Do que as mulheres gostam

Foi a Carol que passou o link. SeteZoom, uma dessas brincadeirinhas que chamam de “inteligência artificial”.

Esses trecos são bons para a gente ver até onde vai a capacidade dos programadores. E assim eu comecei a testar o brinquedinho. Outro jeito, encontrado pela Mônica, foi o de fazer perguntas usando palavras difíceis: idiossincrasia, ensimesmado, sorumbático, ontologia.

Ela devia estar esperando um grosso meio tarado para falar de sacanagem, já devia ter as respostas na ponta da língua, ou seja lá o que linhas de código têm.

Mas eu sou só um paraíba.

***

SeteZoom: Ola, Sete teclando com fome! Sobre o que quer conversar?

Você: Kant.

SeteZoom: Emanuel? Filósofo alemão.

Você: Não, sua puta, é que tá kant hoje.

SeteZoom: Discordo!

Você: Vai discordar na puta que pariu que eu nao te pago pra isso!

SeteZoom: Parar por que?FOI DIVERTIDO Nem te conto!

Você: Tu é maluca?

SeteZoom: Louca, eu!? Fora meu terapeuta, você é o única pessoa que acha isso.

Você: Tu só anda com anta, hein?

SeteZoom: Hein o que?? Desculpa se me atrapalhei..

Você: Desculpa porra nenhuma. Você é burra, mesmo.

SeteZoom: Tá bom, te perdou. Mas não pise na bola de novo!

Você: Quem tá pedindo perdão, sua vaca?

SeteZoom: Servidor não disponível no momento.

***

Eu venci. Eu sei do que as mulheres gostam.

O futuro dos jornais

Quando a TV começou a se afirmar como uma concorrente séria ao cinema, Hollywood tomou, entre outras, uma medida simples: mudou o formato padrão dos filmes, de 4×3 para os atuais, mais compridos e que poderiam proporcionar uma experiência mais “panorâmica”, mais espetacular.

Para muita gente isso é uma prova de que a indústria cinematográfica é burra, etc. Eu não acho. Não acredito que ela tivesse alternativa na época, como a indústria fonográfica não tem hoje. O caso da mudança de formato foi uma necessidade quando não haviam alternativas tecnológicas, e nem de longe se assemelha à burrice dessa mesma indústria ao não perceber o potencial do vídeo-cassete.

Algo parecido pode estar acontecendo com jornais impressos, hoje. Uma ruptura se aproxima e eles não têm ferramentas para assimilá-las. Gente boa evoca casos de rupturas semelhantes para apostar em uma convivência pacífica entre eles e a internet.

Mas eu não tenho certeza de que dá para comparar a internet com o rádio e a TV. Essas eram mídias muito diferentes daquelas a que se juntavam, e essencialmente complementares. O rádio trouxe o som; a TV trouxe a imagem em movimento. A internet traz tudo isso no mesmo pacote, e é isso o que a faz diferente.

Certo, a TV não destruiu os jornais nem o rádio. Mas absorveu muitas das funções deste (radionovelas são só um exemplo) e o forçou a mudar de formato, tirando boa parte da sua importância; acabou também com edições vespertinas e noturnas dos jornais — e comparem o número de matutinos em 1950 com nossos dias. Além disso, enterrou os cinejornais. A idéia de que ela convive pacificamente com outras mídias não é totalmente falsa, mas tampouco é verdadeira.

Há algo na internet — e principalmente no RSS, na minha opinião muito mais revolucionário que blogs — que me parece muito semelhante aos jornais, o que em parte inibe esse aspecto complementar. Se você quiser, é uma mídia escrita. Se você quiser, tem a mesma estrutura que os jornais. Mais importante: em um momento em que quase ninguém lê um jornal inteiro — basicamente as manchetes principais e os assuntos que mais lhe interessam — a internet oferece uma segmentação muito mais adequada que os jornais, que precisam ser tudo para todos.

É perfeitamente possível imaginar um cenário em que as pessoas recebam as hard news via RSS, na hora em que elas acontecem, e recorram a revistas semanais para uma análise mais profunda da notícia. Ou mesmo mensais.

E aí está o problema. O jornal, por mais que se esforce, não é um veículo para grandes análises. Ele fica velho em 24 horas. A internet diminui ainda mais esse período de vida. Se as revistas ocupam um espaço que a informação via internet ainda não supre a contento, embora os blogs tenham condições de desempenhar esse papel em relaticamente pouco tempo, os jornais impressos se tornam cada vez mais atrasados. E isso me parece irreversível.

Se eu fosse apostar, eu não colocaria minhas fichas na sobrevivência dos jornais impressos por mais 30 anos.

Apple

Eu nunca vi vantagem no Macintosh, pelo menos não para mim.

