Comentários sobre o cinema de autor

A questão é: o Marcus, caindo no golpe da teoria do cinema do autor, justifica a tal “autoria” ao dizer que diz que “ninguém pega o mesmo roteiro e o ‘interpreta’ em outro filme.” Na verdade, isso acontece o tempo todo. O nome disso — bastante comum, aliás — é “refilmagem”. Às vezes o mesmo diretor faz isso com seus próprios filmes, como Hitchcock em “O Homem que Sabia Demais” e Hawks com “El Dorado” e “Onde Começa o Inferno”. É por isso que ao diretor cabe, com mais propriedade, o título de intérprete. O problema é que o pessoal chama essas “interpretações” de “autoria”.

E vão mais longe. “Na versão final está exatamente aquilo que o diretor quis que estivesse lá”, disse o Marcus. Isso não é verdade. Eu tenho uma pergunta a fazer: quem é o autor de Touch of Evil e de The Magnificent Ambersons?

Qualquer pessoa que conheça um pouquinho de cinema responde na lata: Orson Welles. E pode falar horas sobre a qualidade desses filmes e sobre o estilo claro, definido de Welles neles — qualidade que eu, por exemplo, reconheço: naquela ex-lista de 100 melhores filmes, os dois estavam lá. A seqüência de abertura de Touch of Evil é uma das mais fantásticas de toda a história.

Certo.

Touch of Evil foi modificado de tal maneira pelo estúdio (o “autor” não teve acesso à edição e sequer foi convidado para a pré-estréia) que, assim que viu o filme, Welles escreveu um memorando de 58 páginas pedindo uma série de modificações. The Magnificent Ambersons, por sua vez, teve até um final feliz colocado a fórceps e à revelia do gordinho, final que tirou muito da força e do sentido do filme.

A tese que o Marcus acolhe poderia ser derrubada facilmente por uma frase do René Clair, segundo a qual um filme só se realiza completamente quando o diretor e o roteirista são a mesma pessoa. Ele tem quase razão. De qualquer forma, Clair estava deixando bem claro que um filme não pode ser, nunca, a “obra de um sujeito só”. Não dá. Porque é indústria, porque é um processo coletivo e porque parte de um elemento estrutural que é o roteiro.

O valor que o Marcus e a turma do cinema de autor dão a modificações, reivindicando com isso toda a autoria, é baseado nessa confusão proposital (tipificada, a propósito, no artigo 171 do Código Penal brasileiro).

E de onde ele tirou a idéia de que é cada vez mais raro um produtor tomar decisões sobre o filme é um mistério. Porque denota, no mínimo, desconhecimento sobre sets de filmagem. Hoje e sempre. O nome Weinstein, para citar apenas um em atividade, não quer dizer nada? Como falou uma vez o Nelson, quem manda é o dono do dinheiro. Porque cinema pode até ser arte (só às vezes, apesar da generalização do Marcus), mas sempre é indústria.

Se por outro lado mais diretores passam a ter mais poder de decisão, é porque hoje eles são, também, produtores. Isso é mais comum em mercados menores. A Criss, por exemplo, citou o Almodóvar. É um dos exemplos mais ineptos que podiam ser dados. Seria bom olhar para a ficha técnica de seus filmes. El Deseo é sua produtora, o roteiro é dele — espalha não, mas ele precisaria ser incompetente demais para deixar o filme com a cara do best boy. Não vale citar como exemplos de “autores” diretores que também são roteiristas e produtores, porque aí não há discussão. Porque ele tem, sim, a cara do diretor. A cara do produtor. E a cara do roteirista.

Quanto ao papel da montagem, no que o Marcus tem razão, é preciso lembrar que durante muito tempo os diretores sequer eram autorizados a entrar na ilha. Só quem conseguia eram diretores que também eram produtores, como Capra, Hitchcock, Ford, Hawks. Não é coincidência que são justamente esses os diretores “redescobertos” pelos franceses da nouvelle vague.

Depois de horas e horas enfiado nessas sucursais do inferno, eu posso dizer: um bom editor faz uma diferença absurda em qualquer obra. Um mau também. Mas isso eu digo desde sempre. E volto ao ponto de partida: o problema da teoria do autor é querer transformar uma arte coletiva em trabalho de um homem só. Não é assim. Nunca foi. Nunca será.

