Livros, novamente

Sinceramente, não sei onde o André Kenji viu “viés elitista” no clube de “amantes do livro de papel”, aquele de que, para fazer parte, você só precisa comprar um livro num sebo por quaisquer um ou dois reais. Superioridade, ele que me desculpe, tem é quem pode dar não sei quantas centenas de dólares num simples intermediário.

É o seguinte: você compra um negocinho de 259 dólares, lá nos EUA. Não são os livros ainda — esses você vai comprar depois. Isso é só para que você possa se habilitar a comprá-los. É mais ou menos como se, para comprar um livro, eu tivesse antes que comprar o papel, a tinta e a cola.

Com esse dinheiro, na mesma Amazon, eu posso comprar cerca de 30 livros ultrapassados de papel. E nós é que somos “a elite esnobe”? Então tá.

O Kenji poderia ter pelo menos feito as contas antes de dizer que a preferência por livros de papel é preconceito de elite. Na verdade, mania de elite é pular dentro do mais novo gizmo, por caro que seja, e tentar alinhavar argumentos favoráveis à toa, dizendo que é isso o futuro; elite é quem gosta de ser a primeira em tudo. E de ser diferente das gentes comuns. É o senso de pertencer a uma noção de elite que faz as pessoas comprarem os primeiros celulares, os primeiros notebooks, os primeiros blu-ray players, e sair do Orkut quando a favela coloca sua cadeirinha de praia por lá. Foi essa elite que comprou laser discs, e foi enterrada junto com eles. Nada contra: são elas que ajudam a baratear os custos para quem vem depois.

No seu comentário aqui no blog, ele disse que “bibliotecas são um pesadelo para bibliófilos”. É uma pequena contradição em termos, e acredito que ele tenha querido dizer “bibliotecários”, porque falar isso dos pobres bibliófilos é como dizer que descer corredeiras perigosas são um pesadelo para rafters, ou que escalar o Everest é um pesadelo para alpinistas. O Kenji não sabe, mas aqueles a que ele se refere como “bibliófilos de verdade”, como o José Mindlin, são capazes de dar milhares de reais em um livro que, em outra edição, não custa mais de 15, e de alugar apartamentos exclusivamente para isso. Definitivamente, esse não é um mundo que o Kenji entenda. Como eu não entendo aquele em que as pessoas correm feito mariposas em direção à luz normalmente efêmera da mais nova novidade.

Eu, que estou longe do nível de obsessão de um Mindlin mas que gosto de livros e de um certo acúmulo deles, não entendo quando o Kenji diz que “manter uma biblioteca minimamente organizada costuma ser uma tarefa de leão (logo, todo bom leitor vê um livro eletrônico com bons olhos por motivos puramente práticos)”. Organizar uma biblioteca com cerca de 1.500 volumes, que é a capacidade do Kindle, pode até tomar algum tempo, que não passa de um dia; mantê-la organizada, não.

Mais que isso, é um prazer: pergunte à minha mulher como fiquei ao receber em casa uma edição especial de crônicas do Rubem Braga ilustradas pelo Millôr, dia desses. O problema de bibliotecas é o espaço que ocupam. Só esse.

No fim das contas, a falha do argumento do Kenji é que ele transporta a discussão para a comparação entre os suportes e faz excessivos juízos de valor sobre isso. E nisso, o Sergio Leo e o Millôr, no link do Marcus, já me parecem ter dado a palavra final.

O fm disse que jogou um livro na piscina e ele se desintegrou, empatando o jogo. Mas ele poderia ter feito diferente: jogado um balde d’água no livro e um no Kindle, e visto qual se recuperava melhor. 3×2. Ou melhor, 4×2, se ele resolver jogá-los do sétimo andar, como lembrou o Joãogi. Eu já tive computador e vários livros molhados. Os livros ainda estão aqui. (A propósito, também tive muitos discos molhados, uma vez. Perdi as capas, que grudaram umas nas outras, e isso me dói até hoje; mas o vinil continua. Se fosse o HD onde guardo minhas MP3, eu perderia absolutamente tudo.)

Dentro dos argumentos pró-livro, tem um que as pessoas esqueceram. Em casa eu tenho disquetes de 5 1/4”, mini-discs, Zip Disks, fitas VHS, Betacam e MiniDV. São todas mídias com menos de 15 anos. Dessas, só consigo abrir com facilidade as fitas MiniDV — mas está cada vez mais difícil achar onde tocá-las: elas estão caminhando para a extinção, o mesmo caminho que será trilhado por aqueles discos das XDCam que as estão substituindo.

Mas esses argumentos falam do suporte. O problema na verdade é mais grave. Tente abrir um arquivo do Word de 1992 — isso se você tinha a sorte de usar o Word naquela época, e não outro programa como o Carta Certa ou o Write do Windows. Meu computador está cheio de formatos superados, e o ritmo de obsolescência de formatos às vezes até dominantes chega a parecer absurdo. Formatos de vídeo, de áudio, tudo isso aparece e some com rapidez excessiva.

