A Farra do Boi

Em julho de 88, em Goiânia, uma catarinense contava, a mim e a um amigo, a sua versão da farra do boi, que na época tinha alcançado as manchetes de jornal graças à sua crueldade desorganizada.

(Era um congresso de estudantes, o momento político era de agitação, achavam que discutíamos o futuro do país ali e tudo em que eu e esse amigo pensávamos era em arranjar alguém com quem dormir naquela noite. Em Goiânia fazia frio.)

Ela mentia. Ainda lembro de sua voz, de seu sotaque e da sua expressão de ultraje, dizendo “Não, mas a minha farra do boi não tem nada disso!” Sua amiga, calada, apenas concordava com a cabeça.

Tudo bem. A gente mentia, também. Descaradamente. Bons velhos tempos, em que a verdade podia ser tão sutil e tão pouco importante, porque a gente ainda sabia o que realmente valia a pena.

Originalmente publicado em 11 de outubro de 2003.

Um disclaimer e um aviso

Isto é um disclaimer.

Os comentários nos últimos tempos me fizeram pensar um bocadinho sobre o assunto.

Discordo da Horvallis, quando ela diz que blogs devem ser democráticos. Não acho que isso seja necessariamente válido em todos os momentos. Ou mesmo desejável.

Até onde entendo, democracia (se entendida como sinônimo de liberdade de expressão, como parece ser o caso) é alguém ter o direito de falar o que quiser. Isso não quer dizer onde quiser. Se alguém quer me xingar, vá em frente — mas não aqui. Isto não é uma concessão pública. Isto não é sala de espera de posto psiquiátrico conveniado com algum plano de saúde. Eu não pago hospedagem para oferecer um palco aos que, ao contrário da minha santa mãezinha, não me consideram uma bela criação divina. Não seria sequer justo. De vez em quando vejo comentários internet afora reivindicando o direito de falar, no blog dos outros, o que quiser. É um conceito esquisito de democracia.

Aqui aparece de tudo: malucos revoltados com elogios que eventualmente me fazem e cobranças de compromisso social, constatações acerca de minha vagabundagem incorrigível e do fato de a esta altura da vida eu não ter uma profissão. Sem contar os que simplesmente xingam, muitas vezes em português precário. Eu sempre me reservei o direito de permitir apenas os comentários que acho que devem ficar. O critério é absolutamente discricionário: o meu. Não consigo conceber outro lugar onde isso seja tão possível e legítimo quanto aqui. (O Alex já fez um post sobre isso.)

Já do comentário do André Pessoa discordo em um aspecto: pelo que entendi, tenho a obrigação de dar um sentido a um post. Não, não. Eu não tenho nenhuma. Se quiser escrever dez posts seguidos enumerando todos os palavrões que eu conheço, eu escrevo. Se quiser fazer piada de alguém que julgo sem-noção, ou de quem publica aqui algo de que discordo mesmo que esteja na cara que este blog não é de direita nem religioso, eu faço. É isso que me parece que as pessoas às vezes não entendem. Este blog não se propõe a nada com seriedade; sou apenas eu me divertindo. É por isso que ele se chama “Rafael Galvão”. Eu me divirto dando minha opinião, se e quando quero — ainda que ela possa ser deselegante às vezes. Paciência. Do jeito como vejo as coisas, o direito que eu tenho de escrever algo é exatamente igual ao de alguém não ler. Além disso, eu escrevo para mim mesmo, e pago por esse privilégio; ao escrever para os outros eu costumo cobrar.

A única coisa que admito é que, a partir do momento em que abro espaço para comentários, as pessoas têm todo o direito de discordar, embora eu confesse que no meu mundo ideal todo mundo ia concordar comigo — até o sacana do Bia. Mas existe um tom aceitável para isso; são, aliás, regras que já deixei claras há algum tempo. A partir do momento em que acho um comentário desaforado ou engraçado demais — e isso normalmente só ocorre com incautos que caem por aqui de pára-quedas via Google, e que não fazem parte do “corpo de leitores regulares” do blog — eu me reservo todo o direito de debochar do jeito que quiser.

