Os 10 melhores westerns

O western é o mais puro gênero cinematográfico. Todos os outros tinham tradições anteriores respeitáveis na literatura ou até mesmo no teatro: drama, comédia, épico, aventura, romance, ficção científica. O faroeste, por sua vez, só tinha as dime novels do fim do século XIX, puro lixo literário; quando muito, teve o show de Buffalo Bill. Foi apenas no cinema que o gênero pôde se realizar completamente; provavelmente porque, nele, o lugar é personagem fundamental da trama. Só ali, naquele momento histórico e naquele ambiente amplo, o faroeste tem sua razão de ser; e isso só poderia ser mostrado adequadamente no cinema.

O western cumpriu um papel importante na formação americana. Ajudou o país a mitificar sua própria história, emprestando a ela a tradição e respeitabilidade que sua trajetória ainda curta lhe negava. Mais de uma pessoa já falou em como os EUA recriaram, na saga da conquista do oeste, as histórias medievais européias de cavaleiros galantes e nobres. Em vez de escudo, um chapéu; em vez de espada, um Colt Peacemaker.

Por isso resolvi fazer uma listinha dos 10 melhores faroestes da história, por ordem cronológica:

No Tempo das Diligências (Stagecoach, John Ford, 1939)
É o início de tudo. Em um momento em que o western primitivo de Tom Mix e Roy Rogers tinha entrado em decadência, Stagecoach marca a estréia, em sua forma definitiva, de praticamente todos os elementos constitutivos do faroeste moderno: o primeiro grande filme de John Wayne e de John Ford, o primeiro filmado em Monument Valley, e todos os recursos dramáticos que mais tarde seriam usados à exaustão no gênero que chegou a ser o mais popular no mundo inteiro. Stagecoach é o marco inicial do faroeste, e isso não é pouco.

Rio Vermelho (Red River, Howard Hawks, 1948)
Talvez o maior faroeste de um diretor que os fez em quantidade e com qualidade, Red River é um retrato de um fenômeno efêmero da história do oeste: os verdadeiros cowboys originais, tropeiros que levavam gado de um canto a outro nos primórdios das ferrovias e que, na verdade, tiveram vida bastante curta. É esse o cenário que emoldura uma disputa ao mesmo tempo grosseira e sutil entre pai e filho, vividos por John Wayne e Montgomery Clift, perfeitamente conduzida por Hawks.

Matar ou Morrer (High Noon, Fred Zinnemann, 1952)
Embora tenha sido concebido como metáfora e denúncia do mccarthismo, o que realmente interessa em High Noon é a parábola densa sobre coragem e sobre o valor do indivíduo diante daquilo que a vida lhe cobra. É um faroeste um tanto atípico, mas que acaba reforçando os valores intrínsecos do gênero, como o heroísmo diante da adversidade. É também cheio de detalhes sobre o perfil psicológico dos protagonistas, bem ao gosto de Zinnemann. Talvez um dos faroestes mais inteligentes — do tipo novaiorquino de inteligência.

Os Brutos Também Amam (Shane, George Stevens, 1953)
Tem gente que acha esse o maior western de todos os tempos, como o Paulo Perdigão, que antes de morrer até escreveu um livro inteiro sobre ele. Tem gente que não, como o Bia. Independente disso é um filme brilhante, inquestionável. Shane é propositadamente arquetípico e esquemático, narrado através dos olhos de uma criança. É um faroeste definitivo, que consolida as convenções do gênero de maneira singularmente bela.

