Rita

Eu nunca namorei uma Rita.

Já namorei mulheres com nomes bonitos e feios, até com nomes esquisitos. E dessas que se perderam pela vida, já andei até com mulheres cujos nomes eram tão insignificantes que esqueci.

Mas sei que nunca namorei uma Rita, porque se namorasse eu não esqueceria.

Rita é um daqueles nomes aos quais a gente normalmente nem liga, mas que acabam deixando uma sensação boa na gente. Dizem que o nome é um diminutivo de Margherita. Mas não tem jeito de flor nem gosto de tequila, embora seja isso mesmo, um nome que nasceu como diminutivo, oferecendo uma intimidade e um carinho que “Maria Eduarda” não consegue oferecer.

Rita tem gosto de jabuticaba. É namoro no portão, uma mão hesitante descendo dos ombros em uma sessão de “Férias de Amor”. Rita é vestidinho de algodão no meio da canela e um olhar meio tímido e oblíquo que tenta lhe dizer o que a língua não tem coragem de falar.

Mas não pode ser Rita de Cássia, nunca. Tem que ser só Rita. Talvez se pudesse abrir uma exceção, se ela fosse tão unicamente Rita que, ao ouvir seu nome de batismo, as pessoas estranhassem e imediatamente decidissem nunca mais chamá-la por esse nome, porque por alguma razão Rita, e apenas Rita, é a única forma como concebem a sua existência.

Se namorasse uma Rita, eu nem me importaria se um dia ela levasse meu sorriso no seu.

Eu soube que ela estava

Eu soube que ela estava doente numa noite de abril.

A primeira reação foi de incredulidade, porque ela era a última pessoa que poderia ter câncer, esse tipo de câncer. A idéia está lá, você sabe que é verdade, mas ao mesmo tempo parece não ser. E então vem a raiva por isso estar acontecendo, as perguntas do por quê isso está acontecendo. Não há resposta. Nunca há.

E à medida que o tempo passa você tenta se acostumar com a idéia, passa a simplesmente conviver com isso.

Durante a campanha deste ano o plano era simples: acabar e voltar imediamente para o Rio, para pelo menos poder me despedir dela. Quando vim para Aracaju ninguém sabia que ela estava doente. Nos meus relatórios quase diários sobre a campanha, eu podia notar que ela estava feliz, também. Ambos contávamos os dias para a minha volta, embora por razões diferentes. Ela não sabia que tinha câncer e minha volta seria só isso, uma volta — e talvez pudéssemos ir para a Colombo, para comer meu viradinho de banana e bomba de creme com coca-cola enquanto ela tomava um chope, e rir quando o garçom, coitado, trouxesse a coca para ela e o chope para mim. Ou caminhar de braços dados pela rua do Ouvidor quando eu fosse tomar meu mate.

Mas quando a campanha acabou eu fui proibido de voltar. Já não fazia sentido, nem para mim nem para ela.

É se contentar com as lembranças, pelo menos. Foi ela quem me deu o nome de Rafael. Na maior parte dos momentos mais importantes da minha vida ela estava lá. Estava no meu casamento, orgulhosa com um vestido azul. Esteve ao meu lado durante a minha separação. Mais que amor, eu sinto falta de sua lealdade.

Das gargalhadas que dávamos, ela com seu jeito calmo mas soltando umas farpas aqui e ali. Ou ela deitada no sofá, pernas no meu colo, assistindo televisão e rindo. Do dia em que enchi a lata de vinho no almoço, rindo com ela, e tive que ir à Tijuca, resolver alguma coisa. Ou das perguntas que eu lhe fazia este ano pelo telefone: “Ô, velhota, cê tá cuidando bem dos meus livros?”, “Falaí, você tá é feliz porque eu tô longe, né?”, e eu sabia que ela iria fingir indignação, ou sorrir e dizer “Você sabe que não…”

Talvez a melhor definição dela tenha sido dada pela mulher do seu sobrinho e médico: “Se você a virar pelo avesso, não vai encontrar um defeito”. Ela tinha defeitos, sim, e sabia disso. Mas sua sobrinha não mentiu: se havia uma característica que a definia era uma bondade quase limites, uma generosidade que pouca gente conhece: e os meninos de rua que a rodeavam pedindo um real, que ela dava para todos eles, sabiam disso. Como sua irmã disse hoje, “as pessoas especiais vão embora no sábado, dia de Nossa Senhora”.