(Eu sinceramente não consigo entender as pessoas que lêem um blog de que não gostam e que deixam comentários ofensivos ou agressivos; são uns bobos com muito tempo na mão e nenhuma capacidade de aproveitá-lo melhor.)

Algo parecido ocorreu quando os Astrólogos de Maria invadiram este blog, pedindo um debate no qual eu jamais entraria por saber que não levaria a nada, em momento algum, porque com fanáticos de direita — e de esquerda, também — qualquer discussão é estéril. A última coisa que este blogueiro pretende é discutir religião, mesmo com pessoas ponderadas. Além disso, embora custe aos zelotes da direita católica compreender, eu simplesmente não os levo a sério. É por isso que morro de inveja do Smart, que tem saco e talento para desmontar com classe, elegância e rigor as bobagens que eles falam — e não recebe comentários desaforados em troca. (Eu não devia escrever isso. Os astrólogos estão processando até a Nasa. E quando Deus está do lado deles, eles só podem ganhar.)

Finalmente, tem a idéia de que sou formador de opinião. Isso me envaidece muito, mas é totalmente despropositado. Este blog tem uma média de 1500 visitas por dia, incluindo as que vêm via Google e que, em sua quase absoluta maioria, nunca voltam — provavelmente porque vieram parar aqui atrás de receitas milagrosas para aumentar o pinto. Não bastam para formar opinião nenhuma (se bastassem eu iria aproveitar: “entrem para a Igreja Rafaélica de Todos os Tostões e me paguem o dízimo”). E ainda que formassem, liberdade de expressão é isso, né? Taí o Bolsonaro que não me deixa mentir.

***

Isto é um aviso.

No próximo dia 16 este blog completa dois anos.

Para marcar o aniversário, a partir de amanhã vou republicar aqueles que acho serem os melhores posts do seu primeiro ano. É uma forma de passar a limpo aqueles tempos, quando o blog era visitado por umas 15 pessoas por dia. E uma forma de aproveitar as férias de inverno.

Qual é a música

Respondendo ao Golb:

Quantos gigabytes usados com música?
Menos de 700 MB com certeza. Sempre que chega esse número eu gravo um CD e tiro do computador. Tenho algumas dezenas deles.

Último CD que comprei:
Faz tempo, porque como se sabe eu faço parte de uma conspiração mundial que ronda as redes P2P com o único intuito de desgraçar a vida dos artistas. Foram Please Please Me & More e With The Beatles & More, dois piratas japoneses dos Beatles que achei por sorte e por uma ninharia no Terminal do Tietê.

Música tocando no momento:
Mean Mr. Mustard, Beatles, uma versão pirata que o Donizetti me mandou.

5 músicas que tenho escutado ultimamente:
Fase clássica, que não é bem a minha praia, porque achei as gravações de Caruso e umas sinfonias de Beethoven disponíveis para download na BBC, e o que é melhor: gratuitas.

5 pessoas para quem passo a batuta
Ah, não vou fazer isso não. 🙂

Quando fantasmas aparecem

Ontem, quarta-feira, estava caminhando no centro da cidade quando ouvi uma voz me chamando:

— Ra-Ra-Rafael!!

Me viro e vejo João que não encontrava há tantos meses, um amigo de muitos anos, dos tempos de jornal e rádio, um sorriso grande mas meio assustado no rosto:

— Rafael, me disseram que você tinha morrido.

Parei, olhando para ele. Enquanto ria, lembrando da coincidência de ter postado algo sobre o assunto ontem mesmo, disse que ainda bem que não tinham me avisado.

— Eu chorei tanto quando me disseram. A gente rezou muito na Ação Solidária Santo Antônio por você. E agora eu te vejo e tomo um susto — mas pelo menos é um susto bom.