Um livro publicado em 1789 é lido da mesma forma hoje.

A principal vantagem do Kindle é a portabilidade, mas mesmo isso é razoavelmente ilusório. A idéia de que com um negocinho que pesa umas poucas centenas de gramas você pode levar milhares de livros para cima e para baixo é uma bobagem, pouco mais que argumento básico de equipe de vendas. Por ninguém sai carregando 20 livros para cima e para baixo, pela simples razão de que não vai ler tudo isso. Quando carregam, levam apenas o que estão lendo. É como o sujeito que compra um iPhone porque ele manda e-mail, tem GPS, câmera e filmadora, acessa internet e tem joguinho de cerveja, e termina usando só para falar, mesmo. (Alguns casos são piores: meu Blackberry não tem e-mail habilitado porque tenho medo de terminar como um amigo, de férias em Natal e respondendo e-mail de trabalho.)

E portabilidade para quê, mesmo? No dia a dia, você carrega um livro, e olhe lá (e alguém aí pretende abrir o seu Kindle brilhando de novo no metrô enquanto vai de casa para o trabalho? Pretende mesmo? Tem medo não?). Se você está viajando, a última coisa que pretende levar são livros; no máximo alguns guias de viagem. Ainda estou esperando conhecer quem vá para Paris levando as edições completas da “Comédia Humana” na mala — sei lá por que razão, talvez para descobrir onde fica a pensão de Mamãe Vauquer. Se você conhece alguém que tenha feito algo parecido, eu posso indicar alguns endereços de Centros de Assistência Psicossocial. São do SUS, são gratuitos e funcionam bem.

Em outras situações a portabilidade é uma vantagem real do Kindle, mas apenas em condições específicas. Se você está acampando, por exemplo, seu Kindle durará umas poucas horas até a bateria acabar. Provavelmente não vai dar para ler “O Homem Sem Qualidades”. Já a edição de papel dura enquanto houver luz e você tiver paciência.

No fim das contas, o Kindle será útil mesmo para quem lê o seu livro em casa, como qualquer pessoa, e não quer gastar espaço com estantes. É um argumento válido, mas que está bem longe dessas maravilhas apregoadas, e acaba reduzindo bastante a aplicação real dessa pequena maravilha.

Eu, como sou um velhinho com cabelos mais brancos a cada dia, ainda prefiro meus livrinhos: velhos, baratos, ultrapassados — mas confiáveis, resistentes e, além de tudo, uma delícia para os olhos.

47 thoughts on “Livros, novamente

  1. Você não entendeu meu ponto: julgar os leitores de livros eletrônicos pelo Kindle de agora é a mesma coisa que querer julgar a aviação pelo 14-Bis. É um ponto no qual a comparação com o Mp3 fica clara. São leitores que inevitavelmente ficarão mais baratos. E comprar 30 livros com o dinheiro de um Kindle na Amazon? Só se forem do saldão de livros usados, ou só se forem aqueles bestsellers tipo Twilight ou Harry Potter que a livraria subsidia. E claro, se você morar no Brasil há o problema de frete, de ficar por duas semanas esperando carteiro e tudo mais.

    E há uma diferença entre gente que coleciona livros da mesma forma que neguinho coleciona figurinhas, e gente que de fato LÊ. Para quem lê manter uma biblioteca é de fato trabalhoso, já que o interesse nos livros está em lê-los, não em exibi-los para as visitas. Além do mais, se você acha que numa viagem não se leva livros( 0_0 ) obviamente vê os livros mais como artigo de coleção.

    Por fim, são poucas pessoas que de fato compraram o Kindle, em parte porque muitos esperam que a tecnologia barateie. Agora, chiar contra uma tecnologia ainda nascente isso sim me parece elitismo, coisa de gente mais preocupada em exibir a estante para as visitas que em ler. Para um leitor ávido há um *mundo* de possibilidades aí.

  2. Kenji:

    Em primeiro lugar, não se está falando de qualidade literária — best sellers ou Harry Potter — mas do fato de a leitura no Kindle precisar do suporte que é caro.

    De qualquer forma, você devia ter dado uma olhada na Amazon antes de falar isso; os preços, neste momento, são esses: The Old Mand and the Sea, Ernest Hemingway: US$ 7.35; The Sound and The Fury, William Faulkner: US$ 9.32; Complete Works of William Shakespeare: US$ 12.99. Isso para ficar na lliteratura anglo-americana.

    Mesmo com frete os livros lá saem mais mais baratos do que os similares nacionais. E não esqueça que há ainda as lojas associadas, que vendem livros ainda mais baratos. Mas essa é uma discussão acessória e desnecessária.

    Quanto ao frete, é verdade que encarece você comprando lá tem que pagar. Mas não seria justo lembrar que você paga imposto no Kindle, e não no livro — além de pagar frete, também. Suas contas continuam erradas.

