Apressado come cru

Um amigo lammer comprou um GPS há alguns anos.

Como sempre acontece nesses casos, ele logo inventou necessidades para ter o GPS. Eu achei coisa de geek que quer comprar todo e qualquer gadget que aparece à sua frente. Disse que só compraria um quando o GPS e o Palm se fundissem em um só. Afinal, o GPS só lhe dá suas coordenadas geográficas, o que para uma anta espacial como eu não significa muita coisa. E sabia que esssa fusão aconteceria em poucos anos.

O novo iQue é o primeiro resultado dessa convergência.

Microsoft e Mozilla, juntos…

Pode ser só impressão. Mas nos últimos tempos, jornalistas que parecem ter um relacionamento muito íntimo com a Microsoft (ou com a bolsa dela) estão impulsionando o Mozilla. Gente como Paul Thurrot fala bem do browser, e ele não consegue falar bem de nada que não tenha a assinatura de Bill Gates.

Parece que o que andam dizendo é mesmo verdade: a Microsoft, que não atualiza o Internet Explorer há anos, está cedendo espaço ao Mozilla, que afinal de contas não é de empresa nenhuma.

O Mozilla é um browser infinitamente melhor do que o Internet Explorer. E com a guerra dos browsers vencida, talvez a Microsoft não tenha mais interesse em continuar desenvolvendo seu browser. Parece ser uma boa idéia. O Mozilla é muito melhor do que o IE jamais foi.

Ao mesmo tudo, pelo que se vê do desenvolvimento do Longhorn, o próximo Windows, praticamente tudo o que estiver no Windows vai poder acessar a Internet. Por isso, o que estou falando aqui pode ser só uma grande besteira.

O futuro é sempre interessante. E intrigante.

Elio Gaspari, o Governo Federal e o Linux

Esta é a coluna do Elio Gaspari deste domingo. É brilhante, e comento depois.

Copiei aqui porque seria impossível fazer um link para ela.

Saudades do PT que ousa e faz
Há o PT-Federal, que tritura, tributa e tunga, mas ainda há o velho e bom Partido dos Trabalhadores, capaz de tomar iniciativas administrativas audaciosas e de produzir êxitos sociais.
Desde janeiro, quando tomou posse, o governo de Lula vai devagar, quase parando na controvérsia em torno do uso de programas livres para os computadores da rede da Viúva.
Trata-se de uma discussão chata, freqüentemente incompreensível. No Brasil, nove em dez computadores funcionam com o sistema operacional Windows e quase todos trabalham com o programa Office para textos e cálculos. Os dois são da Microsoft, de Bill Gates.
Contra eles há os chamados programas abertos. Grosseiramente, a operação de um terminal com programas abertos custa cinco vezes menos que outro, nas mãos da Microsoft. Numa grande empresa, um terminal com programas de Bill Gates custa entre R$ 500 e R$ 1 mil por ano.
A encrenca começou em 1991 quando um garoto finlandês, Linus Torvalds, convidou micreiros de todo o mundo para montar um sistema aberto, livre, às vezes grátis, sempre barato. Chamou-se Linux e hoje tem a IBM a ajudá-lo.
A Microsoft personifica a gordura em algumas empresas que querem cortar custos. O Metrô do Rio e a Telemar já trabalham com Linux. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostrou que os número de empresas com programas livres em seus terminais passou de 8% para 12%.
O governo de Lula prometeu que vai tirar da Microsoft o monopólio do acesso aos serviços da Receita Federal. É pouco. O governo petista pode usar o seu poder de compra, de propaganda e de persuasão para estimular os brasileiros a usar programas livres. Não precisa impor nada, pois desde que inventaram o computador, sempre que o governo brasileiro quis impor alguma coisa, acabou-se fabricando desastres. Basta dizer que os usuários de computadores têm alternativas e que, entre elas, a Microsoft é a mais cara, senão a mais gananciosa.
A administração petista de São Paulo produziu o melhor exemplo de uso dos programas livres. É a rede Telecentro. Tem 61 postos de serviço para o povo. Cada um deles tem 20 terminais e se destinam a ensinar as pessoas a entrar no mundo dos computadores. O primeiro Telecentro foi montado em Cidade Tiradentes, sofrido conjunto habitacional da periferia. Temia-se que o prédio, uma construção da Cohab transformada em entreposto de tóxicos e reconstruído pelo Telefonica, estaria destruído em menos de um mês. Completou dois anos e está muito bem, obrigado. À sua volta surgiu uma comovente atividade comunitária. Também vão bem os oito Telecentros de Capão Redondo.
Se os Telecentros trabalhassem com a Microsoft, teriam uma despesa adicional de pelo menos R$ 2 milhões por ano. Estima-se que os programas livres permitiram uma economia de R$ 14 milhões. A administração petista de São Paulo trouxe 150 mil pessoas para perto dos teclados e dos monitores. Os governos petistas gaúchos também ousaram e fizeram do Linux uma alternativa para a rede do governo.
Não se conhece caso de encrenca provocada pelo uso voluntário dos programas livres. Quando o PT-Federal achar a tartaruga que fugiu de cima da mesa durante uma reunião dos sábios do Planalto, poderá pelo menos copiar o que o Partido dos Trabalhadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul já fizeram de bom e barato.