Eu pensava que assim que ela morresse — e nos últimos meses essa idéia esteve presente em cada hora do meu dia — o que iria ficar não seria dor, seria alívio e saudade. Foram mais de seis meses para me acostumar com a idéia. Talvez essa seja a única vantagem do câncer, lhe dar tempo para se acostumar com algo que, do contrário, lhe pega de surpresa. Eu estava enganado. Mas acho que se ela pudesse me ouvir agora diria que não, que eu tinha razão, que o que tem que ficar mesmo é só a saudade — mas só um pouco, porque saudade demais não é bom.

Agora, a única coisa que eu poderia fazer era escrever algo bonito para ela. Não posso. Porque nada do que eu escreva pode sair bonito; só doído. A dor vai passar, eu sei, e vai ficar só a saudade. Mas até lá dói.

Ela faria 77 anos amanhã.

Simpatia para ser vadia

A imagem da moça não me sai da cabeça: moça pura, na casa dos vinte, com um desejo que queima sua carne mas que não é tão forte quanto tudo aquilo que está na sua cabeça.

Foi ela quem foi parar no Monicômio atrás de uma informação que talvez seja fundamental para o seu futuro: “macumba para ser vadia”.

Ela cansou. Cansou mesmo. Ela queria ser mais solta, queria reagir melhor a toques grosseiros de homens apressados, queria ser como suas amigas e dormir hoje com um, amanhã com outro. Ela queria desencanar, porque algo lhe diz que ela não está adequada ao mundo em que vive. Seu comportamento talvez fosse louvável em 1904; mas agora, duas guerras mundiais e um sem-número de revoluções depois, ela é como um peixe fora d’água.

Sente que se conseguisse ser diferente, se suas pernas abrissem com menos hesitações, ela seria mais feliz. Talvez se ela passasse a usar lentes de contato, quem sabe? Talvez se mudasse a cor do batom.

Assim como até hoje ela não conseguiu ver graça na vida que leva, aquela vida insossa regrada por preconceitos que sua mãe colocou em sua cabeça desde cedo, também a vida com que sonha está começando errado. Porque para ser vadia ela não precisaria de macumba, não precisaria que a Mãe Gorete de Oxum tirasse o seu dinheiro para lhe dizer o óbvio.

Para ser vadia ninguém precisa da ajuda dos orixás, não precisa de banhos nem de ebós na encruzilhada, não precisa sequer da pombagira. Para ser vadia, vadia de verdade, daquelas que as senhoras de Santana olham com nariz torcido, ela precisa fazer apenas uma coisa: dar.

Portanto dê, minha filha. Dê muito. Dê o quanto quiser: sentada, deitada, em pé, de ponta-cabeça. Dê com a mão na cabeça para não perder o juízo.

Mas simplesmente dar não caracteriza ninguém como vadia. No máximo fica uma fama de promíscua, o que se resolve quando achar um inocente que se case com você.

Para ser uma vadia, mesmo, você precisa apenas misturar prazer e negócios. Precisa se conscientizar que seu capital de giro está entre suas pernas.

Isso não quer dizer cobrar pelo que você dá, porque então você não seria vadia, você seria uma puta. Há uma diferença; talvez pequena, mas há.

Uma verdadeira vadia funciona em função de presentes. Não pagamentos, repito: mas presentes, vantagens, agrados. Mas, diferente das prostitutas que batem calçada, ela não dá para receber presentes; ela recebe presentes por dar. Há uma troca, claro, mas enquanto prostituição é uma profissão, o ser vadia é só um modo de vida

Portanto, minha querida moça cheia de dúvidas, esqueça essa conversa de macumba. Um copo com água deixado de lado por sete dias só vai lhe trazer mosquitos da dengue agora que o verão está começando; um despacho só vai lhe custar o dinheiro que seria melhor aproveitado em um conjunto de lingerie tão provocante que ultrapassa o limite do bom gosto.

Deixe a macumba de lado. A não ser, claro, que uma de suas fantasias seja dar em um terreiro ao som dos atabaques que imploram a descida de Oxum. Em vez disso, lembre-se de Chico Buarque:

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma jóia falsa
Um sonho de valsa
Um cinema, um botequim…

Ralouin

Era domingo e minha filha, depois de me deixar a par das posições dos candidatos a prefeito na última pesquisa, me lembrou: “Hoje é Halloween”.