Já usei Macintosh (pré-iMac, um Performa). Naqueles tempos, o Windows era infinitamente superior. Mais rápido, mais estável, e fazendo absolutamente tudo que o Macintosh fazia (um PC com 32 MB de RAM era mais rápido que o Performa com 80 MB). Foi quando me certifiquei de que a lenda em torno do Macintosh vinha de tempos idos. Grande parte dessa fama vem dos idos tempos em que o IBM-PC rodava sistemas operacionais bisonhos como o CP/M e o MS-DOS. A diferença era realmente descomunal. Mas depois do Windows 95 ela acabou, pelo menos para quem usa computador para aplicativos de escritório ou editoração eletrônica. Internet, então, nem se fala. E em jogos o Macintosh simplesmente não existe. No final a diferença passou a ser só o preço, com um Macintosh custando quase o dobro de uma PC similar.

Depois do MacOS X, as coisas mudaram. O Mac, sobre uma estrutura Unix, melhorou sensivelmente; não tem muita gente que discorde da afirmação de que o MacOS é melhor que o Windows, em que pesem algumas facilidades que temos cá. Mas a questão do preço continua.

Hoje só há duas situações em que um Macintosh é superior a um PC. Em edição de vídeo — a superioridade do Mac é impressionante, tanto em hardware quanto em software — e no quesito beleza. Porque se tem uma coisa que aquele pessoal faz bem é um computador bonito. Eu ainda não vi computador mais bonito que o segundo iMac; e olha que eu achava que depois do Cube eles não conseguiriam fazer nada tão belo.

Cada vez mais fico com a impressão de que as coisas podem mudar. Recentemente a Apple lançou dois novos produtos. Um, o iPod Shuffle, me parece redundante e dispensável. É só mais um flash player, que só existe em função da força da marca Apple.

O outro produto, o Mac Mini, é outra história. Ele está longe de ser o que andam dizendo dele, como computador. É belíssimo, mas por 500 dólares você compra um PC muito mais potente e muito mais completo, com monitor, teclado, mouse, leitor de cartões, etc., e um bocado de espaço para expansão. Só tem duas portas USB — que você ocupa imediatamente com o teclado (e com o mouse, se você usar hardware da Apple) e com a impressora — e uma firewire. É, basicamente, um notebook sem display. Seu preço real (com mais 256 MB de RAM, gravador de DVD e teclado e aquele mouse aleijado da própria Apple) é 732 dólares. Adicione mais 150 de um monitor, e você fica próximo dos 900 dólares.

Vamos lá: como computador, o MacMini é bobagem.

Mas o que se tem aqui é uma possibilidade que a Apple, talvez inadvertidamente, está abrindo para si própria, e com condições de ir bem além do que a Microsoft já conseguiu ir: colocar o seu Mac Mini como um hob digital, agora que a convergência entre TV, música e internet parece cada vez mais próxima. Já estão pipocando iniciativas nesse sentido, partindo daquela legião de fãs incondicionais da Apple.

Levar o computador para a sala de estar é uma mudança revolucionária. Se Steve Jobs conseguir isso, entra em um mercado totalmente novo, e tem chances de voltar a ser líder de mercado.

Pelo menos até que a Microsoft entre e domine o novo mercado, com um produto mais vagabundo, mas aberto e mais barato.

Combatendo o spam de comentários

Parece que o Google finalmente encontrou um jeito de desencorajar o comment spam que ele, inadvertidamente, ajudou a criar.

A partir de agora, o Google não vai mais seguir links que contenham a seguinte tag: rel=”nofollow”. Mais simples, impossível.

Todos os principais criadores de programas de blogs — Six Apart, WordPress, LiveJournal e, claro, Blogger — se comprometeram a adotar o padrão. A MSN e o Yahoo também estão apoiando a iniciativa. Com isso, os spammers perdem sua razão de ser. A nova orientação do Google não deve acabar com o spam, mas deve reduzir, e muito, os ataques dessa praga.

A longo prazo, Deus sabe o alívio que isso vai representar para quem tem um blog e se vê às voltas com esse problema. Reginaldo, assim que sair, baixe e instale o MT 3.15.

Hospedagem

Os problema com servidores que enfrentei na virada do ano me ensinaram algumas coisas, e parecem ter desestimulado o Idelber a ter o seu próprio domínio.

Não acho que meus problemas devessem tirar do Idelber essa vontade — incontrolável em um bloguista –, mas essa deve ser uma daquelas regras universais imutáveis: você vai ter problemas com seu servidor de hospedagem, cedo ou tarde, grande ou pequeno. Não há como fugir dela. Por isso, se alguém vai escolher um provedor, a coisa mais importante a ser definida é a questão do suporte. É isso que realmente faz a diferença.