Como se livrar do spam

Parece que ultimamente começou uma guerra santa contra o spam. John C. Dvorak, por exemplo, assinou recentemente uma coluna na PC Magazine americana dando sugestões taxativas e radicais sobre como resolver esse problema. Tem-se a impressão de que o problema atinge a todo mundo.

Mas daqui eu levanto a voz para dizer: “Quase todo mundo”.

Eu não tenho problemas com spam. Não que nunca tenha tido: já perdi algumas contas para ele, porque nos primeiros tempos eu era, digamos, meio ingênuo com essas coisas de e-mail.

Mas acabei desenvolvendo um sistema útil e bastante simples. Bastam um pouco de tempo e de trabalho.

Criar uma conta de e-mail é a coisa mais fácil do mundo. Aliás, é tão fácil que os spammers se utilizam disso para infernizar a vida do usuário. Mas eles podem funcionar a favor das pessoas, também. Eu faço assim:

1 – Alguns sites exigem que você se registre para poder utilizá-los. Não oferecem nada que interesse em troca, e para eles uso uma das contas que perdi, uma daquelas que parecem mais uma muçulmana na Guerra da Bósnia (todo mundo enfia o que quer nela). Eu nunca checo esse e-mail; portanto, eles podem mandar os spams que quiserem. É problema deles (e do provedor, que não oferece maneiras decentes de controlar o spam em nível de servidor). Uma alternativa a esse procedimento é usar também uma conta no Hotmail: basta configurar o danado no nível de segurança máxima, em que você só recebe e-mails de endereços cadastrados. Você nem imaginará que existe spam.

2 – Para receber newsletters (e eu recebo muitas, diariamente), uso outra conta. É esse também o e-mail que dou para gente que não conheço direito, ou que pode me incluir em um aqueles intermináveis CC:, procurados por spammers para garimpar endereços válidos. É uma conta que eventualmente pode ser trocada, caso algo saia de controle e eu seja incluído numa dessas listas assassinas. Um detalhe: se você for assinar qualquer coisa na Internet, desmarque as opções em que gentilmente se oferecem para lhe enviar informações da empresa, ofertas ou “parceiros”. Se você deixar, em alguns meses sua conta será praticamente inutilizada.

3 – Finalmente vem o meu e-mail pessoal. Esse nunca muda. Não é muita gente que tem esse endereço: basicamente amigos, família e gente que trabalha, de uma forma ou outra, comigo. Quem tem esse endereço sabe que ele jamais deverá ser incluído em qualquer CC:.

Claro que esse sistema não é à prova de spam; até mesmo parte do princípio de que uma das contas será violentamente atacada. Mas é uma forma simples que torna a minha vida bem mais simples. É o que interessa.

E o ídolo tinha pés de barro…

Confesso: sempre fui fã de Steve Jobs.

O sujeito é um gênio. Não só por ter inventado o Macintosh, mas principalmente por tê-lo reinventado.

Veja o primeiro iMac. É um computador vagabundo, mas tem o toque de Midas do sujeito: ele percebeu que computadores pessoais estavam se tornando commodity e resolveu adicionar valor a eles, tornando-os peça de design.

(A propósito, eu nunca achei o primeiro iMac tão bonito assim. Transparente demais.)

O resto é só conseqüência. A segunda geração de iMacs são os computadores mais bonitos que já vi na vida – e duvido que haja algum mais bonito, mais elegante num futuro próximo ou distante.

Nada disso, entretanto, impediu que a Apple fosse perdendo market share. A razão é simples: um PC faz tudo o que um Apple faz, por metade do preço.

Mas parece o meu ídolo anda fazendo umas bobagens. Está transformando o Macintosh num gueto. Foi graças aos programas da Adobe – Photoshop, Illustrator, PageMaker e InDesign, Premiere – que a Apple conseguiu vender computadores quando o Windows dominava 90% do mercado: sobrevivendo em nichos como o educacional (nos Estados Unidos), o desktop publishing e a edição de vídeo.

Só que ele deu pra fazer seus próprios programas. Dizem que o browser da Apple, o Safari, é brilhante; e o Final Cut, para edição de vídeo, também. Acontece que com este último ele acabou comprando briga com a Adobe, que perdeu o mercado do Macintosh (tudo bem, é apenas 2% do mercado total, mas 25% do mercado da Adobe).

Na minha terra (que é a mesma do Ancelmo Góis), quando a gente está perdendo espaço a última coisa a fazer é se isolar.

Netscape, R.I.P

A AOL acabou de anunciar que está enterrando o Netscape.

Esse browser foi meu companheiro desde que comecei a acessar a Internet. Não consigo imaginar uma página da Web que não seja emoldurada por esse programa.

Obviamente, com o tempo virou um programa tão ruim que durante pouco menos de dois anos — entre 2000 e 2001 — fui forçado a usar o Internet Explorer, por absoluta falta de opção. É irracional: simplesmente tenho uma antipatia terrível por aquele browser. Por sorte a Netscape lançou a versão 7 do seu browser, que voltou a ser bem superior ao Internet Explorer (até por ser basicamente o Mozilla com o logo da Netscape). Mas agora o sonho acabou.

Droga. Vou ter que passar pro Mozilla. Eu não uso por outra razão irracional: eu detesto aquele ícone; o do Netscape é esteticamente bem melhor. Mas, infelizmente, cedo ou tarde serei obrigado a admitir que frescura tem limite. Mozilla, aqui vou eu.