E mesmo assim eu ainda não sabia o que tinha acontecido. Agradecido pelo carinho, mas também com um certo pudor que me impedia de perguntar quem tinha sido o desgraçado a espalhar essa notícia, até onde sei muitíssimo exagerado.

— Como foi que eu morri?

Em um acidente de carro, foi a resposta. Aí entendi o que tinha acontecido. Ano passado, um rapaz chamado Rafael morreu em um acidente. Eu não o conhecia, mas conheço de vista o seu pai — e lembro de admirar a sua força e a capacidade de seguir em frente durante a campanha do ano passado. Lembrei também que alguém tinha aportado neste blog procurando mais informações sobre o assunto, e até fiz um post sobre isso antes de saber quem era ele e de, de forma muito indireta, nossos caminhos se cruzarem de maneira estranha. Não deram sobrenomes, e aí o João achou que o falecido era eu.

O que não nos mata nos torna mais fortes. Mas até agora eu não tenho certeza de que ainda estou vivo.

Infância

Em 1977 eu cheguei à alfabetização — naquela época, nos breus da ditadura, chamava-se ainda pré-primário –, já sabendo ler e escrever. Minha mãe tinha me ensinado uns dois anos antes. E eu escrevia normalmente, em letra cursiva.

É uma das primeiras lembranças, se não a primeira, que tenho da escola: a professora tentando me fazer escrever em letra de forma porque era assim que as outras crianças estavam aprendendo, me fazendo regredir a um ponto pelo qual, aliás, eu nunca tinha passado.

Depois as pessoas não entendem por que nunca gostei da escola.

Gosto literário se discute

Qual o livro que você mais relê?
“Como Era Verde Meu Vale”, livro de início de adolescência. Minha primeira cópia, comprada em 1984 por acaso, está quase se desfazendo pelo uso de 20 anos, primeiro relendo, depois voltando a ele apenas para aquelas cenas de que gosto. Há alguns anos comprei uma versão inglesa, porque o melhor do livro são a linguagem e o ritmo e no original é ainda melhor (Is he dead? For if he is, then I am dead, and we are dead, and all of sense a mockery), que tem uma história curiosa.

E que livro relido ficou melhor?
“O Caso Morel”, Rubem Fonseca. Continuo achando Fonseca um romancista muito inferior ao contista, mas reler esse livro me fez mudar a opinião original de que ele era ruim.

Dê exemplo de livros injustiçados que, apesar de muito bons, nunca foram devidamente louvados.
Não é que nunca tenha sido apropriadamente elogiado: a injustiça contra ele é posterior, é a mudança radical de opinião da crítica, o desprezo de que sua obra foi vítima. O livro é “1919”, de John dos Passos. Seu método narrativo era inovador, mas agora — e já há algum tempo — o julgam cansativo, datado, o diabo. No entanto ele continua atual num mundo disperso, cada vez mais fragmentado. A maneira como Dos Passos estrutura o livro é quase uma antevisão do mundo da internet e de multi-tarefa.

Cite um livro decepcionante, que frustrou suas melhores expectativas.
Tantos, tantos… Para escolher um, que seja “Dublinenses”, de James Joyce.

E um livro surpreendente, isto é, bom e pelo qual você não dava nada?
“O Lobo da Estepe”, de Hesse. Eu esperava algo tipo “Demian”. É outra coisa, embora com boa vontade Harry Haller possa ser intepretado como um Emil Sinclair mais velho, mais cansado e menos chato.

Há cenas marcantes na boa literatura. Cite duas de sua antologia pessoal.
Uma é o assassinato das velhas por Raskhólnikov em “Crime e Castigo”. Foi a minha preferida por muito tempo, e nenhum romance policial jamais conseguiu chegar perto dela. A morte do pai Goriot no livro homônimo de Balzac. E Rastignac acabando de enterrar o pai Goriot no Pére Lachaise, voltando-se para encarar Paris e desafiando-a: “A nous deux maintenant!”