Rastros de Ódio (The Searchers, John Ford, 1956)
Quanto mais vejo este filme, mais deslumbrado fico com a maestria absoluta de John Ford. Da seqüência inicial, com Dorothy Jordan abrindo a porta — a porta pela qual John Wayne está condenado a jamais entrar, metaforicamente —, à última cena, em que outra porta se fecha, o que John Ford entrega é provavelmente um dos mais perfeitos westerns de todos os tempos, em que tudo se casa à perfeição: roteiro, fotografia, atuações — é, provavelmente, a melhor atuação de John Wayne em toda a sua carreira. Uma obra prima absoluta.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, Howard Hawks, 1959)
Concebido como uma resposta direitista a High Noon, “Onde Começa o Inferno” é provavelmente o último grande filme de Howard Hawks. Tão bom que ele meio que o refilmaria alguns anos mais tarde em Eldorado, com Robert Mitchum no lugar de Dean Martin e James Caan no lugar de Ricky Nelson. Um faroeste clássico, com a divisão entre bons e maus extremamente clara, e uma performance inesquecível de Dean Martin.

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, John Sturges, 1960)
Refilmagem de um filme de Akira Kurosawa, “Sete Homens e um Destino” incidentalmente definiu um padrão que vários filmes de ação dos anos 60 seguiriam: uma espécie de versão em celulóide do jogo de tabuleiro “resta um”: depois de uma longa preparação, boa parte dos protagonistas morre um a um, no clímax do filme. O modelo foi seguido por filmes como “Os Doze Condenados”, de Robert Aldrich, e “Fugindo do Inferno”, do mesmo Sturges.

O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, John Ford, 1962)
É filme que marca o fim do ciclo americano do western. Uma visão mais madura de sua lenda, em retrospecto, que poderia ser resumida por uma das frases finais do filme: “Entre o fato e a lenda, imprima-se a lenda” (ou algo parecido). É a redenção tranqüila da formação da mitologia americana, em um filme absolutamente brilhante e sensível.

Três Homens em Conflito (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo, Sergio Leone, 1966)
Depois do esgotamento total no início dos anos 60, quando praticamente todas as possibilidades criativas do western tradicional foram exploradas, coube ao italiano Sergio Leone renovar o gênero com a “Trilogia do Dólar” que este filme encerra. (Os outros filmes são “Por Um Punhado de Dólares” e “O Dólar Furado” “Por Uns Dólares a Mais”). Transportando a ação da grandiosidade de Monument Valley para a aridez da região de Almería, na Espanha, o spaghetti western transformou o gênero definitivamente e o levou um pouco mais além, dando-lhe uma sobrevida que seria impossível nos Estados Unidos. De versão americana dos contos de cavaleiros andantes na recriação de sua história, o faroeste passou a ser a visão européia da moral dúbia da vida na fronteira. Leone acrescentou a tudo isso um certo tom operístico, que levou o western ao seu último estágio.

Era Uma Vez no Oeste (C’era Una Volta Il West, Sergio Leone, 1968)
Mas é em “Era Uma Vez no Oeste” que Leone eleva ao ápice sua visão da conquista do oeste como pedra fundamental da civilização americana — uma visão amorosa, reverente, mas ainda assim extremamente crítica. É um dos poucos faroestes a ter como personagem central uma mulher, e é ainda melhor que Johnny Guitar, por exemplo. E a música de Ennio Morricone sedimenta, de maneira inigualável, esta grande “ópera da morte”, como já definiram este filme.

Os Imperdoáveis (Unforgiven, Clint Eastwood, 1992)
Foi Eastwood quem retirou o western de sua tumba e conseguiu dar-lhe um último grande filme, sobre velhos pistoleiros cumprindo uma última missão. O tom amargo e niilista do filme não se refere apenas a velhos pistoleiros imperdoados em seus finais de vida; mas a todo um gênero. “Os Imperdoáveis” é um epitáfio adequado a um gênero que nasceu com o cinema e, de certa forma, se tornou maior do que ele.

(É, eu sei que tem 11 filmes aí. Acontece. Eu nunca fui bom em matemática.)

33 thoughts on “Os 10 melhores westerns

  1. Pô Rafael!
    Dizer que “Sete Homens e um Destino” é uma simplesmente uma “refilmagem de um filme de Akira Kurosawa” é mal…

    “Sete Homens e um Destino” é baseado no “Os Sete Samurais”, um dos maiores filmes da história do cinema. Não se trata simplesmente de “um” filme de Akira Kurosawa mas de “o” filme de Akira Kurosawa!

