Os 250 melhores filmes do IMDb

Meme bonitinho na blogosfera lá de fora: pegar a lista de 250 melhores filmes do IMDb e selecionar aqueles que você já viu.

O que me impressionou foi o tempo que passei assistindo filmes. Não esses da lista, quase todos bons; mas para cada filme bom que assisti, vieram de lambuja pelo menos dez ruins, sessões de tédio diante da Primeira Exibição ou Supercine, noites viradas diante do Corujão, Sessões da Tarde improdutivas, erros de cinema.

Se não fosse por eles, eu teria lido muito mais. Quem sabe eu até tivesse lido “O Ser e o Nada”.

Também me impressionou, claro, o montão de lixo que essas escolhas populares acabam trazendo.

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Der Untergang

Sempre me incomodou uma certa abordagem do nazismo através dos loucos de sempre, como Hitler e Goebbels.

Isso ajuda a ver o nazismo como um fenômeno extemporâneo e inexplicável, algo que aconteceu de repente na nação que se orgulhava de ser a mais avançada culturalmente do mundo, e que brandia com orgulho Kant e Goethe ao mundo (mas esquecia convenientemente de algumas características e Nietzsche e Wagner).

Der Untergang, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro este ano, é um belo filme. Mas é, principalmente, um documento fantástico sobre essa era. Conta os últimos dez dias de Hitler em seu bunker, de onde só sairia morto para ser queimado na porta. É baseado nas memórias de sua secretária, que morreu há alguns anos.

O filme mostra uma Berlim com os russos já à sua porta. O Reich já acabou, embora Hitler tenha dificuldades em perceber isso. Já não há mais controle, já não há mais a terrível máquina nazista de guerra: o que se tem é um império sendo demolido, o vácuo de poder e os dramas pessoais em meio a uma das grandes tragédias da história. É um retrato amplo da queda de Berlim.

O Hitler interpretado brilhantemente por Bruno Ganz mostra isso: é um homem no fim de suas forças, mas principalmente um homem; e com isso o filme ajuda a mostrar a real dimensão do nazismo. Ele não foi feito por monstros. Ele foi feito por gente comum. E a decisão de fazer poucas referências a um dos elementos constitutivos do nazismo, o anti-semitismo, ajuda nesse retrato.

É o mais fascinante em todo o filme: a maneira como ele mostra loucura da queda do Reich sem perder de vista a dimensão humana. Já não há mais controle. O Reich, que deveria durar mil anos, se esfacela diante de todos, e é isso é que expõe a loucura de tudo aquilo. A crônica da queda do nazismo ajuda a mostrar sua gênese; e com isso pode-se ter uma compreensão que a simples repetição de slogans não consegue dar.

Der Untergang não cai naquele maniqueísmo bobo de mostrar os nazistas como pessoas inerentemente monstruosas. E com isso ajuda a comprender melhor um dos fenômenos que definiram o século XX.

(Sobre o nazismo e a II Guerra Mundial, cujo fim completa 60 anos em 2005, já escrevi este, este, este, este e este posts.)

Amo muito tudo isso

O Idelber descobriu, há algumas semanas, que este blog é bloqueado pela McInternet. Seu conteúdo é considerado inapropriado para a legião de gordinhos idiotizados que se empanturram de McLanches Felizes.

Essa pequena homenagem me comoveu. Certo, não foi bem uma homenagem, mas fiquei tão feliz que nem ligo para isso. De boas intenções o inferno está cheio; o importante é o resultado.

Tem momentos na vida em que a gente sente que fez algo certo. O bloqueio deste blog é um desses. É uma daquelas verdades universais: se o McDonald’s bloqueou seu blog, alguma coisa certa você fez.

E essas coisas não podem passar sem retribuição. Porque seria uma indelicadeza não retribuir o gesto belíssimo que eles tiveram para com este blog, ainda que nunca venham a saber disso.

Este é o início de uma bela amizade, Ronnie.

Sobre o voto nulo

A maioria das críticas feitas ao governo Lula me interessa pouco ou nada. Uma delas me irrita, em particular: aqueles que não votaram nele porque ele iria mudar tudo e agora descem o sarrafo porque ele não mudou nada.

