Notícias estranhas em um blog esquisito (XII)

A arquidiocese de Boston está fechando 60 paróquias, quase 20% do total.

Os padres insatisfeitos reclamam pelos cantos que desse jeito não vai ter garotinho para todo mundo.

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O Ministro da Saúde da Irlanda diz que a proibição de fumar em bares e restaurantes tem ajudado fumantes a largar o vício e a encontrar novas pessoas.

Os fumantes deveriam perceber que isso é uma armadilha e não cair nessa. Por enquanto eles estão sendo forçados a escolher entre o fumo e a bebida; mas já que os irlandeses estão proibindo tudo o que presta nesta vida, não deve demorar muito até que proíbam a bebida também.

E cá para nós, qual a graça em conhecer anti-tabagistas convictos? Eles são chatos em sua mania de controlar o mundo e regular o comportamento dos outros. E se é para conhecer gente chata, é sempre bom poder dar a desculpa de ir comprar cigarros e nunca mais aparecer.

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Eu sempre acreditei que a histeria anti-tabagista que se espalha pelo mundo era uma das evidências da decadência da cultura ocidental. Agora, essa teoria finalmente está comprovada em letra de imprensa.

O Daily Telegraph conta a história do sujeito que, ao descobrir que a mulher fumava mais que os seis cigarros permitidos no acordo pré-nupcial, enfiou uma faca no seu coração. Aproveitou o embalo para fazer o serviço completo e matou também os filhos, de 11 e 8 anos.

Anti-tabagismo é coisa do diabo. Repita comigo: anti-tabagismo é coisa do diabo.

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Depois de um trabalho hercúleo, a Microsoft finalmente concluiu a primeira parte da maior empreitada cultural de nossos tempos: transcrever os primeiros cinco livros da “Ilíada” de Homero para a linguagem que as pessoas usam nos sistemas de instant messaging.

É a maior contribuição já vista à permanência e proliferação da estupidez humana.

Mas td bem. Bjs e abs a tds.

O H de Elena

Há algumas semanas postei aqui um link para o site de Elena, uma motoqueira que tirou uma série de fotos da cidade fantasma, dizendo que corria a cidade em cima de uma moto.

Infelizmente, a história era uma fraude, como mostra o blog do Neil Gaiman.

Elena faz um passeio turístico normal, como tantos outros. Motocicletas são proibidas em Chernobyl. Além disso, o site está cheio de erros factuais.

E assim todos os que ficaram fascinados com aquela história caímos num conto do vigário, provavelmente porque estamos sempre prontos a acreditar na beleza trágica das coisas.

Paris

ParisEu nunca entrei no Louvre.

Mesmo no inverno, quando o número de turistas baixa consideravelmente, as filas são gigantescas. E além está Paris, e suas ruas têm mais vida que os mármores acumulados no museu jamais terão.

Mais importante do que passar 3 segundos diante da Mona Lisa que ri debochada de você é dobrar a esquina e se ver diante da casa onde morou Molière.

É subir a pé, sem pressa, a Champs Elisèes e parar numa lojinha de roupas para bebês e olhar as roupinhas Dior que custam o mesmo que as da Tyrol.

É parar no meio da Pont Neuf e cuspir no Sena, esperando não acertar a cabeça de ninguém que passeia naqueles batelões — ou talvez esperando, sim.

É sentar num café na ruela à esquerda de Notre Dame e beber o melhor café de sua vida.

É entrar no hotel e ver o recepcionista argelino festejar com a cinqüentona americana, e saber que dali a algumas horas ele vai dormir mais rico e ela vai poder falar pelo resto dos seus dias do seu romance inesquecível com um legítimo amante francês.

É discutir em inglês com o motorista do ônibus que não sabe onde fica a rua Raynouard e que tampouco entende o que você está falando.

É morrer de fome e cometer a idiotice de entrar num restaurante grego perto da Saint André des Arts com decoração de puteiro.

É pegar um jornalzinho gratuito de classificados e fingir que tem 100 mil dólares para comprar um estúdio no Marais.

É beber Evian baratinha e jurar que morrerá de sede antes de beber qualquer outra água.

É andar pelas ruas cantando Sur Le Ciel de Paris numa língua enrolada que lembra vagamente a você, e só a você, o francês.