    Além disso, você insiste na sua definição peculiar de “bibliófilo”. Eu prefiro a do Houaiss:

    Bibliófilo, adjetivo e substantivo masculino: 1: que ou aquele que ama os livros; 1.1: amante ou colecionador de livros raros e preciosos, ou de boas edições.

    Ou seja: são dois prazeres distintos oferecidos pelo livro, a leitura e o manuseio e/ou posse do objeto. É que isso que você continua não entendendo.

    Quanto a viajar com livros, eu deixo que as pessoas se manifestem aqui. O espaço está aberto para quem quiser. Mas não espero que apareça muita gente que viaje carregando 20 quilos de livros, e se tranque em um quarto de hotel em vez de — usando novamente Paris como exemplo — flanar pela Give Gauche. Mas a maioria, como eu, não tem o hábito de ler.

    Finalmente, quem tá chiando? Releia o post anterior: eu, pelo menos, disse que poderia me adaptar, mas que ainda prefiro a experiência sensorial do livro por causa de pequenos “adicionais”. Quem tá chiando e resmungando que isso é coisa de elite é você.

  3. Já que abriu seu espaço tão generosamente, não resisto à tentação de introduzir meus argumentos. Eu, que estou no seu time em defes dos livros de papel, nessa viro casaca. Sempre me vejo na dúvida sobre qual livro levar em viagem, acabo levando uns três ou quatro (e em geral acabo comrpanbdo outro na viagem, o único que leio até o fim). O Kindle acabaria com esse problema, poderia levar a biblioteca toda e ler o que desse na telha.

    Agora, não poucas veszes as condições da viagem deixaram os livros meio abalados; fico imaginando o trabalho dea condicionar o Kindlre numa mala e correr o risco de descobrir que ele foiroubado no transporte (coisa mais comum com eletrônicos que com livros de papel) ou que quebrou a linda telinha.

    E esse seu argumento sobre plataformas é validíssimo. Além de poder me tirar o livro, quem me garante que as livrarias eletrônicas, no futuro, não lançarão novos tipos de e-book, que venderão com o argumento da maior facilidade, deixando os kindles e congeneres como troféu da apressada nerdice de uns e outros? Meus livros de 40 anos são ainda perfeitamente manuseáveis e não tenho problema nenhum em manter minha razoável biblioteca (com muitos livros que _ ainda – não li e que estão lá, para serem vistos, por mim, mais que pelas visitas…). Já minha coleção de gravadores portáteis é lixo eletrônio escangalhado; meu XP, que guardo até hoje, não liga mais.

  4. ainda acho que, mesmo com argumentação válida do andré kenji, o livro de papel ainda ganha de lavada. a tecnologia do kindle ainda é muito nova pra que seja considerada a nêmesis do volumes.

  5. Sergio,

    Eu não costumo levar mais de um. Compro muitos nas viagens, normalmente, desde que sejam na minha língua ou em inglês. Sempre acho algo que não encontro por aqui. A questão é: em viagem de trabalho ou de lazer, você não vai ler 1.500 livros. É essa vantagem psicológica que eu não vejo. Quanto ao Kindle quebrar, dificilmente quebraria na bagagem de mão. Mas a não ser que você vá passar mais de uma semana numa cidadezinha do interior sem nem banco na praça para sentar, o Kindle teria uma utilidade extremamente limitada. Nada que um ou dois livros não resolvam.

  6. Quando o Kenji apresentar um mp3 sem perda (o mp3HD não vale, é só um hack), eu começo a considerar os argumentos dele.

    O problema do Kindle e outros é que em tempos de netbooks e iSlates um troço como aqueles, de tela monocromática e com funções reduzidas não tem grande apelo; mesmo com a diferença de preço. E tem todas as outras questões de arquivos formato proprietário, restrições ridículas de sociabilidade, etc.

    Aliás, dá pra usar qualquer iPod como e-reader (e funciona muito bem até!)…

  7. Pensando superficialmente, esse lance de leitores de e-books mais me parece uma tentativa de introduzir a obsolescência programada como foi com as mídias de áudio e vídeo. Sucesso esse que foi copiado dos PCs e que está muito bem executada nos celulares.
    No fundo a história é mais ou menos essa: A tecnologia veio para resolver os problemas que eu não tinha…

  8. “Em primeiro lugar, não se está falando de qualidade literária — best sellers ou Harry Potter — mas do fato de a leitura no Kindle precisar do suporte que é caro.”

    Não estou falando de qualidade literária. Estou falando de preços. E o suporte certamente vai baratear, e compensar os custos de quem lê em larga escala.

    “De qualquer forma, você devia ter dado uma olhada na Amazon antes de falar isso; os preços, neste momento, são esses”

    Isso são para livros de autores que caíram em domínio público. Livros genéricos de política custam o dobro, e livros editados por editoras de universidades podem sair quatro vezes mais que isso. Mesmo considerando a popularidade da linha de bolso da Penguin não são esses os livros mais consumidos.

    Meus pacotes da Amazon saiam por volta de cem dólares, considerando custos de envio, aliás.