Mas a ótima seqüência de posts do Idelber sobre estar considerando o voto nulo em 2006 representam uma postura que merece ser discutida. Em princípio, boa parte da crítica do Idelber representa a desilusão de todos aqueles que acreditaram na mensagem e nos ideais do PT e se acham traídos pelo continuísmo. É a crítica de esquerda, feita sobre os alicerces sólidos daqueles que pensaram o PT. E que, quando aliada ao desencanto, costuma atrair muita gente boa.

Tem-se a impressão de que o principal problema interno do PT é a incapacidade de se acostumar ao fato de ter chegado ao poder. A guerra fratricida em que ele se engalfinha é uma mostra disso. Do outro lado, gente como a Heloísa Helena, que saiu reclamando do time aos cinco minutos do primeiro tempo, apenas ajuda a aprofundar essa sensação.

Mas então outros problemas aparecem. O governo tem se revelado de uma incompetência atroz no que diz respeito à articulação com o Congresso. O nêmesis do Idelber, o Aldo Rebelo, estaria muito melhor ali do que sendo sabotado sistematicamente pelo grupo do Zé Dirceu. O resultado é uma série de derrotas desnecessárias, devidamente amplificadas pela oposição, que apontam no governo um fisiologismo que em nada o diferencia de seus antecessores. Em parte, isso é compreensível: o governo Lula foi eleito sem uma base forte. Mas isso aconteceu com absolutamente todos os presidentes brasileiros desde a redemocratização. Aconteceu, por exemplo, com o PSDB, que sabia ser impossível chegar ao poder sem a base estamentária provida pela PFL, sem admitir a máxima cardosiana de que é dando que se recebe. Uma parte da crítica de esquerda nega ao governo Lula o reconhecimento dessa sociedade que estabeleceu padrões nebulosos de conduta com o Estado, que corrompe para depois acusar os corrompidos; e é loucura imaginar que o governo Lula poderia revogar essa situação rapidamente. Aqueles que criticam o governo pelo seu “fisiologismo” esquecem esse fato, que atenua uma boa parte da conduta do governo.

Há ainda a burrice de uma certa oposição de esquerda, e a má-fé da oposição de direita, que não ajuda em nada. As pessoas perdem tempo, por exemplo, criticando a compra do avião presidencial. (Só para constar: a compra era necessária. FH não comprou para não se desgastar no último ano de governo e passou, sabiamente, o abacaxi para Lula. Lula comprou logo porque sabia que a grita ia ser grande, mas que se fizesse o começo do governo tudo seria esquecido mais facilmente.) Preferem se preocupar com as bobagens ditas por Lula em discursos de improviso — e como ele diz bobagens –, como se isso tivesse alguma relevância sobre o processo político, e deixam de discutir com a profundidade necessária reformas importantes como a universitária, deixam de avaliar seus pontos positivos e negativos.

Mas tudo isso, claro, não é atenuante suficiente. Há claramente falta de coragem — ou vontade — do governo de atuar com decisão no espaço de que dispõe, ainda que este seja mínimo.

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Do reconhecimento das falhas do governo a considerar o valor estratégico do voto nulo, como faz o Idelber, vai uma distância muito, muito longa. Não pelo voto nulo em si. Esse é um direito de cada um, e o Idelber sabe bem o que ele significa. Mas a idéia de que uma percentagem expressiva de votos fará com que se mude alguma coisa é uma utopia.

Para começar, nenhum movimento nacional pelo voto nulo conseguiria expressão suficiente para forçar uma segunda eleição. Sem isso, o que se tem é a alienação de uma parcela importante da sociedade de um processo político importante. A classe média, essa que agora considera o voto nulo, pode não eleger presidentes, como o PT aprendeu em 1989, mas é importante na formação de opinião.

É muito provável que Lula se reeleja no ano que vem. O crescimento de uma sensação generalizada de desencanto com o PT faz com que o PSDB comece a se assanhar e FHC passe a considerar realmente a possibilidade de se candidatar, mas é improvável que Lula, com a máquina do Estado na mão, com a posição privilegiada de já envergar a faixa, perca essa reeleição.