Eu não posso ser acusado de xenófobo. Meu escritor preferido é um francês, seguido de perto por um russo. Minha banda preferida é inglesa e a música de que gosto foi criada por uns descendentes de africanos nos Estados Unidos. Troco praticamente qualquer filme brasileiro por um bom exemplar da Hollywood dos anos 30 e 40. Chego mesmo a achar que essa mania de valorizar em excesso o que é brasileiro e virar o rosto para o que vem de fora é um sinônimo incorrigível de burrice, sem volta.

Mas quando o assunto é Halloween eu viro o mais reacionário dos xenófobos, o mais nativista dos idiotas.

O Halloween começou a virar moda por aqui aí pelo final da década de 80, quando os cursos de inglês proliferaram e resolveram encontrar um diferencial de marketing. A isso juntou-se a tradicional mania brasileira de aproveitar qualquer motivo para fazer festa.

Se o Halloween é produto do conflito dialético entre a antiga cultura celta e os novos costumes cristãos na Irlanda, tudo bem, não se pode negar que é uma história bonita. Mas a mim não diz absolutamente nada. A minha tradição é outra. É a do Caipora fumando na floresta, do Curupira e seus pés invertidos confundindo os caçadores; é a história da mula sem cabeça que passa as noites a pagar o preço de seus amores com o padre. É a história do Boitatá.

E ainda que as tradições indígenas pareçam pouco, o que não são, há a belíssima cosmogonia iorubá. A história de como Iemanjá deu à luz os orixás é de uma beleza impressionante — e há várias mais, tão arquetípicas quanto a mitologia grega. Infelizmente não temos um Jung para codificar esses arquétipos em um livro que faça sucesso nas universidades, onde se aprende a dizer da boca para fora que os valores brasileiros são lindos (porque um alemão disse isso ou algo parecido); mas se tivéssemos ele provavelmente descartado como um idiota forçador de barra.

Eu não entendo por que um bando de bobos se veste de bruxa para dizer “travessura ou gostosura” na porta dos outros, quando essa pequena chantagem sempre foi um costume de Exu — que ao contrário do que o povo parece pensar, é menos identificado com o diabo do que com esse mesmo trickster que inspirou o trick or treat.

É apenas a ignorância que nos faz valorizar o Halloween e menosprezar aspectos de uma cultura que viemos desenvolvendo e depurando por centenas de anos.

O resultado é que as crianças de hoje em dia conhecem melhor a versão pasteurizada de uma tradição cultural que não é delas do que algumas das mais belas lendas brasileiras. Como a do Negrinho do Pastoreio, lenda de uma beleza lírica tão grande que nenhum Halloween com seu Jack o’ Lantern poderá jamais alcançar.

Que me desculpem aqueles que se empolgam e se vestem de bruxa e de duendes no dia 31 de outubro. Mas o Halloween é uma comemoração de bocós que não pensam.

Assim que minha filha chegar a gente vai ter uma conversa séria.

Mil posts depois

Este blog completou um ano e só depois percebi; decidi que não ia deixar o milésimo post passar em branco. Ontem foi o dia.

Ele nasceu como “Pensamentos Mal Passados”, um trocadilho bobo com a atitude de transmitir alguma coisa e a analogia imediata com um bife mal-passado. O primeiro post foi sobre o fim do Netscape, meu companheiro desde os primeiros dias de internet.

Demorou algumas semanas até ele ter uma cara própria. E é esse ainda o seu principal problema. Até hoje não sei direito o que ele é. Sei o que não é: não é um blog jornalístico, não é um blog literário, não é uma coleção de links, não é um diário online.

A única unidade temática que consigo ver nele é o fato de os posts terem sido escritos por mim. É por isso que, cada vez mais, a impressão que ele me dá é a de que é uma versão meio torta de um diário. Por isso a mudança de nome. Como eu já disse antes, o blog nasceu como uma forma de tirar da cabeça um montão de bobagens, para desocupar espaço; e acabou tendo uma dialética própria, me fazendo pensar em mais e mais bobagens.