    “Os Sete Samurais” está sempre presente nas listas de “10 mais”, frequentemente em primeiro lugar.

    Que tal dizer alguma coisa como:- Baseado no clássico de Akira Kurosawa “Os Sete Samurais”, de 1954, “Sete Homens e um Destino” definiu um padrão…etc etc

    Carlos Eduardo

  2. engraçado. outro dia eu estava lendo sobre os westerns que eram produzidos em países do leste europeu, particularmente na iugoslávia e alemanha oriental. eles sempre mostravam a história do ponto de vista do indígena ou do mexicano, em conflito contra o branco imperialista.

  3. Carlos Eduardo,

    Lembrar que é uma refilmagem é suficiente. Falar mais, só para dizer que acho o filme de Sturges melhor que o de Kurosawa. E pra que isso?

    Gabriel,

    É um seriado de TV, né? Vi não. Mas vi uns episódios de Chaparral dia desses, serve? 🙂

    Victor,

    Isso é um crime contra o western. Lembro de um, com Sidney Poitier, em que ele era o xerife de uma cidade, os brancos eram ruins e os índios eram bons (e tudo muito inferior a “Banzé no Oeste”). Isso é um atentado contra o padrão histórico e ideológico do gênero. Faroeste que é faroeste tem todos os preconceitos que formaram os EUA, negro aparece pouco e nele índio bom é comanche morto.

  4. Carlos Eduardo, concordo com você. É “O” Akira Kurosawa e não simplesmente Akira Kurosawa com um desprezo que é peculiar ao Rafael quando ele quer…

  5. Desde criança Western tinha que ter indio para ter graça. Acho que era o componente medo que o indio dava. Rastros de Odio (Seekers)é perfeito neste aspecto. Concordo com o Biajoni que Jeremiah Johnson (Mais forte que a vingança)deveria estar na lista. Outro filme que eu adorava é Duelo em Diablo Canyon. Outro grande é Soldier Blue. Adoro o Pequeno Grande Homem com Dustin Hoffmann e o mais recente Dança com os lobos. Western sem Indio não tem graça.

  6. Rafael:

    Da pra considerar algum do Sam Pekinpah? Quem sabe, Nevada Smith, ou Meu Ódio Será Sua Herança? É, no mínimo, um exercício de estilo, acho.

    Lógicamente, fora dos seus “dez”, que estão perfeitos.

  7. A o dolar furado não é de leone, o filme correto é “por uns dolares a mais”

    tem um terceiro filme de leone “quando explode a vingança” que na minha opinião é o segundo melhor filme dele, perdendo só para “era uma vez no oeste”

  8. Luiz, você tem razão. Lapso imperdoável, resultante de preguiça para procurar a tradução correta.

    E já vi gente dizendo que o fim da trilogia, na verdade, é “Quando Explode a Vingança”, e não “Três Homens em Conflito”. De qualquer forma, não acho esse filme tão bom assim. Gosto

  9. Rafael, valeu pela inclusão do meu blog incipiente de poesia no mínimo discutível no seu blogroll.

    Mas por mais que eu goste do link estar bem no topo da lista com o enigmático nome de “???????”, parece concorrência desleal. A palavra grega escrita em caracteres modernos é “kallisti” (“para a mais bela”), a palavra que Eris diz ao lançar na mesa do outros deuses a maça de ouro.

    (aliás, o Blogger escreve grego certinho. O WordPress não sei).

  10. Rafael,
    acho que o espírito por detrás do western acabou quando começou a conquista do espaço, a nova fronteira, já que, comparativamente, não tinha mais sentido de valor a conquista de territórios na terra vis-à-vis a conquista espacial ou mesmo a inquitação com o futuro . Quem trocaria uma pela outra? Provavelmente o sentido de busca por alguma coisa desconhecida que o western propiciava deve ter sido descarregada em filmes como Aliens, ET, Jornada nas Estrelas, O Exterminador do Futuro, Planeta dos Macacos,etc. Ou seja, a conquista espacial e o próprio futuro forneceram material para a imaginação da indústria cinematográfica. abs.