E aí a omissão dessa classe média provavelmente surtirá efeito contrário, um enfraquecimento ainda maior de um governo que tenta se equilibrar entre um projeto progressista e a dura realidade de uma sociedade gersoniana. Por exemplo, ainda que se admita as intenções louváveis da Heloísa Helena — e eu, decididamente, não estou entre eles –, o que ela conseguiu com isso? Ela não vai se reeleger porque vai lhe faltar legenda, a não ser que faça as mesmas alianças que condena no PT. Sua importância no processo político vai ser ainda menor.

É esse o problema do voto nulo: o mundo continua rodando a despeito dele. Qualquer pressão que exerça é insignificante diante da pressão da realpolitik.

Mais útil do que uma campanha pelo voto nulo seria, ao que parece, uma pressão coordenada por um maior comprometimento do governo com mudanças estruturais, onde for possível. Mais do que simplesmente sair da brincadeira, talvez fosse mais eficaz aos que fazem a crítica de esquerda ao governo Lula a cobrança incessante de promessas de campanha. Podem até ser irreais, mas as pessoas precisam lembrar que, no outro extremo, o lado negro da Força faz pressões também irreais, com o pragmatismo de quem sabe que pode até não conseguir alcançar uma estrela, mas certamente não termina com um punhado de pó nas mãos.

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Mas uma vez trotskista, sempre trotskista. Esse povo está sempre equivocado, arre. Porque o barbudinho de óculos fica sempre lá no fundo, esperando uma chance para se manifestar ou uma picareta na cabeça. A única coisa bonitinha que já vi nos trostkistas foi uma lourinha de camisa vermelha que balançava a cabeça ao som do Pink Floyd em um congresso da UBES há muito, muito tempo, o tempo admirável em que militantes não usavam sutiã. O Pink Floyd é chato, balançar a cabeça é chato e trotskistas eram chatos, mas a lourinha bem que valia a pena.

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As entrevistas dos brasilianistas Kenneth Maxwell e Thomas Skidmore ao Mais! republicadas pelo Smart Shade of Blue são importantes para ajudar a compreender o atual estado do Brasil (Deus, nunca pensei que fosse dizer isso de um brasilianista).

Jesus, o judeu que salvou a Europa

Via Pedro Dória, em nomínimo, um artigo sobre um novo livro sobre cristianismo e judaísmo: Why the Jews Rejected Jesus, de David Klinghoffer.

O livro parte de uma análise aceitável do ambiente da época para chegar a conclusões curiosas. A mais interessante delas: se o judaísmo tivesse absorvido o cristianismo a Europa hoje provavelmente seria muçulmana.

Embora razoável, a análise histórica não traz nada de novo. Klinghoffer fala sobre os muitos pseudo-Messias existentes na época, sobre o fato de a maioria dos judeus desconhecerem Jesus, e admite a participação judaica na Sua morte.

Parte disso é dispensável. Parece óbvio que líderes judeus contribuíram para a morte de Jesus. E daí? Tentar repassar essa história sem abdicar da noção de que ali estava um povo matando o fundador de uma nova religião é torcer os fatos. Deus ou não, para todos os efeitos Jesus era apenas mais um judeu — e cá entre nós, meio maluco. Ainda não era um cristão, e demoraria algumas décadas até o cristianismo se desligar do judaísmo. Ele só era o Cristo para os poucos gatos pingados que o seguiam, e mesmo isso é incerto, porque ninguém tem certeza de que ele se intitulava “o Messias”. Para o resto, era só mais um sectário, entre os tantos que ululavam numa Judéia ocupada e conflagrada. Os judeus tinham todo o direito de julgá-lo segundo seus costumes e matá-lo, se fosse o caso.

Mas a conclusão de que se o judaísmo tivesse absorvido o cristianismo a Europa hoje seria islâmica me parece uma bobagem sem tamanho. É esse o verdadeiro problema do livro a princípio, como diz a matéria no SouthBend Tribune:

Klinghoffer thinks that if the Jews had embraced Jesus they would have remained bound to the laws on Sabbath observance, kosher diet, circumcision of males and ritual purity, so “the Jesus movement might have remained a Jewish sect.