    “Eu prefiro a do Houaiss”

    Hmmm.. O problema seu é que você está enxergando os livros como objetos de papel. Eu vejo como conteúdo. Um livro em pdf e em formato de áudio são livros da mesma forma.

  9. “apresentar um mp3 sem perda ”

    Quem não é músico só nota perdas em MP3 no caso de música de orquestra. E nesses casos já há o Apple lossless. E mesmo com as perdas de qualidade o Mp3 é mais popular hoje que o CD.

  10. “Aliás, dá pra usar qualquer iPod como e-reader (e funciona muito bem até!)…”

    Sim, mas o problema são a bateria e a tela. Embora, como disse, confesso que acho pouco interessante o Kindle hoje. Mas imagino as possibilidades que o formato guarda para o futuro.

  11. “A questão é: em viagem de trabalho ou de lazer, você não vai ler 1.500 livros.”

    Há casos e casos. Há viagens diárias, filas de banco, percursos de ônibus, etc. Para quem não é publicitário em Sergipe são várias possibilidades que se abrem.

  12. Rafa, eis minha impressão de recém-usuária do kindle – e contumaz usuária de livros de papel desde sempre.

    Sinceramente, estou satisfeitíssima com o bichinho, que ganhei inesperadamente no útimo Natal. Meus argumentos pró:

    Em 1º, sei q vão me achar malluca ou “elitista” ou ecochata ou qqer último adjetivo da moda, mas de uns tempos pra cá eu venho me incomodando deveras com o suporte “papel” por questões ecológicas – é das indústrias mais poluentes existentes. Pode ser uma besteira minha, mas me incomoda. Tenho evitado comprar livros reais, preferido o pdf. Então o bonde do kindle chegou, eu subi nele com sorriso de canto a canto, sentei na janela e tô curtindo o ventinho no rosto. Pq ele me sanou esse desconforto q comecei a ter. Eu sei q para produzir um kindle provavelmente uma série de etapas poluentes deve acontecer, além do gasto de energia para carregar a máquina (q é pouco mas não deve ser desconsiderada, apesar de eu tentar carregá-lo em pontos de energia solar). Mas tudo na vida tem prós e contras, há sempre uma balança, então, sei lá, no final das contas, posto nesta balança sob meus parâmetros, minha consciência prefere o kindle, por evitar desmatamento e poluição de água pra produção de papel + tinta. Pela quantidade de livros q se evita imprimir, o que se converte, querendo ou não, em árvores. Melhor sacrificar as árvores praqueles livros q não dá para o pdf ser melhor, ex. livros de fotografia, grandes compêndios de medicina, coleções bacanas de mapas, livros infantis cheios de desenhos, etc. (Eu sei, beira a paranóia eco, mas eu não tenho mais jeito, vc sabe. 😀 )

    2º, mais pragmática (e menos malla), a tela é muito mais agradável pra se ler, não tem o glare que a tela de celular, laptop e afins possui. Dá pra ler sob sol à beira-mar sem cansar a vista nem um tiquinho (livros de papel, mesmo com óculos escuros, me cansam a vista depois de um tempo), naquelas tardes de preguiça total. Uma delícia.

    3º, também pragmático, o kindle é simples de carregar, independente se ele te substitui um ou vários livros. P/ carregar no dia-a-dia (leitura de ônibus), o kindle vai na mesma bolsa em q carrego laptop (uma mochila simples, entenda-se). Com uma divisória, vc carrega sem risco de arranhar a tela. Felizmente não tenho problemas de segurança onde moro, posso ler à vontade no transporte público, q é uma questão q pode fazer a diferença no Brasil, sem dúvida. P/ viajar, vc carrega do mesmo jeito, e pode colocar nele um monte de guias específicos de viagem pro destino onde vc vai, além de livros sobre o local (estou fazendo isso para minha próxima viagem de férias). Ler no kindle essas coisas me faz entrar em “mode” de férias antecipadas. 😛

    4º, a bateria do kindle dura bastante se ficar offline, q é como eu deixo quando estou lendo. Só ligo à web para procurar coisas na Amazon. Dessa forma, tive q carregar apenas 1 vez desde que ganhei. E olha q tenho usado relativamente bastante, já q fim de ano é parado de trabalho e tenho aproveitado pra ler bastante for fun.

    5º, economia. Ficar refém da Amazon é um saco, mas: a) há livros de valor zero via kindle (boa parte clássicos da literatura), a Amazon libera uma lista diária de livros “recentes” tb de graça (muda todo dia), o q para mim funciona muito bem, já q leio nele por lazer – minhas leituras de trabalho são em geral em formato pdf, o q… b) a Amazon permite converter (pdf pra kindle). Apesar dessa facilidade, prefiro manter pdfs de trabalho no computador comum, por questões de organização. Assim o kindle está sempre associado pra mim a horas de descanso, lazer, e eu adoro. O computador fica com o stress. 😀

    Agora, ainda assim, acho interessante a dicotomia q essa discussão virou. Como se ao ter um kindle o cara passasse necessariamente a renegar toda biblioteca de papel. Acho q há na realidade mais equilíbrio e a maior parte das pessoas sabe q certos livros de papel são insubstituíveis, enquanto outros o kindle pode sanar a vontade da leitura. O comportamento da gente vai aos poucos se acostumando a essa escolha, e quem sabe certos livros não serão mais impressos para só existirem eletronicamente, etc. Mas isso não significa de forma alguma eliminar o formato anterior por completo (pelo menos, eu não vejo assim.).