O Gabriel lembrou que na maior parte das vezes um filme pode ter a cara do diretor — e quem seria louco, por exemplo, de esquecer que grandes diretores têm uma marca bem clara, como Hitchcock? O problema é que, se Hitchcock tinha uma marca autoral forte, era porque era também produtor de seus filmes, e porque já chegava ao estúdio com os mais completos storyboards de que se tem notícia — não é demais lembrar que ele era diretor de arte em agências de publicidade inglesas antes de migrar para o cinema. O mesmo vale para diretores como John Ford. Ao mesmo tempo, todos esses grandes diretores costumavam trabalhar com o mesmo pessoal, que agregava suas contribuições de maneira bem clara.

Mas…

Pegue as duas versões de “Psicose”, por exemplo. A primeira versão, de 1960, é radicalmente diferente da segunda, de 1998. Neste caso tivemos dois filmes partindo do romance de um mesmo autor (ops!), Robert Bloch, realizados com o mesmo roteiro, do Joseph Stefano. Por que os dois filmes são radicalmente diferentes?

Ainda assim, o nome do bicho é “Psicose”, não é? A interpretação de Lawrence Olivier em “Hamlet” é bem diferente de qualquer outra versão, como por exemplo Mel Gibson. Mas deixa de ser Hamlet? Um dos dois passou a ser o autor da obra?

O Edkallen, contestando a citação dos filmes de Altman, citou a diferença entre livros de fases diferentes de Machado de Assis. Mas a questão é que, além de haver uma progressão clara nos livros do gaguinho, em qualquer dos casos dá para saber que os dois livros são dele. É o mesmo estilo, facilmente reconhecível. Isso não acontece com os três filmes que citei. Eu sequer lembrava que “Doutor T” é de Altman. Não há sequer uma unidade de pensamento, quanto mais de estilo. Ao contrário de Hitchcock, Ford e tantos outros. Que não eram apenas diretores.

Se sua tese estivesse correta Hollywood teria feito grandes filmes nos anos sessenta/setenta em quantidade comparável ao período de 40/50, o que não ocorreu. Afinal existiram roteiros incríveis, recheado de idéias e inovações nas décadas mais recentes. Porém não existia mais o talento e perspicácia de Billy Wilder ou Frank Capra para filmá-los.

O argumento do Ed está torto. Os anos 70 foram o ápice do que de mais próximo se chegou do “cinema autoral” nos EUA, período que chegou ao fim no começo dos 80, com um sujeito chamado Michael Cimino. Além disso, eu poderia dizer que o período de 40/50 foi justamente o ápice do studio system, em que quem dava as cartas era, de forma quase ditatorial, o produtor. Época em que muito mais que a cara de um diretor, cada filme tinha a cara do estúdio em que era feito. Seria falso, também, mas talvez fosse mais apropriado dizer que se Hollywood não fez tantos bons filmes foi justamente porque faltou bons produtores como naquela época.

E ao citar Wilder e Capra, o Edkallen entra numa arapuca. Qualquer um sabe que eles só puderam dar suas “caras” aos seus filmes porque capitaneavam suas próprias unidades de produção; e o austríaco, além disso, era prioritariamente um roteirista. Um filme de Wilder, decididamente, era de Wilder. Mas não por causa de sua direção; o que torna um filme de Wilder brilhante é justamente a qualidade específica do roteiro, da história a ser contada — desafio qualquer um a mostrar alguma grande inovação visual em um filme seu. Enquanto isso, um roteiro de Wilder (como um livrode Machado de Assis) é facilmente reconhecível. Assim como os roteiros de Woody Allen.

E o Gabriel ainda se perguntou como algumas pessoas ainda lembram do Godard. É a mesma pergunta que eu me faço, cionstantemente. Aí lembrei de “Acossado”, um filme absolutamente brilhante. E lembrei que o roteirista é um sujeito chamado François Truffaut, para mim o melhor daquela geração. Talvez isso explique um pouco a decadência posterior de Godard. E uma prova de que o que faz um filme ainda é o conjunto, a partir da obra do roteirista.