  11. Devo ter assistido algum destes clássicos na TV quando era criança. O único da lista que assisti adulto, no exercício das faculdades necessárias para apreciar filmes, foi o do Clint Eastwood.

    Na verdade você tem oito faroestes, dois espaguetis e um meta-faroeste. Imperdoáveis é uma homenagem, uma lembrança de como é impossível fazer filmes como aqueles nos dias de hoje.

    Acho que o western acabou nos EUA ao mesmo tempo que o jazz. Quando os norte-americanos não estavam mais concorrendo com os europeus nem tentando demonstrar que tinham alguma coisa que pudesse ser chamada de cultura. A partir do fim da década de 1950 a concorrência passa a ser com a URSS – quem chega primeiro no espaço, quem tem mais armas nucleares, quem domina mais países do terceiro-mundo, quem ganha mais medalhas olímpicas. O cinema americano (dá pra chamar assim?) passa a refletir esse novo mundo…

  12. Pena o “The Good, the Bad and the Ugly” tem sido traduzido como “Três homens em conflito”. O curioso é que a referência ao filme, quando alguém fala nele, não é pela tradução oficial. Eu só ouço chamarem de “O Bom, o Mau e o Feio”. Como diz um amigo meu blogueiro, o Dyego (www.alteregos2.wordpress.com), a tradução oficial deixa parecer que é filme sobre um triângulo amoroso masculino com terríveis problemas conjugais.

  13. O Leone na verdade tem duas “trilogias”… A primeira é essa dos dólares, que vai de “Por Um Punhado de Dólares” a “Três Homens em Conflito”, e a outra começa por “Era Uma Vez No Oeste”, passa por “Quando Explode a Vingança” (também conhecida como Era uma vez… a Revolução – o título original é algo como “cuidado com a testa!”) e termina em “Era Uma Vez Na América”, que não é um western, mas as trilogias do Leone sempre tiveram uma unidade mais temática que de enredo.

    “O Dólar Furado” é outro expoente do western spaghetti, com o galã Giuliano Gemma no papel principal e uma dessa músicas míticas que ninguém sabe a origem na trilha sonora.

  14. Só filmaço na sua lista. Mas acho que se eu fosse você eu daria um jeitinho de inserir The Wild Bunch (Meu ódio será sua herança).É com certeza um dos maiores faroestes que já foi feito. UM ABRAÇO!!!!