    Escrevi demais, mas enfim, meu pitaco. 🙂

  13. Ah, esqueci de dizer: para não molhar o kindle nem sujar de areia quando vou a praia, a solução q arrumei é simples: ziplock. Bem vedado, não precisa se preocupar com respingos nem chuva. E dá utilidade para uma das gazilhões de sacolas plásticas que a gente acumula na vida. 🙂

  14. Kenji,

    Hemingway e Faulkner caíram em domínio público quando, mesmo?

    De qualquer forma, não sei porque a insistência nesse argumento. O fato é que você pode comprar um livro novo por menos de 10 dólares — a não ser que você queira outros elementos, como capa dura, etc.

    E não, não é um problema de como eu enxergo. É uma questão de definição de uma palavra. Um bibliófilo é aquilo que o Houaiss falou, pronto. Não é alguém que prefere o Kindle.

    E Kenji, talvez não haja possibilidades para quem é publicitário em Sergipe, até porque eles não pegam ônibus nem fila em banco. Já para quem é professor em São Paulo e resolve abrir o Kindle no metrô ou no ônibus, as possibilidades que se abrem não são para ele: são para os ladrões.

    Lu,

    No fim das contas, um livro não é mais simples, não?

  15. Eu paro por aqui, nao quero mais participar deste debate, pelo menos não da forma com estabeleci minha posição no debate. E não me importo de perder.
    Mas veja só, na melhores das intenções eu fiz o teste da piscina, tive todo aquele trabalho e tudo que consegui foi criar animosidades. Tá certo, eu tenho um pouco de culpa. Usei o livro errado, o que certamente comprometeu toda a teoria da piscina, mas dai a enfiar meu enfermeiro no meio é demais. Enfermeiro é coisa séria!
    Por outro lado a coisa não tem fim. Mal completei o teste da piscina e vc já veio com essa de jogar um balde água em outro livro ou jogal-os pela janela.
    É obvio que não enfiei livro algum na piscina,. Meu comentário foi apenas um exercício de ficção, por achar curiosa a proposta de jogar livros e kindle pelas janelas, nas piscinas ou incendiá-los com o intuito de provar a suprioridade de um sobre o outro. Se a coisa fosse seguida de forma real viver na capital paulista por exemplo, seria realmente impossível. A qualquer momento alguém poderia lançar um kindle ou qualquer obras completas sobre sua cabeça. E como não há piscinas para todos, a população passaria a lança- los no córregos e rios, transformando o teste num problema ecológico e aumentando ainda mais o problema das enchentes.
    Mas suspeito que na verdade vcs estão envolvidos num diabólico plano para destruir livros.
    Se esses testes se espalhar pela internete, em breve não restará um só livro nas bibliotecas particulares do mundo todo.
    Imagine só a tragédia, e eu nem comprei meu kindle ainda.
    Aliás, adiarei a compra. Vou esperar até que ele se torne mais popular, menos elite, deixar de ser um objeto de desejo de novo rico pela banalização do uso, como os celulares, mp3, câmeras digitais e porque não computadores.
    Mas fico com a opinião sensata da Luci Malla, se num momento de fraqueza eu cometer o deslize de comprar um kindle, objeto moderno infernal a serviço de agentes destruidores do livro, imediatamente providienciarei um zipock no caso de meu enfermeiro se distrair e a idéia de testá-lo me ocorrer novamente.

  16. Lu,

    Eu não me referia à questão ideológica, que isso a gente não discute, mas ao uso prático do bicho. E eu acho complicado em relação a um livro de papel. 🙂

  17. “De qualquer forma, não sei porque a insistência nesse argumento. O fato é que você pode comprar um livro novo por menos de 10 dólares — a não ser que você queira outros elementos, como capa dura, etc.”

    Bem, a maioria das pessoas que compram na Amazon compram livros mais caros que por dez dólares. A maioria destes bestsellers de História tipo Doris Kearns Goodwin, mesmo em paperback, sai mais caro que isso. Outro pequeno detalhe é que para a muitos dos livros em inglês não há opção de escolher. As versões em paperback saem muitas vezes dois anos depois da versão em capa dura.

    “E não, não é um problema de como eu enxergo. É uma questão de definição de uma palavra.”

    Não, o problema é que você está colocando livro como objeto. Livro não precisa ser papel. Não que o Houaiss ou o Aurélio tenham propriedade sobre a lingua portuguesa, e a gente sempre cai no fetiche brasileiro por dicionário.

    ” Não é alguém que prefere o Kindle.”