Há personagens tão fortes na literatura que ganham vida própria. Cite os que tiveram esta força na sua imaginação de leitor.
Lucien Chardon. Lucien de Rubempré (é, eu sei, não precisa me lembrar). Julien Sorel. Humbert Humbert sofrendo pela labareda em sua carne. E Phllip Marlowe e Lew Archer.

Qual o livro bom que lhe fez mal, de tão perturbador?
Nenhum livro me fez mal. São só livros. Minha conta no psiquiatra ainda é baixa.

E qual o que lhe deu mais prazer e alegria?
“Minha Vida, Meus Amores”, Frank Harris. Sem comentários. E não que se comparasse às Mini Fiestas, claro.

E o que mais lhe fez pensar?
Provavelmente os dois primeiros volumes de “A Experiência Burguesa – Da Rainha Vitória a Freud”, de Peter Gay, e “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda.

Cite…
a) um livro meio chato, mas bom

“Infância”, de Tolstói.

b) um livro que você acha que deve ser muito bom mas que jamais leu
“Os Buddenbrook”, Thomas Mann.

c) um livro que não é um grande livro, apenas simpático
Quase todos os livros que tenho se encaixam nessa categoria.

d) um livro difícil, mas indispensável
“Em Busca do Tempo Perdido”, Marcel Proust.

e) um livro que começa muito bem e se perde
Que lembre agora, “Estorvo”, de Chico Buarque. E poderia citar também “Enderby por Dentro”, de Anthony Burgess.

f) um livro que começa mal e se encontra
Não consigo lembrar, embora deva conhecer alguns. Normalmente, se um livro se encontra, acaba absolvendo um eventual início fraco, provavelmente necessário para o desenrolar da história, e então deixa de ser ruim. Mas se demora a se encontrar ele me perde.

g) um livro que valha apenas por uma cena ou por um personagem, ainda que secundário
“O Morro dos Ventos Uivantes”, por Heathcliff.

Qual o início de livro mais arrebatador para você?
It was the best of times, it was the worst of times“.

De que livro você mudaria o final? Como?
“Seara Vermelha”. O livro é brilhante, o melhor da tal “literatura da seca”. É uma obra-prima. Mas por causa das imposições do realismo socialista Jorge Amado precisa fazer a apologia da revolução e de José Praxedes, e inclui um final desnecessário sobre a revolução de 1935 em Natal, quebrando a unidade narrativa do livro e fazendo do que poderia ser uma das grandes obras do modernismo brasileiro quase um panfleto. Eu simplesmente retiraria essa parte.

Que livros ficariam muitos melhores se um pedaço fosse suprimido?
Qualquer livro com mais de 150 páginas poderia perder um ou outro pedaço.

Que livros que não têm nada a ver com você, até contrariam algumas de suas convicções e que ainda assim você considera bons ou recomendáveis?
Os livros de Evelyn Waugh.

A literatura contemporânea é muito criticada. Cite livro(s), escrito(s) nos últimos dez anos, aqui ou no mundo, que mereça(m) a honraria de clássico(s) ou obra-prima(s).
Não posso. Sou um dos que criticam a literatura contemporânea. De modo geral, em que pesem excelentes livros publicados aqui e ali, vejo aqueles que fazem a literatura contemporânea como combatentes de uma revolução já vencida (ou perdida); não vejo respostas novas a problemas que foram abordados, por exemplo, durante o modernismo; e não tenho essa cultura do novo, de me sentir obrigado a estar atualizado em literatura. Há muito tempo decidi que há livros muito importantes que não li, em mais de 2000 anos de história, para que eu perca tempo. Vou morrer e não vou ler tudo o que devia. Mas pelo menos eu vou tentar. Exceção aberta para uma ou outra eventualidade e para a literatura policial, claro. Hard boiled, de preferência.

Por falar em clássicos. Para que clássico brasileiro de qualquer época você escreveria um prefácio daqueles que incitam a leitura?
Longe de ser o melhor, mas “Brás, Bexiga e Barra Funda” me faria escrever algo decente, talvez.