É sentar nas escadarias de um prédio da Sorbonne, fazer a pose improvável do Pensador e dizer bem alto que “Philosophie est une grande merde“.

É passar horas na Shakespeare & Co. e levar apenas um livro porque você não tem dinheiro para comprar um décimo de tudo aquilo que lhe aviva a cobiça e deslumbra seus olhos, ao mesmo tempo em que espera avistar em algum canto o fantasma de Hemingway.

É entrar num bar, pedir um maço de Gitanes e ver a expressão assustada do balconista, que provavelmente não entende como alguém pode fumar aquele mata-rato.

É aproveitar a fila bem menor do Musée d’Orsay e tirar uma foto proibida diante da estátua de Balzac por Rodin, porque Balzac justifica qualquer advertência.

É se vingar admiravelmente da negona desnecessariamente grosseira que lhe cobra 20 sous para fazer xixi no banheiro do metrô.

É cruzar com outros turistas e sorrir para eles enquanto diz bem alto que ele é viado e ela é uma puta sem-vergonha.

E depois você se senta numa mureta qualquer do Louvre e tira uma foto com a pirâmide ao fundo para mostrar àqueles que jamais entenderão como você pode ir a Paris e não entrar no Louvre, e mesmo assim porque não pode escrever com carvão “Rafael esteve aqui”.

Os limites do humor

Dois DJs do Oregon, na Busholândia, foram demitidos por fazer piadas enquanto levavam ao ar uma gravação da decapitação do cidadão americano Nick Berg (é incrível como fazem questão ressaltar sua cidadania, como se a decapitação de um americano tornasse o crime mais condenável do que se a cabeça a rolar fosse a de um espanhol) no Iraque.

O motivo é óbvio. Há coisas que não podem ser objeto de deboche, certo?

Errado.

O humor sempre encontra limites em alguém. Sempre aparece alguém para dizer que “isso não tem graça”, que é de “mau gosto”, que “isso passou dos limites”.

Eu não vi o vídeo. Tenho coisas mais bonitas para ver, como o bundão da Jennifer Lopez. Ou a mão esquerda de Karajan. E eu não vejo muita graça em rituais como esse. Mas acho que tudo, sim, tem seu lado ridículo. Deixei de prestar atenção à Casseta Popular — e por isso até hoje raramente assisto ao seu programa — quando, logo depois de fazerem uma piada de mau gosto com o pé do Roberto Carlos (que não gosta e não toca no assunto), sequer mencionaram a morte de Daniela Pérez. E se já esqueceram do episódio, posso afirmar que ali havia bastante matéria-prima para boas piadas. De mau gosto, sim, mas debochar da deficiência física de alguém também é. Felizmente eles sabiam que passarinho que briga com pé de pau não tem onde dormir, e o assassinato era um tema delicado para a Globo. De repente o humor anárquico se tornou seletivo, e isso os descredenciou definitivamente, para mim.

A foto do preso em Abu Ghraib que postei aqui dia 19 é um exemplo. A foto mostra algo hediondo e indesculpável. Mostra o estado de humilhação a que os prisioneiros foram reduzidos. Mas mesmo essa foto tem seu lado engraçado, se você prestar atenção: o preso dá um jeito de esconder sua “masculinidade”, como diziam antes de inventar o caralho, entre as pernas. Com tantos cachorros por perto, é uma medida não só necessária, mas recomendável. Cachorros gostam de lingüiça.

Tudo, absolutamente tudo pode ser objeto de humor. O que não tem graça para você pode ter para mim, e vice-versa. É bom lembrar disso na hora de ter pudores e falar de bom gosto.

Os livros que (quase) mudaram minha vida

Quis fazer uma listinha com os 10 livros que de uma maneira ou outra mudaram a minha vida, mas não consegui imaginar um só que tenha-me feito dar uma guinada no meu modo de ver o mundo. Por mais que eu goste deles, um livro é só um livro. Devo ter lido, por exemplo, “O Apanhador no Campo de Centeio” tarde demais, rápido demais, porque nunca achei que tivesse nada em comum com Holden Caulfield, ou que o sujeito fosse um modelo que eu deveria seguir.