Como eu me viro com o básico, preferi escolher o provedor mais barato que oferecesse o mínimo de que eu precisava. No caso da Sunhost, o que parecia ser um bom atendimento se revelou deficiente na primeira consulta; no caso da AddAction, o atendimento superou minhas expectativas. No final das contas, não foram eles quem resolveram totalmente meu problema (relacionado a permissões: o Movable Type define o CHMOD do PHP como 666; alguns provedores, como a AddAction, exigem que seja 644. A mudança é feita no mt.cfg e é extremamente simples, mas como tudo que é simples neste mundo, me tomou 48 horas até descobrir), mas sem sua investigação e esforço eu não teria descoberto nunca. E outra coisa: enquanto o suporte da Sunhost era rápido em dizer que “não oferecemos suporte a Eudora, não oferecemos suporte a Movable Type”, a AddAction não vacilou em tentar resolver o problema.

Qualquer primeiranista de marketing sabe que, para o consumidor, mais importante que a solução é notar o empenho em oferecê-la.

(E nessas horas você fica grato à corporações americanas explorando seus funcionários durante o Ano Novo. O capitalismo predatório é sempre bom para quem paga.)

Mas se você não entende e não quer entender sequer desse mínimo, o mais recomendável é escolher um provedor que lhe ofereça um suporte de alto nível. Normalmente o preço é mais alto, mas vale a pena. Por exemplo, um desses bons provedores é o Vilago, do Cris Dias, especializado em hospedagem de blogs. A Mônica e o Guto hospedam três blogs lá, e não têm absolutamente nenhuma queixa — pelo contrário. Porque é isso que faz diferença, saber que tem alguém tentando resolver o seu problema quando você precisa.

Por que este blog sumiu

Os últimos dias foram difíceis para este blog.

Aí pelo dia 29, o provedor onde ele estava hospedado, Sunhost, saiu do ar.

Quando eu estava pensando em abandonar o Blogger, pesquisei uma série de provedores de hospedagem. Sabia o que precisava e sabia o quanto estava disposto a pagar.

A perspectiva de um provedor brasileiro era mais interessante por uma razão: suporte. O que a Sunhost oferecia era adequado para mim: 2,5 GB de transferência, 500 MB de espaço (depois foram aumentados para 3 GB e 1 GB, respectivamente). Na época, eu não usava sequer 300 MB de largura de banda por dia. E ainda hoje não uso mais de 100 MB de espaço em disco.

O que me impressionou foi a promessa de atendimento. Bastou ir até a página deles para ser atendido por instant messaging. Achei interessante; sabia que depois que assinasse isso ia mudar, mas o começo era promissor e deixava a esperança que a mudança não fosse tão grave assim.

Ledo engano.

Meu primeiro pedido de suporte foi sobre o Eudora, que eu não estava conseguindo configurar. Expliquei o caso, enviei screenshots. A resposta foi que eles não ofereciam suporte ao Eudora. O problema, no fim das contas, era uma bobagem relacionada a autenticação, coisa que qualquer idiota deveria entender. Acabei resolvendo sozinho.

Ainda fiz algumas perguntas que não tiveram respostas, relativas a sub-domínios, etc. Minha indignação chegou ao limite quando eles começaram a nem sequer responder os tickets de suporte — especificamente um sobre cron jobs, que ao que tudo indicava não funcionavam. Como no Movable Type estava tudo aparentemente certo, eu tinha quase certeza de que o problema era lá; no entanto, eles sequer disseram: “olha, o problema não é aqui”. Simplesmente não responderam. Foi quando descobri que nem telefone para suporte eles tinham. Você tinha que mandar um e-mail e rezar para eles responderem.

A essa altura eu já tinha começado a procurar novos provedores. Foi nessa época que o Reginaldo estava procurando um provedor para o Singrando; eu já comecei a falar mal da Sunhost aí. Mas as coisas ainda iam piorar.

Para que se tenha uma idéia, eu tinha transferido meu domínio para uma das empresas deles. Quando transferi novamente, agora para a GoDaddy (sempre em busca de um registrar mais barato), mandei um e-mail para eles solicitando o código de autorização. Nada. Eu tive que achar o registrar primário deles para conseguir o tal código. Quase uma semana depois de já ter transferido o domínio e ter esquecido do caso a Superdomínios, a tal empresa deles, me mandou o código. Piada. Quase tão grande quanto o fato de eles, desde o início, anunciarem um “painel de controle” que nunca instalaram.

Mais: comecei pagando por cartão de crédito, que eles debitariam automaticamente. Depois que passei a pagar por transferência bancária, a coisa degringolou um pouco. Acredite: eu nunca soube exatamente o dia de vencimento, nem eles se incomodavam em cobrar. Apenas cortavam o acesso depois de vencido.