    É alguém que prefere livros, independente do formato.

    “Já para quem é professor em São Paulo e resolve abrir o Kindle no metrô ou no ônibus, as possibilidades que se abrem não são para ele: são para os ladrões.”

    Já cansei de ver gente com Iphone, celular caro e gadget caro no metrô. Reality Check: o risco é de você ser assaltado na rua, não no transporte coletivo. Até porque existem ônibus fretados. Meu ponto é que exemplos anedóticos tem alcance limitado, e para gente com commutes mais longas isso outra história.

  18. Eu queria responder a esses posts, mas como a discussão é muito local e eu não sofro com metade dos problemas eu vou só garantir o meu lugar aqui porque esse barraco é bom e eu sei que daqui uns 3 anos (ou quando a Maçã colocar um e-reader no mercado) vai ter esse mesmo debate novamente.

  19. Rafael,

    Eu acho que comprar o Kindle neste momento é ainda um pouco early adpoter demais. Mas no futuro, será difícil justificar os livros em papel quando o Kindle e similares estiverem no patamar de preço baixo e com mais recursos como cores. Será algo semelhante ao vinil, o livro em papel ficará reservado aos entusiastas da velha tecnologia. Como disse o CEO da Amazon – “As pessoas também gostavam de seus cavalos”.

  20. Ah, não, Rafa! É super-simples, apertar botão apenas (poucos). Mas confesso q levei umas horinhas pra começar a entender/me adaptar. O Alex me ajudou pelo twitter. Aí depois q pega o jeito é igual andar de bicicleta. 🙂

    E olha, se eu, q sou beeeem analfabytica consigo usar, qqer pessoa usa. 😛

  21. Interessante a discussão, só me causa estranheza a posição de entender alguns argumentos até espirituosos como crítica. Sempre fui leitor voraz, mas não tenho o menor apego; a não ser no caso de algumas obras – essenciais para o meu trabalho de professor – de tempos em tempos junto tudo e doô para a biblioteca de alguma escola pública ou comunitária. Obviamente não poderia fazer isso com a maquininha aí e perderia esse prazer, além daquele indescritível de percorrer os sebos (será que – em breve – teremos sebos de Kindle?). Posiciono-me ao lado do bom e velho livro de papel, mesmo com as – discutíveis, em alguns casos – implicações ambientais.

  22. Eu aderi ao leitor de ebooks. Mas, em vez do Kindle, comprei o Sony Reader Touch.

    Eu que nem leio tanto assim já não tinha mais onde colocar livros lá em casa. E alugar um apartamento para guardar a biblioteca realmente está fora de questão.

  23. Lucia, querida, o papel dos livros que lemos vem de fklorestar plantadas, de eucalipto. Voc~e pode argumentar que as fabricas de celulose poluem, é fato, mas isso vem mudando. mais rápido do que o danio ambiental das termelétricas que alimentam a indústria de computadores, do dano ecológico da exploração do lítio das baterias, da indústria petroquímic que monta gabinetes, teclado e periféricos dos leitores eletronicos… Seu argumento me faz balançar, mas não sei se a contabilidade geral da coisa pende a favor ou conra o Kindle.

    Numa coisa concordo com você e kenji: há livros, principakemnte didáticos, que serão mais vantajosos para o leitor que os consumir num leitor eletrônico… Já isso de ler literatura nas telinhas é uma questão de preferência, nucna vai extinguir os livros de verdade.

    Lembro quando lançaram os CDs com o argumento de que a qualidade do som era superior… que as dos LPs que voltaram à moda porque a qualidade do som é superior.

  24. Faulkner… esse era dos bons. Acabei de ler “Enquanto Agonizo”, gostei demais. Quanto à tecnologia… também sou velhinha, mas se for preciso a gente aprende a lidar com esse trem aí.

  25. Acho que a idéia da portabilidade é boa sim. Um estudante poder carregar os livros pela universidade em um portátil de custo relativamente baixo e pouco peso, facilitaria muito a vida. Carregar todo o conteúdo de um semestre pra cima e pra baixo no campus é bem complicado. Não que o kindle substitua os livros. Essa é a mesma idéia absurda das câmeras digitais e as fotos virtuais que se perdem pelos HDs. Quem quer ter uma foto por mais tempo, imprime. Quem quer ter um livro pro resto da vida, compre um livro de papel de verdade. Mas nem sempre as fotos são boas, e nem sempre os livros são bons. Poder ter uma versão mais barata pra ler e depois decidir pela compra acho sim uma boa vantagem.

  26. Exato, André. E Sérgio querido, as “florestas” de eucalipto são em geral fruto de desmatamento de floresta primária (ou do ecossistema nativo anterior). Ou seja, colaboram para fazer desaparecer a biodiversidade. Fora o gigantesco consumo de água para a produção de papel, q eu considero particularmente o pior problema ecológico da indústria de celulose.

    Mas eu continuo achando q o kindle é apenas mais um suporte. Não vai fazer o livro desaparecer. Vai apenas dar mais uma opção a quem quiser. Vcs não acham isso bacana?