É um blog um pouco elitista e meio cabotino. Elitista no sentido de se dar ao luxo de emitir as opiniões que bem entende, e até de mudá-las quando acha que deve; cabotino porque talvez, no fundo, ele seja pouco mais que uma tentativa de dizer “olha como o que eu penso é importante”, quando, na verdade, nada é tão importante assim.

Até o começo do ano este blog era lido regularmente por poucas pessoas: Mônica, Daniela, Paulo, Plataformista, Tuzi, Lau e o Humbert Humbert Bia Desses, só o a Mônica, o Bia e o Paulo continua aqui. Os outros, ao que parece, enjoaram. De lá para cá a média diária de visitas únicas mais que decuplicou — primeiro graças a um texto que fiz para o blog da Tata, depois com os elogios do Alexandre Cruz Almeida e do Inagaki, elogios que provavelmente não mereço (mas que faço questão de espalhar, claro, pelo orgulho que me dão).

Hoje os websites que mais trazem visitantes são o Liberal Libertário Libertino, o Pensar Enlouquece e o Tiro e Queda, nessa ordem. A maioria, no entanto, tem o blog em seus bookmarks. Obrigado.

Provavelmente, um dos meus maiores orgulhos hoje em dia é ver que um bocado de gente faz do blog leitura diária. É, provavelmente, o maior elogio que posso receber. E embora a minha pernosticidade não mostre, sou grato por isso. Ainda lembro que no começo eu não fazia questão de incluir comentários, e depois ainda relutei em colocar um medidor; perdoai-me, Senhor, eu não sabia o que fazia.

Não acho que os textos daqui, com raríssimas exceções, caibam em qualquer outra mídia que não esta: um blog. Não é suficientemente profundo para constituir um livro. Não é exatamente jornalístico. De qualquer forma, como acho que deveria entrar em uma Academia Qualquer de Letras e assim, pelo menos, ter um lugar onde cair morto — os imortais têm um mausoléu legal –, eu deveria pensar nisso.

Lembro de poucas coisas que tenham me dado tanto prazer durante tanto tempo quanto este blog. Eu, que normalmente me comporto como uma quenga volúvel e leviana que enjoa rápido das coisas, gosto cada vez mais dele. Talvez seja o fato de não ter nenhuma obrigação de atualizá-lo seja o que me faz postar quase religiosamente. De alguns posts gosto muito, da maioria não; mas gosto do ato de postar.

No fim das contas, de publicitário eu estou virando blogueiro. Não é ruim. Não é, mesmo.

Inté, cabocla

Fiquei sabendo que a novelinha mais simpática dos últimos tempos vai acabar.

Nos últimos meses venho acompanhando “Cabocla” pelo seu site na Globo. Chego lá, vejo as sinopses dos capítulos e pronto, já sei o que acontece. Com uma semana de antecedência. Gosto de sinopses desde os tempos em que escrevia um programa de rádio sobre TV — o que é engraçado, porque normalmente não assisto TV. A gente ganha a vida de umas formas esquisitas.

Mas ontem parei para assistir, coisa que não faço há tempos (por exemplo, fiquei sabendo que a novela das 7 se chama “Começar de Novo”. Eu ainda estava nos tempos do Paco). Ontem vi um capítulo, pela primeira vez em muito tempo; no último a que assisti, depois de outro tanto longe, Tobias queria dar uma chifrada em Luiz e Tomé ainda estava vivo.

Duas boas surpresinhas: a atuação perfeita de Cosme dos Santos, que deixou para trás os tiques de tiziu, de estereótipo do criadinho negro, e se tornou um grande ator, maduro; e o fato de que a novela continua com o mesmo equilíbrio doce com que começou. “Cabocla” só tem um defeito: uma abertura ruim com uma música fraca. Agora percebi que talvez não seja a música o problema — embora faça falta o vozeirão de Nelson Gonçalves cantando que seu olhar está me dizendo que você está me querendo. O problema é que imagem e música parecem eternamente divorciadas por diferenças incorrigíveis. Mas no geral a novela parece ser melhor que a primeira versão, apesar de eu lembrar quase nada dela.

E a Ritinha, meu Deus. A Ritinha é uma coisa. Uma coisa. No capítulo de ontem ela casou com o Chico, e os corações de todos nós se aqueeceram um pouquinho. É mais um motivo para eu gostar da novelinha que não assisto. O Chico é a redenção dos feios e dos bobos. Porque se até ele pode casar com a Ritinha, então todos nós, que a despeito da realidade não nos achamos nem bobos nem feios como o Chico, então todos nós temos salvação.