Em vez disso fiz a lista dos livros que foram importantes em algum momento. Não são os que mais gostei ou admirei — muitos estão longe disso. Mesmo assim não chegam a 10, não que eu lembre. E fiquei envergonhado ao ver que não posso dizer que “A Montanha Mágica” ou “No Caminho de Swann” me influenciaram. Cada um recebe o que merece.

As Aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain — Durante um tempo — fim da década de 70, começo da de 80 — eu queria ser Tom Sawyer e viver numa cidadezinha quase rural, às margens de um rio onde pudesse brincar de pirata.

O Cobrador, Rubem Fonseca — A linguagem do conto que dá título ao livro foi uma porrada. Durante anos fui alucinado pelo Fonseca. E ele conseguiu me surpreender mais uma vez, com “Lúcia McCartney”. Não é todo escritor que consegue isso.

Beleza Negra, Anna Sewell — Não sei se o meu fascínio por cavalos veio antes ou depois de ler este livro; provavelmente antes. Mas ele foi fundamental para me dar uma visão humanista da relação homem-cavalo. Obviamente, essa visão foi pras picas no dia que o primeiro cavalo tentou me derrubar e eu me vi obrigado a mostrar quem mandava naquela bodega.

Como Era Verde Meu Vale, Richard Llewellyn — Já falei sobre ele, mas é sempre bom lembrar: a linguagem do livro é divina.

O Relatório Hite, Shere Hite — Ah, eu recomendo que todo adolescente do sexo masculino leia esse livro. Vai lhe poupar muitos erros na vida. E que ele nunca esqueça que a meta é superar o conhecimento inestimável contido ali.

Minha Vida, Meus Amores, Frank Harris — Autobiografia de um sujeito que marcou época como editor de uma revista na virada do século XIX para o XX, com uma mistura interessante de sacanagem, literatura e muita mentira. Eis ali um sujeito que soube viver. E que me mostrou o valor da persistência.

Brás, Bexiga e Barra Funda, Antônio de Alcântara Machado — Outro daqueles livros que trazem uma linguagem fantástica. Eu fiquei fascinado pela rapidez quase telegráfica, pela concisão do sujeito. É um pequeno grande livro.

A Experiência Burguesa – Da Rainha Vitória a Freud, Peter Gay — Livro do autor de uma excelente biografia de Freud, que me fez entrar em contato com o básico do pensamento freudiano. É algo próximo ao que chamam de psico-história e é fascinante e erudito. Para um pseudo-marxista ignorante como eu, era uma visão de mundo completamente diferente. São cinco livros, ao todo, e cada um deles vale a pena.

Pranto por Ignacio Sanchez Mejías, Federico García Lorca — Foi o livro que me ensinou a gostar de poesia.

Rafael, seu filho da… — Não é bem um livro, foi um telefonema. Ainda penso que poderia ter seguido tantos caminhos diferentes na vida, não fosse por essa reação mal-educada a uma opinião boba, de somenos importância. É incrível como as pessoas não sabem perdoar.

Quando a cigana me enganou

Em 1989 eu estava em Salvador e morava em Nazaré.

Tinha que chegar na agência onde era redator júnior às 9. Quando acordava cedo, atravessava devagar a Saúde, descia a Ladeira do Alvo, subia o Pelourinho e ia ao Paço Municipal esperar o ônibus que me deixaria na Ladeira da Barra. Enquanto ele não chegava eu aproveitava para me debruçar na amurada e contemplar a vista da baía, a Ladeira da Montanha, o Mercado Modelo e o Forte de São Marcelo. Era por esses poucos minutos que eu subia e descia aquelas ladeiras de pé de moleque.

Num desses dias um grupo de ciganos saiu do Elevador Lacerda e uma cigana velha, gorda, veio falar comigo. Disse que leria a minha mão, que não custaria nada. Declinei mas ela insistiu. Certo, então.

Estendi a mão e ela me disse as coisas de praxe, que eu ia ser feliz e rico e feliz e rico. E então ela me disse para colocar o meu dinheiro na mão, fechar com força que ela ia benzê-lo e ele se multiplicaria espetacularmente, ad seculum per seculorum.

Eu não usava carteira e carregava meu dinheiro em dois bolsos separados, amassado como dinheiro de bêbado. Em um deles guardava o dinheiro miúdo, em outro as notas de 50 cruzados novos.

Peguei o dinheiro trocado e coloquei na mão.

“Só tem isso?”

“Só.”