He then spins out a debatable counterfactual scenario. With Christianity as a minor sect, Europe would have had a spiritual vacuum that Islam would most likely have filled. America would be a totally different country today because it would never have been Christianized.

A questão é: quem garante isso?

A grande vantagem política do cristianismo foi justamente a sua vocação para o proselitismo e sua extrema flexibilidade, estabelecendo pontos de contato suficientes com as religiões pagãs para se tornar palatável a culturas variadas e principalmente à romana, além de explorar brilhantemente a noção de vida eterna.

Mas essas não eram sequer noções exclusivas da seita cristã. O erro de Klinghoffer é imaginar um judaísmo perpetuamente congelado, incapaz de absorver novas linhas de pensamento.

Não é absurdo imaginar que o judaísmo tenha, em parte, definido sua evolução histórica em função do cristianismo, reforçando características que, ao contrário, poderiam ter se suavizado ao longo do tempo. É tão ou mais provável que, absorvendo Jesus, o judaísmo também seguisse por uma linha de progressiva liberalização de costumes. Certamente não seria o que o cristianismo é hoje, mas é improvável que fosse igual ao judaísmo de agora.

Além disso, não dá para imaginar o que seria o Islamismo, porque ele também bebeu do cristianismo e reconhece Jesus como um dos profetas, assim como Moisés.

E o mais importante em tudo isso: quem garante que outra religião não iria surgir, dos escombros do Império Romano?

Ou seja: o futuro condicional do Klinghoffer é um samba do crioulo doido que não reconhece uma série de variáveis necessárias, e que tornam quaisquer conclusões impossíveis.

Pela resenha no site da Doubleday, o livro tem pretensões de ser mais um elo na progressiva aproximação entre judeus e cristãos. Curiosamente, Klinghoffer é um judeu conservador, e sua postura política é decisiva para suas conclusões e em algumas atitudes tomadas por ele. A impressão que tive é de que a mensagem nas entrelinhas é a seguinte: “olha, desculpa, mas se não fosse por aquilo vocês hoje não teriam esse vidão”. Isso é triste. Porque os judeus não têm nenhuma razão para pedir desculpas por terem dado aquele calor em Jesus. E porque nada indica que as conclusões do autor sejam corretas. Quando diz que “respeita as contribuições culturais cristãs” está sendo um bobo redundante: ele vive em uma civilização definida pelas tais contribuições, não “respeitá-las” é praticamente uma confissão de idiotice. É uma afirmação desnecessária, no mínimo.

E permite que, com um bocado de malícia, as pessoas achem que no fundo a comparação é outra: a de que é uma idéia análoga à de que Israel está prestando um grande serviço fazendo o que faz na Palestina.

No fim das contas, ele acaba prestando um desserviço ao judaísmo e ao cristianismo, justamente por causa desse viés religioso e desse messianismo político que parece assumir.

Não custa lembrar que este é só um comentário feito através de notícias de jornais (que, como se sabe, são menos confiáveis que blogs) e de press releases de uma editora. Mas mesmo assim, esse é um livro que eu não vou comprar.

Novamente os espectadores

Comentários interessantes ao post sobre o debate-que-nunca-houve entre o Smart Shade of Blue e o Alexandre Soares Silva.

Mas eu discordo de alguns deles.

Por exemplo, Cabeçorra, não acho que tenha feito proselitismo. Deixa eu explicar. Acho que ninguém precisa apresentar o Soares Silva. Eu, que comecei a ler o sujeito há relativamente pouco tempo, já tinha ouvido falar dele. O ASS é uma das entidades da blogosfera nacional, goste-se ou não dele. Mas nem todo mundo sabe quem é o Smart.

Além disso, “melhor”, pelo menos nesta blogosfera, é sempre uma opinião pessoal. Reclamando que eu não disse que o blog do ASS é também um dos melhores — o que para mim era dispensável –, no fundo você está querendo que eu tenha a mesma opinião que você. Proselitismo é isso.