  15. Robertinho, 11 de Setembro de 2009, Cidade da Praia

    Olá Galvão!
    Eu queria dizer-te de que não ví nenhum dos dez filmes que aprsentas, Conheços-os atrvez da internet. Alás, quando era infante tive a oprtunidade de ver parte do filme os Brutos Também Amam. Lembro-me de Allan Ladd, de Jack Palance e do menino Brandon the Wild, aco que é assim o seu nome, que no final do filme que por sinal o título era Nunca Houve Um Homem Como Shane e nâo Os Brutos…, dizia no final do filme, o menino dizia para Shane que montado a cavalo ia para uma nova aventura provalmente além dos penhascos do Arizona, o menino dizia em voz alta: Shane come back!, Come back Shane! Volta Shane! Volta! E lembro de forma clara esta passagem final do filme. Não lembro de mais nada. De modo que gostava de ver Os Brutos Tabém Amam de princípio a fim. Tenho fraca recordação do filme ou melhor ví apenas como disse, parte do filme. Na verdade me encontrava ainda adolescente e com incrivel habilidade consegui pendurar em cima de uma árvore porque a sala do cinema onde se ixibia o filme era descoberto, de forma que ao aproximar de pessoas eu e alguns colegas descíamos da árvore para não sermos vistos e depois voltávamos a subir à àrvore do nossso atribulado visionamento, do filme que para sempre marcou a nossa consciência de adolescentes. Disse que o título do cartaz na altura, era Nunca Houve Um Homem Como Shane. Eu gostava agora como adulto tentar ver ou conseguir esse filme por DVD ou VHF. Um dia antes morrer, peço a Deus que me dê essa possibilidade. Dos dez, gostava também de ver o Gary Cooper em Matar ou Morrer. Gostava também de ver No Tempo das Diligências, para observar como porta o John Wayne. Nesse tempo do Shane lembro-me que ví um filme em que John Wyane contracena com um rapazinho que lhe teria dito essa frase mítica e enesquecível, após um desentendimento em que ficou zangado com John Wayne, o rapazino disse para o actor, ” O mundo é pequeno, um dia havemos de nos encontrar!” E Saiu montado a cavalo e foi-se embora. mas guardo as palavras do rapazinho para o John Wayne como uma das minhas pequenas relíquias de frases de filems que nunça mais esqueço. Mas não lembro do título. às vezes penso que seria Rio Vermelho etc. mas eu não ví nenhum dos dez filmes que apresentas Galvão, apenas parte de cenas do Shane, conforme disse atrás. Po isso gostava de conseguir dvds dos filmes que apresentas porque fazem parte da nossa memória colectiva de crianças cuja nossa consciência era povoada de tudo que acontecia do outro lado do Atlãntico que era a América. A América de Jonh Wayne, de Gary Cooper, Pierre Brice, Lex Barker, Yul Brynner, Elizabeth Taylor, Marlon Brando, Richard Burton, Charlton Heston, Tony Anthony, de Gene Autry, de John Mac Brown, Marc Damon, James Garner, James Stewart, Anthony Stteffen, Montegomery Wood, Fernando Sancho,Randolph Scott, Charles Bronson, Henry Fonda e muitos outros de que agora não lembro. Ainda hoje, quando abro o internet, não penso em nada senão pesquizar algo relacionado com filmes de cowbois, quer os realizados na América quer os realizados em Espanha e Itália. Para terminar deixo alguns nomes de cartazes de filmes faroestes que vi duarante a minha dolescencia. Eis alguns:
    1. O Vilão do Arizona c/ Telly Savalas
    2. O Caminho da Aventura c/ Bekim Fehmiu
    3. O Pistoleiro Esquecido c/ Leonard Man
    4. Soldado Azul, Trágica Vitória… Trágica Vitória, Soldado Azul c/ Peter Strauss
    5. A Diligência dos Condenados / Richard Harrison e Fernando Sancho
    6. Viva Sabata c/ Yul Brynner e Antonio Sabata
    7. O Vingador c/ Anthony Stteffen
    8. O Doce Sabor da Vingança c/ Marc Damon
    9. Bom Funeral Amigos…Sartana Paga c/ Gianni Garko
    10. Sartana Está de Volta c/ Jonh Garko
    11. A Fúria de Johnny Kid c/ Peter Lee Lawrence
    12. Duelo ao Sol c/ Gregory Peck
    13. Acaba Com Eles E Volta Só c/ Chuck Connors e Frank Wolf
    14. O Grande Golpe c/ Dean Martin
    E etc.

  16. Rafael você conhece ou assistiu o filme” Vingança Selvagem”, na minha opinião é um dos melhores da decada de 1970.

  17. Eu incluiria, além desses, “O PASSADO NÃO PERDOA” e “RENEGADO IMPIEDOSO”. Esse com Charles Bronson, aquele com Burt Lancaster