“Tá desconfiando de Mãe Qualquer-coisa do Espírito Santo?”

“Nao, só tenho esse, mesmo. É o dinheiro do ônibus.”

Ela insistiu, eu continuei dizendo que só tinha aquilo. Mas minha expressão devia me desmentir, porque ela largou minha mão com um gesto de impaciência e saiu bufando, sem esquecer de me mandar para lugares que eu não gostaria de conhecer.

A cigana, no entanto, me enganou. Ainda não fiquei rico. Talvez devesse ter dado o dinheiro a ela.

"O Holocausto nos tornou santos"

Artigo de um amigo fala da rememoração do Holocausto em Israel, em contraste com os soldados israelenses, uma semana depois, usando um garoto palestino como escudo humano em suas blitze nos territórios ocupados. E faz uma pergunta simples:

Relembrando o Holocausto, estariam a pensar na humanidade como um todo ou enxergando apenas particularíssimo episódio no qual eventualmente foram vítimas?

Há alguns anos eu já tinha conversado sobre isso com ele. Tinha acabado de ler “Os Carrascos Voluntários de Hitler”, e o assunto me interessava muito. Embora concordasse plenamente com a premissa do livro, a de que o nazismo não foi um acontecimento isolado e restrito ao Partido Nazista e sim a evolução de um longo caminho de preconceito irracional compartilhado pela maioria do povo alemão, eu achava que havia uma tendência exagerada a se considerar os judeus as grandes vítimas do mundo, os depositários de todo e qualquer sofrimento. Achava interessante, embora não necessariamente ruim, que eles fossem o único caso que eu conhecia de perdedores que escrevem a história.

Ele discordou. Achava que o sofrimento judaico ao longo da história, da diáspora aos pogroms, culminando com a monstruosidade da montagem de uma máquina de matar como a Solução Final de Hitler, justificava grande parte de suas atitudes.

Pelo visto Sharon e o Likud estão fazendo que com que ele comece a mudar de idéia.

O Holocausto tornou o julgamento de atitudes israelenses algo mais delicado que o normal. É como se tivesse tornado o povo judeu absolutamente santo e impoluto, incapaz das pequenas e grandes maldades que todos sabemos fazer.

Hoje em dia, Israel é apenas um Estado predador, como os Estados Unidos. Mais que isso, é um Estado racista que proíbe casamentos de israelenses com palestinos, nos moldes de lei semelhante aplicada na Alemanha nazista contra eles próprios. Mas, mesmo com tantas semelhanças, insistimos em estabelecer uma diferença fundamental: Hitler era um monstro, Sharon é só um político de direita.

Mas a história de Ariel Sharon é um acumulado de crimes contra a humanidade. O homem sempre foi um criminoso e um assassino; como chefe político de Israel está se tornando um genocida.

As atitudes de Israel contra os palestinos estão conseguindo desfazer toda a solidariedade que os judeus conquistaram após o Holocausto. Fornecem mais argumentos para os anti-semitas distorcerem de acordo com a sua vontade e a sua burrice, e esgarçam as convicções de pessoas sensatas. Cada vez mais, ser anti-Sharon se confunde com ser anti-semita. É um retrocesso para a humanidade, mas não parece que esse panorama venha a mudar tão cedo.

Nos últimos 5 anos, Israel vem se tornando o novo Reich; e essa transformação é ainda mais indigna porque seu povo sofreu na própria carne os efeitos do preconceito e da maldade. 60 anos depois, Sharon não está deixando nada a dever a Hitler. A farsa se repete.

O contrato do Movable Type 3.0D

Minha instalação do Movable Type é a mais simples possível: eu tenho um autor (c’est moi) e um weblog. Não pretendo ter muito mais que isso (às vezes namoro a possibilidade de transformar as notícias estranhas em um blog à parte, mas a preguiça não deixa). Melhor um bom weblog, se me perdoam a falta de modéstia que nunca tive, do que três weblogs medianos. Portanto, preencho perfeitamente as condições necessárias para utilizar a versão pessoal e gratuita do Movable Type 3.

Mesmo assim andei dando uma olhada na licença do Movable Type 3.0D, e alguns trechos me chamaram a atenção. Que ninguém leve isto a sério, até porque é a primeira versão de um contrato que vem mudando praticamente todo dia, graças à gritaria dos usuários.