As alegrias que o Google me dá (XII)

pena de morte estudo comparação vantagens
Entre os vários tipos o enforcamento é considerado o mais barato, porque a corda pode ser reaproveitada várias vezes. O fuzilamento é o mais rápido. E a cadeira elétrica é a mais gostosa de se ver, porque é sempre bom ver churrasquinho de gente.

foto lady diana morta
Falando sério: eu preferia os tarados atrás de fotos da Diana nua.

visava ao circunstancial ao episodio esta perseguição
Falou bonito, hein?

redação do q vc entendeu sobre a poesia pátria
Sinceridade? Eu não entendi nada. Antes daqueles malucos que comiam gente e diziam que seus pais foram reis e que não gostavam de lirismo funcionário público ainda dava para entender alguma coisa. Mas depois virou uma bagunça só. E piorou com uns tais pedreiros, um pessoal que mexia com concreto. Aí, meu filho, esculhambou tudo de vez.

papai mamou seios
E o pior, caro tarado, é que foram os de sua mãe.

sapiosexual
Vulgo aneurisma: aquele que come cabeça.

letras de músicas que criticavam o governo e que foram proibidas nas décadas de 64 à 85
Como, por exemplo, as famosíssimas “Costa e Silva e Ricardão”, “Castello Branco é um baixinho invocado”, “Médici, que merda” e “Os gases de Geisel”?

marqueteiros fracassam em 2004
Ah, a baba que escorre da boca aberta em um esgar… Eles só não percebem que, para cada “marqueteiro” derrotado no segundo turno, outro “marqueteiro” elegeu seu candidato. Exatamente como nos anos anteriores.

brancura desconfortavel das classes
Pelo menos para os brancos, sua brancura é bastante confortável. Ruim é ser negro numa sociedade veladamente racista.

pessoas esquisitas
Veio ao lugar certo. Fique por aqui e você vai ver coisas de que até Asmodeu duvida.

namorar garota 10 anos mais nova
Oi, Bia. Tudo bem?

fui no tororo beber agua nao achei autor
Você acha uma bela morena e ainda reclama? Tem gente que não se contenta com nada, mesmo.

extra-terrestre caso roosevelt estados unidos
Quando Franklin Roosevelt se apaixonou por aquela inca venusiana ele sabia que estava entrando em uma fria. As relações dos Estados Unidos com o Japão iam de mal a pior, e sua amada assinara, pouco tempo antes, um contrato com a Panasonic. Foram como Romeu e Julieta. Quando os EUA declararam guerra ao Japão, eles não puderam mais se ver. Roosevelt morreu durante a guerra, sem poder se despedir de sua amada. A inca venusiana enlouqueceu de dor. E, naquele dia, jurou que se vingaria dos japoneses que a separaram do seu grande amor, começando então uma longa batalha contra o Nacional Kid e seus radinhos de pilha.

lúcia mccartney contos 1967 resumo
Por que alguém procura resumos de contos que, em vários casos, têm apenas uma página? E por que alguém se priva, conscientemente, do prazer que é ler o melhor livro de contos da literatura brasileira? Me perdoe, meu amigo, mas você é um mané.

principais hábitos das crianças sauditas
Assim que acordam tomam seu copo de leite de camela e vão com o papai supervisionar seu campo de petróleo. É costume entre as famílias mais ricas dar um poço com baixa produção para o primogênito, para que ele aprenda a cuidar dele, o que inclui chicotear os trabalhadores. Almoçam quibe cru com tahine e suco de tâmaras. À tarde montam em seus cavalos árabes de longa linhagem e treinam um pouco, enquanto o papai se diverte em seu harém. E à noite, escondidos dos pais, vão fazer curso de terrorismo em uma das Bin Laden Escolas Associadas.

tropicalismo estilo das roupas masculinas
Não tinha muita diferença, tinha? Pô, bicho, você não entendeu mesmo o espírito da coisa.

existe racismo judeu em nossos dias explique
Você não teve sequer a decência de mudar a pergunta feita pela professora, não é? Você é podre.

hemingway – resumo – hills like white elephants
Você não sabe quão honrado me sinto, amigo, ao ver que pelo menos uma alma entre os tantos tarados que aparecem por aqui está procurando por boa literatura. O único problema é que eu não gosto de Hemingway. Mas que essa passou perto, passou.