  27. Eu gosto de emprestar meus livros. Depois que eu leio nem me importo que me devolvam. Prefiro até que passem para a frente. E aí, como é que eu vou emprestar um livro armazenado no Kindle? Empresto o Kindle junto? Faço uma cópia (pirata) e só empresto para quem também possua o bichinho?

    Leva a mal, não. Mas eu suspeito que os compradores do Kindle são os mesmos ‘novidadeiros’ que compram iPods, baixam zilhões de músicas e escutam no máximo umas 4 ou 5, quando saem para a caminhada matinal. Há exceções, eu sei. eu sei! Não me crucifiquem.

  28. Meu pitaco:

    Achei interessante a discussão sobre o “elitismo” dos livros. Desta feita, embora o Kenji seja um “contrarian” incorrigível, penso que ele está certo.

    Claro, Galvão está correto quando fala do preço do livro, principalmente quando se trata de um livro que você pode comprar em um sebo. Mas o custo total de propriedade, para quem realmente precisa ter uma grande biblioteca, cabalmente pesa muito mais, e vai para o lado do “esporte de elite”, de fato. Tipo: se você tem filhos, ter um aposento de sua casa/apartamento inteiramente dedicado aos livros é um luxo (é claro que o caso de um Mindlin é totalmente elitizado, mas não é disso que estou falando).

    Francamente acho que essa será uma discussão resolvida pelo mercado em pouco tempo _ quem sabe no próximo dia 23, quando a Apple lançará, tudo indica, seu reader. Já vi protótipos dobráveis por aí, também, onde a tela é uma folha flexível. Acho esse um produto imbatível.

    A possibilidade de perdas apontada pelo Galvão é um problema, mas pensem bem: dá pra ter, a baixíssimo custo, um monte de cópias salvas de sua biblioteca, no desktop, no laptop, no pendrive, no CD, no micro do trabalho, se bobear até na memória da máquina fotográfica. Da biblioteca de papel _ sempre exposta às intempéries, aos cupins, aos incêndios, às crianças, às mãos cobiçosas dos amigos _ não se pode dizer o mesmo.

    A estabilidade do padrão também é um problema, mas eu acredito realmente que nesse caso emergirá um padrão estável. Aliás, não é nada, não é nada, o PDF taí há 16 anos. O avanço dos formatos diz respeito, em grande medida, às possibilidades de compressão incrementada devido a novos algoritmos ou maior capacidade de processamento. Só que esse é um drive mais importante para mídias de grande extensão como som e imagem. Texto já virou brincadeira de criança, dadas as capacidades de qualquer dispositivo de memória digno desse nome hoje em dia. É por isso que acho que já não há mais grande pressão para que emerjam novos formatos para texto. E as razões mercadológicas, a competição dará conta. Vejam que até a Amazon teve que abrir as perninhas e permitir que o Kindle 2 leia PDF; daqui pra frente, a competição vai aumentar mais ainda (pode ser que a Apple tente de novo suas gracinhas com um formato fechado e um Apple Bookstore, mas eu francamente não acredito).

    Mas enfim, belo debate. 🙂

  29. Esse tema ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um duelo “Apple x Microsoft” e virar mais um imenso lodaçal. O que é uma bobagem.

    Claro que as duas formas de difusão da leitura podem conviver pacificamente, e assim será. De minha parte vou esperar baratear um pouco e vou comprar uma arapuca dessas, mesmo porque minha biblioteca também está imensamente enzonarada e ficou pequena. Não estou com muito mais saco para amplia-la fisicamente… gosto da portabilidade e da facilidade de produção de novos títulos, mesmo de pequenas tiragens, o que também é caro no modo tradicional. O PDF resolve isso bem demais.

    Tenho dificuldade de ler (e me concentrar em) tudo com mais de 10 paginas no computador ou em outro meio eletrônico, que dirá em pequenas iCoisas. Vamos ver… isso ainda vai render bom debate… e barulho.

  30. Rafael, tudo bem?

    A lista de comentários tá longa, mas li alguma coisa e peguei essa tua frase ao André: “O fato é que você pode comprar um livro novo por menos de 10 dólares — a não ser que você queira outros elementos, como capa dura, etc.”

    É verdade. E, como amante do livro de papel, ainda digo mais: no mercado de livros usados da Amazon compro frequentemente livros seminovos a menos de 1 DÓLAR. Ontem mesmo comprei um capa-dura do McEwan que saiu, com frete e tudo, 22 REAIS. (Aqui há mais exemplares pra quem quiser, a partir de 1 centavo de dólar: http://www.amazon.com/gp/offer-listing/0385511809/ref=tmm_hrd_used_olp_0?ie=UTF8&condition=used)

    Livro só é caro pra quem nunca procurou livro barato.

    Abs.