You must maintain, on every page generated by the Software, an operable link to http://www.sixapart.com/movabletype/

Este blog gera uma página exclusivamente para impressão de cada post (na verdade eu nunca me preocupei com isso, mas como minha mãe está viajando e sem computador, ela tem que pedir para meu cunhado imprimir no trabalho. Resolvi facilitar o serviço). Essas páginas não têm o logo do Movable Type, nem um “link operacional” para ele. Eu não pretendo incluir nenhum. Não acho justo.

Os arquivos também não têm, mas é por pura incompetência minha e isso será resolvido logo.

“Non-Commercial Purposes” means use of the Software by an individual for publishing on a personal blog site on a single sever that does not directly or indirectly support any commercial efforts. Use of the Software for any purpose by any non-individual entity, including but not limited to any commercial entity, corporation, non-profit organization, educational institution, governmental body or group, is not permitted under this Agreement.

Digamos que eu faça parte de uma ONG — Liga Brasileira dos Espancadores de Velhinhos Ceguinhos e Entrevados, por exemplo — que não tem site ou e-mail. O único lugar em que ela estabelece sua comunicação com o mundo é através do meu weblog pessoal. Isso me faria cair nessa categoria? Essa é a parte mais confusa do licenciamento, pelo menos para mim.

Affiliate or associate fees that are earned by a personal blog site and are payable to a single individual and that are earned through activities incidental to the main purpose of the site are permitted under the Non-Commercial Purposes of this Agreement.

A Luz brilhou para mim. Pelo menos posso colocar aqueles anunciozinhos do Google aqui. Em um mês compro meu Jaguar; em três, minha cobertura na Delfim Moreira. Quanta felicidade. Posso também anunciar aqui os meus talentos e tentar ganhar uns trocados com isso. Pois bem. Alguém está disposto a contratar um beatlemaníaco para passar horas diante de uma garrafa de uísque discutindo quem compôs que palavras e progressões de acordes, em cada música reconhecida como composta por Lennon e McCartney? Não prometo chegar a uma conclusão, mas exijo um uísque honesto e vale-transporte.

You have, subject to the terms and conditions of this Agreement, a non-exclusive, non-transferable personal license to use the Software for your own Non-Commercial Purposes.

Sinceramente, essa conversa de advogado é irritante pela sua imbecilidade. Como se eu precisasse transferir algum direito de uso sobre um software que é gratuito e que todo mundo pode baixar no site da Six Apart. Essa sentença reforça a minha teoria de que advogados são pouco mais que antas gananciosas: só um maluco faria isso. E malucos são inimputáveis.

“Author” means one individual with a unique login name generated by the Software via the “Add/Edit Weblog Authors” function of the Software. The sharing of an individual login name for more than one person is prohibited.

E se eu, esta pessoa aprazível que até prova em contrário não tem nenhum traço de esquizofrenia, resolver criar os 3 blogs a que tenho direito com nomes diferentes (tudo bem, há a tag MTEntryAuthorNickname, mas eu posso não querer utilizá-la)? Por que o software insiste em me definir a partir dos nomes que coloco num programa de computador? Quem sou eu, afinal? De onde venho? Para onde vou? Lá tem CMS gratuito para uso pessoal?

E o meu MT tem dois autores: euzinho e Melody, uma graciosa backdoor que você pode reduzir sadicamente à catatonia, mas não consegue matar. Espero que ela não conte.

Um último “e”: o que me impede de oferecer espaço para alguém, e esse alguém instalar e rodar o Movable Type nesse espaço? Neste momento tenho duas instalações do MT rodando, esta e uma de teste com a versão 3. Não faço idéia do crime que estou cometendo.

The Software is not intended for use by persons under the age of 13 and may not be used anyone under such age.

Algum advogado pode me explicar se, dentro das leis brasileiras, a autorização de um responsável legal se sobrepõe a essa restrição? Ou seja, se eu quiser deixar que minha filha escreva um blog, e autorizá-la expressamente a isso, esse trecho se torna inválido? (A propósito, para reforçar minha teoria da incompatibilidade entre advogados e o vernáculo, faltou um by ali.)