No fim das contas eu fico com o Paulo Thiago, diretor brasileiro, que disse simplesmente: “Cinema é roteiro e ator.”

19 thoughts on “Comentários sobre o cinema de autor

  1. É, cabra, esse “tipificada” aí pegou mal. Isso não é palavra que um boêmio use.

    Eu acho que já falei antes _ a velhice e o Alzheimer têm dessas coisas _ mas eu tenho um livro ótemo que defende justamente a tese de que mesmo na época áurea do cinema de autor quem mandava mesmo era o produtor.

    O problema é que é sempre muito difícil para quem está de fora conseguir isolar claramente as influências do diretor, do roteirista, do produtor e dos homens do marketing. Suponho que haja uma interação, assim, complexa, sabe? Mas money talks, então suponho que um cara que põe dinheiro em um filme de um “autor” provavelmente imagina que o sujeito entende mais de cinema que ele próprio. E quase que certamente é um pato. Como corolário, o cara que põe dinheiro em cinema e NÃO é um pato deve ser um cara com idéias muito fortes sobre o negócio. Daí que hoje vemos atores virando diretores e produtores dos seus próprios filmes, circunstância em que toda essa discussão desaparece em um clarão de luz, câmara, ação. 🙂

  2. Rafa, ´cê deve estar ficando maluco, rapaz.
    Como assim, exemplo inepto, o de Almodovar? Qual o problema de ele ser produtor, diretor e escritor? Não é esse o cinema de autor por excelência – quer você o ache bom ou ruim?
    Nem entendi direito o que vc tem contra o que se estabeleceu chamar de “filme de autor”, e nem por que considera que isso seria algum tipo de golpe, contra quem e por que (perguntas, aliás, que fiz no primeiro comentário e que continuam sem resposta!)
    Pois se na hora que os caras recebem os prêmios eles até agradecem toda a equipe!ahahahaha
    Sério, agora: O trabalho é de equipe, mas quem escolhe a equipe?(refiro-me aos que podem fazê-lo, ou seja, os que fazem cinema de autor!!)
    Acha que alguém que quer fazer plástica com o Pitanguy ou ter uma casa projetada por Niemeyer está lá se importando muito com a “equipe”?
    A equipe é a equipe. A célula da sociedade é o indivíduo. E a vida é cruel, principalmente pra quem trabalha nas equipes!
    Isto, se é que o seu ponto de vista tem esse viés meio “comuna”, que apesar de meio datado ainda poderia explicar essa sua nova bravata contra o cinema de autor e contra nós, que te amamos tanto.

  3. no momento, só posso dizer:
    PAULO THIAGO? vc está muito MAL acompanhado!
    :>/
    ah, e mais: o ADRIANO como debatedor de cinema é fraco. o negócio dele é IMPACTAR a direita.
    :>)

  4. Refilmagens que são meras reinterpretações do mesmo roteiro são raríssimas. Muito mais comum é refazer a história (por isso o nome “remake”) de acordo com a visão do novo diretor, como na versão de Cabo do Medo filmada por Scorcese, que é bastante diferente da versão original.

    E eu acho que deixei bem claro que a autoria do diretor existe quando ele tem o controle das decisões sobre o filme. O exemplo do Orson Welles não se encaixa nisso.

    Essa coisa do produtor estropiar as idéias do diretor tem sido algo cada vez mais raro hoje em dia, até pela mudança no processo de produção. Se antes um diretor ficava ligado por longo tempo a um estúdio, hoje o estúdio, em geral, dá o dinheiro para um projeto que lhe foi apresentado pronto por um produtor independente.

    Fernando Meirelles foi apenas um diretor contratado de um projeto que não começou com ele, mas mesmo assim entregou um filme que é de Fernando Meirelles, sem tirar nem pôr.

  5. Caro Rafael,
    Cadê a sua lista do 100 melhores filmes??? Fiquei supreso quando não consegui acessá-la a partir do atalho que coloquei no meu blog (pode conferir…), e mais estarrecido ainda quando vi agora nesse post uma referência que vocâ fez à sua “ex-lista”… O que houve??? Velho, preciso dela urgentemente, pois aquela lista é minha base de compra de filmes… Dei uma parada nas aquisições faz poucos meses e agora quando pretendi retornar, cadê a minha referência (leia-se a sua lista)??? Aguardo notícias urgente… Abs….