jogos de corrida de carro que dem para jogar nesse computador
Claro que o Google, onisciente, sabe qual é esse computador. Ele sabe tudo, por que não saberia que diabo de computador você está usando, né?

mulheres brutas fotos
Você quer uma mulher que lhe jogue na parede e lhe chame de lagartixa, não é? Uma que lhe pegue no colo, lhe deite no solo e lhe faça quase um homem. Sinto, mas eu sou baiano. Eu não gosto de brutalidade, sabe? Eu gosto é de cafuné. Bunda grande também ajuda.

acupuntura é heresia
Se você enfia uma agulha no saco do padre, é.

resumo livros de adelaide e carraro
Ai. Ui. Ai, que bom. Mais. Mais.

perguntas universo putas
Taí, boa questão. Quais perguntas são mais comuns no universo das prostitutas. Este blog não pretende dar uma resposta, mas apenas iniciar um franco debate sobre o assunto:
1 – Será que ele vai pagar o combinado?
2 – Se ele pagar mais, aceito dispensar a camisinha?
3 – Se eu beijar na boca posso me apaixonar?
4 – Em caso de calote, quando devo parar com a discussão e apelar para a gilete?

indices ou suspeita do anti-cristo
Olha, eu tenho uma suspeita. Acho que o Duda Mendonça, pelo tanto que o detonaram, é o próximo.

1000000000000 en numeros romanos
Para que você faz uma pergunta dessas? Por que esse exercício de curiosidade inútil? Os romanos não tinham necessidade desse número, porque jamais tiveram um trilhão de nada. E olha, você também não vai ter.

blogs sobre erros de português em anúncios publicitário
Querendo pegar nós no contrapé, hein?

sic radical filme deficientes sexo
Acho que a palavra que você quis usar foi sick, pois não?

globo paraibinha novela
É curioso que alguém ainda se lembre dessa novela de Ivani Ribeiro, que a Globo levou ao ar no fim da década de 70. “A Paraibinha” conta a história de Darlene, que sai do interior de Pernambuco para o Rio de Janeiro. Leva uma carta para um parente, mas no meio do caminho essa carta é roubada por um homem que durante toda a novela será conhecido como o “Homem do Méier”. Chegando ao Rio, se apresenta a esse parente, que a coloca para trabalhar em sua fábrica. Lá ela faz amizade com três mulheres: Ada, Pola e Araci. A partir daí a vida de Darlene é uma divisão entre o trabalho e seu envolvimento com dois homens: Constâncio, que representa o verdadeiro amor, e um industrial inglês cujo nome esqueci. Foi uma novela que não fez nenhum sucesso e acabou sendo cancelada em três meses.

masturbar caes
Seu amor pelos animais, definitivamente, me comove. É tão lindo ver a que ponto as pessoas estão dispostas a ir em prol do bem estar dos seus animais de estimação. Adoro isso.

galvão cruzadas
Até onde sei, não havia nenhum Galvão nas cruzadas. Reza a lenda que a família vem de Pedro Galvão, um membro da corte portuguesa. Em outras palavas, um puxa-saco miserável que vivia bajulando reis. E a covardia proverbial dos homens da família é a melhor prova disso.

fotos de crianças com sindrome de dow
Procure em sites americanos. O fenômeno de crianças com Síndrome de Dow-Jones é recente, e se caracteriza por meninos que desde a mais tenra idade acompanham o Bloomberg em busca das oscilações da Bolsa de Nova York. Há uma variação, das crianças com Síndrome de Nasdaq. Aquela gurizada meio nerd, sabe como é.

os homens preferem peitos ou bunda?
Olha, amigo… Por que ficar indeciso entre um refrigerante e a batatinha, se você pode simplesmente pedir o número 1 e levar a batatinha, o refrigerante e o Big Mac?

dow right reclamações
Sai daqui! Já! Passa! Xô! Você tá querendo que meu blog seja tirado do ar por ordem judicial, miserável? Fora!

foguetinho de ar
Vulgo flato, é isso?

o que significa tequinologia
Significa que você precisa urgentemente de umas aulinhas de português.

homens que procuram namoradas
Quantos anos, ela? 25? 30? Eu não sei. Mas sei que ela cansou daquela vida de bar em bar, de olhares que não se concretizam em afagos, de chegar de madrugada em casa e ver aquela cama vazia, esperando o seu corpo cansado do pior cansaço que há, o cansaço do amor que não se dá.