  18. Caro Galvão,
    tomo conhecimento da matéria e dos comentários só agora, tanto tempo depois. Mas vale. Vale porque o assunto “western” é assim mesmo. Dura para sempre.
    É muito boa sua lista. Mas convenhamos: listar os 10 melhores westerns é uma tarefa quase impossível. Sempre dá 11, 12, 15. Não tem jeito.
    Em minha opinião o melhor, disparado, é Shane – Os brutos também amam, que considero o filme perfeito de George Stevens. Em seguida eu listaria O homem que matou o facínora, de Ford, com John Wayne, outra obra prima.
    Mas não gosto muito dos filmes de Sérgio Leone, exceto Era uma vez no Oeste. Aliás, Quando explode a vingança não é bem um filme de faroeste.
    Penso, inclusive, que Eastwood fez três filmes melhores que a trilogia que fez com Leone (Por um punhado de dólares, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito), quais sejam: O cavaleiro solitário (uma releitura de Shane), Josey Wales – o fora-da-lei, e Os imperdoáveis. Isto sem contar O estranho sem nome – um faroeste muito forte, com detalhes sobrenaturais e com uma atuação muito boa de Eastwood.
    Mas temos também os filmes de Anthony Mann, com James Stewart, verdadeiros clássicos, principalmente: E o sangue semeou a terra, A região do ódio, Winchester 73 e O preço de um homem. E Anthony Mann ainda fez O Homem do Oeste, com Gary Cooper, outro filme gigante.
    E há um filme de James Stewart que Anthony Mann começou e não concluiu: A Passagem da Noite, com Audie Murphy, também muito bom. Há também um filme de Mann com Robert Taylor, magnífico: O caminho do diabo, em que Taylor faz o papel de um índio que serviu como soldado na Guerra da Secessão. Fabuloso argumento.
    E os filmes com Glenn Ford: Gatilho Relâmpago, Cimarron, Um pecado em cada alma, Jubal (O despertar da paixão) ?
    E os filmes com Kirk Douglas: Duelo de Titãs, também com Anthony Quinn, entre outros.
    E os de Burt Lancaster: Apache, Sem lei e sem alma, Vera Cruz (este com Gary Cooper tb).
    Concordo com as observações feitas sobre Jeremiah Johnson (com Robert Redford), Nevada Smith (com Steve McQueen), Meu ódio será sua herança (Willian Holden e Ernest Borgnine), mas, finalizo, citando BUTCH CASSIDY, primoroso representante do western, com Paul Newmann e Robert Redford.
    Caro Galvão, melhor seria listar os 50 melhores westerns (e ainda vai dar problema).

  19. Eu creio que as listas de filmes de faroeste deveeriam ser divididas em duas – o faroeste americano e o faroeste espaguete.
    Eu tenho que fazer isso quando penso em fazer listas, porque não tenho coragem de tirar do primeiro lugar o “Rastros de ódio” e “O bom, o mal e o feio” simultâneamente.
    Como deu sorte de eles pertencerem a “classes” diferentes de western, tenho boa desculpa para colocá-los em primeiro lugar 😀

  20. Concordo com a lista. Embora a trilogia de Sergio Leone seja composta pelos filmes “por um punhado de dólares”, “por uns dólares a mais” e “três homens em conflito”. Uma curiosidade: era uma vez NO oeste” trata-se de um erro de tradução; na verdade, era para ser “era uma vez O oeste”, que acabou com a chegada do progresso e da civilização (representados no filme pela ferrovia e pelo telégrafo).

  21. Rafael…vc provou que sabe td de faroeste…sua lista é minha lista, imexível…até que enfim alguém conseguiu tirar aquele “Wild Bunch” de uma lista, pois é um filme que não faz jus aos grandes clássicos, como a crítica mundial costuma considerar. E se fosse pra colocar 12 filmes na lista, seria preferível “A Fistfull Of Dollars” que teve o mérito de revelar para o mundo, de uma só vez 3 gênios inigualáveis que mudaram a história do faroeste: Sergio Leone, Clint Eatwood e Ennio Morricone. Precisa dizer mais alguma coisa ? Quem viu “Fistfull” na tela grande do cinema em seu lançamento de 1967, jamais vai esquecer aquela abertura assombrosa sob o som de assovios, guitarras e tiroteios e aquela cara barbuda de Clint Eastwood (ainda um ilustre desconhecido) com aquele charuto no canto da boca enchendo a tela inteira e passando a impressão que por mais cruéis que fossem os bandidos do filme, poderíamos ficar tranquilos que ele sozinho daria cabo de todos. Enfim, o cinema do futuro estava sendo inaugurado…e a gente nem se dava conta disso. Viva “Por Um Punhado de Dólares” , o bang bang que mudou o cinema !