  6. Criss,

    Inepto, sim. Dar como exemplo de “cinema de autor” — que se refere ao diretor, não ao produtor ou ao roteirista – um sujeito que controla todas as etapas da realização de um filme é ineptitude, sim. Porque aí eu também concordo. Todo mundo concorda. Mas não porque é diretor. E isso não vem de agora: Hawks, Hitch, Wilder, Lubitsch — todos grandes diretores, e também produtores. Entendeu agora?

    Quem escolhe a equipe? O produtor. Eventualmente um diretor escolhe — mas aí está desempenhando as funções de produtor. Eu venho dizendo isso desde os posts do ano passado. A teoria do cinema de autor se refere à função, única e exclusiva, de direção. E eu não vejo muitos exemplos dados por quem discorda. Normalmente, dão exemplos de diretores que também são roteiristas (o nome Chabrol lhe diz alguma coisa, Bia?)

    Ao insistir nesse ponto, Criss, você está confundindo as bolas. A questão não está em escolhas de produção de um filme. Está no desempenho das funções de direção, especificamente. Não deve ser tão difícil entender isso.

    Quanto à questão do golpe, releia o post. É golpe porque é falso e porque é uma teoria usada para justificar uma circunstância.

    E não sei onde você viu um viés “comunista” no post. Ele está mais pro capitalismo cru do Hermenauta. Manda quem tem dinheiro. Isso, aliás, está no post. Você ta que nem o Reinaldo Azevedo, vendo comunistas nas máquinas de camisinhas do governo.

    E eu conheço sim, Criss, quem tenha caído no golpe do cinema de autor. Por que você acha que está tendo essa discussão aqui?

    Bia,

    Você falou, falou, e fora provocar o Hermê e bater no pobre Paulo Thiago, não disse nada. 🙂

    Marcus

    O exemplo do Welles não se encaixa? Mas é justamente um dos exemplos mais utilizados — ou seja, o que justifica a tal teoria (que não vale se o sujeito é também roteirista ou produtor, assim como qualquer experiência científica precisa ser repetida em condições diferentes e isoladas) é justamente o fato de o diretor poder imprimir sua marca no filme, independente das outras funções. Você está dizendo que os dois filmes citados não têm a marca de Welles? Que são a cara do estúdio? Os críticos do mundo todo estão errados? Principalmente aqueles que defendem a teoria do autor?

    Além disso, ao dizer que um filme só é de autor quando ele controla funções exteriores à direção, bem, você está no fundo concordando comigo.

    E repito: a vida não é tão bela como você faz parecer. No mundo hollywoodiano, em que produtores e diretores são pessoas diferentes, os primeiros ainda dão o tom final a todos os filmes. Os filmes produzidos por Weinstein têm a cara de Weinstein. Bruckheimer, idem. Além disso, essa relação respeitosa entre estúdios e diretores que você pintou, se é que existe, é raríssima. Raríssima, mesmo. Cinema não é negócio para amadores, como lembrou o Hermenauta. Aliás, o próprio Fernando Meirelles, “autor” em projeto convidado, se referiu às dezenas de minutos de cortes feitos por, bem, “sugestão” do estúdio em The Constant Gardener. Isso muda sua opinião sobre o filme?

  7. Olha, Rafa… que você me chame de burra, ainda vai. Tá bem, foi quase o que você fez, chamando meus exemplos de ineptos e minha atitude, ao fornecê-los, de “ineptipude”.
    Tudo bem, tudo bem mesmo, porque, de fato, confesso, no fundo não entendi PORRA NENHUMA do que você estava pretendendo dizer com esse post. E como, a cada explicação sua, eu entendo ainda menos, só pode ser mesmo devido à minha burrice, portanto sem ofensas.
    Mas… comparar-me ao Reinaldo Azevedo, aí já é demais, um golpe baixo e totalmente injustificado e imerecido. Burra, vá lá. Piranha, Filha-da-Puta, ok. Mas… isso??? Que mal eu te fiz??