Cite um vício literário que considere abominável.
A necessidade hemingwayana. De objetividade. Acima de tudo.

E qual a virtude que mais preza na boa literatura?
Partindo-se do princípio de que boa literatura contém necessariamente verdade, seria um bom ouvido.

De que livro você mais tirou lições para seu ofício?
Ogilvy on Advertising, David Ogilvy.

E que frase ou verso que escolheria como epígrafe desta entrevista?
“Nada nos salvará”, Isaac Bashevis Singer.

(Copiado do Milton e do Alex.)

Seu dotô

Que me perdoe a Lulu, mas eu encaro médicos com a desconfiança que costumo reservar a advogados (perdão também, Roger).

Esta semana resolvi fazer um checkup pela primeira vez na vida. Fazia uns 20 anos que não ia a um clínico geral; e a especialistas também, com exceção de oftalmologistas e de uma ou duas emergências, como quando peguei dengue ou fui picado por uma lacraia em um hotel de Aracaju. Fui por duas razões: para confirmar o que eu sempre soube — que eu não estou morrendo — e para me preparar psicologicamente para um eventual exame isidoriano daqui a uns 10 anos.

Foi a segunda tentativa, na verdade. Eu tinha ido há alguns anos, quano morava no Ceará. Fui a um tal de dr. Salomão. Eles fez os exames de praxe, e implicou com o fato de eu fumar. Pelas fotos espalhadas no consultório vi que ele era um esportista, um espírito jovem que teimava em desmentir os cabelos brancos e as muitas rugas. O tipo que acredita que juventude é mesmo um estado de espírito. Já vi velhos reumáticos entrevados cegos esclerosados acreditando nisso também.

Por recomendação da minha então sogra, fiz uma pergunta sobre as eventuais dores de cabeça que sempre tive. Ele foi taxativo:

“É o cigarro.”

“Mas dotô, eu sempre tive, mesmo desde muito antes de começar a fumar.”

“Não interessa. É o cigarro.”

Nunca fiz os exames que ele prescreveu. Tive medo.

Ano retrasado, acompanhei minha avó a um neurologista na Visconde Silva. Aproveitei para fazer a minha própria consulta. E o dr. Marcelo foi taxativo: cigarro e dor de cabeça não têm nada a ver. Nada.

Foi o que eu pensei: o dr. Salomão não era um sábio.

Coisa de cinema

1. Qual o último filme que viste no cinema?
“Star Wars – A Vingança dos Sith”. Pressão social é barra. Mas até que foi legalzinho.

2. Qual a tua sessão preferida?
A mais vazia. Eu gosto de cinema sem ninguém. Minhas sessões favoritas eram em um cinema do centro de Aracaju, que fechou há 8 anos, sempre sem ninguém e onde eu podia fumar.

3. Qual o primeiro filme que te fascinou?
Difícil responder. Vejo televisão e vou ao cinema desde antes de me entender por gente. Lembro bem dos filmes de Jerry Lewis, de Chaplin, de John Wayne (que passavam na Sessão na Tarde). Mas no cinema, talvez tenha sido “Em Algum Lugar do Passado”, sem contar, claro, os do Superman.

4. Para que filme gostarias de te ver transportado(a)?
“Satyricon.”

5. E já agora, qual a personagem de filme que terias gostado de conhecer um dia?
Charles Foster Kane.

6. E que actor(actriz), realizador(a), argumentista ou produtor(a) gostarias de convidar para jantar?
Ator: Marlon Brando. Sempre que eu lembro que ele fez “O Poderoso Chefão” e “Último Tango em Paris” na mesma época, eu lembro que ele era o maior de todos.
Atriz: Cicciolina. Para que o dinheiro gasto no jantar não tenha sido em vão.
Diretor: Billy Wilder.
Argumentista: Scott Fitzgerald.
Produtor: David O. Selznick. Mas só depois que ele tivesse feito “…E O Vento Levou”. Deve ser terrível viver como ele, perseguido por sua própria obra-prima, em busca de um sucesso artístico maior, e nunca conseguir. Devia ser uma pessoa interessante.