Cansou também das madrugadas na internet, de homens grosseiros, eles também solitários e se sentindo incompetentes para o mundo, que mascaram sua fragilidade dizendo coisas como “vou fazer isso e aquilo com vc, gostoza”.

Ela agora decidiu que sua vida vai mudar, que não vai mais perder energia em buscas inúteis, que vai juntar sua solidão à de um homem que também cansou de tudo isso, e que agora quer uma mulher para quem possa olhar pela manhã e dizer “eu te amo”.

E no entanto a busca é vazia, porque assim como ela esses homens que procuram namoradas estão procurando a princesa encantada que não existe, que pode ser uma Amélia, uma Florence Nightingale ou uma Carly Fiorina, algo que eles não conseguem ver e que não sabem o que é; porque não podem, porque elas não existem.

Ele procura uma namorada, ela procura um namorado, e no entanto vão em caminhos tão iguais que nunca se cruzam, e provavelmente jamais se encontrarão.

A vida é assim mesmo.

Na poltrona ao lado

Olhando para o lado de soslaio, como quem não quer nada:

Ricardo Montero, o Homem Baile, escreve alguns dos melhores contos curtos que já vi na internet.

Alguns dos contos são brilhantes, com um senso de humor surpreendente, e uma leveza que tem sido difícil de encontrar ultimamente; e assim eis um belíssimo blog que andou passando despercebido por tempo demais.

***

A Mônica, do Monicômio, está escrevendo uma série sobre sua vida na terra do xador.

Ela já tinha ensaiado algo sobre o assunto nos tempos do Blogger, mas só agora parece resolvida a contar tudo, e a experiência de uma menina em um lugar em estado de guerra como o Iraque não pode deixar de ser muito, muito interessante.

***

É hoje. Nos últimos dias descobri que Kerry, além de ter tocado um baixo muito do vagabundo numa banda chamada The Electras, pastiche medíocre dos Shadows e ruim de doer (e que está aproveitando o sucesso de seu antigo integrante para descolar um troco), tem como disco favorito o Abbey Road, dos Beatles. Ninguém que tenha o Abbey Road como disco favorito pode ser má pessoa. E o sujeito encontrou John Lennon uma vez.

Se você vota nos Estados Unidos, além de dar meus pêsames eu queria pedir que você votasse em Kerry. No mínimo porque ele gosta do Abbey Road. No máximo, porque o mundo com Bush Jr. vai ser um porre. E, como é praxe, nós cá na periferia vamos pagar o pato pelos americanos fazerem uma burrada tão grande.

Lembranças da academia

Da série “por que eu não gostava do curso de direito”.

Em 95, empolgado com a internet, tive a idéia de fazer uma daquelas pesquisas porcamente financiadas pelo CNPq (na verdade, como eu estava duro como pão de anteontem, precisava que a universidade financiasse a cachaça que eu tomava nos bares próximos à universidade. Era a única razão pela qual eu ainda ia àquele cu-de-mundo — e se alguém vê conflito de interesses aí, aviso que não havia nenhum: juro que aprendia mais nos bares que na universidade).

O assunto — ou aquilo que eles chamam de “objeto de pesquisa” ou outro nome mais feio — seria o direito e suas relações com a internet. Eu tinha a impressão de que havia uma série de questões jurídicas que a Internet iria afetar; na época eu não pensava em direitos autorais e circulação de conteúdo, mas principalmente direito penal e civil.

Falei com o professor encarregado de orientar os alunos, depois que soube que não poderia fazer a pesquisa sozinho. E ele disse não. Alegou que ainda era um tema novo demais. Não adiantou dizer que era para isso, afinal, que servia uma pesquisa, para dar respostas ou pelo menos instigar mais perguntas. A resposta continuou sendo não.

Típico da mentalidade acadêmica, mas mais típico ainda dos “operadores do direito”: fazer pesquisas apenas sobre o que já se sabe. Eu não entendia. Foi quando compreendi que é esse o espírito do direito que se ensinava ali: “restrinja-se a não estragar o que outros fizeram antes de você”.

E ainda hoje tem gente que não consegue entender por que abandonei aquele curso.