Os livros da moda

Você já notou que acabaram aqueles “livros da moda”?

Eu tenho uma lista deles. “Rumo à Estação Finlândia”, “Tudo Que É Sólido Desmancha no Ar”, “1968: O Ano que Não Terminou”, “Minha Razão de Viver”, “Notícias do Planalto”, “Chatô: O Rei do Brasil”, “Estrela Solitária”. Livros que eram resenhados nas principais revistas nacionais, como a Veja, e que tornavam obrigatórios nas estantes das pessoas — tão mais obrigatórios quanto mais simples eram as estantes.

A fragmentação da mídia, a ascensão das redes sociais acabaram com eles. Dependendo do digital influencer, o livro que a namorada de um deles escreveu com pensamentos que ela julga inteligentes pode ter a mesma exposição que um hipotético inédito recém-descoberto de Balzac.

E com isso acaba também uma ponte, um ponto em comum entre as pessoas, uma razão para iniciar uma conversa com alguém, “Você leu o último do Fulano?”

É um mundo estranho, esse. Eu não gosto dele.

3 thoughts on “Os livros da moda

  1. Mas você continua escrevendo cartas, não é? Falta o envelope e o selo do correio. Mas isso é o de menos. Você escreve e tem quem leia, como eu. E me faz bem.
    Até outro dia.
    Lourdes

  2. “O apanhador no campo de centeio”, “Um estranho numa terra estranha”, “Olga”, etc. Nas minhas mudanças, muita coisa ficou pelo caminho, mas não chega a ser algo a lamentar. Atualmente tenho preferido ler coisas que me divirtam, me mantendo longe de textos como “Longa jornada noite adentro”.

    O único problema com a pergunta “Você leu o último do Fulano?” é quando a resposta era “não”. Quer dizer, quando eu tinha que dizer não. Ficava constrangido e começava a vasculhar na memória qual era a livraria mais próxima.

    A propósito, você já leu o último do Camilleri?
    🙂

  3. — Você viu o novo Porta dos Fundos?
    — Quê? Porta dos Fundos? Isso é coisa de petralha!

    Agora os inícios de conversa se encerram assim.

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