7. A quem vou passar isto?
Ia fazer como o Milton, de quem copiei, e não passar para ninguém. Mas passo para o Bia, que me acha um gênio idiota, para o Ina e para o Flávio.

Um olhar assim de viés

E eu fui acusado de ser elitista por um amigo, depois que ele descobriu o meu blog.

A princípio, não tenho nada contra quem me acusa de qualquer coisa. Mas exijo duas coisas: que a acusação consiga me fazer pensar se, afinal de contas, não sou aquilo mesmo; e que seja algo que eu não tenha percebido.

Acusar este blog de elitista, para mim, é o mesmo que botar o dedo na minha cara e gritar ao mundo, bem alto, que meu nome é Rafael.

Este blog é elitista, sim. Pelo menos no sentido de que me esforço um pouco em fazer com que ele não seja óbvio demais, e principalmente que não seja chato. Eu tolero assassinos, estelionatários, ladrões — mas chatos, para mim, só estão um patamar acima de pedófilos.

Este blog não se propõe a falar do meu dia-a-dia — que, acredite, é mais chato que o seu –, dos meus fracassos (David Ogilvy: “Gosto de sucessos públicos e fracassos particulares”) ou do meu namoro secreto com a Catherine Zeta Jones.

Isso reflete o meu gosto pessoal. Eu gosto de blogs elitistas. Não gosto de blogs demagógicos, que tentam agradar todo mundo. Portanto, isso não é ofensa.

Se quisessem me ofender, mesmo, poderiam ter dito outra coisa. Poderiam dizer que tento ser elitista mas sou só pretensioso.

Ah, isso ia acabar comigo. Não pela pretensão, que confesso se perguntado. Mas por ter sido descoberto à minha revelia.

Aí eu iria bater a cabeça na parede, jogar o computador no chão e procurar um emprego de vendedor numa loja de sapatos.

Perfil de lado

Nome?
Rafael.

Data de nascimento?
20/02/1971.

Local de nascimento?
Salvador, Bahia, no Sanatório Espanhol, entre o Porto e o Farol da Barra, numa noite de carnaval.

Residência?
Aracaju, Sergipe.

Olhos?
Castanhos.

Cabelos?
Castanhos.

Altura?
1,75, acho. Por aí.

Destro ou canhoto?
Destro.

Ascendência?
Portuguesa, africana, francesa, italiana, holandesa — resumindo, brasileira.

Signo e ascendente?
Peixes. Ascendente em piranha.

Sapatos que usou hoje?
Umas botas Caterpillar que tenho há uns seis anos, pesadas como o cão e que são minhas preferidas.

Fraqueza?
Pão.

Medos
Ah, um bocado.

Objetivo que gostaria de alcançar?
Catherine Zeta-Jones, Nicole Kidman, Juliette Binoche, Isabel Fillardis. Objetivos não me faltam.

Frase que mais usa no MSN Messenger?
Apois.

Melhor parte do corpo?
Mostre o seu que eu mostro o meu.

Pepsi ou Coca?
Coca.

McDonalds ou Bob’s?
Bob’s.

Café ou capuccino?
Se beber capuccino eu vomito. Café com leite também.

Fuma?
Kent; Lucky Strike White se não achar o primeiro.

Palavrão?
Não falo porra nenhuma.

Perfume?
Fahrenheit, Armani e Seiva de Alfazema.

Canta?
Quando quero encher o saco dos outros.

Toma banho todo dia?
Só aos sábados.

Gostava da escola?
Não.

Quer se casar?
Já fui casado.

Acredita em si mesmo?
Não, eu sou só uma história de pescador.

Tem fixação com saúde?
Deitadão na cama, entre um cigarro e litros de coca-cola, sim.

Se dá bem com seus pais?
Não. A coroa não larga do meu pé.

Gosta de tempestades?
Muito. São uma das melhores coisas do Rio.