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Seguindo um link do Caryorker testei o pMachine e no WordPress. O pMachine me pareceu um pouco melhor, o WordPress tem a vantagem de nunca poder vir a deixar de ser gratuito, mas nenhum deles chega aos pés do Movable Type. É improvável que eu migre para um deles. O MT continua sendo a melhor ferramenta de blogging disponível. No entanto, por via das dúvidas, a minha cópia do MT 2.661 continua aqui. Pode vir a ser útil um dia, quem sabe.

Finalmente: se não me engano, o fato de a licença ser em inglês provavelmente desobriga pessoas que provem não conhecer a língua do bardo. Brasileiros pouco honestos sempre podem alegar isso.

Notícias estranhas em um blog esquisito (XI)

Fumantes numa praia famosa em Sydney foram agredidos por conselheiros municipais, que haviam banido o fumo na praia.

Tiveram, entre outras coisas, areia chutada em seus rostos.

Na Austrália não tem homem macho do sexo masculino, percebi agora. Aqui isso era motivo para peixeirada e tiro.

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Um alemão, inventor de um mecanismo que obriga os homens a usarem o banheiro sentados, já vendeu mais de um milhão e meio dos seus exemplares.

O que mais vão fazer para acabar com a a masculinidade feminina? Obrigar os homens a pintar as unhas dos pés?

Está mais do que na hora de os homens se revoltarem contra essa crescente opressão feminina. Ser minoria em um mundo cada vez mais obcecado por sexo pode se transformar rapidamente em vantagem. Lembrem-se que homem está em falta. E que devemos ser tratados com pelo menos alguma dignidade.

(Brigado, Lulu.)

E na Itália os votos matrimoniais estão mudando de “eu a tomo por esposa” para “eu a recebo” por esposa.

Não é por nada, e não é por machismo, mas as digníssimas italianas não deveriam estar gratas ao céus por terem conseguido arranjar um marido em vez de ficar implicando por uma questão de semântica boba?

De qualquer forma, espero que aqueles que se recebem mutuamente tenham troco.

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Pessimistas têm reclamado do absurdo que é aquele hotel de Nova York cobrar mil dólares por um omelete.

Otimistas esperam o dia em que vão poder pagar por um.

Cínicos se perguntam se ao coletar o cocô alguém consegue recuperar ao menos parte do investimento.

E realistas vêm no omelete uma grande semelhança com as mulheres: o importante não é comer, é contar aos outros no dia seguinte.

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Uma mulher aceitou um casal de hóspedes, apresentados por um amigo, para passar uma noite em sua casa.

Seis semanas depois eles ainda estavam lá. Se recusavam a sair porque estavam descolando um trocado vendendo drogas no novo ponto.

Então ela resolveu se livrar deles ligando o gás.

Infelizmente, não funcionou. Eles continuam vivos.

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Mais uma da Alemanha: um sargento da polícia foi condenado a dois anos e meio na prisão por roubar bolsas femininas.

Ele roubava por uma única razão: fetiche. O sujeito tinha uma tara inexplicável por bolsas.

Eu estou começando a achar que alemães têm alguma desordem sexual. Ainda mais quando uma pesquisa (feita por ingleses?) diz que, em um engarrafamento, um terço deles se distrai pensando em sexo.

Só um terço.

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Uma inglesa foi presa por vender na web seu bebê, ainda por nascer, a dois casais, e ainda negociar com um terceiro.

Ser uma mãe desnaturada, tudo bem. Mas ser uma mãe desnaturada que ainda por cima não entrega o produto já é demais até para a proverbial fleuma inglesa.

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Ainda alemães: pesquisas de lá mostram que mulheres assistindo a filmes eróticos são estimuladas em uma parte do cérebro associada ao planejamento e à emoção. Numa experiência com voluntários, tanto homens quanto mulheres mostraram atividade nos lóbulos temporais ligado à percepção e à memória, mas só as mulheres usaram seus lóbulos frontais.

Sem querer desmerecer o esforço e a metodologia dos galhardos pesquisadores alemães, seria o caso de ver quem, afinal, foram essas “mulheres que calculavam”.

Provavelmente, uma era prostituta: “Se ele acabar logo, ainda dá para fazer uns três programas”.

Outra era uma maria-chuteira (ou maria-pagode, tanto faz): “Se eu engravidar, tô feita na vida.”

E a última era casada: “Bege… Vou pintar o teto de bege…”