB

O Tutty Vasques faz um panegírico ao finado Jornal do Brasil em nomínimo, datando sua morte a partir do cancelamento da coluna do Alberto Dines. As razões, embora não ditas, são óbvias: o jornal não tem condições de bancar críticas duras ao governo do Rio. Como quase todo jornal brasileiro, vive na UTI. Mas se a maioria deles aprendeu a viver assim, parece cada vez mais difícil que o JB volte a ter a mesma glória que teve nos anos 70, quando era a tradução do Rio em rotativas.

É um jornal que morreu e espera apenas ser enterrado.

O curioso é que a lembrança que me fica do JB é a da melhor matéria internacional que já li. Era a cobertura da prisão do prefeito de Washington, Marion Barry, preso fumando crack. A matéria contava a notícia com detalhes e abria dois boxes para explicar o contexto, o passado de Barry e as implicações da prisão na política americana. Era tão boa, tão completa, que guardei aquela página. Não lembro agora do primeiro nome de seu autor, mas era um Nascimento Brito, o que talvez mostre que nepotismo não é a pior coisa do mundo.

Fico sabendo agora, lendo o Tutty, que aquilo era o final da administração Marcos Sá Corrêa, último alento de brilho do jornal. De lá para cá, o JB apenas decaiu, perdendo credibilidade e matéria-prima humana. Seus colunistas emigraram em busca de tempos melhores; sua credibilidade foi vendida há muito tempo em troca de piedade deseus credores.

Há uma lenda em torno do JB que persiste. Até mesmo hoje, algumas pessoas dizem que é um jornal melhor que O Globo. Há pouco tempo me disseram que a edição dominical era melhor, e resolvi tirar a prova. Nem de longe. É um jornal que morreu, apesar da impressão de sobrevida dada por um Tostão ou um Armando Nogueira.

Ultimamente eu só lia o JB quando atravessando a poça pela manhã. O catamarã o oferece como brinde a quem os prefere às barcas. E, mesmo sendo gratuito, às vezes sobra.

2 thoughts on “O finado JB

  1. Rafa,

    Concordo com vc, quando afirma que o jornal está na UTI. Mesmo nao fazendo parte do clube dos jornalista ou redatores lá do canal, eu acho q o JB é um jornal de fortes opiniões políticas.

    Mas, francamente, acho que ele começou o caminho sem volta quando perdeu o saudoso Zozimo, para O GLOBO.
    Aiiiiiiiii, q saudades de colunas inteligentes e espirituosas no segundo caderno do referido jornal.
    Vc nao faz ideia !
    Beijos, meu queridão.
    Nath

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