No último mês…
Bebeu álcool: Sim.
Fumou: Adivinha.
Usou drogas: Não.
Fez saliência: Sou celibatário, virgem e absolutamente assexuado.
Foi ao shopping: Sim.
Comeu um pacote inteiro de Oreos: Ah, sim…
Comeu sushi: Sim.
Subiu ao palco: Sim.
Levou um fora: Não.
Fez biscoitos caseiros: Não.
Pintou o cabelo: Não.
Roubou algo: Não.

Já tomou um porre?
Deus sabe quantos.

Já apanhou?
Já.

Já bateu?
Mais do que apanhei, pelo menos.

Número de filhos?
Uma.

Como você quer morrer?
Tenho cá minhas dúvidas de que vou morrer.

Onde você fez faculdade?
Universidade Federal de Sergipe. Direito. Mas fiz tudo errado.

Piercings?
Nenhum. Já nasci com brincos.

Tatuagens?
Minha avó diz que é carimbo de maluco.

Quantas vezes seu nome apareceu em jornal?
Não sei.

Cicatrizes no corpo?
Não dá para contar.

Do que você se arrepende de ter feito?
Tem tempo? Então senta aí.

Qual sua cor favorita?
Azul, branco.

Me fale sobre um talento ou habilidade que você tem e que eu ainda não vi ou descobri.
Bora ali que eu te mostro.

Qual sua disciplina favorita na escola?
História.

Diga um lugar no qual você nunca esteve, mas que gostaria de visitar algum dia (aqui ou no exterior).
Índia, no momento.

Você é uma pessoa matutina ou noturna?
Ahn… Matutina. Gosto de dormir quando o sol nasce.

Os astronautas pousaram mesmo na Lua ou foi tudo armação?
Armação. E Elvis não morreu. E marcianos mataram Kennedy.

O que você tem no bolso? (Ou, se não há nada no momento, que tipo de coisas geralmente estão lá?)
Normalmente carteira, chaves, celular, dinheiro amassado, cupons fiscais em busca de um lugar para serem jogados fora, isqueiro e cigarros.

Em 10 anos, você se vê… (termine como quiser)
Começando a me tornar um velho safado e cada vez mais chato.

Falta energia e você não tem um gerador. Isso quer dizer nenhum eletrônico: computador, TV, vídeo, aparelho de som, etc. O que você faz para se manter aquecido, contente e entretido?
Sozinho? De dia, um livro deitado na cama. De noite, uma vela e um livro deitado na cama. Mas olha, o meu notebook tem bateria justamente para essas situações.

O que você jamais comeria?
Jenipapo.

Quanto tempo de TV você assiste por dia?
Normalmente nada.

Fale sobre um filme ou programa de TV obscuro e diga por que deveríamos assisti-lo
Melody. É um filme de 1971, sobre um menino (Mark Lester) e uma menina, Melody (por Tracy Hide) que se apaixonam. O filme, na verdade, é sobre o conflito de gerações em uma Inglaterra onde isso foi muito mais importante que no Brasil. Além de uma fé talvez injustificada na juventude, e de uma mensagem talvez pouco esperançosa, o filme é um retrato perfeito da ideologia daquela época.

Fale sobre uma banda ou talento musical obscuro e diga por que deveríamos ouvi-lo
Não tenho certeza do nome, ouvi há muito tempo, e só uma vez. Acho que é Take Five, algo assim. Banda de adolescentes dos anos 60. Acho que só gravaram um disco, e é bem interessante.

Se tivesse que escolher, você preferia estar com muito frio ou com muito calor?
Frio, sempre.

Um dia haverá um evento em sua vida tão grande que lhe arrancará da obscuridade e fará seu nome conhecido em todo mundo. Especule sobre o que vai lhe trazer seus 15 minutos de fama.
A Catherine Zeta-Jones.

Qual seria a sua última refeição se você estivesse no corredor da morte?
A mais cara possível, para pelo menos fazer uma sacanagem com o Estado que estaria me fazendo outra ainda maior.