Não acho que minha opinião nesse aspecto interesse a ninguém. Mas em outros tampouco interessa, e eu dou assim mesmo. Portanto, já que toquei no assunto, vamos lá: acho o ASS um dos melhores escritores que esta geração produziu. Sua imaginação e talento literários são impressionantes. Mas não levo a sério suas opiniões, não vejo consistência nelas — nem acho que ele se proponha a isso — e acho que elas às vezes prejudicam o sujeito. (E estendendo ainda mais a opinião, agora sobre o Wunderblogs, de modo geral todos se sustentam na qualidade literária do ASS, no pioneirismo do grupo e numa certa atitude pretensamente cosmopolita que encontra ecos na dita intelligentzia brasileira, que adora se chamar por esse nome e disfarçar sob uma atitude esnobe uma profunda ignorância teórica.)

Se eu tivesse que escolher um blog, escolheria o Smart, e até onde sei isso é um direito meu. Seu blog é muito, muito bom, e melhora a cada dia. Gosto da variedade temática do blog, gosto da sua solidez intelectual, mesmo quando o sujeito fala de umas coisas que não entendo: quem é Darwin, mesmo? Gosto também de suas opiniões, mesmo que não concorde com todas elas. Mas me parece haver proximidade suficiente com as minhas para que eu não saia correndo.

Roger, eu não pretendia dar uma opinião sobre o debate; preferia aproveitar cá da minha cadeira. Na verdade sequer houve debate, como disse o Soares Silva em um comentário no Alex. Proclamar um vencedor é algo insustentável.

Mas discordo de você. Não acho que em um debate o que mais conte seja o estilo. São os argumentos. Como diria o Carville, it’s the economy, stupid, não é a cara bonitinha do Clinton. Do contrário é só manifestação vã de talento vazio, uma espécie de “eu-sou-melhor-que-você”. Isso eu dispenso porque tenho mais o que fazer.

Há um conceito básico, que nunca deve ser esquecido: forma só existe em função de conteúdo.

Antes de ver o “disclaimer” do ASS, eu achava que seu último post, se você conseguisse descontar o belíssimo estilo King James do rapaz, não fazia parte de um debate propriamente dito, e que com isso perdíamos todos nós. Porque não há debate quando não há argumentos. E esse é o ponto principal. Agora, tudo isso perde todo o sentido. Não há debate. E eu continuo gostando muito do blog do Smart.

Podcasting

O post passou por aqui despercebido, não mereceu um mísero comentário.

Então eu toco no assunto de novo.

O Marmota está procurando gente interessada em fazer parte de um projeto de podcasting.

Não é possível que entre os leitores de blogs só exista o Marmota ligado a rádio.

O podcasting pode vir a ser uma coisa fantástica. Pode resgatar um pouco a importância do rádio e inseri-lo de verdade no século XXI. Eu fico imaginando belos talk shows, como o Alexandre discorrendo sobre literatura (e na sessão da meia-noite mostrando como lamber um pé), o Idelber falando sobre música brasileira, o Inagaki lendo uma de suas crônicas, um de seus poemas ou fazendo uma crítica de cinema.

O Bia, com sua voz de locutor mela-calcinhas, falando o que ele quiser, porque Bia Jones conquistou esse direito.

As possibilidades são tão grandes quanto as criadas por um blog normal. Sequer precisavam se limitar a questões geográficas. Deveria ser uma delícia ouvir a Lucia Malla falando da Coréia, o Allan falando de Piacenza, a Leila de Sacramento. Vozes próximas mas diferentes, como o Marcus lá do Pará. O que você sabe sobre o Pará? O Reginaldo lá da terra de Nossa Senhora do Destino.

Isso pode vir até a dar dinheiro, mais fácil do que blogs. Eu explico: um audioblog com 2 mil visitas diárias poderia muito bem fazer parte do plano de mídia de uma campanha de rádio. Bastaria um pouco de esforço e relações públicas.

E essa é só a minha visão, primária e definida em uma mera olhada à minha volta. Há várias. Milhares.

O Marmota está vendo o futuro. Se você mora em São Paulo, gosta de rádio, dá um jeito de falar com ele.