    Nunca mais volto aqui!

  8. O fato é que existem os dois casos, filmes que têm e filmes que não têm a “assinatura” do diretor. Da mesma forma que você pode dar vários exemplos de filmes que foram bastante modificados ou que devem sua qualidade ao roteirista ou ao diretor de fotografia, vários outros exemplos podem ser dados em favor de diretores.

    O Mitchell Leisen, por exemplo, era extremamente criticado por roteiristas como Billy Wilder e Preston Sturges por modificar seus roteiros como bem queria. Quando você assiste a filmes como “Easy Living” e “Midnight”, é até difícil notar que se tratam de scripts escritos por eles.

    Outro exemplo é o Terry Gilliam, que distorceu completamente o roteiro original de “Brazil” (nos extras do DVD o próprio roteirista reclama e afirma que muito pouco do que ele imaginava foi aplicado). E a lista não tem fim, se a gente for parar para pensar em outros casos…

  9. Acho que perguntar a razão de uma polêmica é a legítima pergunta retórica. Aquilo que se responde no ato da pergunta: “Qual a razão dessa polêmica?”, não precisa de resposta, mas para ser preciso: “A sua pergunta já a sustenta e contribui com ela.” – aí pode até emendar: “…tonto!”

    Essa questão do cinema de autor está para a literatura (em grau de divergência) como algumas correntes críticas de abordagem psicanalíticas que ora tentam avaliar o sujeito que escreveu baseado em sua obra, seus textos, etc.. Apesar de estar amenizada e disfarçada elas ainda persistem. Em relação ao post, penso que por mais que existam as ditas “assinaturas”, timbres, marcas, talvez a questão esteja em toda a celebrização que infiltra os muitos meios que a produção cultural trabalha. Pode ser resquício cristão essa mania de querer divinizar certas pessoas. Um cara não pode ser simplesmente bom e competente. A pomba do divino espírito santo tem que pousar no quengo dele. Aí ele fala: “Gravando!” Cria-se a teoria e diz-se que o cara é suficiente em si mesmo.

    (Certamente isso não se trata diretamente desse tal de cinema autoral, mas dialoga com algo que entendi dos comentários)

  10. Raras vezes venho aqui para discordar, digamos, tão massivamente.

    Mas não gostaria de escrever laudas para explicar uma posição que é, de todo modo, desimportante e antipática…

    Abraços aos querelantes.

  11. Prefiro o Paulo Thiago como citador do que realizador, mas concordo com ele, cinema É roteiro e ator. E uma coisa muito bacana que o Carlão Reicheinbach me disse um dia foi que, como roteirista, tinha a obrigação de aprender a montar para escrever melhor, e tirar o melhor dos atores.

    beijo

  12. Vou citar outro monstro do cinema: John Huston. Ele costumava dizer que cada filme é uma aventura total, não tem como ninguém saber se vai ficar bom ou ruim, se vai ser um sucesso ou não. Li o livro da Lillian Ross, “Filme”, e várias vezes se percebe isso: ninguém sabe o que vai dar no final. Me deu um certo alívio, porque nos meus 14 anos de cinema, eu sempre tive essa mesma sensação, de que tem tanta coisa que pode sair diferente do planejado que ninguém nunca tem a menor idéia de que bicho vai dar.

  13. Autor é quem define o processo criativo da produção e se responsabiliza por ela, daí que em se tratando de cinema, há co-autorias e jamais um único “autor”. Nos finalmentes, cabe ao diretor decidir a participação ou não de outros co-autores, no caso, até de roteiristas, atores, cenógrafos etc. Numa escala hierárquica, ele é o “autor principal da obra final (o filme)” que pode depender de outras obras (fotografia, roteiro, atores) e é assim tratado pela indústria. Geralmente, o diretor considerado autor é no mínimo, co-roteirista e co-produtor, e não apenas um contratado do produtor. Obviamente, alguns “padrões artísticos” não aceitariam essa perspectiva, mas convenhamos, se alguém disser que Star Wars não é cinema de autor, ou que Woody Allen não determina de cabo a rabo como serão seus filmes, está muito mal informado. Aliás, isso de vincular arte a autor é uma mitologia ainda a ser desmistificada.

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