Qual sua lembrança mais antiga?
Um ano e meio. Eu chorando porque tinham tirado minha chupeta.

Se você tivesse direito a 3 desejos, qual seria o terceiro?
Ter direito a mais três desejos.

Qual seu vegetal favorito?
Batata. Cozida.

O que você queria ser quando era criança?
Milionário. Para poder ser o que quisesse depois.

Qual o seu time, e por quê?
Flamengo. Porque eu sou um idiota.

Qual sua canção favorita no momento?
Devil’s Haircut, Beck.

Onde você morou?
Salvador, Rio, Brasília, Aracaju, Fortaleza, Niterói.

Quando criança, quais eram o seu brinquedo, livro, programa de TV e personagem de desenho animado favorito?
Brinquedo: Falcon e revólveres de espoleta.
Livro: “As Aventuras de Tom Sawyer”.
Programa de TV: “Daniel Boone”.
Personagem de desenho animado: Pepe Le Gambá.

Mostre-nos uma foto de como você era adorável quando criança.
Eu não era adorável quando criança. Eu era sério e convencido. Aí cresci e deixei de ser sério.

Se você pudesse roubar algo, certo de que não seria pego, o que seria?
Uma primeira edição de Tamerlane, de Edgar Allan Poe. Não pelo livro. Pelo preço.

Se você pudesse vandalizar algo sem medo de ser pego, o que seria?
O obelisco de Ipanema.

Se você pudesse entrar em um lugar onde não tivesse permissão e ninguém descobrisse, qual seria?
O banheiro feminino. Lotado.

Existe algum assunto do qual você sabe mais do que qualquer pessoa que você conheça pessoalmente?
Beatles.

Você testemunhou contra a Máfia e tem que deixar o país. Aonde você iria para começar sua nova vida, e que carreira iria tentar?
Paris. Vigia noturno do Louvre? Carteiro? Seria feliz nas duas profissões.

De quais eventos olímpicos você gosta mais e menos?
Mais: hipismo e futebol.
Menos: Todos os outros.

Se você pudesse incluir ou criar um novo esporte olímpico, qual seria?
Porrinha.

O que você está ouvindo neste momento?
Freddie Freeloader, Miles Davis.

Qual foi a última coisa que você comeu?
Pão com queijo.

Primeira coisa que você nota no sexo oposto?
Beleza. Depois simpatia. Depois inteligência. Todas as etapas são eliminatórias.

Bebida favorita?
Pela ordem: Água. Coca-cola. Suco de mangaba. Suco de umbu.

Bebida alcólica favorita?
Jack Daniels, gelado, sem gelo ou água.

Você usa lentes de contato?
Por pouco tempo, quando minha filha passou a quebrar meus óculos.

Irmãs:
Demais.

Mês favorito:
Julho. Porque é frio.

Comida favorita:
Sanduíche.

Último filme a que assistiu no cinema:
“Cruzada”.

Você consegue tocar seu nariz com sua língua?
Infelizmente, não. Mas tô treinando.

Qual a primeira coisa em que você pensa quando acorda pela manhã?
“Acordei.”

Como é o seu wallpaper?

Sugira algo para ler, algo para assistir…
Balzac. Chaplin.

O que lhe irrita acima de tudo… Aquele momento terrível que faz com que você perca totalmente sua compostura e queira chutar, gritar e bater em algo com um porrete?
Insistência na estupidez.

Admita, você não é perfeito… O que você faz e que deixa as pessoas irritadas?
Não admito coisa nenhuma.

Nasceu em que dia da semana?
Sábado.

Ator favorito?
Brando, Bogart, Dean.

Instrumentos que toca?
Violão, guitarra e baixo. Todos horrivelmente.

Internação em hospital?
Nunca.

Religião?
Igreja Rafaélica de Todos os Tostões.

Qual seu aparelho eletrônico favorito? E qual aparelho você gostaria de ter?
Meu notebook. Um notebook mais rápido.