  31. Cumequié, Hermê? Já tem Kindle 2 que deixa o Kindle 1 obsoleto (ou, no mínimo, capenga?). Hum.

    Morei num conjugado em Copacabana com minha avó, que, generosamente, me deixava guardar minha incipiente biblioteca em caixotes de frutas que colhi na rua. Um cara com salário pode ajeitar umas estantezinhas bacanas e instalar a baixo custo num apartamento pequeno, com criatividade abrigando tranquioamente aquela montoeira de livros que vi na sua casa. Até porque suspeito que aqueles cinquenta livros de cálculo II eram falsos, é lá que guiarda suas economias, tenho certeza.

  32. “Tenho dificuldade de ler (e me concentrar em) tudo com mais de 10 paginas no computador ou em outro meio eletrônico, que dirá em pequenas iCoisas.”
    A tela do Kindle é diferente. Faz uma busca sobre o assunto ou pega um pra ver. Não cansa a vista como a do computador etc.

  33. sexo dos anjos.
    todos tem prós e contras, é possível que no futuro os leitores eletrônicos tenham mais prós que contras, serão mais baratos, etc… há um ganho ambiental importante aí também.
    vamos esperar.

  34. Ô SLeo,

    Alugar um pequeno apartamento para botar uma biblioteca??? Melhor instalar uma garçoniére, me diz o Pacheco, o canalha da repartição. 🙂

  35. Eu que sou elitista mesmo, acho que o negócio é ter os dois: papel e eletronico. Pronto! Escolher é coisa pra gente pobre!

    e sleo: xp! pra que vc guarda isso? Tá pensando em montar um museu?

  36. Discussão interessante que deriva também para uma questão de gosto. Eu compreendo e compartilho o fetiche pelo livro “em si”, essa percepção de que ele não é apenas um suporte gráfico para idéias, mas um objeto com outras características individuais e apelos sensórios próprios. Nesse caso, mal comparando, a diferença seria entre ver um Van Gogh na tela do computador e tê-lo diante de si. Aliás, a discussão lembra também aquela, mais elitista, sobre a arte tecnológica, digital, superar os formatos tradicionais. Que nada: sempre vai haver espaço para papel, grafite e um toquinho de carvão. E espero que o futuro do livro seja a convivência dos dois formatos. Agora, curioso mesmo é uma certa mania de achar que, excetuando-se a roda, a bola de futebol, o cotonete e o palito de dentes, nada mais possa ter uma forma considerada ideal e definitiva.

  37. Acredito que para os acadêmicos é uma boa, pois é possível levar um punhado de artigos no Kindle (contanto que seja permitido o pdf). Para ler livros “por prazer”dai é controverso, pois de fato pode-se obter uma infinidade de livros via domínio público (livros esses que vc acha a preço de banana). No entanto, levar um kindle para a praia e ver R$500 ficar a merce das intermpéries dessa situação é complicado. Botar ele na mochila junto com protetor solar, areia, água, canga e etc é pedir para ficar se preocupando. Já não gosto de levar nem máquina fotográfica pra não ter que ficar me preocupando, imagina um brinquedinho tecnológico que custa o dobro ou triplo. Quando chegar a uns R$150 eu compro.

    Abs

  38. Pra quem acha que os usuários do Kindle e outros aparelhos terão sempre que comprar livros, além de ter comprado o aparelho, aqui vai uma dica: http://manybooks.net . São centenas, talvez milhares de livros gratuitos, disponíveis para download em qualquer formato (Kindle, Mobipocket etc etc).

  39. Olá, Rafael.

    Vi um video no Youtube e logo lembrei deste post. Veja que interessante:

    Um abraço!

  40. “Um livro publicado em 1789 é lido da mesma forma hoje.”
    Sim, mas quantos exemplares de 1789 a gente costuma ler (por esse critério, a Pedra de Roseta é que tem o melhor formato)? Sou frequentador assíduo de sebos, mas meu exemplar mais antigo é de 34, os próximos na ordem cronológica são dos anos 50 e 60. Assim sendo, no caso de obras antigas (no que se aplica o problema de formatos superados para as contrapartes eletrônicas), a gente acaba dependendo de reimpressões mesmo, e aí tanto faz se a conversão de formatos é fácil ou difícil, pois quem tem o interesse comercial de republicar tem o incentivo para manter cópias em um formato não-ultrapassado . Sim, se a gente ainda usasse vinil, teríamos acesso a obras gravadas nesse formato, mas elas ainda seriam raras devido ao desgate, à perda e ao descarte de vinis, ou seja, se ainda usássemos vinis, estaríamos comprando novos vinis com músicas de Chico Buarque dos anos 70, não ouvindo os discos herdados dos nossos pais. Se dependemos do constante relançamento de produtos culturais, tanto faz o formato. Eu tive que comprar o exemplar de 34 acima aludido do Catecismo Positivista por não ter achado uma republicação mais recente. O problema é que Comte saiu de moda, não que o esteja ultrapassado (fosse Comte mais pop, eu poderia comprar suas obras no camelô ou em supermercado, mesmo que tivessem sido escritas em papiro originalmente).

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