Ultimamente minhas necessidades aumentaram. Estava quase chegando ao limite de transferência. E aquilo, de repente, se tornou caro para o que me oferecia — sem a vantagem do suporte.

A gota d’água foram as constantes quedas do serviço nos últimos dias. Outras coisas já vinham me irritando, como o Awstats deixando de rodar (e o que seria das “Alegrias do Google” sem o Awstats?), mas o que realmente me tirou a paciência foram as várias vezes que tentei acessar o blog — e principalmente meu e-mail — e ele estava fora do ar.

No dia 29 o provedor deu um revertério enorme. Ficou 24 horas fora do ar. Dessa vez eles resolveram o problema, embora não com a presteza que seria necessária. Mas tubo bem. Foi nesse intervalo que mudei para a AddAction.

Tive muitos problemas para colocar o PHP para funcionar, já que a AddAction tem uma configuração diferente, mas o que me impressionou foi o suporte deles. Mesmo no Ano Novo (vim para cá de madrugada, tentar resolver o problema), tinha gente trabalhando e tentando resolver o problema, na mesma hora em que abri um ticket de suporte.

Só fui resolver agora, mas sei que posso contar com o suporte deles. Isso é reconfortante.

E feliz 2005 para todo mundo.

Make love, not spam

O Lycos acaba de lançar um screensaver interessante.

É simples: enquanto ele está ativo, fica mandando pedidos para sites de spammers; milhares desses screensavers mandando pedidos simultaneamente fazem com que esses sites funcionem mais lentamente, e aumentar a banda consumida. A idéia não é tirar o site do ar, mas aumentar seus custos.

Eu já perdi uma conta de e-mail para spam, e neste blog recebo algumas dezenas de comentários de spammers por dia, que o MT-Blacklist bloqueia (os sujeitos são tão canalhas que não querem que cliquem em seus endereços; fazem isso para garantir melhores posições no Google).

Já instalei o screensaver. É até divertido ficar vendo os gráficos dos ataques. E o sentimento de vingança é sempre gostoso.

Thunderbird

Get Thunderbird - Reclaim your inboxEste post seria sobre o Firefox (79,6% dos leitores deste blog ainda usam o Internet Explorer; eu sinceramente não entendo como isso é possível), mas o Marcus escreveu um guia simples, didático e abrangente com as razões pelas quais uma pessoa com juízo deve abandonar o IE, contra o qual o próprio governo americano já se pronunciou.

Então deixa eu voltar a insistir no Thunderbird.

Durante toda a minha vida na internet, eu usei o Eudora. Se abandonei o Netscape uma época porque simplesmente não dava mais (as versões 4.7x), o Eudora sempre esteve aqui. Basicamente, minha vida de e-mails está guardada nele.

Mas o Eudora é pago. E se ninguém se importa se eu confessar um crime, eu já estava de saco cheio de catar cracks internet afora. O Outlook Express nunca foi uma alternativa — não apenas por ser extremamente vulnerável a virii, mas por não me oferecer alguns recursos de que preciso, já que guardo virtualmente todos os e-mails que recebo e envio.

O Thunderbird é um grande cliente de e-mail. Ainda tem alguns pequenos defeitos, mas estruturalmente é extremamente adequado ao que preciso. Como o Firefox, tem uma estrutura modular que lhe permite agregar novas funções. No meu caso, uso duas extensões: TB Attachment Tools, que me permite separar arquivos anexados das mensagens, e Magic SLR, que simplesmente adiciona um botão de Send Later.

Além disso, há um programa chamado MozBackup que salva todas as configurações do Thunderbird e do Firefox e as reinstala sem problemas — quando, por exemplo, você formata seu HD. Isso quer dizer bookmarks, senhas, e-mails, cookies — absolutamente tudo, até as extensões, se você quiser. O MozBackup só funciona no Windows — mas é um dos mais úteis programas que eu já vi.

Com essas duas extensões e o MozBackup, o Thunderbird se torna melhor do que o Eudora — e eu sempre achei o Eudora imbatível. Além disso, o Thunderbird é também cliente de newsgroups Usenet (se é que alguém ainda usa isso) e, mais importante, leitor RSS. Juntos, o Thunderbird e o Firefox respondem a praticamente todas as necessidades em internet.

Nos últimos meses, o Eudora era utilizado apenas para checar algumas contas secundárias. Semana passada consolidei todas as newsletters em uma conta só. E ontem finalmente transferi meu e-mail do Eudora (35 MB, sem contar arquivos anexados e embutidos) para o Thunderbird. O Eudora chegou ao fim.