  22. Revi esse filme (Shane) depois de mais de 50 anos quando assisti pela primeira vez, agora no canal 91 da Net (TCM). Tudo o que já foi dito sobre esse filme é pouco, não tem como comparar. É o melhor dos filmes deste gênero. Nunca assisti um filme tão comovente, talvez por causa do seu enredo se desenvolver em um lugarejo onde predominava a lei do mais forte e a atuação perfeita dos atores. Tudo perfeito.Todos os atores desempenharam seu papel de forma magistral. Não há excesso neste filme, tudo é dosado de forma perfeita. Que espetáculo! não tem igual. Porto Alegre, 22/05/2012.

  23. O Paulo Morricone colocou algo digno de nota sobre o western do diretor americano Peckinpah “The Wilde Bunch”. Um filme apenas bom que foi muito supervalorizado pela crítica na época. Foi realizado um pouquinho depois de “Era uma vez no Oeste” de Sergio Leone, em 1969- este último é de 1968. Na verdade tentou-se passar para o americano o mérito que era do italiano de grande inventor ou renovador, aquele que revolucionou o gênero e o cinema de um modo geral. Um italiano/europeu revolucionando o gênero americano por excelência! Qual nada. Mas a verdade é que o diretor americano foi influenciado pelo italiano através da trilogia dos dólares que foi exibida nos EUA a partir de 1967. Os críticos fãs de Peckinpah tem o maior pavor em reconhecer isso. Nunca colocam a influência leoniana em suas resenhas. Apresentam o filme como um marco de originalidade, como se suas ideias tivessem surgido do nada. Mas está lá em Wilde Bunch, muito claro; closes e zoons -além da violência estilizada- à Leone explodem em várias tomadas, principalmente da metade do filme em diante. Um amigo meu definiu Wild Bunch como ‘o western halteres’ por apresentar peso e volume apenas nas extremidades, mas tendo uma parte intermediária muito longa rasa e fina. A meu ver ele apresenta dois grandes momentos, a inicial movimentada e com muitos tiros e a final, muito bem filmada, em que as personagens principais- notadamente as de Holden e Borgnine matam e morrem de forma impressionantemente chocante e visceral. No entanto na sua parte intermediária ocorrem sequências muito longas com conversas e piadas esquisitas e até de certa forma enfadonhas, e cenas que se sairmos para tomar um café ao voltarmos não sentiremos aquela sensação de que perdemos algo importante da história. A sequência em que o general Mapache manuseia a metralhadora atabalhoadamente, atirando para todos os lados, -e o mais impressionante, sem matar ninguém, apesar das saraivadas de balas cortando pilares e paredes- a meu ver não acrescenta nada. Meia dúzia de cenas bem concebidas e impressionantes apenas não tornam um filme uma obra-prima. Uma obra-prima deve apresentar unidade estilística e narrativa, do início ao final, Os tempos sequenciais devem ser bem dosados, sem se demorar demais ou ser lento demais. as sequências devem dialogar o tempo todo umas com as outra de forma direta ou indireta. As sequências, a narrativa e o ritmo devem estar bem amarrados. Um processo intrínseco. Pelo menos dois westerns de Leone apresentam de forma exemplar os caracteres do que se pode classificar como obra-prima: “Três homens em conflito, Era uma vez no Oeste”.

  24. Concordo em gênero e grau com o comentário de Paulo Morricone. A pura verdade está aí nesse oportuno comentário: Por um punhado de dólares mudou o cinema definitivamente e para melhor. Contribuição definitiva de um mestre inigualável, Sergio Leone. Parafraseando alguém: “…Os jovens dos próximos séculos saberão o que foi um verdadeiro autor de cinema, se tão somente filmes de sua filmografia como Três homens em conflito e Era uma vez no Oeste forem reconhecidos…”

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